sexta-feira, 29 de março de 2019

A PLASMAÇÃO DOS ELEMENTARES


                 

       Todos nós possuímos um poder criador inerente à nossa própria centelha divina. Esse poder chama-se em sânscrito Kriyashakti; Kriya significa esforço, ou poder volitivo, Shakti, o poder divino, aquele que temos e não conhecemos, que está conectado à sublime  percepção "Eu Sou", que nos confere toda a suprema consciência capaz de "mover as montanhas" e exercer o verdadeiro poder vulgarmente conhecido pela palavra "fé".
       No próprio plano Monádico, ou da Divindade, em todas as altas filosofias e grandes religiões, existe a associação do "esforço" ou "grande poder volitivo de manifestação" com a Shakti, que simboliza o eterno agente feminino cósmico, a contraparte fecundada pela energia primordial que dá origem ao próprio universo. Esta é a bipolaridade divina através da qual gera a resultante manifestada da criação. Podemos observar isto na profunda simbologia das contrapartes femininas das deidades hindus. Brahma tem a sua Shakti, que é Sarasvati; Shiva, Parvati e Vishnu, Lakshemi. Ao contrário daquilo que os ocidentais intitulam como idolatria hindu, tais forças não são "deuses", mais princípios de equacionamento celeste que sintetizam tudo aquilo que podemos considerar como "existência". Este é o princípio criador que é conferido a todos os seres, pois derivam estes da mesma essência de luz, vida e dinamismo advinda do macrocosmo.
       O microcosmo possui plena equivalência com o macro. É o "Princípio Hermético da Correspondência": "O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora”.


       “Os antigos afirmavam que qualquer ideia será manifestada exteriormente se nossa atenção estiver profundamente concentrada nela. Do mesmo modo uma vontade intensa será seguida do resultado desejado"; proferiu a grande yoguini Helena Petrovna Blavatsky, asseverando o poder subjacente à insensatez e à descrença humana.
       Toda obra deriva do pensamento, e todo pensamento associado à vontade e ao desejo de criar estabelece e concretiza a obra. Somos aquilo que acreditamos, criamos nosso destino, engendramos toda realidade que conhecemos; concebemos tudo aquilo que formulamos em nossas ideias, daquilo que pensamos sobre o mundo, daquilo que sentimos como vida, e daquilo que pensamos de nós mesmo. Se crermos plenamente em um propósito, abolindo toda e qualquer dúvida a partir da verdadeira fé, a perspectiva se tornará realidade. Este é o princípio da atração. Somos aquilo que pensamos, e criamos tudo aquilo que acreditamos. Existe a divindade dentro de nós, da qual podemos usufruir para transformar o nosso meio, estabelecer aquilo que somos, e criar um novo destino.
       A saúde física tem origem na saúde mental, assim como todos os desajustes e desequilíbrios originários de uma desarmonia interior. A ilusória estruturação da matéria possui todo um alicerce energético, ou espiritual. A designação depende de nossa subjetividade, seja ela científica ou filosófica, toda realidade reside no invisível que plasma tudo aquilo envolto de concretude e visibilidade.


       A formação de seres artificiais, criados através do próprio pensamento, é uma realidade muito mais comum do que supomos ser. O próprio pensamento eivado de negatividade, aprisionado no "ontem" que já não existe, e em um "amanhã", ainda desprovido de realidade, gera "espíritos" de depressão, pânico e ansiedade. Mas existem verdadeiros "seres" que tomam "realidade" e atormentam seus "criadores"  com a mesma intensidade ou até mesmo pior.
       Observemos a força do poder criador, nas palavras de Dion Fortune, em sua obra "A Cabala Mística": "Gerações de adoração e culto constroem uma imagem fortíssima na luz astral e, quando o sacrifício é acrescentado à adoração, a imagem desce um passo a mais nos planos da manifestação, e adquire uma forma nos éteres densos de Yesod" (plano astral), "tornando-se um objeto mágico mais potente, capaz de ação independente quando animado pelas ideias concretas geradas em Hod". (Oitava Sephirah da Árvore da Vida, superior à   Nona Sephirah, Yesod).
       Neste texto Fortune esboça a descrição da formação de um "deus" ou "entidade" criado a partir de cultos de adoração, principalmente nos antigos cultos onde se exigiam sacrifícios. E, como a grande escritora frisa, a plasmação se dá quando o "sacrifício" é adicionado à adoração. Aqui vemos o segredo da plasmação dos elementares, a adoração que canaliza o poder divino da criação, ou aquilo que mencionei anteriormente como "Shakti", e o esforço, traduzido em "sacrifício", que complementa a bipolaridade geradora de "vida".
       No mesmo livro, posteriormente, Fortune acrescenta: "... embora a forma sob a qual o deus é representado seja pura imaginação, a força que se lhe associa é real e ativa". Troquemos a palavra "imaginação" da sábia escritora, e coloquemos "mentalização". Firmamos agora aquilo que é essencial para a formação de um ser astral criado a partir do pensamento. Um ser forma-pensamento, muitas vezes criado de forma involuntária por aqueles que, não intencionalmente "criam seus próprios demônios".
       O sacrifício representa o sangue cujas emanações astrais são absorvidas pela figura mentalizada, o que confere uma "vida astral" desprovida de consciência, mas dotada dos aspectos psicológicos de seu criador. (O esperma e o menstruo são muito mais comuns na formação desintencional desses seres).
       A escritora francesa Alexandra David-Néel, em sua obra  "Tibete, Magia e Mistério", relata detalhadamente a formação de Kama-Rupa pelos monges tibetanos, assim como um criado diretamente por ela mesma, assim como também a destruição do tal ser.
       Estes seres, como citei em outros textos, além de Elementares, possuem o nome sânscrito de Kama-Rupa, que significa "forma-pensamento". E conforme mencionei acima, podem ser criados de maneira involuntária, ou voluntariamente.


