domingo, 27 de novembro de 2022

OS MISTÉRIOS DA REENCARNAÇÃO

                                      



 

        "E até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados". (Mateus 10, 30).

 

        Nada é por acaso. Todas as coisas estão estruturadas na consciência universal, há uma razão para cada uma das mais simples e imperceptíveis manifestações que surgem a todo instante nos insondáveis recantos do cosmo. Os grandes sábios compreenderam a matemática universal, um deles, Hermes — tomado como um deus em algumas civilizações — estabeleceu sete princípios para a compreensão do dinamismo e do sequenciamento cósmico. Estes sete princípios ou estas "sete leis" são as premissas estruturantes de todo o universo, as quais descortinam o funcionamento do dinamismo cósmico manifesto em suas infinitas dimensionalidades.

 

        Em textos anteriores já explanamos sobre cada uma destas leis, no entanto, cabe aqui recordar cada uma delas, pois todas as demais sequências derivam destes princípios.

 

        São estas:

 

        1. O Mentalismo – tudo é mente, o universo é mental;

 

        2. Correspondência – tudo está relacionado, existe uma correlação entre todas as coisas;

 

        3. Vibração – nada está parado, tudo está em constante movimento;

 

        4. Polaridade – tudo é dual;

 

        5. Ritmos – tudo é fluxo, tudo flui nos ciclos do universo;

 

        6. Causa e efeito – não existe acaso;

 

        7. Gênero – feminino e masculino.

 

         A evolução não é uma atribuição exclusivamente disposta ais seres humanos. Tudo é um fluxo de transformações. Todas as coisas seguem um caminho de modificações, desde uma ínfima partícula subatômica até as incomensuráveis supernovas dispostas nos algures celestiais. A reencarnação é um processo que acelera a marcha evolutiva. Imaginemos o espírito como uma água turva que necessita ser filtrada, e a matéria — energia densificada — um filtro sólido de calcário que retém parte das impurezas. Este fenômeno está fundamentado em cada um dos sete princípios universais de Hermes, dos quais descreveremos alguns passíveis de uma maior compreensão — correspondência, polaridade e gênero — para que possamos compreender toda sua dinâmica, suas características e suas regras. Compreendendo este dinamismo, entenderemos a essência do próprio ser, entendimento fundamental a todo magista que anseia pela sabedoria.

 

        O princípio da correspondência: "O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima". Ou seja, A partir de uma análise profunda, poderemos deduzir o que existe em outros planos de diferentes vibrações. No astral, por exemplo, há toda uma correspondência com aquilo que tomamos por realidade física. Cada ser, envolto em seu veículo físico, possui o DNA, composto orgânico cujas moléculas codificam as instruções genéticas que determinam o desenvolvimento, o comportamento e a condução existencial de todos os seres vivos. Assim como há o DNA físico, que se dispõe segundo a hereditariedade dos seres, há o DNA astral, que acompanha a linhagem espiritual direcionando o sequenciamento físico.

 

        Conforme descrevemos em textos anteriores, assim como o DNA físico provém de uma linhagem genética familiar, o DNA astral se dispõe da mesma maneira. Imaginemos um indivíduo nascido na China há séculos atrás, seguramente sua próxima encarnação se dará entre seu próprio povo; mais precisamente no mesmo clã ou na mesma família cujo DNA físico é compatível com o seu DNA astral. Dificilmente tal indivíduo irá reencarnar dentro de um povo europeu, ou um povo árabe ou africano. Embora haja exceções, dentro de um clã familiar existirá muito maior compatibilidade para que tal espírito receba seu invólucro físico para mais uma jornada existencial.

 

        Segundo alguns autores teosóficos, o tempo de permanência de uma entidade no astral pode se estender a vários séculos, alguns ultrapassando um milênio. Esta estimativa pode ter sido correta nos milênios que se antecederam à Era Cristã, quando a população da terra não ultrapassava os 500 milhões de habitantes, e, segundo as revelações dos grandes mestres, o número místico de entidades espirituais humanas gira em torno dos 20 bilhões de seres. Dessa forma, conforme a população do planeta aumenta, aumenta também, proporcionalmente, a velocidade com que os espíritos tendem a reencarnar no plano físico. Calcula-se, através da diferença entre o número total de entidades, e os mais de sete bilhões de seres presentes no plano físico, que o tempo de permanência no plano astral pelas entidades não ultrapasse o período de pouco mais de um século. Não estamos levando em conta as antigas raças de seres humanos que não conseguem mais reencarnar no plano físico, isto devido à incompatibilidade de seu DNA astral com a frequência atual do DNA da humanidade — Como já vimos em textos precedentes sobre os Kama Rajas, cuja evolução se processa exclusivamente no plano astral, de forma muito mais lenta que a humanidade geral.

