quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

A MAGIA TEÚRGICA

                      


 

                 A MAGIA TEÚRGICA

 

       A nomenclatura deriva das palavras gregas “Teo”, Deus e “Erg”, Trabalho. É, portanto o Sistema Mágico através do qual se executa um “Trabalho Divino”, ou Magia Divina, comumente chamada Magia branca entre os neófitos. A Magia Teúrgica se consiste na mais poderosa forma de magia, pois se direciona , canaliza e consubstancia-se no Plano Divino, no Mundo dos Arquétipos, onde se aglutinam as mais puras e sutis energias existentes no universo.

       Sabemos que toda oração com fé é uma poderosíssima forma de magia. Porém, imperfeitos como somos na própria essência e natureza humana, somos incapazes de direcionar e canalizar nossas intenções dentro na precária fé comum aos seres imperfeitos. E, justamente, por conta desta evidente imperfeição, carecemos dos mais efetivos poderes que a fé proporciona. Se não fossemos imperfeitos não estaríamos passando pela experiência física, e esta imperfeição debilita a fé, privando-nos de seu incomensurável poder. Foram pois os Grandes Mestres da humanidade, que através de sua iluminação, alçaram contato com a divindade, e, através deste contato com os planos superiores, definiram a Magia Ritual, ou Teúrgica, para que como humanos imperfeitos, alcançássemos o contato com os seres do Mundo Angélico, e pudéssemos, através dele, lutar, banir e nos proteger de todas as forças maléficas que impregnam o Mundo Físico.

       Para definirmos o que é magia, teremos que estudar o Plano Astral nas suas correspondências com o Plano Divino e também com o Plano Físico, a esfera cabalística de Malkuth, ou seja, as ações que podemos operar no Plano Astral, ou por seu intermédio. Nestes planos residem as “forças vivas da natureza”, e a magia pode ser resumida na aplicação da vontade humana, dinamizada, à evolução rápida dessas “forças vivas”. Sem esquecer que a própria vida é a maior magia manifestada, pois se estabelece no poder da vontade celestial. Iremos notar que a Magia Teúrgica é essencialmente cabalística, pois todas as invocações emanam das palavras e do sentido revelado através da Cabala, pois é esta a mãe de todo grande conhecimento filosófico da criação, e do caminho à origem do poder criador. É conveniente dizer que, para inúmeros leigos os magos estão relacionados com forças sinistras, os quais são por vezes execrados nos conceitos mundanos. Devemos lembrar que Elias era um mago, Eliseu era um mago, Daniel, José filho de Jacó eram magos, Joshua Ben Youssef era um mestre dos magos. A Alta magia é divina, ela está em Deus, jamais fora Dele. Contudo pode parecer uma contradição um sistema de canalização de energias divinas necessitar do conhecimento do mundo de Kama, o plano astral. Não devemos nos esquecer de que entre o plano físico e os demais planos superiores está o astral, que dá forma ao plano físico. Alheio à natureza kamásica, o magista não poderá efetuar quaisquer canalizações que sejam direcionadas a este plano de concretude.        

       A magia como é conhecida, trata do conhecimento e domínio das energias sutis da natureza, que são as manifestações dos estados superiores da matéria, fato que só no último século a ciência começou a estudar. A magia começa onde a ciência física termina. A primeira caminha do invisível para o visível, a última do visível para o invisível. A magia estrutura-se na correlação do mundo visível com o invisível, expondo que nada existe no Plano dos Princípios ou dos Arquétipos, que não se encontre paralelamente representado no Plano das Forças e das Leis (Astral) e no Plano Físico da concretude e das formas.

       Sob o ponto de vista histórico a magia foi a precursora de todas as ciências, não que a magia não seja fundamentalmente uma ciência, mas uma ciência cujo  teor ainda se faz desconhecido dos meios acadêmicos. A ciência levou consigo o estudo da natureza física e material, a magia resguardou a posse do substrato energético e espiritual, guiando-se pelas luzes de um conhecimento oculto.

       Existem forças na natureza que denominamos “fluídos”. E são sobre estas forças fluídicas que se apoia toda a Alta Magia. Tais forças são de três espécies: magnética, astral e essencial. O magnetismo compreende também a luz, o calor e a eletricidade; as astrais ao psiquismo e às manifestações hiperfísicas das entidades, e os essenciais compreendem a natureza acima do Astral. 


 

       A Magia Teúrgica exige o conhecimento das leis ocultas da natureza, as quais se dividem em três partes: O conhecimento do magista da sua própria natureza essencial; o conhecimento da Astrologia, pois é ela que assinala o momento propício para as operações; e o conhecimento das correspondências naturais do setenário, que são o número das Sephiroth emocionais da árvore da vida, dos sete Chakras e dos astros mais visíveis no céu, sem desprezar o número das leis herméticas, para que se torne um gerador consciente da vontade dinamizada. Para que sejam efetivadas as forças extra físicas e subjugadas ao seu domínio, o magista necessita um caráter evoluído, assim como a vontade enérgica e audaciosa. O ideal a alcançar pelo adestramento mágico é a colocação da maior quantidade de força, à disposição da vontade, em um determinado tempo, e isto nada mais é que a captação, a canalização e o direcionamento das energias essenciais. 

