quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O JARDIM DAS BORBOLETAS.




       Existe uma antiga história que conta sobre um homem que possuía um enorme jardim junto à sua casa, o qual era repleto de árvores e plantas, sempre muito florido, onde borboletas coloridas bailavam em graciosa festividade.
       O dono deste recanto, consagrado à beleza e paz, contudo, se incomodava com o crescente número de lagartas, que, subjacentes ao substancioso verdume, devoravam suas folhas e ramos. Inicialmente intentou matá-las com algum tipo de veneno, mas após o insucesso na diligência, resolveu elaborar outra maneira de combater tais seres indesejáveis.
       Foi então que alguns especialistas em controle de pragas lhe recomendaram um pequeno réptil originário das índias, que devoravam toda espécie de lagartas. Após algum tempo com a presença destes novos moradores não se viam mais lagartas entre as plantas, porém, juntamente com as lagartas quase não se viam as borboletas coloridas esvoaçando por sobre as flores.               Qual a razão da súbita perda do encantamento que tanto se externava naquele recanto flóreo?
       O pretenso jardineiro descobriu que as lagartas que enfeavam o solo eram as mesmas borboletas que adornavam o ar. A diferença entre elas era apenas a fase da existência.




       Disse certa vez o grande Mahavatar: "Não existe um santo sem um passado nem um pecador sem um futuro". O bem de agora foi o mal de ontem, assim como o mal de hoje será o bem de amanhã. A santidade não existe sem o perdão, assim como a realização só se dá através das transformações. Eliminando aquilo que é aparentemente mal estaremos suprimindo justamente a maior ação daquilo que é bom, que é o perdão alicerçado na tolerância, na compreensão e no entendimento. 
       O mal é o fruto de uma infindável cadeia de circunstâncias, o bem é o fruto de uma infindável cadeia de transformações. Ambos são gradações de um mesmo sequenciamento, cuja diferença está no grau das transformações. 
 
 




       O paraíso não é um determinado local, nem um determinado ponto em um futuro longínquo. O paraíso é um estado de Espírito, no qual podemos visualizar a Deus no sagrado dinamismo das transformações, assim como a beleza do jardim das borboletas, onde estas e as lagartas compartilham a dádiva da existência em estágios diferentes de uma Vida, coexistindo em meio à florescência, face visível de Deus, presente em todas modificações.
       Os seres capazes de voar às elevações da alma respeitam aqueles que ainda rastejam, pois sabem que são iguais embora em estágios diferentes. Aqueles que desprezam os seres rastejantes são os que não alçaram voo, e não podem ver as coisas do alto nem discernir o Grande Jardim da Existência. Cada ser tem seu tempo, cada tempo suas possibilidades.
Como disse um antigo sábio: "Há um tempo para todas as coisas. Há inclusive um tempo para que todos os tempos se encontram".

Paz e luz.




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