Conforme o texto anteriormente postado,
o Kriyashakti é o poder divino inerente ao homem, um atributo do Eu superior
resguardado no espírito de cada ser.
Kryia é a palavra sânscrita cujo
significado é esforço; Shakti, também designação sânscrita, que significa
"poder divino".
O poder de cura do Kriyashakti reside
puramente na evanescência astral daquilo que se deseja e tem por objetivo
fundamental. Contudo, qualquer estudioso
das leis ocultas do esoterismo sabe que todo revés tem origem no Karma, a
verdadeira e indelével lei da ação e reação.
Para que qualquer revés seja sanado é,
portanto, necessário que sejam "queimadas" as "sementes
kármicas" que deram origem e plasmaram as circunstâncias na qual o
sofrimento é manifesto. Do contrário a "cura" será um paliativo,
temporária, uma anestesia cujos efeitos cedo ou tarde serão extintos, e toda a
dor e o revés retornarão, da mesma forma ou sob uma diferente manifestação
com igual intensidade de sofrimento.
Em Goa, território indiano pertence a Portugal até o século vinte,
conta-se que um oficial da marinha portuguesa adoeceu fortemente de uma
desconhecida doença tropical. Levado a um mestre Jnani Yogue, este o
"curou”, através de seus poderes, porém o advertiu que era apenas um
alívio temporário, pois a raiz kármica do egoísmo e da arrogância ainda estava
fortemente aderida à sua alma, e essas eram as suas verdadeiras e mais graves
doenças.
O
Kriyashakti, utilizado na forma de cura, possui duas etapas para que esta possa
ser efetiva: a primeira etapa que é a eliminação das sementes kármicas e a
segunda etapa, que pode ser concomitante à primeira, que é a extinção da
doença.
É como se um dente com uma extensa lesão
cariosa estivesse gerando um abcesso dento-alveolar, o antibiótico regrediria o
abcesso, mas se o dente lesado permanecer sem tratamento algum, novos abcessos
surgirão, e talvez de forma crônica. Após a antibioticoterapia, o elemento
deverá passar por um tratamento endodôntico ou removido. Tudo é análogo no
universo. Não existem efeitos sem causas, e muitas causas estão escondidas na
mais recôndita intimidade da alma.
Como citado por vários autores, o Karma
não é um efeito do passado como muitos creem. Não é o efeito de um mal
executado há longínquas vidas passadas, mas o mal que a pessoa ainda carrega,
que é o potencial para que, dadas as circunstâncias propícias, esse mal
interior ocasione ações maléficas da mesma intensidade que a ocorrida há
séculos. O karma não é a reação de um mal que foi executado, mas de um mal que
ainda se carrega, que ainda está presente, em um espírito ainda preso a mais
nefasta idolatria do próprio ego.
É esse ego que necessita de cura
primeiramente, mas como eliminar algo aderido ao espírito há milênios?
Nem todos são passíveis de cura. O
próprio profeta Jesus disse muitas vezes àqueles que eram sanados: "A tua
fé te salvou, vá e não peques mais".
Apolônio de Tiana, o grande terapêutica,
dizia àqueles que buscavam nele a cura de suas enfermidades: "Você deve
estar pronto para curar a si mesmo, pois do contrário tornará a se tornar
enfermo".
A pessoa enferma deve buscar o
renascimento interior, mortificando o ego para eliminar as sementes kármicas,
por esta razão o terapeuta necessita ser iniciado na mais elevada
espiritualidade, para que possa alavancar a espiritualidade latente no irmão .
É necessária a criação de uma imagem que
configure o amor, a virtude e a espiritualidade, forjada nos padrões subjetivos
do enfermo, associada à sua capacidade sensorial, para que seja mentalizada,
com a canalização e ajuda energética do terapeuta, imprimindo esta imagem no
plano astral, para que sejam manifestados os efeitos no plano físico. Tudo
aquilo que se deseja no plano físico deve ser, primeiramente, criado no astral.
Nada existe no físico que não seja plasmado no astral. E essa imagem se tornará
uma ideia, fixamente concentrada, para que adquira vida e essência no plano
físico.
Da mesma forma deve ser criada outra
imagem, não como eliminação da doença, mas como criação da saúde, uma imagem
que represente a saúde, a vitalidade e a força magnetizada para esse fim,
subjetivamente associada à percepção sensorial do indivíduo, e mentalizada com
o auxílio do terapeuta.
À medida que a espiritualidade se
desperta, a auto cura pode ser facilmente alcançada, sem que seja preciso a
canalização das energias através de um mestre. A canalização pode ser efetuada
através da própria pessoa, através de seu latente poder divino.
O maior Yogue de todos os tempos conta
que, antes de se tornar um grande Yogue, estava tentando buscar uma imagem de
cura para um parente, vítima da cólera asiática, assim ele relata: "Necessitava
de uma imagem para forjar a cura de uma pessoa querida que jazia gravemente
enfermo, foi então que, ao passar por um canal de turvas águas estagnadas,
observei uma flor de lótus, cuja beleza contrastava fortemente com o sombrio
aspecto das águas. Foi essa imagem que eu trouxe para essa pessoa. Desenhamos e
mentalizando a flor como o despertar da saúde plena , e esta veio como as
primeiras gotas das monções".
Cria-se no astral e plasma-se no físico.
Este é o poder divino da co-criação. Temos a divindade latente. Somos o grande
aspecto primordial da essência divina pronta para emergir, assim como a mais
bela flor que nasce no lodo, e espalha sua beleza celestial, expandindo luz,
reprimindo as trevas, proporcionando vida.
Om tat sat
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