 

 


 

        Quanto mais próximo à linhagem espiritual do indivíduo, maior compatibilidade há com o DNA hereditário.

 

        Em países onde ocorre intensa mistura racial, como no caso do Brasil, ocorre algo diferente daquilo que se dá nos países homogêneos. Logicamente as entidades reencarnarão seguindo as suas próprias linhagens familiares, mas não estarão restritas a uma única etnia. A mistura racial é muito importante, não somente ao abrir a compatibilidade genética para os povos que fazem parte de sua miscigenação, mas também, para o advento da futura Sexta Raça Raiz, advinda justamente da mistura entre inúmeros povos — este tema é extensamente explanado no texto "As Raças Raízes", exposto anteriormente.

 

        Segundo os ensinamentos dos antigos mestres, o princípio hermético do gênero e o princípio hermético da polaridade praticamente se fundem nos aspectos que se seguem. Assim como a diferença de potencial é essencial para que se encete a corrente elétrica, na alternância das polaridades positivas e negativas, a dinâmica da evolução humana flui através da dualidade. A diferença sexual existe apenas no nível físico, no plano astral tais diferenças ainda persistem devido à permanência da concepção física nos seres que ainda não atingiram edição necessária para o total desprendimento. Um indivíduo ao desencarnar, que ainda não atingiu elevado grau de iluminação, permanecerá ainda por muito tempo com as características que possuía enquanto vivia no plano físico. Seu veículo astral tenderá a manter as características que se moldaram através de seu invólucro físico, desfazendo-se gradualmente no período que permanece no Mundo de Kama.

 

        Sempre lembrando que existem expressões, a alternância dos sexos entre as encarnações seguem o princípio da polaridade, variando o gênero em cada uma de suas peregrinações terrestres. Um indivíduo nascido homem em determinada vida, sofrerá uma mudança de sexo em sua nova roupagem física. Esta alternância segue as leis que regem todos os ciclos em suas sequências transformadoras. O dia retorna após a noite, as lunações se processam seguindo as modificações presentes em cada uma de suas fases. A característica essencial do dinamismo cósmico é a impermanência, todas as características de cada momento cronológico obedecem a lógica da transitoriedade.

 


        Como citado anteriormente, as impressões do aspecto físico, após o desenlace da matéria, permanecem na entidade por um longo período no plano astral. Ocorre que, se o período de permanência no astral fluir em maior celeridade, algo não tão raro neste momento atual em que a humanidade se aproxima dos oito bilhões de habitantes, o indivíduo poderá voltar ao plano físico com as impressões de sua vida anterior — sua alma poderá manter tendências à feminilidade em um corpo masculino e vice versa. É um processo natural, porém, discriminado pela ignorância ainda predominante no estágio atual da humanidade, eivado de intolerância.

 

        Os mesmos princípios de polaridade e gênero se dá no sequenciamento da linhagem familiar, talvez o mais interessante do ponto de vista esotérico. A alternância sempre será a regra nos sequenciamentos cíclicos — mesmo desconhecendo as leis herméticas, os chineses entenderam os mesmos princípios que equacionam o universo — basta que observemos as energias opostas e complementares dispostas no diagrama do Yin e Yang, onde todos os princípios fundamentais do universo, em perpétua oscilação de predominância, se integram no fluxo universal do dinamismo cósmico. Esta oscilação de predominância é a força motriz que promove o equacionamento de toda existência.

 


        Seguindo esta polaridade, o filho, com raras exceções, pertence à linhagem espiritual da família da mãe; a filha à linhagem espiritual da família do pai, é este regramento vai se seguindo na trajetória das gerações — poderemos notar que, via de regra, o filho possui semelhança com as características do lado materno, as filhas com o lado paterno.

 

 

        O karma, seguindo este sequenciamento, não está restrito à individualidade. Há o karma familiar, incidindo sobre a família, unida através de laços espirituais que atravessam os séculos, assim como o karma grupal, ou até mesmo nacional, de um mesmo clã ou povo, unidos por laços espirituais que atravessam os milênios.

 

        Sempre paira uma dúvida sobre aqueles que ainda, mesmo possuindo alguma noção da espiritualidade, não têm uma profunda compreensão sobre a natureza dos sequenciamentos. Seriam efeitos do karma as vítimas da guerra? Seria karma coletivo as tragédias familiares? Como as encarnações acompanham a hereditariedade física, o karma existente entre as famílias e clãs estão interligados, mesmo em nível do próprio povo em que as famílias pertencem — atrocidades, genocídios, guerras e usurpação de terras normalmente transcendem o nível grupal. Os nazistas cometeram as mais perversas atrocidades contra o povo judeu durante o período da Segunda Guerra Mundial, e nada pode justificar essa ação diabólica. Os hebreus destruíram "ao fio da espada" homens, mulheres, velhos e crianças de inúmeras cidades dos povos cananeus — basta que se faça uma leitura no livro de Josué no Velho Testamento — e para tal atitude abominável qualquer justificativa se tornará, no mínimo, hipócrita. Existem ações individuais, ações grupais e ações coletivas. Para cada ação existe uma reação, é este incide diretamente na genealogia de um determinado grupo.