       Para que o momento seja propício, deverão ser observadas as fases da lua, pois nas operações de Alta Magia a Lua deverá estar na crescente, diferente das operações da baixa magia ou Goécia, a qual deverá estar na minguante, a magia direcionada se utiliza da minguante nas operações de banimento das energias e forças indesejáveis. A lua também deverá estar posicionada nas casas dos signos da terra: touro, virgem e capricórnio. É bom  sempre recordar os elementos dos demais signos: do fogo temos áries, leão e sagitário; da água, câncer, escorpião e peixes; e do elemento ar, gêmeos, libra e aquário.   

       A força necessária ao magista resultará da atividade plena de todos os Chakras e tal preparação se faz através do exercício do Pranayama, para que seja repleto do Prâna (energia cósmica), e a atividade dos Chakras possa estar dentro de uma forte potencialidade. Não deve estar com o organismo em trabalho de digestão, e deverá estar com plena atividade das energias genésicas, o que se dá através de abstenção sexual.

       O Ritual Teúrgico para que possua plena efetividade, deverá dispor da preparação prévia do local onde será executada a ritualística e dos objetos necessários. Como disse Eliphas Levi em sua obra “Dogma e Ritual de Alta Magia”: “É a ação que prova a vida e é também a ação que prova e demonstra a vontade”. Lembremos que a as missas das igrejas Católicas e ortodoxas constituem verdadeiros rituais de Magia branca, cujo verdadeiro sentido é conhecido por pouquíssimas pessoas iniciadas nas escolas de mistério.

       A vontade, pois, ou o Kriyashakty dos Yogues, é a essência de todo o poder que dará a força que disponibilize a canalização das energias essenciais.

 

                 


                           Da Preparação.

 

        Aqui falaremos da forma clássica de se estabelecer o ambiente propício para o ritual mágico, e volto a frisar que todas estas estruturações nada mais são que ancoragens psíquico espirituais para que os portais energéticos sejam abertos. Magistas experientes não necessitam de quase nada daquilo que é preconizado nos rituais clássicos, assim como um mago de elevada magnitude espiritual não precisara de ritual algum.

       Seguindo as considerações antigas da tradição clássica teúrgica, todos os objetos ou instrumentos deverão ser consagrados para que seja formado um laboratório mágico. Deve-se fazer uma prece de benção: ”Em nome da harmonia, do Amor, da Verdade e da Justiça, peço a Deus, Uno, do infinito amor e infinita misericórdia que sejam consagrados estes objetos, para que se constituam instrumentos cuja utilização esteja sempre sobre a regência do bem, da sabedoria e da virtude”. Esta consagração deve ser feita também sobre o óleo, que deverá estar presente na ritualística, assim como a água e os incensos aromáticos.

       O recinto deverá ser preparado para que se torne um verdadeiro “templo” de operações.  É comum ler em livros que todas as paredes deverão ser recobertas com pano branco, fixados junto ao teto de maneira que possam ser retirados com facilidade e com frequência, porém, são pouquíssimos os magistas que se atêm a esses detalhes, mesmo aqueles que adotam a maneira clássica de estruturar o ritual. Os quatro pontos cardeais deverão ser demarcados precisamente. No ocidente deverá ser colocada uma mesa, no oriente deverá ser colocada outra mesa que servirá de altar, coberta com pano branco. A esquerda deste altar deverá ser colocado um pequeno armário onde serão guardados os objetos mágicos. Os móveis serão consagrados da mesma maneira que os objetos. Existem inúmeros ocultistas que consideram essencial a colocação de dois lustres colocados no teto, um ao ocidente e outro ao oriente para promover uma discreta luminosidade; isto poderá ser simplesmente resolvido com a iluminação feita através de velas, que disposta da maneira preferencial dos magistas, cria um ambiente psicologicamente propício para criar a atmosfera mística fundamental para se estabelecer o ancoramento. Um local de aproximadamente 4 metros de diâmetro será reservado no meio do recinto para o circulo mágico. Este círculo é essencial, mesmo entre os magistas mais experientes. Muitos dos quais inserem dentro deste círculo o desenho de um pentagrama, com o vértice principal voltado para o norte.    

       Alguns magistas preconizam o uniforme do ritual: onde o oficiante, e todos os demais participantes deverão se utilizar de uma túnica branca, muitas vezes fechada por todos os lados, de mangas compridas, cabeça descoberta com uma faixa em volta com as inscrições do tetragrama sagrado Yod, Hê, Vau, Hê colocado sobre a testa. Alguns preferem fazer o ritual descalço para não trazer as energias telúricas junto aos calçados. Particularmente creio serem desnecessárias todas as indumentárias, pois, um coração verdadeiramente despido da arrogância do mundo, assim como o espirito desprovido das impurezas presentes no egoísmo humano, traz em si muito mais pureza energética que qualquer traje condicionado à psique humana. É sempre bom lembrar que o “Templo de Jerusalém” era apenas o pálido reflexo da esfera celestial das bases arquetípicas, e um grande mago já disse: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”. (1º Coríntios, 6, 19).

