A COSMOGÊNESE
A FORMAÇÃO DOS UNIVERSOS
A eternidade divina se realiza na
infinita realização de universos finitos.
Vivemos no terceiro planeta mais próximo
ao Sol, dentro do Sistema Solar. A Terra faz sua translação em torno do Sol, o
Sol, por sua vez, gira em torno do centro da Via Láctea, nossa galáxia;
provavelmente em torno de outra estrela de uma magnitude muito mais ampla.
A nossa galáxia é uma entre bilhões,
quem sabe trilhões de outras que compõe o universo que vivemos, e este é uma
manifestação de Deus, da mesma forma que foram outros universos anteriores ao
nosso, e dos outros que serão formados após o desaparecimento do nosso.
A manifestação de Deus segue um ritmo,
um período ativo e passivo, chamado no ocultismo como a "Respiração
Divina", a qual veremos agora, baseado nas mais antigas sabedorias do
oriente.
No período em que o universo é
manifestado dá-se o nome de Manvântara. No período compreendido entre a
dissolução do universo, e a manifestação do novo universo que lhe sucede dá-se
o nome de Pralaya.
Manvântara é, então, a formação e
manifestação do universo. Pralaya é o período após sua dissolução, um período
de repouso divino até a sua nova manifestação.
Esta é a respiração divina, cujo número
de anos é incalculável, na sucessão das eternidades.
O ocultismo oriental denomina Brahman o
nome de Deus em sua manifestação, na qual se estabelece a existência do
universo; e Parabrahman, o nome de Deus no seu período imanifestado. Este
corresponde ao Ain Soph da Cabala Judaica, no estado de passividade.
O universo desde a sua manifestação, o
"Big Bang" que dá sua origem, começa a evoluir, juntamente com os
seres que surgem obedecendo à dinâmica divina de sua própria essência.
Há o período de "condensação"
nos primeiros estágios do universo, e após esse período ocorre a sutilização,
obedecendo sempre um plano evolutivo, até se sutilizar por completo, na
expansão universal e ser absorvido por Deus. O tempo decorrido entre o
aparecimento e a sutilização -- o Manvântara --- é de maneira tão imenso que a
própria mente humana é incapaz de ter uma ideia.
Durante o Manvântara se processa a
equação evolutiva, os seres formam sucessivamente os reinos da natureza, na
qual a evolução permite cada vez mais a manifestação de vida para engendrar a
formação das consciências.
Portanto, inicialmente teremos o aparecimento
da vida no sentido da energia, para, gradativamente, formatar o novo sentido,
de maior complexidade de vida no sentido de consciência. Nada se acrescentando
e nada se retirando, tudo irá seguindo o ritmo transformador que faz parte da
própria essência divina.
A vida no sentido de consciência,
formada a partir da evolução da vida no sentido de energia irá sempre evoluir,
até atingir as perspectivas divinas, confluirão sempre para maiores
sutilizações até ser aglutinada na comunhão com Deus.
Esta é a Respiração Divina: nas expirações é manifestado o universo, nas
inspirações este é absorvido.
A manifestação de Deus se dá no
Manvântara. O universo é Deus em sua manifestação, o Brahman.
Nada é estático no universo, tudo segue
o dinamismo divino de Brahman, ao contrário do repouso no Pralaya, onde Deus se
faz imanifestado: o Parabrahman (o Tudo e Nada).
Parabrahman, a partir de seu estado
absoluto, para manifestar e se tornar Brahman, o manifestado, a partir de si
mesmo cria dois aspectos: 1. A energia Primordial, que é o movimento, o
dinamismo citado anteriormente. 2. O espaço, para que a partir de sua estática
aparente permita a relativa existência do movimento. A formação do espaço é a
"Auto Constrição Divina”, o Tzimtzum da Cabala expressa no Sepher Ha
Berit.
Alguns mestres antigos diziam que o
espaço era imóvel. Contudo, como disse acima, é apenas aparente sua
imobilidade. Alegavam os antigos mestres que se o espaço se movimentasse
juntamente com a energia não haveria referência para caracterizar o movimento
desta. Acontece que tudo no universo obedece a analogia dos contrários, o Yin
yang do Tao. Tudo obedece a movimentações seguindo um ritmo alternado de
vibrações. E sabemos que o espaço não é vazio, nele está presente a energia
Primordial por onde se propaga a gravidade , e por onde ocorre também a
expansão do próprio universo, basta que analisemos a recém descoberta
"energia escura".
Na filosofia oriental a energia
denomina-se Fohat (energia divina criadora), e o espaço tem sua denominação
como Kóylon .
Portanto de Brahman nasce o Fohat e o
Kóylon. Desta duplicação nasce a trindade presente em todas as filosofias, o
triângulo, cujo vértice superior é Brahman e os inferiores são o Fohat e
Kóylon.