 

 


 

        Vamos agora observar um caso de regressão hipnótica à qual presenciamos, gravando em fitas K7 — comuns no final da década de 70 quando a sessão foi executada. A Senhora F., de livre e espontânea vontade, submeteu-se ao procedimento especialmente após constatada sua susceptibilidade ais comandos do mestre operador.

 

        Inicialmente, o magista regrediu a senhora, com pouco mais de 50 anos na época, até vinte anos atrás, quando teve seu primeiro filho. Em seguida retrocedeu sua mente ao período da adolescência, até o momento do desenlace físico de seu pai. A regressão baseou-se nos momentos mais marcantes da vida da pessoa até o momento em que esta revelou estar no útero de sua mãe, ainda em estagio fetal.

 

        Após este estágio o magista retrocedeu ainda mais além, adentrando em sua vida passada, que, após um longo período de vida astral, pôde descrever um momento de grande enfermidade, antecedendo o próprio desenlace físico. Tratava-se de um indivíduo do sexo masculino, em idade relativamente avançada, no século 18, muito triste por ter dois de seus filhos nas terras do Novo Mundo — no caso o Brasil — sem dar notícias a vários anos à sua família, residente na cidade de Faro, no litoral português.

 

        Este relato, em seus momentos iniciais de uma vida pretérita, já demonstrou por si só, como pudemos constatar perfeitamente, que se tratava da linhagem espiritual do pai daquela senhora, submetida à sessão de hipnose, demonstrando ser um ancestral de seu lado materno — tetravô de seu pai. Houve, portanto, a mudança de sexo e o sequenciamento pelo lado paterno, conforme os princípios anteriormente descritos — permanecendo no astral um período superior a 130 anos.

 

        Fez-se, em seguida a regressão nos momentos marcantes da vida desse homem, até o início de sua vida na extração de cortiça na região do Algarve. Após regressar à primeira infância, prosseguiu a regressão até o momento em que se manifestou em outra existência, desta vez como mulher, seguindo a ancestralidade materna do indivíduo de Faro. O tempo, no entanto, a pessoa não pode precisar. Estimamos, porém, que se tratava de um período na segunda metade do século XXV, pois fez referência ao rei Afonso V, e o recrutamento de um de seus irmãos para o norte da África. Sem mencionar diretamente cronologias — a mulher em questão talvez se desconhecesse sua própria idade — aparentemente teve seu desenlace físico ainda muito jovem, profundamente entristecida pela partida de um de seus irmãos mais próximo. Neste caso também houve mudança de sexo, sequenciamento a partir da linhagem materna, e um período significativamente maior no mundo de Kama, superior a 150 anos.

 

        O operador fez ainda mais uma regressão a outra vida daquela pessoa, chegando até, possivelmente, o final do século XXI — a partir da jovem não se conhecia mais a data na qual se passava a vida da pessoa — na condição de alguém que faleceu ainda menino, na Andaluzia sob o domínio Mouro.

 

        A partir de então, devido aos exaustivos minutos em que se transcorreu a sessão, o operador decidiu suspender a experiência. E, através desta pudemos referendar aquilo que nos revelavam os antigos fundamentos amparados nos princípios herméticos: a sequência das reencarnações seguindo a hereditariedade; a alternância de gêneros; a polaridade entre as linhagens paterna e materna segundo o gênero dos filhos; assim como o tempo de permanência no plano astral, cada vez mais curto, conforme se aproxima dos tempos atuais.

 

 

 


        Do Homoerectus à supraconsciência.

 

        Sabemos que cada ser na escala evolutiva é uma aglutinação energética proveniente de outros seres de níveis inferiores nesta mesma escala.

 

        Em textos anteriores utilizamos a analogia dos mananciais que se dirigem ao oceano. Uma gota d'água à semelhança de um organismo unicelular, se aglutinando até a formação dos mais simples organismos multicelulares, como um veio d'água formado pelas incontáveis gotas em um constante fluxo a partir de sua nascente. Seríamos hoje "rios que correm para o oceano", encetando a aglutinação em rios cada vez maiores até que suas águas adentram na unidade maior — o Todo, a imanência divina para onde todas as coisas se convergem.