       “As Clavículas de Salomão”, o livro original, claro, descreve os instrumentos necessários à ritualística. Porém na prática não se fazem necessários muitos deles. Basta-se as canetas para inscrições, régua e compasso e lápis coloridos para os desenhos dos pantáculos, tesoura, estilete, espada e bastão.

No estilete faz-se a gravação exposta a seguir, com dois caracteres diferentes; na espada se faz da mesma maneira. No bastão mágico, feito de madeira, faz-se um furo no seu ponto médio e coloca-se um pedaço de cobre gravado com os caracteres também expostos a seguir, fechando a abertura com cera dizendo a seguir: “Fundador do universo, criador dos céus, onipotente, Pentagrammaton Eye, Eye, Eye, Iskiros; vem santificador onipotente, Deus Eterno, e purifica este bastão pelo teu nome que é santo e por teus anjos de luz. Amém”. Em seguida coloca-se em uma ponta do bastão um pedaço de zinco e na outra ponta um pedaço de cobre. Insere-se também em outra qualquer parte do bastão um pequeno pedaço de prata, para que este contenha três metais diferentes em seu contato. Na noite de lua nova, voltado para o oriente, lança o bastão para cima sem deixar que este caia no chão e diz: ”Quando caminhar no vale tenebroso da morte não temerei mal algum, porque tu estás comigo: a tua verga, teu bastão me servirão de amparo”. Perfuma-se com incensos florais cada um dos instrumentos, e faz-se a consagração conjunta de todos eles no dia de Marte (terça feira): “Angla, On, Tetragrammaton; Deus de Moisés, Deus de Israel, Deus Grande e Elevadíssimo, não se esqueça de mim, teu servo, e digna-te abençoar estes instrumentos preparados para tua honra, pelo teu grande poder que só a ti pertence, e por todos os anjos cujos nomes lhe são conhecidos, e pelo teu nome que possui o poder supremo. Tetragrammatron”. Mais uma vez passa cada instrumento pela fumaça do incenso (preferencialmente verbena), e faz o exorcismo dos materiais: “Ó Adonai, Ieve Tsebaoth, Ó Pai supremo criador do céu e da terra, dos quatro elementos e dos espíritos, eu te conjuro, por teu poder e por tua virtude suprema, que santifiques todos estes objetos aqui presentes, que foram preparados para tua honra e para serrem utilizados na defesa da harmonia, do amor, da verdade e da justiça. Exorciso (citar o nome de cada objeto) pela verdade, pela vida, pela eternidade, pela criação saída da essência divina manifestada, a fim de que a pureza e a virtude permeiem meu ser e estejam em meu poder”.

 


 

        Estas gravações deverão ser feitas ambas em ambos os lados, tanto da espada quanto do estilete.

       Toda prática da Alta Magia deve ser iniciada pela prece. Pois a prece faz uma fusão momentânea do Ego (eu inferior) com o inconsciente superior, o “não eu”, pela idealização do sentimento sobre a vontade magicamente desenvolvida.

       No meio do altar deverá ser colocado o Pentagrama (Pentagrama de Agripa). Ao redor do Pentagrama deverão ser colocados sete cubos de metal; três à direita, três à esquerda e um à “cabeça” do pentagrama. Nos cantos do altar serão colocados os seguintes objetos: no canto superior direito a vela representando a luz (Iod da Cabala) ; no canto superior esquerdo o incensário (Hê); no canto inferior esquerdo, o sal (Vau) e no inferior esquerdo, a água (Hê).

                                          


           

       Consagração dos objetos do altar: Sob a influência da Lua cheia, impõe as mãos sobre a água, colocada em um copo novo, pronuncia-se então o três vezes Tetragrama Sagrado, as letras hebraicas Iod, Hê, Vau, Hê. Passa-se sobre a fumaça do incenso consagrado, o qual deverá ser de perfume lunar (principalmente eucalipto).

Faz-se a “Oração dos Ondinos”.

“Rei terrível do mar, tu que tens as chaves das cataratas do céu e que encerras as águas subterrâneas das cavernas da terra; rei do dilúvio e das chuvas da primavera. Tu que mandas na humanidade que é como o sangue da terra, és adorado por nós que o evocamos. A nós tuas móveis e volúveis criaturas, fala-nos das grandes comoções do mar e tremeremos; fala também do murmúrio das águas límpidas e desejaremos teu amor. Oh, imensidade na qual se vão perder as correntes do ser que sempre renasce em ti! Oh, oceano das perfeições infinitas! Altura que tu contemplas na imensidade; profundeza que tu exalas nas alturas, conduza-nos à verdadeira vida pela inteligência e pelo amor! Conduza-nos à imortalidade pelo sacrifício para que sejamos dignos de oferecer-te um dia a água, o sangue e as lágrimas para o perdão dos erros. Amem!”

