quarta-feira, 20 de março de 2019

A ESPERA DOS DESPERTOS

                                 


       Tentemos imaginar um retiro espiritual em algum mosteiro, onde um grupo de inúmeras pessoas se dirige a fim de obter uma maior evolução.
       Porém após uma longa noite de sono um pequeno número dessas pessoas desperta nas primeiras cintilações da alvorada. A maioria, contudo, permanece adormecida, sob o torpor de uma pesada sonolência.
       Tais pessoas que despertaram, motivados pelas luzes incipientes do alvorecer, não são diferentes das demais, possuem uma mesma natureza essencial, porém, misteriosas circunstâncias fizeram-nos despertar primeiro.
       E quais essas "misteriosas circunstâncias”?
       Certamente tiveram a "percepção", doada através do livre arbítrio, de que estavam adormecidos, e resolveram seguir o ponto luminoso que desabrochava em meio à escuridão das primeiras horas. Não são eles melhores que aqueles que dormem. Apenas se valeram do sagrado direito do livre arbítrio, e decidiram acompanhar o brilho, cada vez mais intenso, dos eflúvios de luz.
       Os despertos poderiam tentar acordar aqueles que permanecem envolvidos em seu sono.
       Aqueles que acordam antes de sua hora, entretanto, poderão se irritar, irar-se, e até mesmo ferir quem os força despertar fora da hora que seu organismo predispõe.
       Muitas vezes nem estejam preparados para apreciar a beleza da aurora e das diferentes cores de um novo dia.
       E eles não são menos evoluídos. Você não sabe o que se passou com eles.
       Os madrugadores, cuja luz da manha define em sua alma os "pontos cardeais”, as cintilantes radiações luminosas do Oriente do Alto, de onde provêm as luzes, sabem que terão que seguir seu "dia"; e preparar o mosteiro para o conforto daqueles que vão se despertando ao longo do dia.
       Preparam eles as "refeições", as aulas, os melhores livros, abrindo as janelas das salas, iluminando os corredores, oxigenando o antigo templo há muito tempo construído para as orações de "cada uma das horas".
       Estão prontos para dar as mãos aqueles que se despertam motivando-os para os muitos afazeres que descortinam junto com o "novo dia”.
       Estão limpando o mosteiro para que vivifique a satisfação do despertar de um longo sono, na negra noite mortificadora.
       Dessa maneira quando cada um for despertando, sentir-se-á pleno de dedicação, entre amigos, mais que isso, entre irmãos. Irão sentir que foi válida a jornada no grande mosteiro, e se tornará outro dedicado "servo fiel" daqueles que despertam nas horas avançadas do dia.


       Quanto maior o número de despertos a orar no Velho Templo, maior murmúrio de suavidade entonarão através das paredes do "mosteiro". É esse murmúrio suave irá despertar cada vez mais os irmãos que dormem, de maneira silente e gradual, sem sustos e não forçosamente.
       A vida daqueles que despertam posteriormente, se tornará mais fácil pelas atitudes e preparações daqueles que acordaram mais cedo.
       Os mestres podem até sofrer por aqueles que ainda dormitam seu pesado sono mortificador. Muitos despertos poderão desejar que todos possam ver da maneira com que eles veem.
       Mas eles estão adormecidos, e todo sono tem que ser consagrado no direito divino de ser e estar.
       O importante é saber que é crescente o murmúrio divino das orações, e que chegará o momento em que o sol alto penetrará sua luz em todos os quartos recônditos e dependências. As horas do meio dia nunca tardam a chegar .
       Talvez sejamos os despertos das primeiras horas. Talvez possamos ser preparadores de caminhos. Nada é por acaso. Tudo tem o seu momento sagrado e luminoso.
      Namastê


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