 

        O homem moderno se formou a partir do aprimoramento, ao longo de milhões de anos de evolução, a partir de formas menos evoluídas, em um contínuo processo evolutivo incessante, que permanece e continuará, seguindo o dinamismo universal sob os princípios do ritmo, da vibração e das causas e efeitos, diretos e indiretos.

 

        Em um mundo, cada vez mais integrado, onde através das novas tecnologias são suprimidas, cada vez mais as barreiras de distância, o intercâmbio entre os povos se acentua de maneira cada vez mais intensa. São cada vez mais raros os povos ou grupos que se mantêm em isolamento nos tempos atuais. A mistura racial se intensifica à medida que são rompidos os distanciamento e as barreiras geográficas. O homo sapiens teve sua origem na região sul da África Oriental, e a partir daí se espalhou pelo planeta se diferenciando em povos diferentes moldados pelos diferentes climas existentes na Terra. Com a integração e o crescente intercâmbio da humanidade, a miscigenação se acelera, e isso desde o início das grandes navegações, tendo o Continente Americano como centro de todas as direções de todos os povos do mundo, em especial o Brasil, o berço da Sexta Raça Raiz que está se formando devido à miscigenação.

 

        Conforme citação anterior, dificilmente um chinês irá reencarnar em um árabe, ou um africano ou europeu. Já nos povos miscigenados tal incompatibilidade desaparece, pois possuem as linhagens dos diferentes povos que participaram de sua genética. E, assim como o DNA astral acompanha o DNA físico, os sequenciamentos espirituais terão maior abrangência dentro da perspectiva espiritual — as barreiras do distanciamento serão desfeitas através da força das aproximações.  O nefasto sentimento do racismo e também da intolerância, tenderão a ser aniquilados com o advento da Sexta Raça, simplesmente porque todas as raças nela estarão presentes. Uma nova consciência surgirá a partir desta nova tônica da humanidade.

 

 


                                                                 As Almas Antigas.

 

        Sempre paira uma dúvida nos estudantes de ocultismo no que se refere ao adiantamento de alguns seres diante do atraso de muitos. Por que razão alguns seres elevam sobremaneira seus níveis de consciência enquanto outros ainda permanecem em níveis quase estacionários, beirando à barbárie?

 

        Muitas suposições já foram lançadas sobre esse tema, inclusive a hipótese de seres advindos de outros orbes. Como dissemos anteriormente, a população humana foi se diferenciando à medida que esta se espalhava pelas extensões do globo. À medida que ocorriam distanciamento, novas adaptações eram necessárias aos organismos para a adaptação às novas condições que foram surgindo. Isso se confirma no estudo dos troncos linguísticos — Tomemos, por exemplo, o Tronco Indo-europeu, originário provavelmente nas regiões setentrionais do subcontinente indiano. À medida que se distanciavam das planícies indo-gangéticas novos padrões surgiam alterando o idioma original, surgindo o persa, na região do atual Irã e todas as demais línguas europeias acompanhando o deslocamento desse povo às regiões ocidentais. Tais transformações ocorreram, da mesma maneira, no Extremo Oriente, na África e no sudeste asiático. São, portanto, as transformações, ocorridas em relação ao próprio meio, que definiram as diferenciações, fossem elas fenotípicas, culturais, tecnológicas, comportamentais…

 

        Alguns indivíduos tiveram que travar intensa luta pela própria sobrevivência, outros, devido às melhores condições, tiveram mais tempo para fazerem suas observações ao mundo no qual estavam inseridos. A ciência se originou a partir de tais observações, os ciclos sazonais, os astros, a geografia, as plantas, os animais…

 

        Em cada povo seguiram-se "castas de observadores", médicos tribais, "cientistas da natureza" cada vez mais respeitados pelos clãs, formando uma elite religiosa, formulando os rudimentos da filosofia. Desses núcleos surgiram expoentes no direcionamento das consciências que, "abriram os caminhos" para um mais amplo conhecimento e maior entendimento da própria vida e da razão de ser e de existir. Esses "espíritos" dotados de uma maior compreensão — conforme explanamos sobre a compatibilidade do DNA físico e astral — reencarnaram predominantemente em seus próprios clãs e em suas próprias castas, como podemos observar entre os brâmanes — casta sacerdotal da Índia, a mais elevada dentro de sua própria cultura. Ocorre que, no decorrer da história, cada ser, dotado de um nível de consciência mais elevado em relação aos demais, foram "abrindo caminhos" — missão espiritual a estes conferida pela consciência universal — auxiliando no processo da evolução espiritual de toda a humanidade.

 

 


 

                      As características intrínsecas carregadas através das linhagens.