       Esta oração dos ondinos, assim como dos silfos, dos gnomos e dos ígneos fazem parte do ritual de invocação dos espíritos elementais, particularmente considero como a iniciação de um magista, pois através desta ritualística o neófito irá adquirir o domínio sobre os elementos, estará colocando seu espírito sobre a natureza elemental. Se tornará um “pentagrama”, cujo vértice se sobrepõe aos quatro elementos da natureza.

       Em seguida coloca-se o sal consagrado e a cinza do incenso consagrado e diz: “In sale sapiéntae, aéternae, et in aqua regeneratiónis et in cinere germinante térram novam, ómnia fíant per Eloim. Gabriel Raphael et Uriel, in saecula, et aeónas. Amen”. Faz-se então o exorcismo da água: “Fiat firmaméntum in médio aquárum et sepáret aqua aba quis quae supérius sicut quae inférius, et quae inférius sicut quae supérius, ad perpetránda mirácula rei uníus. Sol ejus pater est, luna máter et ventus hanc gestávit in útero suo, ascéndit a terra ad coelum et rírsus a coelho in térram descéndit. Exórciso te, criatura aquae ut sis mihi spéculum Dei vivi in opéribus ejus, et fons vitae, et ablútio peccatórum. Amen”. Depois de consagrada a água, será colocada em um outro copo de vidro e coberta com uma tampa também de vidro, todo este procedimento deverá ser feito sobre o altar.

       Estende, logo em seguida, as palmas das mãos sobre o sal e pronuncia-se três vezes o Tetragrama Sagrado. Fazendo-se, em sequência, o exorcismo do sal: “In isto sapiéntia, et ab ómni corruptióne sérvet mentes nostras et córpora mostra, per Hochmael et in virtúte Ruach-Hochmael, recédant ab isto fantásmata hylae ut sit sal coeléstis, sal térrae et terra salis ut nutriétur bos tritúrans et áddat spei nostrae córnua tauri volántis. Amen”. Após o exorcismo do sal faz-se a “Oração dos Gnomos”.

“Rei invisível que tomaste a terra para apoio e que cruzas os abismos para enchê-los do teu poder; tu, cujo nome faz tremer o mundo; tu que fazes correr os sete metais nas veias das pedras, monarca das sete luzes, remunerador dos operários subterrâneos, conduza-nos ao ar desejável e ao reino da luz. Nós vigiamos e trabalhamos sem descanso sem descanso, nós buscamos, pelas doze pedras da cidade santa, pelos talismãs que estão abismados, pelo túnel que atravessa o centro do mundo. Senhor, senhor, tem compaixão dos que sofrem, alarga os nossos peitos, levanta as nossas cabeças, engrandece-nos. Oh, estabilidade e movimento! Oh, dia e noite! Oh, obscuridade velada de luz! Oh, mestre que jamais retém o salário de seus trabalhadores! Oh, brancura de argentius! Oh, esplendor dourado! Oh, coroa de diamantes vivos e melodiosos! Tu que levas o céu em teus dedos como um anel de safiras; tu que ocultas debaixo da terra no reino das pedrarias, essência maravilhosa das estrelas, vive, reina e sê o dispensador de riquezas de que nos tem feito guardas. Amem!”

       Terminada a oração, irá cobrir o sal em um recipiente de vidro ao lado esquerdo do altar.

       A cinza do incenso (perfume) deverá ser recolhida e consagrada como o sal pronunciando: “Revertátur cinis ad fóntem aquárum vivétum, et fiat terra fructificans, et germinét árboren vitae per tria nómina, quae sunt Netasah, Hod et Jesod, in princípio et in fini, per alpha et ômega qui sunt in spíritu Azoth. Amen”.  A cinza deverá ser recolhida em um recipiente de vidro bem fechado. Após o exorcismo das cinzas faz-se a “Oração dos Silvanos”.

“Espírito de luz, espírito de sabedoria, cujo alento dá e toma todas as coisas. Tu perante o qual a vida de todos os seres é uma sombra, que o mundo é um vapor que passa; tu que sobe até as nuvens e que andas sobre os ventos; movendo-te sem cessar na estabilidade eterna, és eternamente bendito. Nós te louvamos e bendizemos e aspiramos continuamente a tua luz imutável e imperecível. Deia penetrar até nós o raio de tua inteligência e o calor de teu amor. Então o que é móvel será fixo; a sombra será um corpo; o espírito do ar será uma alma; o sonho será um pensamento. E nós já não seremos levados pela tempestade e seguiremos as rédeas dos cavalos alados e dirigiremos as corridas dos ventos da noite para voar à tua presença. Oh! Espírito dos espíritos! Oh! Alento imperecível de vida! Oh suspiro vencedor! Oh boca que aspira e respira a existência de todos os seres no fluxo e refluxo da tua palavra eterna, que é o oceano divino do movimento e da vontade. Amem!”