A manifestação do universo se dá quando
Fohat penetra Kóylon, ou seja, a energia penetra o espaço iniciando o movimento
dinâmico e cíclico Cósmico. É a fecundação de Kóylon a partir do Fohat, para
surgir daí a raiz de toda matéria que conhecemos, chamada Mulaptakriti. Palavra que vem do
sânscrito: Mula: raiz; Prakriti : matéria; é o Mulaptakriti cujo comentário é
bastante amplo na Doutrina Secreta de Helena P. Blavatsky.
A partir dessa fecundação tem origem a
matéria. E poderemos simbolizar como um triângulo invertido, tendo Fohat e
Kóylon na base superior e Mulaptakriti no vértice inferior.
A divindade Brahman sempre é
representada por um triângulo com o vértice para o lado superior e a descida à
matéria pelo triângulo invertido.
O "Signo de Salomão" ou
"Estrela de David" é o resultado da interpenetração de ambos os
triângulos, trazendo em si a união do Homem com Deus, o mundo superior com o inferior.
Representa está estrela, pois, o iniciado, unido a Deus. Na Índia está mesma
estrela simboliza o Yogue, por isso a
denominação de Estrela Yogue entre os hindus.
A matéria em sua essência é, portanto,
uma expressão da dinâmica divina, pois o universo é Deus em sua manifestação.
Deus permeia todo o universo, e toda matéria, pois Dele a matéria deriva. Este
aspecto divino presente na própria criação torna-se um novo aspecto de Brahman,
que se dá o nome de Atman. (Alguns autores hindus chamam de Purusha).
A partir do Mulaptakriti tem-se a
dualidade universal, a matéria densificada e a energia sutil que estabelece sua
estruturação --- O espírito e a matéria, ou seja, a densidade alicerçada na
sutileza.
Fohat seria a energia criadora, Kóylon,
a mãe que concebe um filho, o Mulaptakriti, que dará origem à densificação que
é Prakriti. Tanto Fohat quanto Kóylon são ambos os reflexos de Deus, Brahman, e,
logicamente Brahman tem sua unidade absoluta preservada, apesar de se desdobrar
em seus dois reflexos.
Atman permanece, em sua energia
primordial, presente na matéria. É Ele que dá vida a cada partícula, gerando as
afinidades, atômicas e moleculares, constitutivas de cada estrutura, desde os
aminoácidos, até às primeiras formas rudimentares, que de complexidade a
complexidade se reorganiza em formas cada vez mais organizadas, formando os vegetais,
o reino animal, estando o Atman presente em cada ser, impulsionando sua
evolução.
O Atman se faz presente desde os
rudimentos da matéria até todas as mais imensas estrelas e todos os corpos
celestes.
É o Atman que induz a evolução. Ele é a
divina dinamização que direciona todas as coisas à contínua sutilização.
Através dele a criação desenvolve, progressivamente, maiores condições para que
este possa se expressar de forma , cada vez mais explícita , através delas.
Conforme citado
anteriormente, Brahman permanece em sua própria essência, mesmo após a formação
de seus dois aspectos: energia e espaço. Portanto, além dos múltiplos Atmans
encerrados em todo Prakriti, permanece o Atman universal, que é o próprio Brahman.
É preciso dizer que os múltiplos Atmans, intrínsecos na matéria, e o Atman
universal possuem a mesma natureza, e esta é a onipresença divina. Quando se
diz que "Deus permeia e interpenetra todo o universo", é esse sentido
da natureza Una da Atman , a grande consciência divina.
O universo é, pois, o corpo de Deus , e
o próprio universo é o veículo de Brahman para expressar toda sua grandeza e
revelar-se através dele. Os Atmans, encerrados na matéria, se veem restritos a
expressarem-se devido à densificação da própria matéria. São eles a essência da
própria vida, mas não possuem o poder de expressão e revelação, como Brahman,
por estarem restritos à organização desta densidade material. O propósito da
existência é, justamente, a desdensificação, para que Brahman, que é Deus,
possa se expressar através de todas as coisas, no retorno à grande unidade
suprema, na Mansão Celestial, no final do Manvântara.
Para facilitar a compreensão dos
parágrafos anteriores, imaginemos que o Atman, encausado em um animal, não pode
manifestar-se da mesma maneira que o Atman humano, pois este já conta com
corpos mais sutis que o astral para a expressão deste, tópicos que serão
abordados em outros textos.
Um detalhe de expressiva relevância é
que, mesmo entre os humanos, existem grandes diferenças de expressão do Atman.
Um sábio altruísta, logicamente, revelará seu Atman com muito maior grandeza e
expressividade que outro ser humano de hábitos grosseiros e ligados à
materialidade. Isto, porém, é uma diferença de natureza temporária. Como disse
Mahavatar Babaji: "não existe um santo sem passado, nem um pecador sem um
futuro". Todos viemos da mais densa
e obscura materialidade, e todos nos encontraremos na plenitude da luz quando
todas as centelhas divinas, presentes em cada ser, expandirem sua luz ,
confluindo na suprema luz de Brahman.
Poderá vir uma ocorrer uma dúvida muito
comum nos estudantes que iniciam sua jornada no ocultismo: Se o destino final
do homem é a unidade, então nossa unidade e o nosso eu será destinado à aniquilação?