 

        O magista pode, muitas vezes, analisar profundamente cada membro de um determinado grupo através do sequenciamento assim como o sequenciamento através de um determinado membro. Sua visão, pois, se estabelece diante da amplitude do panorama que se descortina a partir de seu conhecimento.

 

        Cada ser possui três variantes que definem seu verdadeiro aspecto: sua natureza interior, as circunstâncias nas quais está envolvido, e a disposição que resulta da ação das circunstâncias diante de sua própria natureza.

 

        Imaginemos uma linhagem de um grupo altamente belicoso, que seja propenso à pilhagem e ao conflito. Seria correto afirmar que um indivíduo advindo deste sequenciamento genético, retirado desse meio logo ao nascer, não fugiria à fatalidade de ter sua vida propensa à violência?

 

        Ou, em outro caso, um indivíduo nascido em uma família de alcoólatras, adotado logo ao nascer por uma família isenta de vícios, teria no decorrer da sua vida a sombra dos vícios a perseguir suas perspectivas?

 

        Diz um ditado árabe: "Se o pai é um alho e a mãe uma cebola o filho dificilmente irá cheirar jasmim". A palavra "dificilmente" não é sinônima da palavra "jamais", nossa trajetória no mundo possui a sagrada finalidade de romper as predisposições, desvanecer as tendências e destruir as fatalidades.

 

        Certamente que o nosso livre arbítrio poderá nos conduzir a novos caminhos e novas perspectivas. Não existe nenhum destino inexoravelmente pré-determinado. A própria razão da existência se estabelece nas transformações, todas as coisas são passíveis de mudança, inclusive a nossa natureza interior.

 

        Consideremos a primeiramente a essência do ser da pessoa advinda de uma linhagem eivada de vicissitudes. Esta possui determinado grau de evolução espiritual. Este grau não costuma contrastar significativamente dos níveis das demais pessoas de sua própria linguagem. Seres evoluídos nunca se constituíram como regra, mas sim como uma exceção. Mesmo em linhagens de grupos pacíficos e comedidos, os seres avançados configuram como raros adventos, na maioria das vezes, influenciados por outros seres de níveis elevados de consciência, alheios à sua linhagem.

 

        As circunstâncias são todos os fatores extrínsecos que incidem sobre o indivíduo no decorrer de sua peregrinação pelo plano físico, e estas têm sua origem nas sementes kármicas plantadas em tempos pretéritos, assim como nos resultados das escolhas tomados no tempo presente. As circunstâncias definem os caminhos na prossecução da senda evolutiva. O indivíduo é, em partes moldado pelas circunstâncias, assim como as circunstâncias são delineadas a partir de sua natureza intrínseca, seu aspecto fundamental. A disposição é o resultado das circunstâncias sobre a sua natureza. O propósito da encarnação, ou da própria dinâmica de vida espiritual, é aprender através das circunstâncias, fazendo com que sua natureza seja transformada, aflorando a sua verdadeira essência, a assinatura divina presente em todas as coisas.

 

 


                                                             A Metempsicose.

 

        Esta designação provém do grego, sendo que "meta" significa "além de" e "psique", alma. É um termo que abrange a transmigração da alma, não restrito, por sua vez, à reencarnação do gênero humano inserido à própria humanidade, mas que enceta a possibilidade da transmigração da alma humana também para os animais de toda escala zoológica conhecida. Esta crença adveio dos preceitos hinduístas, e consequentemente, as demais religiões que derivaram do hinduísmo, especialmente o budismo tibetano.

 

        Sem desprezar qualquer outra filosofia ou crença, em seus pontos de divergência com os preceitos que focamos nossa consideração, tal ensinamento se faz incompatível com todo o contexto que, desde o início, expusemos ao longo do texto. A incompatibilidade do DNA astral com o físico já torna difícil a reencarnação em grupos diferentes, quanto mais às espécies cuja estrutura do genoma se diferenciou através de milhões de anos das diferentes eras geológicas. Mesmo seres humanos das civilizações pretéritas, destruídas pelas hecatombes climáticas da mais remota antiguidade, como no caso dos Kama Rajas, explanado em textos anteriores, se fazem incompatíveis com a condição da humanidade atual, quanto mais seres de espécies diversas que nem mesmo os órgãos se fazem propícios para transplantes. Toda mudança fenotípica se dispõe através de transformações em nível dos genótipos, as quais foram estabelecidas durante milhões de anos, entre mutações e adaptações às variações do meio.

