Foi ainda no século XX, que um velho
teosofista me relatou as seguintes palavras de um Grande Mestre Yogue, que
acabara de tratar um rapaz enfermo, o qual havia chegado ao seu mosteiro
através da generosidade de um yoguim. Reestabelecida a normalidade do jovem o
Mestre fez-lhe uma pequena recomendação: “Poderei extirpar inúmeras
enfermidades, poderei expelir as mais variadas castas de espíritos e demônios
que possam se agarrar em seu espírito, porém se não fechar as portas de sua
alma, inúmeras doenças voltarão a surgir, e infindáveis espíritos retornarão ao
deu templo”.
Qualquer mal, seja ele advindo de
energias negativas geradoras de doenças, sejam através de entidades astrais que
se acostam no Duplo – Etérico, (corpo energético composto de Prana, mediador
plástico entre Corpo Astral e o Físico, denominado na escola esotérica hindu
“Linga-Sharira) atingem o individuo somente se estiverem abertas as “portas”,
(“Dvarani” em sânscrito) por onde tais energias conseguem acesso. São as
Dvarani como que conexões das quais energias se acoplam e penetram, causando
todos os transtornos correspondentes à ação de tais energias.
Como disse o Yogue, a cura de
enfermidades, o expurgo de entidades, serão apenas efeitos temporários diante
da permissibilidade do indivíduo. E, tal permissibilidade é a característica
intrínseca da pessoa que deve ser alterada, para que minimizem os efeitos da
atração energética peculiar a este ser. Um velho ditado reza: “O ‘demônio’ é
como um cão acorrentado em uma grande árvore, ele só tem acesso a você a partir
do momento que entra no seu raio de ação”. Identificar os Dvarani, que abrem os
raios de ação, é a grande tarefa do magista, pois, do contrário, a cura será
como a ação de um analgésico sobre um abcesso. Se não for removido o foco, ou o
agente causador deste abcesso, a dor retornará assim que o efeito do analgésico
se dissipar, e o abcesso haverá de se tornar crônico. E todas as pessoas têm
consciência de que, tudo aquilo que não cura completamente não será outra coisa
além de um paliativo.
Mas o que são os Dvarani, e como
se originam? São os portais criados pela própria pessoa, através de seus
pensamentos. Poderão até questionar quanto as ações. Sabemos que todas as ações
têm origem nos pensamentos, e são eles que determinam o Karma, e todas as
energias que aderem às sementes Kármicas, sejam elas antigas ou presentes.
Segundo alguns mestres existem os portais abertos através do instinto agressivo
e as energias negativas que lhes são próprias, as quais adentram pelo seu
portal. Há também portais escancarados pelo pessimismo, pelo egoísmo, por todos
os sentimentos aderidos à materialidade e sua peculiar insensatez. É, por exemplo,
visível os portais abertos pela promiscuidade e pela falta de domínio dos
desejos físicos. Os vícios não são portais abertos, mas o efeito das energias
que já adentraram pelos portais da falta de domínio próprio. Quanto mais
“escancarados” forem os Dvarani, mais profundamente adentram-se as energias, e
mais difíceis se tornam de serem removidas.
Os caminhos das energias nocivas
se iniciam através do mau uso do livre arbítrio. Uma frase de grande
importância já foi citada por um grande mestre hindu: “Não recebemos o Karma
através do mal que fizemos, mas sim pelo mal que ainda carregamos”. Os Dvarani
são, pois, os portais do Karma, abertos, por onde penetram as energias
compatíveis com tais aberturas. Tudo tem inicio no pensamento, no corpo mental
concreto, e as chaves que abrem os portais plasmam a partir destes pensamentos,
que se lançam no Corpo Causal, a tríade superior de nosso Eu, descem ao Corpo
Astral, o “Kama-Sharira”, para de abrir no duplo-Etérico, onde penetram as
energias e se manifestam no “Sthula-Sharira”, que é o Corpo Físico. A partir
daí são visíveis neste plano toda a desarmonia provocada pelas energias que se
adentraram através do Astral. Por esta razão todo processo de cura deve ser
exercido muito além da manifestação física, pois a manifestação física nada
mais é que uma consequência, cuja causa deve ser eliminada.
Por esta razão que qualquer
tratamento deverá ser consubstanciado no Amor. Pois é a única força capaz de
fechar os Dvarani, e eliminar não só as suas manifestações, mas também as
causas. Toda prática de emanação de energia deverá ter acopladas instruções,
abertura de caminhos. Pois só a “abertura de caminhos” para novas concepções e
perspectivas, poderá cerrar as portas negativas e barrar a entrada de tudo
aquilo que se faz nocivo ao corpo, a alma e ao espírito.
Alguns outros mestres denominam
“Rajju”, cujo significado em sânscrito é cordão. São representados, ao invés de
portais, cordões etéreos onde de conectam as energias negativas. Mas seja qual
forem as representações fica claro que, toda e qualquer manifestação, só se dá
através de um “consentimento”, seja ele inconsciente ou não. E, bloquear esse
consentimento estabelecendo novas direções e um “renascimento” interior,
efetivará a cura, regenerará o padrão intrínseco do ser, e completará a grande
obra. Como já disse o Grande Profeta divino : “Vá e não peques mais”. Ou seja,
está curado, mas dirija seu livre arbítrio com amor, pois só assim estarão
fechados os Dvarani. Aí está o grande mistério da fé, do amor e da verdade.
Paz e luz
Namastê.
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