       Muitas vezes, como no caso da escritora francesa, Alexandra David-Néel, não foi necessária a aspersão de sangue ou qualquer outro fluido advindo do corpo humano ou de animais, contudo dão casos de exceção. Os fluidos que dão concretude astral a tais seres inoculam os caracteres relativos aos doadores. Parte da personalidade de quem foi utilizado o fluido, é passada ao Kama-Rupa recém-formado.
        Nem todas as Formas-Pensamento são maléficas. Muitos magos brancos podem plasmar seres para determinados propósitos benéficos. Contudo os magos negros ou pessoas comuns, que, inadvertidamente, criam tais seres, podem criar desde espectros inócuos até seres atormentadores, instrumentos de seus propósitos nefastos.
       A plasmação intencional se inicia geralmente dentro de um processo ritualístico, que envolve a mentalização, estruturação, plasmação e direcionamento. Não que seja imprescindível um ritual, mas funciona eficientemente como uma ancoragem psíquica e espiritual, semelhante à magia talismânica. Um iniciante, por exemplo, irá  desenhar algum tipo de ser, mentalizar fortemente sua figura, como criando ficções em sua mente simulando atitudes, ações e projeções deste ser em variadas circunstâncias, como o transcorrer de um filme. Passado algum tempo, que dependerá da experiência do magista, o ser terá uma forma configurada e estabelecida na sua mente, e, consequentemente no plano astral. Esta é a fase da mentalização.
       A segunda fase da estruturação consiste no sacrifício. O magista se for adepto da boa intencionalidade, ou seja, a "magia branca", utilizará de seu próprio sangue, derramado através de um  corte, um auto sacrifício na intensão de promover algo positivo. Poderá dispor de um círculo mágico, pentagrama na posição correta, incensos, entre os quais irá vocalizar a "Invocação de Salomão", e outras orações consagrando a sua divina intencionalidade.
       Após esta etapa obterá a plasmação do ser, com o qual e exercerá sua vontade e domínio, fazendo-se senhor da forma-pensamento, a qual cumprirá tudo aquilo que lhe for determinado, haja vista que é um prolongamento de sua psique.
       O direcionamento consiste na mentalização para onde se deseja enviar tal forma, seja para atitudes nefastas, conforme o desejo do mago negro; ou para atitudes de ajuda e encorajamento promovendo bons sonhos e boas perspectivas, no caso de um magista estruturado no amor e na benevolência.


       Na verdade criamos rotineiramente esboços de Kama-Rupa, na grande maioria das vezes, se desvanecem na correnteza e na diversidade de nossas emoções.
       Para desfazer uma forma-pensamento, seja ela de qual tipo for, tomamos posse de nosso intrínseco poder intrínseco, o mesmo poder que pode criar, transformar e desvanecer. Essas criaturas são desprovidas de realidade, e, conhecendo sua própria natureza irreal e transitória, afirmamos a sua existência ilusória e negamos qualquer realidade que possa estruturar sua plasmação. É muito mais simples desintegrar tais seres do que criá-los. Esta é a certeza que temos diante daquilo que se baseia em ilusões individuais ou coletivas. Lembremos que o sistema mágico do Vodu nunca teve poder algum sobre qualquer agnóstico, ou religiosos plenamente confiantes em sua fé.
       O que pensamos, criamos. O que desfazemos em nossa mente, destruímos, transformando nossa própria realidade.
       A própria existência é um pensamento divino. Participemos desta existência revestindo-nos da luz presente em nossa centelha divina. A grande lei da atração rege o sequenciamento do universo, e ele é sempre um eco daquilo que acreditamos que ele seja.