 

        Uma pergunta, ainda que hipotética, foi formulada por um adepto do ocultismo durante uma explanação sobre a compatibilidade do DNA. Indagou ele: "Segundo as premissas do esoterismo, o universo traz em si infinitas possibilidades. Consideremos, pois, a possibilidade da criação de seres híbridos, entre humanos e animais — sabemos que a ciência está rompendo paradigmas, alguns inimagináveis, como o sequenciamento dos genomas, fato que tornará possível trazer de volta à vida alguns animais extintos em períodos mais recentes. Diante da possibilidade da criação de seres híbridos — considerando que se trata de algo plenamente possível — e também considerando que toda matéria física é estruturada na matéria sutil, aquilo que poderemos chamar "alma" — a que nível ou qual a estruturação do corpo energético de um ser híbrido, criado a partir da mais avançada engenharia genética?"

 

        No esoterismo sempre devemos evitar o "nunca" e nunca deveremos dizer o "sempre", portanto, toda questão, ainda que dentro das conjecturas, deve ser encarada como uma possibilidade.

 

        Em tais perspectivas, no âmbito das suposições, deveremos imaginar o hipotético contexto, e, nesta presumível "realidade" enquadrar nossos conceitos preestabelecidos.

 

        Imaginemos se o ser híbrido advém de um sequenciamento espiritual humano — sua condição certamente será de um ser humano eivado de limitações, haja vista que terá metade de suas codificações formadas a partir de graus inferiores na escala zoológica. Imaginemos agora que este novo ser possua seu sequenciamento espiritual advindo de sua contraparte animal. Teríamos um animal que sobrelevou milhões de anos na escala evolucionária — uma surpreendente, extraordinária e inimaginável  aceleração do processo evolutivo. Há uma "alma" ou contraparte energética para todas as coisas que se distingue no universo físico. Uma simples micropartícula é formada de ondas energéticas. Tudo é energia! Tudo está em processo de transformação!

 

 

 


                                                       As missões espirituais.

 

        Toda encarnação tem um propósito. Todos possuem uma missão e nenhuma delas deixa de ser grandiosa. Porém, poucos são aqueles que têm consciência de sua missão e concentram suas energias para o seu cumprimento.

 

        Existe a missão dos seres elevados. Existe também a missão dos seres ainda em processo de transformações. Não existe, porém, nenhuma missão engendrada através dos planos divinos que deixe de ser elevada. Existe uma perspectiva até para o mais ínfimo dos seres vivos. Há um projeto de luz que envolve todos os seres.

 

        Se tomarmos a bíblia por referência, poderemos observar inúmeros missionários dos propósitos divinos, entre os quais, explicitamente, está João, o batizado, descrito pelo próprio Jesus. Poderemos observar também que, na própria descrição, ele cita uma de suas encarnações anteriores, na figura de Elias, no reinado de Acabe, nove séculos anteriores à Era Cristã, ou seja, cerca de 900 anos antes do nascimento de João.

 

        Sua missão essencial era preparar os caminhos para o advento da perspectiva crística de uma nova consciência — ao contrário do que muitos pensam, Jesus não veio criar uma instituição, nem mesmo dogmas, preceitos e doutrinas religiosas, e sim inaugurar uma nova consciência, rompendo paradigmas de uma "letra morta" para o advento de uma perspectiva lúcida da vivificação espiritual. Considerado como a "Voz que clama no deserto" — a verdade que surge através do silêncio — ele descortina as características de uma alma antiga comungando sua força em meio à disposição humana — humanidade presa em um encadeamento circunstancial de servilidade ante um poder opressor instituído há séculos através do medo — as almas antigas buscam o silêncio, o isolamento, a introspecção. Elas são alheias à cronologia, sempre parecendo mais velhas quando jovens, e mais jovens quando idosos. Enxergam muito além da perspectiva física, por isso seu olhar se faz penetrante e direcionado. Não evidenciam seu próprio ego, muitas vezes não relevando importância ao aspecto físico — no caso de João, este se vestia rusticamente,  vivendo nos ermos solitários dos desertos.

 

        Mahatma Gandhi, outro exemplo clássico de uma alma antiga, vivia toscamente em um "Asheran" entre os "dalits", quando poderia ser a maior autoridade civil em todo o subcontinente indiano.

 

 

 


                                                  Memória das vidas anteriores.

 

        Antes de adentrarmos nos profundos mistérios que entrelaçam as memórias pretéritas, a consciência superior e o ego reencarnante, é necessário que se faça um retrospecto sobre a divisão setenária daquilo que é o homem em sua interação com os planos de existência.

 

        Temos o corpo físico, o duplo etérico, o corpo astral, o corpo mental concreto, ou mental inferior, o corpo mental abstrato, ou mental superior, o corpo Búdico e o corpo Átmico.