 


 

       O local onde se coloca a vela, chamado “Esquentador Mágico”, nada mais é que um suporte para a colocação desta, e, para a consagração da vela juntamente com seu anteparo, deve esta ser acesa, passar sob a fumaça do incenso, dizendo o nome dos três gênios do fogo: Michael, Rei do Fogo; Samael, rei dos Vulcões e Anael, Príncipe dos Ígneos. Na sequencia dirá: “Ágro Athanatos, Beron, Ciel, Dedotois, eterno Ente dos Entes, santificador do universo, abençoa e consagra este perfume que a ti sobe. Digna-te também atender as minhas preces. Amem”. Faz uma breve pausa e diz: “Deus de Moisés, Deus de Araão, Deus de Abrahão, abençoa esta criatura do fogo para que ela te seja agradável, e purifique todos os lugares em que for acesa. Amem”. Faz-se então a “Oração dos Ígneos”.

“Imortal, eterno, invisível e incriado pai de todas as coisas, que é levado sobre o eixo dos mundos que sempre se movem; dominação das imensidades terrenas onde está levantado o trono do teu poder do qual teus olhos sem par tudo veem e teus ouvidos belos e santos tudo escutam, ouve teus filhos, a quem amaste desde o nascimento dos séculos; tua adorada. Grande e eterna majestade resplandece por cima do mundo e do céu e das estrelas; tu estás elevado sobre estas. Oh! Fogo cintilante! Ali tu mesmo te iluminas com teu próprio resplendor, que sai da tua essência, dos arroios de luz que nutre todas as coisas e está sempre disposto para a geração que os trabalha e que se apropria das formas de que tu impregnaste desde o princípio. Deste espírito tiraram sua origem esses reis muito santos que estão ao redor de ti e que compõem a tua corte. Oh, Pai universal! Oh pai dos bem-aventurados mortais e imortais! Tu criaste potencias maravilhosas semelhante ao teu eterno pensamento e à tua essência adorável; tu os estabeleceste superiores aos anjos que anunciam ao mundo a tua vontade; enfim, tu nos criaste no terceiro grau do império elemental. Ali nosso exercício contínuo é adorar teus desejos; lá nós nos consumimos sem cessar aspirando a tua posse. Oh, pai! Oh, mãe, a mais tenra das mães! Oh, modelo admirável da maternidade do puro amor! Oh, filho! A flor dos filhos! Oh, forma de todas as formas, alma, espírito, harmonia, nome de todas as coisas. Amem!”

 

       A vela (em magia chamada de lanterna), empregada com o velador nas operações deve ser feita de modo a sintetizar as influencias planetárias. Deve-se então colocar cristais (ou pedras) circundando o velador. O primeiro deverá ser colocado no dia do Sol, o Domingo, e deverá ser de cor amarela ou dourada, aqui a tonalidade deverá ser aquela que lembre, mesmo que subjetivamente, os raios solares, cujos matizes, vão desde o dourado intenso, passando pelo amarelo e chegando, até mesmo, às tonalidades laranjadas. O segundo no dia da Lua, na Segunda-feira, e deverá possuir uma tonalidade prateada. O de Marte na terça-feira, e deve possuir tonalidade avermelhada. O de Mercúrio, na quarta-feira, deverá possuir uma tonalidade que, pelo menos subjetivamente, sintetize as demais tonalidades. O de Júpiter na quinta-feira, tendendo a azulado. O de Vênus na sexta-feira, esverdeado, e, finalmente o de Saturno, no Sábado, tendendo a preto, ou mais escuro possível. Faz a consagração cada dia que se coloca que durarão sete dias.

       Há alguns magistas que se utilizam do espelho mágico, e fazem um ritual de invocação de anjos, como o tradicionalmente executado no “Espelho de Anael”, o anjo Anael que surge no espelho. Aqui é bom salientar que, mesmo respeitando a concepção de  algumas pessoas, dificilmente um ser angelical irá refletir sua imagem em um espelho, simplesmente, porque anjos, na verdade, são princípios ativos das energias essenciais do plano monádico. Nenhum ser, quanto indivíduo, chega à perfeição espiritual sem que tenha seguido os longos caminhos da evolução, e seres que assim alcançam os páramos celestiais adentram sutilmente na formulação de ideias e direcionamentos, sem jamais precisar expor uma imagem furtiva em um espelho para entrar em contato com outros seres.

O magista deve ter um livro de evocações encadernado, em cuja capa deverá estar desenhado o Grande Pantáculo de Salomão, e no verso a Cruz de Eliphas Levi, grande mago e mestre do esoterismo. Neste livro deverão estar escritas todas as fórmulas, as orações, as invocações e exorcismos. E deverá ter em outra parte desenhado os talismãs, cujo frontispício desta parte deverá ter a Estrela de Salomão, que é o duplo triangulo.

