Tentemos imaginar um retiro espiritual
em algum mosteiro, onde um grupo de inúmeras pessoas se dirige a fim de obter
uma maior evolução.
Porém após uma longa noite de sono um
pequeno número dessas pessoas desperta nas primeiras cintilações da alvorada. A
maioria, contudo, permanece adormecida, sob o torpor de uma pesada sonolência.
Tais pessoas que despertaram, motivados
pelas luzes incipientes do alvorecer, não são diferentes das demais, possuem
uma mesma natureza essencial, porém, misteriosas circunstâncias fizeram-nos
despertar primeiro.
E quais essas "misteriosas
circunstâncias”?
Certamente tiveram a
"percepção", doada através do livre arbítrio, de que estavam
adormecidos, e resolveram seguir o ponto luminoso que desabrochava em meio à
escuridão das primeiras horas. Não são eles melhores que aqueles que dormem.
Apenas se valeram do sagrado direito do livre arbítrio, e decidiram acompanhar
o brilho, cada vez mais intenso, dos eflúvios de luz.
Os despertos poderiam tentar acordar
aqueles que permanecem envolvidos em seu sono.
Aqueles que acordam antes de sua hora,
entretanto, poderão se irritar, irar-se, e até mesmo ferir quem os força
despertar fora da hora que seu organismo predispõe.
Muitas vezes nem estejam preparados para
apreciar a beleza da aurora e das diferentes cores de um novo dia.
E eles não são menos evoluídos. Você não
sabe o que se passou com eles.
Os madrugadores, cuja luz da manha
define em sua alma os "pontos cardeais”, as cintilantes radiações
luminosas do Oriente do Alto, de onde provêm as luzes, sabem que terão que
seguir seu "dia"; e preparar o mosteiro para o conforto daqueles que
vão se despertando ao longo do dia.
Preparam eles as "refeições",
as aulas, os melhores livros, abrindo as janelas das salas, iluminando os
corredores, oxigenando o antigo templo há muito tempo construído para as
orações de "cada uma das horas".
Estão prontos para dar as mãos aqueles
que se despertam motivando-os para os muitos afazeres que descortinam junto com
o "novo dia”.
Estão limpando o mosteiro para que
vivifique a satisfação do despertar de um longo sono, na negra noite
mortificadora.
Dessa maneira quando cada um for
despertando, sentir-se-á pleno de dedicação, entre amigos, mais que isso, entre
irmãos. Irão sentir que foi válida a jornada no grande mosteiro, e se tornará
outro dedicado "servo fiel" daqueles que despertam nas horas
avançadas do dia.
Quanto maior o número de despertos a
orar no Velho Templo, maior murmúrio de suavidade entonarão através das paredes
do "mosteiro". É esse murmúrio suave irá despertar cada vez mais os
irmãos que dormem, de maneira silente e gradual, sem sustos e não forçosamente.
A vida daqueles que despertam
posteriormente, se tornará mais fácil pelas atitudes e preparações daqueles que
acordaram mais cedo.
Os mestres podem até sofrer por aqueles
que ainda dormitam seu pesado sono mortificador. Muitos despertos poderão
desejar que todos possam ver da maneira com que eles veem.
Mas eles estão adormecidos, e todo sono
tem que ser consagrado no direito divino de ser e estar.
O importante é saber que é crescente o
murmúrio divino das orações, e que chegará o momento em que o sol alto
penetrará sua luz em todos os quartos recônditos e dependências. As horas do
meio dia nunca tardam a chegar .
Talvez sejamos os despertos das
primeiras horas. Talvez possamos ser preparadores de caminhos. Nada é por
acaso. Tudo tem o seu momento sagrado e luminoso.
Namastê
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