Namastê
Om Tat Sat


quarta-feira, 27 de março de 2019

OS KAMA-RUPA E O PODER DA ANCESTRALIDADE


                             

       No plano astral há uma imensa variedade de seres, humanos e não humanos, todos seres naturais seguindo o caminho normal da evolução.
       Há, porém, outros seres, que não pertencem à categoria de seres naturais, e sim artificiais, pois são originados a partir de emoções e sentimentos intensamente efetivados pelo poder criador inerente ao ser humano, mas precisamente à latente divindade interior, inerente a cada ser. Tais sentimentos, pensamentos e canalizações, produzidas pelos seres humanos, atua diretamente sobre a matéria astral ( lembremos que é a partir do astral que todas as formas físicas tomam concretude), gerando então um turbilhão vibratório que reúne em seu centro toda a energia  imantada pela força produzida pelo ser humano. Constituindo um "esboço" de vitalidade, como o germe de um ser em formação, dotado de um centro de força. Se tal sentimento, pensamentos ou canalização tendem a ser efetuados com repetida frequência, formará um "ser" astral, alimentado pela própria energia humana, e este, com a contribuição energética frequente, acaba adquirindo uma espécie de "consciência" própria, que é um reflexo da própria consciência de ser "criador", ou "criadores", de maneira proposital ou não.
       Mencionei a palavra "criadores", como poderemos ver nas linhas que se seguem.
       Este ser possui o nome sânscrito de Kama-Rupa, cuja tradução literal seria "forma-pensamento", ou "desejo-forma" astral.


       Esta forma de "consciência" que adquire, impele este a dar continuidade à sua existência, de acordo com a mais misteriosa lei oculta, que confere a mais simples forma de vida a intrínseca razão da persistência, estabelecendo com seu meio uma simbiose que permite a efusão de "vida" que lhe plasma a essência. Este não é o mistério apenas da co-criação, mas o próprio equacionamento da criação, o poder criador divino manifestado a partir da própria divindade que permeia todo o universo manifestado. Aqui, para quem entender, está resumida a mais plena essência da mais alta magia.
       Tal ser, assume seu padrão existencial nas adjacências da aura de seus criadores, de onde permuta troca e utilização das energias que lhe deram vida, provocando vibrações semelhantes a estas , sejam positivas ou negativas. Tais vibrações constituem as sensações próprias que induzem às práticas que formaram tal ser, sejam emoções, vícios, ideias e ritualísticas, que muitas vezes podem ser traduzidas por vícios culturais. Dessa forma tais seres poderão ser guardiões, protetores, ou verdadeiros demônios tentadores que aprisionam seus criadores em suas próprias armadilhas.
       Mas qual a relação entre os Kama-Rupa e o poder da ancestralidade?
       O poder da ancestralidade está na formação de seres artificiais que aglutinam espíritos naturais aos propósitos mútuos através dos quais foi estabelecida a perfeita simbiose.
       Através das práticas, crenças, ritualísticas e padrões comportamentais, tais seres tendem a ganhar volume. Suas formas vão se delineando de acordo com as características emocionais de um indivíduo, de um grupo religioso, ou até mesmo de um povo, se nutrindo de suas energias.
       Os Kama-Rupa, também chamados de elementares no ocidente, (não confundir com elementais), são muitas vezes criados por magos negros para efetuar propósitos nefastos, podem também ser criados por magos brancos para fins positivos. Podem, porém, ser criados por mentes obcecadas e doentias. Os mais poderosos são, contudo, aqueles criados por grupos .
       Há um antigo provérbio oriental que diz o seguinte: "Deus criou os homens, e os homens criaram seus deuses". Isso é bem verdade, pois os grupos tribais ou religiosos acabam criando , alimentando e fortalecendo seus "deuses", que o lhes protegem, punem e exigem dispensações compatíveis com as energias pelas quais foram engendrados.
       “Por essa razão, é muito perigoso o enfrentamento com determinadas seitas ou grupos, pois possuem seus “deuses” ou demônios” fortemente ativos contra todo aquele que ousa desbaratar seus domínios. Isso não significa dizer que não existam espíritos ou entidades associados a tais seres. Eles existem e formam um grupo astral coeso, fortemente estruturado na defesa de suas convicções.
       Podemos imaginar o poder que conferem através das energias emitidas através dos séculos, dos milênios...
       Muitas vezes ligados à natureza, formam com ela uma associação energética profícua e benéfica. Este é o poder da ancestralidade, onde tomam a forma da energia, emanada da natureza, efetuando prodígios indizíveis sobre a própria natureza humana. Por esta razão, muitas vezes benéficas, as religiões ancestrais conferem sabedoria e proteção àqueles que mantêm o propósito antigo de seus ancestrais.
       A magia ancestral reside neste princípio da tradicional continuidade, evitando o esmorecimento da cultura e dos padrões milenares de adoração e ritualística.
       Em todas as coisas estão permeados o bem e o mal. Tudo depende daquilo que a intencionalidade determina.
       A destruição de um Kama-Rupa se faz inversamente à sua criação. Tanto os "deuses" avolumados por grupos através dos séculos, quanto aos individuais, criados pelas pessoas. Como são seres artificiais, cortando o suprimento energético que lhes dá existência, desvanecem e se desfazem nas correntes astrais. O que pode testar, muitas vezes são as entidades naturais a eles associadas há muito longo espaço de tempo.