 


       Pantáculo de Salomão                          

 

 


 Cruz de Eliphas Levi                     

 


Estrela de Salomão

       

         Na Magia Teúrgica pode-se fazer a invocação dos mortos, porém este não é o objetivo deste sistema mágico, que se propõe acesso ao plano divino e não com o astral. E se possui atuação no Plano Astral é para o banimento, através da atuação do plano superior da divindade. O contato com os seres astrais podem ser feitos através do desdobramento astral, e do desenvolvimento da afinidade extra-física, que é a mediunidade em suas várias formas. Certamente que os videntes presenciarão inúmeros fenômenos na Teurgia, assim como também os não videntes, pois as manifestações são fortes e nítidas. Os Espíritos do Plano da Divindade surgirão em forma visível, tanto no espelho, na magia de Anael, quanto na descrita abaixo.

        Para iniciar os trabalhos de acesso às energias superiores inicia fazendo a Invocação Cabalística de Salomão: “Potências do Reino, ficai sob meu pé esquerdo e na minha mão direita; Glória e Eternidade, tocai meus ombros e dirigi-me nos caminhos da vitória; Misericórdia e Justiça, sede o equilíbrio e o esplendor da minha vida; Espíritos de Malkuth, levai-me entre as duas colunas nas quais se apoia todo o edifício do Templo; anjos de Netsah e de Hod, firmai-me na pedra cúbica de Jesod. Ó Jedulael ! Ó Gabriel ! Ó Tiphereth ! Binael sê meu amor; Ruach Hochmael sê minha luz; sê o que é e o que serás, ó Khetheriel ! Ischim assiste-me em nome de Shaddai. Querubim, sede minha força em nome de Adonay. Beni-Elohim, sede meus irmãos em nome do filho e pelas virtudes de Zebaoth.  Elohim, combatei por mim em nome do Tetragrammaton. Malachim, protegei-me em nome de Yahveh. Seraphim, purificai meu amor em nome de Elvoh. Hasmalim, iluminai-me com o esplendor de Eloi e de Schechinah. Aralim, agi, Ophanim girai e resplandecei. Hajoth Ha Kadosh, gritai, falai, cantai, entonai: Kadosh, Kadosh, Kadosh, Shaddai, Adonay, Jotscavah, Eieazereie. Allelu-Jah, Allelu-Jah, Allelu-Jah. Amém”.

       Após esta invocação tosos os participantes entram em comunhão mental recebendo e canalizando as energias para o bem de todos aqueles que necessitam e estas energias promoverão uma expansão plena de consciência dos presentes, e através deste estado de plenitude consciencial, ocorrerá a revelação de tudo aquilo que é do mal e estiver presente. Expurgará e extirpará toda energia contrária àquela que não esteja em harmonia com as energias celestiais. Os participantes deverão permanecer no Círculo Mágico, onde o magista, munido da espada e do bastão, repelirá as energias negativas com a primeira e atrairá as energias positivas com o segundo instrumento. Neste momento poderão ser travadas batalhas no plano espiritual, pois algumas entidades dotadas de grande poder resistirão ao ataque das forças positivas. E serão, por fim expurgadas.

       A Cadeia Mágica: Cadeia é o anel, o entrelaçamento de indivíduo, no caso os magistas, que unidos no círculo, formarão um conjunto flexível e resistente, para estabelecer força de direcionamento e sustentação diante do intenso fluxo de energias. É de fundamental importância para o magista. Pois o isolamento deste pode ser perigoso, já que as correntes fluídicas poderão produzir terríveis reações se o operador não estiver protegido por uma resistência advinda da unidade. Segundo Eliphas Levi a Cadeia Magnética faz nascer uma corrente de ideias que potencialize a fé, e que traga grande número de presenças no círculo, formando um turbilhão energético que tudo absorve. Precisa-se fazer ao redor de si, no mundo invisível e visível um centro de atração fluídico poderoso. Inicia-se pelo Plano Astral a atração magnética, expandindo-se aos participantes físicos, com os quais se consolida em um verdadeiro escudo protetor, isolando todos os maus fluídos. Preconiza-se na Teurgia um número mínimo de três participantes, e um número não muito excessivo de participantes para que não ocorra dissipação de energias e dispersão dos propósitos essenciais.  Não que isso seja uma regra, mas parece estar empiricamente relacionado aos antigos padrões ritualísticos. A prece em conjunto dá inicio à Cadeia Mágica e faz imantar o centro de ação onde estarão se congregando as forças espirituais.