 

        Através do corpo físico percebemos três dimensões, por isso alguns espiritualistas modernos denominam o plano físico de terceira dimensão. Acima deste, em grau de sutileza está o corpo etéreo ou o duplo etérico, disposto na quarta dimensão, entre o astral e o físico, o qual recebe as energias através do Prana, distribuindo-as através dos vortex energéticos chamados chakras — amplamente comentados em textos anteriores. O corpo etérico é a interface de correspondência entre o corpo físico e o corpo astral.

 

        O corpo astral, também denominado corpo emocional, é o veículo de vida no Mundo de Kama  o plano astral, a quinta dimensão dos modernos esoteristas. É este o veículo responsável pelo nosso quadro emocional, pela emotividade e sensibilidade às emoções que fluem no plano kamásico, assim como os vários distúrbios, desestabilizações e enfermidades psicossomáticas. (kamásico: relativo ao Mundo de Kama, o Plano Astral).

 

        Adentrando em maiores graus de sutileza, temos o corpo mental inferior, ou concreto, onde fluem as atividades do raciocínio objetivo, do mundo concreto onde os pensamentos discernem a matéria em sua absoluta concretude. Situa-se na sexta dimensão, onde as ideias se plasmam focadas no palpável, onde a teoria sintetiza a praticidade.

 

        Além do mental concreto está o corpo mental superior ou mental abstrato, ligado ao mental concreto através da Ponte de Antakarana, a ligação sutil que separa os três corpos superiores: mental superior, Búdico e Átmico dos demais inferiores — estes três corpos formam o que chamamos o Corpo Causal, sobre o qual dissertaremos a seguir. Aqui está a sétima dimensão onde são resguardadas as memórias ancestrais das vidas pretéritas.

 

        O corpo Búdico se localiza na chamada oitava dimensão, armazenando e direcionando as sutis energias que estruturadoras da evolução da alma.

 

        O Átmico está na 9° dimensão, onde a sublime revelação da verdade se revela no amor e flui através da fé.

 

        Essa tríade superior, acima descrita, representa nossa contraparte divina acima da contraparte humana, o Corpo Causal, o Triplo Logos encausado na dimensionalidade humana. O mental abstrato permite a formulação das ideias abstratas, acima da concepção concreta da percepção dos sentidos físicos. No corpo Búdico está contido o sentimento devocional, o dom artístico transcendente, a intuição que se sobrepõe à própria lógica e o raciocínio cartesiano. O Búdico corresponde ao refinamento das emoções adstritas ao astral — enquanto neste último se deflagra a paixão, no Búdico se consagra o amor. No Átmico se consagra a consciência acima da concepção humana, a realidade crística na suprema unidade com a consciência cósmica.

 

        O nome "Causal" assim se designa, pois ele é a causa da formação dos outros quatro veículos inferiores humanos, o mental inferior, o astral, o etéreo e o físico. É a permanência do corpo causal que determina a sucessão das existências, das encarnações, guardando nele as sementes kármicas que germinarão ao longo da Roda do Samsara — os ciclos sucessivos das encarnações.

 

        Quando um ser humano se desenlaça de seu invólucro físico, permanece por um curto espaço de tempo envolto em seu duplo etérico, o qual se desfaz assim que se inicia a decomposição orgânica de seu corpo físico — no antigo Egito os corpos eram unificados para a preservação do corpo etéreo, fazendo com que o corpo astral do indivíduo não conseguisse, por um longo espaço de tempo, se distanciar do local onde localizava seu sarcófago, perto do qual eram colocados seus antigos pertences, joias, e muitas vezes, absurdamente, suas mulheres e escravos.

 

        Após a degeneração do duplo etérico, o corpo astral permanece no Mundo de Kama por um longo período, dificilmente abaixo de um século. Após uma prolongada estadia neste plano, seu corpo astral começa a se desvanecer, e, após a perda deste veículo kamásico, seu corpo mental concreto rapidamente se desagrega, restando o corpo causal, a "essência reencarnante". O corpo causal encetará uma nova encarnação agregando novamente os quatro princípios ou veículos inferiores, reiniciando um ciclo em sua senda evolutiva.

 

        Como a grande maioria dos seres humanos se encontra em estágios abaixo da quinta dimensão em suas percepções espirituais, ao reencarnar sua consciência estará expressa nesses veículos mais baixos, e não na sétima dimensão do corpo mental superior, o primeiro veículo do corpo causal, onde estão resguardadas as memórias das vidas pretéritas. Dessa forma há o quase completo esquecimento das experiências anteriores, com exceção das pessoas mais evoluídas com a percepção além da sexta dimensão do mental concreto.