       Alexandra David-Néel, em sua obra clássica "Tibete, Magia e Mistério", nos relata detalhadamente a formação de Kama-Rupa pelos monges tibetanos, assim como um criado diretamente pela própria autora, assim como também a destruição do tal ser.
       Em certa ocasião, alguns amigos espíritas estavam com dificuldade em remover um obsessor, que , segundo a pessoa que o via com frequência, a atormentava rotineiramente.            

       Perguntaram-me se poderia ser um problema de natureza psíquica, mas como tal entidade era perceptível em visão astral, tal ideia foi imediatamente descartada. Tal ser não respondia à "doutrinação" dos amigos espíritas, e nem à ritualística que estabelecemos.  Como esta entidade se enfraquecia assim que era feito bloqueio energético na pessoa vitimada pela presença, tivemos quase a certeza de que se tratava de um elementar, um Kama-Rupa criado pelo pensamento obsessivo da própria pessoa.
       Então foram feitas as "negações", os mantras e o recondicionamento mental da pessoa, suprimindo as energias mantenedoras da "vida" de tal horrendo ser. Após toda explicação necessária à pessoa pudemos ter como encerrado o trabalho de libertação.
       Voltando à relação com a ancestralidade, existe em inúmeras ordens um "enfrentamento" que o aspirante deve executar.


       Não poderia deixar de mencionar o maior Kama-Rupa existente, conhecido no oriente como o "Dragão das Sombras" também chamado por muitos ocidentais de dragão do umbral. Muito falado em diversos textos esotéricos do oriente, é constituído pela aglutinação das energias de todos os "demônios", criados por nós mesmos, desde o início de nossa condição humana, ou até mesmo antes de nos tornarmos propriamente humanos. É este o primeiro portal daí iniciação, onde o discípulo deve "matar" seu próprio "dragão" suprimindo as energias vitais que lhe conferem a existência. É uma terrível luta descrita de maneira implícita no Bhagavad Gita. Está presente também no simbolismo de São Jorge, e poder de sua espada de luz e verdade.
       Criamos a cada momento esboços de Kama-Rupa, na grande maioria das vezes, se desvanecem na correnteza e na diversidade de nossas emoções. Há um Kama Rupa intrínseco, ancestral inerente ao nosso ego. Temos a espada do discernimento, e sabemos que para transpor o portal da plenitude se faz necessário debelar tal ser preso em nossos corações. A fé se consubstancia na certeza, e nada é mais certo que o poder "Eu Sou" intrínseco ao nosso ser e nossa única realidade, capaz de suprimir toda a irrealidade, todas as forças artificiais desprovidas de verdade e de luz.
Namastê
Om tat sat


terça-feira, 26 de março de 2019

OS “DVARANI”. AS PORTAS EXTRA-FÍSICAS.