       A construção da cadeia Mágica segue os seguintes passos: faz-se uma prece invocando a proteção e a benção divina. Mentaliza-se a personificação mais elevada de um ideal de amor e luz , um guia preferido. Poderá ser um Mestre Cósmico, como Jesus, aos cristãos, Sidarta para os budistas, aquele cuja concepção de fé estabeleça uma ligação com o celeste, o infinito. Seja qual for o mestre, cujo nome dinamizado pela fé e pela admiração, constituirá o núcleo da Cadeia Mágica. Clamará três vezes o nome do mestre, que é o símbolo de sua vontade no invisível. Depois invocará as influencias psíquicas em ação no astral: “Somos de Deus, consubstanciados no bem, no amor e na sabedoria. Em nome de Yahveh convoco o auxílio e as benditas presenças espirituais, para que sejam formadas a luz e a força em nosso círculo divino”. Pede a este mestre o auxilio e a sabedoria para a defesa contra os ataques do Astral. Em caso de perigo chama três vezes o nome do mestre. Para se estender a cadeia Mágica ao visível, com as mãos dadas os integrantes entoam uma prece de união e fraternidade. Podendo ser simples oração dominical no caso dos cristãos, ou salmo 91 dos judeus.

       A Cadeia Mágica é uma sessão onde se surgem os fenômenos. Existem cadeias para o bem e também para o mal, este último jamais na Magia Teúrgica, pois contraria a própria essência desta que é divina. Por esta razão todos os integrantes devem possuir caráter bom e virtuoso.

       A espada mágica deverá ser usada contra ataques astrais, cujas energias, na forma de seres, são visíveis àqueles dotados de visão e percepção astral. Costumam ser muito frequentes nos trabalhos de libertação e banimento, pois as entidades maléficas só conseguem romper a atuação divina através dos ataques sobre os humanos, pois são através destes que são canalizadas as energias do plano celestial. Formada a cadeia, através também da Evocação de Salomão, fluem as energias  do plano divino, e, consequentemente haverá a esconjuração das entidades malignas que estiverem presentes. É neste momento que poderão ocorrer investidas contra o Círculo, do qual nenhum participante, em hipótese alguma deverá sair. Portanto um preparo prévio deve ser feito. Aqueles que são descrentes, quando sentirem as forças, poderão ficar amedrontados, ocorrendo o rompimento da cadeia. Tudo tem polaridade, não somente em magia, mas em todos os aspectos da natureza. A espada representa o principio masculino, que reside na ação de repelir entidades, e se relaciona com a coluna de Jakim do templo de Salomão. O báculo ou bastão representa o principio feminino, que atrai e congrega as entidades e forças positivas, e representa a coluna de Booz do templo de Salomão.

       Como dizia o sábio Gerard A. V. Encausse, ou Mestre Papus, que a magia é adaptável, pois se baseia na capacidade volitiva. Há de se entender que as entidades do Plano Divino, são energias superiores da mais plena sutileza, as quais sob a personificação dos mais belos aspectos dissipam as energias densas. Espíritos são energias. Nós somos energias, e é trabalhando as energias que se estabelece o processo mágico, e seu domínio faz do operador um magista, ou mago.

       A prece da preparação dos participantes do ritual se faz da seguinte maneira: consagra-se com aspersão da água mágica e diz: “Renováti toti mundáti sitis, in nomine sánctae et indivíduae trinitátis Pátris et Filli et Spiritus Sancti, ab ómnibus peccátis véstris, verbúmque Altíssimi descéndat súper vós et máneat sémper. Amen”.  É aconselhável que por três luas consecutivas os participantes adotem regime vegetariano.  Em seguida faz-se um ato de confissão e perdão dos pecados, faz nova aspersão de água e diz: “Aspérges me, Domini hyssópo et mundábor, lavális me super nivem de albábor”. Nessa água segunda vez aspergida deve conter o sal consagrado que, ao coloca-lo na água diz: “Ainsoph! Eheie! Iah! Iod Hê vau Hê! El! Elohim! Ghibor! Eloha! Iod Hê Vau Hê Tsebaoth! Elohim Tsebaoth! Elohim Tsebaoth! Adonay Melech!”.

 

 


 

       O Círculo Mágico: Toda operação mágica deve ser realizada na área do circulo. Após adentrar no recinto fará com giz três círculos concêntricos, distantes um palmo um do outro, o exterior deverá possuir aproximadamente três metros de diâmetro. Os círculos deverão ser feitos segundo as figuras expostas abaixo para cada dia da semana, nos quais forem realizados os rituais. Fora deles deverão ser desenhados pentagramas nos quatro cantos, com o vértice superior voltado sempre para o norte, para caracterizar a magia branca.

       Sempre após a Invocação de Salomão, a qual é a mais poderosa das invocações conhecidas, as energias celestiais surgem, e fazem com que sejam reveladas as presenças das entidades negativas também presentes, as quais quando intentarem algo contra o magista, este saberá que dentro do círculo estará protegido, e com a espada ou estilete repelirá tais ataques. O bastão cria o campo energético do distanciamento. Os Espíritos Celestiais dominam e expurgam aquelas energias que não correspondam à compatibilidade com as energias de maior sutileza. Isto poderá ser na forma de exorcismos, banimento, ou simplesmente purificações e bênçãos. Tais energias poderão surgir também na forma de um vento tempestuoso ou de luzes que impregnam o recinto, não estão excluídas as incorporações peculiares aos rituais de Alta Magia.

