Todos nós possuímos um poder criador
inerente à nossa própria centelha divina. Esse poder chama-se em sânscrito
Kriyashakti; Kriya significa esforço, ou poder volitivo, Shakti, o poder
divino, aquele que temos e não conhecemos, que está conectado à sublime percepção "Eu Sou", que nos confere
toda a suprema consciência capaz de "mover as montanhas" e exercer o
verdadeiro poder vulgarmente conhecido pela palavra "fé".
No próprio plano Monádico, ou da
Divindade, em todas as altas filosofias e grandes religiões, existe a
associação do "esforço" ou "grande poder volitivo de
manifestação" com a Shakti, que simboliza o eterno agente feminino
cósmico, a contraparte fecundada pela energia primordial que dá origem ao
próprio universo. Esta é a bipolaridade divina através da qual gera a
resultante manifestada da criação. Podemos observar isto na profunda simbologia
das contrapartes femininas das deidades hindus. Brahma tem a sua Shakti, que é
Sarasvati; Shiva, Parvati e Vishnu, Lakshemi. Ao contrário daquilo que os ocidentais
intitulam como idolatria hindu, tais forças não são "deuses", mais
princípios de equacionamento celeste que sintetizam tudo aquilo que podemos
considerar como "existência". Este é o princípio criador que é
conferido a todos os seres, pois derivam estes da mesma essência de luz, vida e
dinamismo advinda do macrocosmo.
O microcosmo possui plena equivalência
com o macro. É o "Princípio Hermético da Correspondência": "O
que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está
fora”.
“Os antigos afirmavam que qualquer ideia
será manifestada exteriormente se nossa atenção estiver profundamente
concentrada nela. Do mesmo modo uma vontade intensa será seguida do resultado
desejado"; proferiu a grande yoguini Helena Petrovna Blavatsky, asseverando
o poder subjacente à insensatez e à descrença humana.
Toda obra deriva do pensamento, e todo
pensamento associado à vontade e ao desejo de criar estabelece e concretiza a
obra. Somos aquilo que acreditamos, criamos nosso destino, engendramos toda
realidade que conhecemos; concebemos tudo aquilo que formulamos em nossas
ideias, daquilo que pensamos sobre o mundo, daquilo que sentimos como vida, e
daquilo que pensamos de nós mesmo. Se crermos plenamente em um propósito,
abolindo toda e qualquer dúvida a partir da verdadeira fé, a perspectiva se
tornará realidade. Este é o princípio da atração. Somos aquilo que pensamos, e
criamos tudo aquilo que acreditamos. Existe a divindade dentro de nós, da qual
podemos usufruir para transformar o nosso meio, estabelecer aquilo que somos, e
criar um novo destino.
A saúde física tem origem na saúde
mental, assim como todos os desajustes e desequilíbrios originários de uma
desarmonia interior. A ilusória estruturação da matéria possui todo um alicerce
energético, ou espiritual. A designação depende de nossa subjetividade, seja
ela científica ou filosófica, toda realidade reside no invisível que plasma
tudo aquilo envolto de concretude e visibilidade.
A formação de seres artificiais, criados
através do próprio pensamento, é uma realidade muito mais comum do que supomos
ser. O próprio pensamento eivado de negatividade, aprisionado no
"ontem" que já não existe, e em um "amanhã", ainda
desprovido de realidade, gera "espíritos" de depressão, pânico e
ansiedade. Mas existem verdadeiros "seres" que tomam
"realidade" e atormentam seus "criadores" com a mesma intensidade ou até mesmo pior.
Observemos a força do poder criador, nas
palavras de Dion Fortune, em sua obra "A Cabala Mística":
"Gerações de adoração e culto constroem uma imagem fortíssima na luz
astral e, quando o sacrifício é acrescentado à adoração, a imagem desce um
passo a mais nos planos da manifestação, e adquire uma forma nos éteres densos
de Yesod" (plano astral), "tornando-se um objeto mágico mais potente,
capaz de ação independente quando animado pelas ideias concretas geradas em
Hod". (Oitava Sephirah da Árvore da Vida, superior à Nona Sephirah, Yesod).
Neste texto Fortune esboça a descrição
da formação de um "deus" ou "entidade" criado a partir de
cultos de adoração, principalmente nos antigos cultos onde se exigiam
sacrifícios. E, como a grande escritora frisa, a plasmação se dá quando o
"sacrifício" é adicionado à adoração. Aqui vemos o segredo da
plasmação dos elementares, a adoração que canaliza o poder divino da criação,
ou aquilo que mencionei anteriormente como "Shakti", e o esforço,
traduzido em "sacrifício", que complementa a bipolaridade geradora de
"vida".