Façamos uma analogia: somos hoje
pequenos cursos d'água que correm para rios, cada vez maiores, e estes acabam
por desaguar no oceano. Não esqueçamos que os pequenos cursos d'água, os quais
comparo ao nosso atual estágio evolutivo, são formados pela aglutinação de
pequenas gotas d'água.
O que somos hoje, nosso "eu"
que responde pelo "eu sou", nossa individualidade, é também a
aglutinação dos menores "eus”, aderidos através dos milhões de anos do
processo evolucionário. Somos o resultado da fusão dos aminoácidos, das menores
formas de vida, que durante a evolução, impulsionada pelo Atman, configurou
aquilo que hoje podemos chamar de um "ser humano". Se somos a
aglutinação de múltiplos "eus" rudimentares, de milhões de micro
individualidades, e permanecemos sendo um "eu", uma individualidade,
então somos um Eu Maior que os rudimentos que nos formaram através das
aglutinações. Quando nos aglutinarmos em um Eu ainda maior, quando nossos rios
se confluírem no grande oceano divino , não perderemos nosso Eu, nosso ser,
seremos um Eu Maior, pleno e divino. Seremos o oceano.
Somos a consciência das pedras, que
caminha mais e mais até que nossa energia vibre em uma natureza infinita. Não
existe aniquilação de qualquer ser, de qualquer coisa. Tudo é uno, tudo é Deus.
Agora, se atualmente somos pequenos
cursos d'água, e o oceano é Deus, certamente existem os Grandes Rios. São estes
as grandes entidades, os grandes seres, os espíritos de natureza quase divina que
auxiliam o processo da redenção da humanidade, impelindo, à semelhança de uma
força centrífuga, os seres à expansão de suas consciências.
Diz sabiamente uma frase esotérica: “Deus
dorme no mineral, sonha no vegetal agita-se no animal e desperta no
homem".
O Mulaptakriti engendrou as primeiras
ondas, que formaram as primeiras partículas, sendo forçadas a engendrar os
átomos, que no decorrer das eras cósmicas, através da "Afinidade",
formaram as moléculas, e estas os minerais, estes se combinando de
maneira, cada vez mais complexas ,
formaram as mais simples e rudimentares formas que a ciência chama vida, (porém
tudo é vida no universo) e estas formaram as primeiras células que tomaram os
caminhos para o reino animal e o vegetal. Cada célula, sempre impelida pelo
Atman se aglutinou em organismos mais complexos, formando seres cada vez mais
aprimorados na longa escala da evolução, e os animais se evoluíram para homem.
E este para os estados, cada vez maior de evolução espiritual, até atingir em
um ponto futuro a própria divindade. Quando todo o processo evolucionário
atingir sua plena realização estará terminado o Manvântara, iniciando o
Pralaya, que é muito mais que um repouso em Parabrahman, é a suprema
bem-aventurança na eternidade. "A inspiração divina".
O Atman possui a divina característica
da identificação. Ele se identifica com a matéria na qual é intrínseco, e dessa
maneira se identifica temporariamente com todos os nossos corpos, partindo
desde a escala mais densa: o físico, o astral, mental, etc... Esta identificação nos dá a ilusória
concepção que somos o corpo físico, quando estamos no plano físico , o corpo
astral quando estamos no plano astral, e assim por diante.
Um ponto importante para o ocultista ter
consciência, principalmente quando for canalizar energias sutis para alterar a
densidade da matéria, é que a matéria se constitui justamente de energias sutis
condensadas. Aquilo que vemos e tocamos é constituído por moléculas, as
moléculas por átomos, os átomos por partículas, estas partículas por ondas de
energia; as ondas de energias por energias mais sutis do que elas , e estas por
energias ainda mais sutis até chegarmos na energia divina ou primordial.
Portanto tudo aquilo que vemos, tocamos e sentimos nesse mundo não passa de uma
ilusão, advinda dos graus de condensação de energias. Os mestres orientais dão
a esta "ilusão" o nome de "Maya", na qual o Atman e o
Mulaptakriti se confluem fundindo-se enquanto perdurar o Manvântara.
É fundamental salientar algo
absolutamente curioso: todo este conhecimento provém das mais antigas
filosofias baseadas na sabedoria oriental. E poderemos observar, facilmente,
que está em perfeita harmonia com a física quântica, com a astronomia, assim
como também com a própria teoria da evolução.
Toda esta dissertação sobre a
cosmogênese, que é a formação do universo, é a noção primordial para o estudo
aprofundado do ocultismo. É natural alguma dificuldade neste estágio que
adentra na "origem de todas as coisas". A compreensão daquilo que somos,
de onde viemos e para onde vamos, nos respalda a prosseguir em frente no estudo
dos planos de existência, na constituição do nosso próprio ser, no domínio de
nós mesmos e das energias sutis que agregam as densidades. As coisas visíveis
se alicerçam nas invisíveis. E o conhecimento dessas últimas é o caminho da
auto realização.
Namastê
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