       Para terminar a ritualística fala-se: “Retornem à sua origem celeste, energias divinas, princípios ativos da Grande Força de amor e de unidade absoluta, voltem na paz dos lugares que te são destinados, e estejam sempre ideadas a ressurgir quando no chamado, em nome e da parte da Magna Luz da Sabedoria Suprema”. 

       


 

         Existe uma Conjuração para cada dia da semana, porém, a mais forte das conjurações, em efeito prático, que é a Conjuração de Salomão se faz plenamente eficaz para qualquer dia da semana. Expor cada evocação para cada dia tornaria apenas mais extenso um texto que já é por demais detalhista.  E, mesmo os Círculos Mágicos aqui expostos, embora poderão ser elaborados segundo o dia da semana correspondente a cada um deles, poderão ser feitos em três círculos concêntricos, de acordo com aquilo que o magista tenha de mais sagrado em sua mente e transfira tais símbolos para o circulo, pois a eficácia da ritualística consiste na força volitiva daqueles que operam. Estando em consagração, dentro da ritualística que confira aquilo de mais sagrado nas palavras evocadas que foram citadas, o resultado será profícuo, pois a prática tem confirmado o sucesso pleno da presente exposição. 

       Dentro da Teurgia há também a Magia Talismânica, cujo conteúdo pessoalmente desaprovo, diante daquilo que se faz como ancoramento em cima de objetos materiais, diametralmente opostos aos propósitos espirituais, alheios a toda e qualquer nuance de materialidade. O essencial é frisar que tudo aquilo referente à Magia Teúrgica aqui exposto traz apenas atuação junto ao Plano da divindade, sem jamais possuir quaisquer menções que sugira o individualismo, o malefício e a invocação de outras energias que não sejam direcionadas ao bem. Todos os textos em Latim só não foram traduzidos para que não se estendesse demais o texto, mas atualmente é muito simples fazer a tradução e conferir o conteúdo.

       Paz a todos os seres.

       Namastê. 

             

 

    

 

      

 


 

 

 

  

 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O JARDIM DAS BORBOLETAS.




       Existe uma antiga história que conta sobre um homem que possuía um enorme jardim junto à sua casa, o qual era repleto de árvores e plantas, sempre muito florido, onde borboletas coloridas bailavam em graciosa festividade.
       O dono deste recanto, consagrado à beleza e paz, contudo, se incomodava com o crescente número de lagartas, que, subjacentes ao substancioso verdume, devoravam suas folhas e ramos. Inicialmente intentou matá-las com algum tipo de veneno, mas após o insucesso na diligência, resolveu elaborar outra maneira de combater tais seres indesejáveis.
       Foi então que alguns especialistas em controle de pragas lhe recomendaram um pequeno réptil originário das índias, que devoravam toda espécie de lagartas. Após algum tempo com a presença destes novos moradores não se viam mais lagartas entre as plantas, porém, juntamente com as lagartas quase não se viam as borboletas coloridas esvoaçando por sobre as flores.               Qual a razão da súbita perda do encantamento que tanto se externava naquele recanto flóreo?
       O pretenso jardineiro descobriu que as lagartas que enfeavam o solo eram as mesmas borboletas que adornavam o ar. A diferença entre elas era apenas a fase da existência.




       Disse certa vez o grande Mahavatar: "Não existe um santo sem um passado nem um pecador sem um futuro". O bem de agora foi o mal de ontem, assim como o mal de hoje será o bem de amanhã. A santidade não existe sem o perdão, assim como a realização só se dá através das transformações. Eliminando aquilo que é aparentemente mal estaremos suprimindo justamente a maior ação daquilo que é bom, que é o perdão alicerçado na tolerância, na compreensão e no entendimento. 
       O mal é o fruto de uma infindável cadeia de circunstâncias, o bem é o fruto de uma infindável cadeia de transformações. Ambos são gradações de um mesmo sequenciamento, cuja diferença está no grau das transformações. 
 
 




       O paraíso não é um determinado local, nem um determinado ponto em um futuro longínquo. O paraíso é um estado de Espírito, no qual podemos visualizar a Deus no sagrado dinamismo das transformações, assim como a beleza do jardim das borboletas, onde estas e as lagartas compartilham a dádiva da existência em estágios diferentes de uma Vida, coexistindo em meio à florescência, face visível de Deus, presente em todas modificações.
       Os seres capazes de voar às elevações da alma respeitam aqueles que ainda rastejam, pois sabem que são iguais embora em estágios diferentes. Aqueles que desprezam os seres rastejantes são os que não alçaram voo, e não podem ver as coisas do alto nem discernir o Grande Jardim da Existência. Cada ser tem seu tempo, cada tempo suas possibilidades.
Como disse um antigo sábio: "Há um tempo para todas as coisas. Há inclusive um tempo para que todos os tempos se encontram".

Paz e luz.