 

Existem também, além dos seres evoluídos, outras exceções que reacendem as memórias passadas, a primeira é na primeira infância, onde a pureza das crianças e o desconhecimento das milícias do mundo faz com que, a percepção espiritual se estenda além dos quatro veículos inferiores, alcançando o corpo causal, onde se têm acesso às memórias passadas, as quais, assim que os quatro veículos inferiores se estabelecem, em sua maior projeção para o mundo físico, tais memórias sai rapidamente esquecidas. A outra exceção ocorre em raros eventos nos quais a permanência no plano astral é demasiadamente curta. Nesse caso os princípios inferiores não chegam a se desvanecer completamente, formando, na encarnação que se segue, um canal com o corpo causal, por onde fluem as memórias das vidas anteriores. Em casos assim, muitas características físicas da vida anterior estarão presentes nesta vida presente. Alguns sinais físicos, ricamente documentados na literatura esotérica, são explícitos no corpo físico presente — as famosas marcas de nascença. Em seu livro Reencarnação Baseada em Fatos, Karl E. Muller, entre outros inúmeros casos relata o caso de um menino sírio, um fato irrefutável comprovado de lembrança de vidas anteriores. Um menino nascido em uma localidade da Síria, logo que aprendeu suas primeiras palavras, dirigiu-se à sua família e falou que aquela não era sua família original, é sei nome tão pouco era aquele pelo qual o chamavam. Afirmou de maneira segura qual era o seu verdadeiro nome e qual a cidade da qual provinha. Tal fato levado ao conhecimento dos  "Drusos" da aldeia,  estes sugeriram que levassem o menino à cidade e à casa onde este afirmava ter vivido, para que fosse comprovado tudo aquilo que este dizia. Logo que chegou na casa, reconheceu todos os seus parentes  até mesmo antigos retratos onde sua imagem era exposta. Falou que havia escondido uma determinada quantia de dinheiro antes de sua morte, que, para espanto geral logo foi comprovada. Disse também que uma pessoa daquela localidade lhe devia um determinado valor, fato que também fora comprovado, assim que encontraram o devedor.

 

        Levado com sua atual família de volta à sua residência da vida presente, o menino gradualmente foi olvidando as antigas recordações, até que, após alguns anos, nada maus lembrava, passando a levar uma vida normal.

 

        Poderíamos citar dezenas e dezenas de casos, porém, serviriam apenas para relatar casos semelhantes ao menino sírio. O que se verificou, neste e também na maioria dos casos de lembranças inatas, foi a reencarnação quase que imediata de certos indivíduos, assim como o afloramento dessas memórias durante a primeira infância.

 

        Uma experiência, embora extremamente rápida, ocorreu certa vez com uma criança de maneira inusitada.

 

        "Notei que a criança, de apenas 3 anos de idade, falava a letra r com um acentuado sotaque francês. Em um dado momento, enquanto desenhava junto à sua mãe em folhas de papel sulfite, vi uma borracha ao lado de sei estojo. Não esperando obter resposta alguma, quase que automaticamente lhe fiz um pedido: 'S'il vous plâit, prête moi le gomme'. A criança, no mesmo instante, pegou a borracha e a deu em minhas mãos — o pedido foi: 'por favor me empreste a borracha'. A mãe ao observar meu espanto perguntou o que eu havia falado, e, logo que contei, esta também ficou assombrada. Perguntei inúmeras coisas à criança em língua francesa, mas nada mais pareceu entender. Até hoje fico espantado quando relembro esta inusitada ocorrência".

 

        Acreditamos que existem flashes de memória ancestral, que podem ocorrer na infância e também se estender por toda a vida adulta. Muitos são os adultos que afirmam situações que parecem ter vivido em alguma ocasião, muitas vezes em circunstâncias que jamais poderiam ser lembranças ocorridas na vida atual.

 

        Nossas percepções físicas e extrafísicas, em cada uma de nossas vidas sucessivas, passam para o corpo causal, o qual determinará, de acordo com as sementes kármicas, advindas em cada ação, condições para a forma, variantes emocionais e mentais da nova pessoa a reencarnar no plano físico. Apenas quando não carregamos as sementes kármicas para a tríade superior, o corpo causal, cessarão os ciclos sucessivos de encarnações.

 

        O corpo causal é, pois a parte imortal do homem, enquanto este permanecer na condição humana. É este que nos liga a Deus em sua "imagem e semelhança". O destino do corpo causal é como o imenso rio a desaguar nas águas do oceano. Quando isto ocorrer será a sua sublimação, não sua aniquilação, pois assim como somos a junção de "vários rios" em nosso "pequeno oceano". E, em nenhum momento deixamos de expressar o nosso "eu". Seremos a junção das muitas águas, no "grande oceano da bem aventurança", e em nenhum momento deixaremos de ser ou expressar o nosso "Eu" maior.

 

        Eu e o Pai somos Um — já disse certa vez o Espírito Crístico em sua explicitação das verdades eternas.

 

        Paz e Luz.