No mesmo livro, posteriormente, Fortune
acrescenta: "... embora a forma sob a qual o deus é representado seja pura
imaginação, a força que se lhe associa é real e ativa". Troquemos a
palavra "imaginação" da sábia escritora, e coloquemos
"mentalização". Firmamos agora aquilo que é essencial para a formação
de um ser astral criado a partir do pensamento. Um ser forma-pensamento, muitas
vezes criado de forma involuntária por aqueles que, não intencionalmente
"criam seus próprios demônios".
O sacrifício representa o sangue cujas
emanações astrais são absorvidas pela figura mentalizada, o que confere uma
"vida astral" desprovida de consciência, mas dotada dos aspectos
psicológicos de seu criador. (O esperma e o menstruo são muito mais comuns na
formação desintencional desses seres).
A escritora francesa
Alexandra David-Néel, em sua obra
"Tibete, Magia e Mistério", relata detalhadamente a formação
de Kama-Rupa pelos monges tibetanos, assim como um criado diretamente por ela
mesma, assim como também a destruição do tal ser.
Estes seres, como citei em outros
textos, além de Elementares, possuem o nome sânscrito de Kama-Rupa, que
significa "forma-pensamento". E conforme mencionei acima, podem ser
criados de maneira involuntária, ou voluntariamente.
Muitas vezes, como no caso da escritora
francesa, Alexandra David-Néel, não foi necessária a aspersão de sangue ou
qualquer outro fluido advindo do corpo humano ou de animais, contudo dão casos
de exceção. Os fluidos que dão concretude astral a tais seres inoculam os
caracteres relativos aos doadores. Parte da personalidade de quem foi utilizado
o fluido, é passada ao Kama-Rupa recém-formado.
Nem todas as Formas-Pensamento são
maléficas. Muitos magos brancos podem plasmar seres para determinados
propósitos benéficos. Contudo os magos negros ou pessoas comuns, que,
inadvertidamente, criam tais seres, podem criar desde espectros inócuos até
seres atormentadores, instrumentos de seus propósitos nefastos.
A plasmação intencional se inicia
geralmente dentro de um processo ritualístico, que envolve a mentalização,
estruturação, plasmação e direcionamento. Não que seja imprescindível um ritual,
mas funciona eficientemente como uma ancoragem psíquica e espiritual,
semelhante à magia talismânica. Um iniciante, por exemplo, irá desenhar algum tipo de ser, mentalizar
fortemente sua figura, como criando ficções em sua mente simulando atitudes, ações
e projeções deste ser em variadas circunstâncias, como o transcorrer de um
filme. Passado algum tempo, que dependerá da experiência do magista, o ser terá
uma forma configurada e estabelecida na sua mente, e, consequentemente no plano
astral. Esta é a fase da mentalização.
A segunda fase da estruturação consiste
no sacrifício. O magista se for adepto da boa intencionalidade, ou seja, a
"magia branca", utilizará de seu próprio sangue, derramado através de
um corte, um auto sacrifício na intensão
de promover algo positivo. Poderá dispor de um círculo mágico, pentagrama na
posição correta, incensos, entre os quais irá vocalizar a "Invocação de
Salomão", e outras orações consagrando a sua divina intencionalidade.
Após esta etapa obterá a plasmação do
ser, com o qual e exercerá sua vontade e domínio, fazendo-se senhor da
forma-pensamento, a qual cumprirá tudo aquilo que lhe for determinado, haja
vista que é um prolongamento de sua psique.
O direcionamento consiste na
mentalização para onde se deseja enviar tal forma, seja para atitudes nefastas,
conforme o desejo do mago negro; ou para atitudes de ajuda e encorajamento
promovendo bons sonhos e boas perspectivas, no caso de um magista estruturado
no amor e na benevolência.
Na verdade criamos rotineiramente esboços
de Kama-Rupa, na grande maioria das vezes, se desvanecem na correnteza e na
diversidade de nossas emoções.
Para desfazer uma forma-pensamento, seja
ela de qual tipo for, tomamos posse de nosso intrínseco poder intrínseco, o
mesmo poder que pode criar, transformar e desvanecer. Essas criaturas são
desprovidas de realidade, e, conhecendo sua própria natureza irreal e
transitória, afirmamos a sua existência ilusória e negamos qualquer realidade
que possa estruturar sua plasmação. É muito mais simples desintegrar tais seres
do que criá-los. Esta é a certeza que temos diante daquilo que se baseia em
ilusões individuais ou coletivas. Lembremos que o sistema mágico do Vodu nunca
teve poder algum sobre qualquer agnóstico, ou religiosos plenamente confiantes em
sua fé.
O que pensamos, criamos. O que
desfazemos em nossa mente, destruímos, transformando nossa própria realidade.
A própria existência é um pensamento
divino. Participemos desta existência revestindo-nos da luz presente em nossa
centelha divina. A grande lei da atração rege o sequenciamento do universo, e
ele é sempre um eco daquilo que acreditamos que ele seja.
Namastê
Om Tat Sat
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