segunda-feira, 18 de março de 2019

CURA ESPIRITUAL


                                                          

                                                             CURA ESPIRITUAL
        

        Toda cura só é completa se englobar os principais aspectos da vida humana: físico, emocional, mental e espiritual. Esses quatro aspectos devem ser sanados para que realmente possa ser efetivada a cura, do contrário tudo não passará de um paliativo. Seguindo este parâmetro, poderemos afirmar que só estará eliminada uma determinada desarmonia quando a sua causa for também sanada. Caso contrário outras manifestações indesejáveis tornarão a surgir, muitas vezes sob configurações diferentes, tendo, porém, uma mesma origem.
       Existem várias perspectivas para que se possa alcançar a definição daquilo que vem a ser “cura espiritual”, notadamente conceitua-se curas espirituais como aquelas onde não ocorrem a ação de forças físicas. Mas pensemos: se tudo é energia, as forças físicas, que acabei de mencionar, não seriam as resultantes das ações equacionadas através de energias sutis? E as energias sutis, que compõem e estruturam a matéria, não seriam forças espirituais?  Sabemos que a concretude da matéria nada mais é uma ilusão, estruturada nas energias que, de sutileza em sutileza compõem o verdadeiro mundo energético, cuja densificação chamamos de matéria. Então como traçar os lindes onde se enquadram as “curas espirituais” que me proponho a dissertar?
       Observemos a matéria sólida, em crescentes gradações de sutilezas, passa, da aparente solidez, aos níveis moleculares, dos níveis moleculares aos níveis e sub-níveis atômicos, e destes às partículas subatômicas, e a partir destas às ínfimas partículas- ondas, adentrando ao universo quântico onde as energias das “cordas” não podem mais ser definidas como matéria, a qual só existe na aparente estruturação de energias cada vez mais ínfimas, advindas do “quase nada”.  Tudo é espiritual, toda forma visível está estruturada nos invisíveis alicerces incompreensíveis à própria ciência.
       Da mesma maneira que a densidade aparente da matéria, mencionada parágrafo acima, caminha, em crescentes graus de sutileza, aos mais ínfimos padrões energéticos, a intervenção humana sobre as enfermidades também caminham, desde as intervenções físicas e químicas aos padrões de mais profunda sutileza das terapias não convencionais. Da cirurgia à prece, onde e quando poderemos qualificar ou desqualificar as eficácias?  Como profissional de saúde há décadas, quantas vezes orei silenciosamente durante procedimentos cirúrgicos! Impossível estabelecer as devidas proporcionalidades da técnica e da fé, simplesmente porque qualquer técnica sem a fé se faz desprovida de segurança. Nenhuma terapia pode ser desprezada, nem mesmo as mais pueris “simpatias” ensinadas pelas mães e avós.
       A “cura espiritual”,  que exponho neste texto, é aquela advinda do poder da oração, da magnetização, da energização, sem instrumentos ou dispositivos, a mais sutil das terapias, utilizadas por Apolônio de Tiana, Yeshua Ben Youssef, e tantos outros que trilharam os caminhos do amor e da divindade interior. Os caminhos do Nirvana se iniciam dentro de nosso próprio ser.
       Não existe cursos para a mais sutil das terapias espirituais, pois tudo se inicia no interior de um coração contrito, na luz interior que faz do ser o veículo de ação da própria divindade. Aquele que encontra Deus em seu próprio interior está pronto para ser o canal dispensador da mais plena das energias. Pode ser feita em forma de orações, de mantras, ou mesmo mergulhada no silencio, onde a voz do infinito ecoa emitindo todo o poder regenerador que transforma e vivifica. “Vás e não peques mais”, já disse certa vez o grande terapeuta, porque conhecia a causa, e, mesmo eliminando a manifestação, consequência das ações do individuo no qual exercitava seu “poder da palavra”, frisou a sua “causa”, que eram as ações kármicas, mãe de todas as aflições nas esferas inferiores.
       Tiago, em sua epistola universal, disse: “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos”. A divindade é a matriz primordial de toda energia que alicerça e permeia todo o universo.  O Grande Espírito é onipresente, e disponibiliza sua onipotência a todo aquele que se harmoniza com sua luz. Essa energia que une todas as coisas também harmoniza, cura e transforma todas as coisas. Como se diz em um secreto versículo : “Ouça a voz do silêncio. Traduza a essência que desce do infinito. Tente ver o invisível. E descubra o verdadeiro segredo o universo, nas cintilações onde emana a mais plena simplicidade”.   Tudo é tão simples!


       A cura se inicia a nível energético. Há três pontos essenciais para que esta seja efetuada com êxito. A energia divina, essencial, presente em todos os lugares, o veículo pelo qual essa energia é canalizada e direcionada, e o alvo sobre o qual a energia deverá promover a regeneração. O veículo deverá estar livre de todo entorpecimento material, envolto em espiritualidade, amor e desprendimento. Pois ele é o ducto, o canal por onde a mais límpida das energias deverá seguir caminho, a fim de alcançar e debelar toda e qualquer disposição contrária. O alvo deverá ser receptivo, doutrinado a conceber a espiritualidade, essencial para que, através da fé, possa ser o receptáculo desta energia que promoverá a transmutação em seu próprio ser.
       Mas o que são os mentores espirituais que atuam intermediando todo esse processo? São também canalizadores. Caminhos para potencializar as energias divinas. Não existe outra energia de cura que não seja Deus. Pois dele derivam todas as coisas, toda essência primordial que dá vida, transforma e reestabelece. Somente a essência divina possui o poder de dirimir o Karma. Sem que sejam queimadas as sementes kármicas que engendraram a desarmonia, não haverá êxito completo. Toda desarmonia ressurgirá de forma ainda mais exacerbada. Por essa razão a cura espiritual se inicia com a expansão da consciência, na busca da espiritualidade, na purificação do templo interior. O próprio veículo deverá ser um renascido em espirito, para que não seja um canal onde possa turvar as sagradas energias. 


       Agora poderá surgir uma pergunta: “O veículo deve sempre alguém portador de ‘afinidades extrafísicas’ (mediunidade)”? Certamente. Apesar de que pessoas com afinidades extrafísicas não signifiquem que sejam “iluminadas”. Existem magia branca e magia negra. E em ambas estão presentes médiuns e magistas. Uma pessoa sem as afinidades espirituais não terá condições de ser veículo de energias, pois não são “condutores”, atributo essencial para a propagação da luz. Outro obstáculo será a descrença da pessoa a ser curada, pois se esta não possui o coração aberto, como poderá adentrar luz em seu próprio interior? “A tua fé te salvou”, já disse Yeshua em várias ocasiões. A fé é o principio do amor, pois é a chave que escancara os corações para que se tornem sacrários das luzes. Não é preciso conhecer as mais poderosas orações e mantras, nem mesmo conhecer as mais altas esferas da Cabala, não é preciso nada além de uma alma consubstanciada no verdadeiro amor, que é o “desejo de doar”. Pois uma alma emancipada na luz da verdade e da vida por si só já é desperta na espiritualidade, para quem não existem barreira de mundos, nem distinções de coisa alguma. A verdadeira cura espiritual não vem do conhecimento, nem de doutrinas, dogmas e preceitos. Ela vem da graça. “De graça recebestes, de graça dareis”, já disse um humilde profeta.
       Namastê.
      
      


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