                                           


       Foi ainda no século XX, que um velho teosofista me relatou as seguintes palavras de um Grande Mestre Yogue, que acabara de tratar um rapaz enfermo, o qual havia chegado ao seu mosteiro através da generosidade de um yoguim. Reestabelecida a normalidade do jovem o Mestre fez-lhe uma pequena recomendação: “Poderei extirpar inúmeras enfermidades, poderei expelir as mais variadas castas de espíritos e demônios que possam se agarrar em seu espírito, porém se não fechar as portas de sua alma, inúmeras doenças voltarão a surgir, e infindáveis espíritos retornarão ao deu templo”.
Qualquer mal, seja ele advindo de energias negativas geradoras de doenças, sejam através de entidades astrais que se acostam no Duplo – Etérico, (corpo energético composto de Prana, mediador plástico entre Corpo Astral e o Físico, denominado na escola esotérica hindu “Linga-Sharira) atingem o individuo somente se estiverem abertas as “portas”, (“Dvarani” em sânscrito) por onde tais energias conseguem acesso. São as Dvarani como que conexões das quais energias se acoplam e penetram, causando todos os transtornos correspondentes à ação de tais energias.
Como disse o Yogue, a cura de enfermidades, o expurgo de entidades, serão apenas efeitos temporários diante da permissibilidade do indivíduo. E, tal permissibilidade é a característica intrínseca da pessoa que deve ser alterada, para que minimizem os efeitos da atração energética peculiar a este ser. Um velho ditado reza: “O ‘demônio’ é como um cão acorrentado em uma grande árvore, ele só tem acesso a você a partir do momento que entra no seu raio de ação”. Identificar os Dvarani, que abrem os raios de ação, é a grande tarefa do magista, pois, do contrário, a cura será como a ação de um analgésico sobre um abcesso. Se não for removido o foco, ou o agente causador deste abcesso, a dor retornará assim que o efeito do analgésico se dissipar, e o abcesso haverá de se tornar crônico. E todas as pessoas têm consciência de que, tudo aquilo que não cura completamente não será outra coisa além de um paliativo.
Mas o que são os Dvarani, e como se originam? São os portais criados pela própria pessoa, através de seus pensamentos. Poderão até questionar quanto as ações. Sabemos que todas as ações têm origem nos pensamentos, e são eles que determinam o Karma, e todas as energias que aderem às sementes Kármicas, sejam elas antigas ou presentes. Segundo alguns mestres existem os portais abertos através do instinto agressivo e as energias negativas que lhes são próprias, as quais adentram pelo seu portal. Há também portais escancarados pelo pessimismo, pelo egoísmo, por todos os sentimentos aderidos à materialidade e sua peculiar insensatez. É, por exemplo, visível os portais abertos pela promiscuidade e pela falta de domínio dos desejos físicos. Os vícios não são portais abertos, mas o efeito das energias que já adentraram pelos portais da falta de domínio próprio. Quanto mais “escancarados” forem os Dvarani, mais profundamente adentram-se as energias, e mais difíceis se tornam de serem removidas. 


Os caminhos das energias nocivas se iniciam através do mau uso do livre arbítrio. Uma frase de grande importância já foi citada por um grande mestre hindu: “Não recebemos o Karma através do mal que fizemos, mas sim pelo mal que ainda carregamos”. Os Dvarani são, pois, os portais do Karma, abertos, por onde penetram as energias compatíveis com tais aberturas. Tudo tem inicio no pensamento, no corpo mental concreto, e as chaves que abrem os portais plasmam a partir destes pensamentos, que se lançam no Corpo Causal, a tríade superior de nosso Eu, descem ao Corpo Astral, o “Kama-Sharira”, para de abrir no duplo-Etérico, onde penetram as energias e se manifestam no “Sthula-Sharira”, que é o Corpo Físico. A partir daí são visíveis neste plano toda a desarmonia provocada pelas energias que se adentraram através do Astral. Por esta razão todo processo de cura deve ser exercido muito além da manifestação física, pois a manifestação física nada mais é que uma consequência, cuja causa deve ser eliminada. 


Por esta razão que qualquer tratamento deverá ser consubstanciado no Amor. Pois é a única força capaz de fechar os Dvarani, e eliminar não só as suas manifestações, mas também as causas. Toda prática de emanação de energia deverá ter acopladas instruções, abertura de caminhos. Pois só a “abertura de caminhos” para novas concepções e perspectivas, poderá cerrar as portas negativas e barrar a entrada de tudo aquilo que se faz nocivo ao corpo, a alma e ao espírito.
Alguns outros mestres denominam “Rajju”, cujo significado em sânscrito é cordão. São representados, ao invés de portais, cordões etéreos onde de conectam as energias negativas. Mas seja qual forem as representações fica claro que, toda e qualquer manifestação, só se dá através de um “consentimento”, seja ele inconsciente ou não. E, bloquear esse consentimento estabelecendo novas direções e um “renascimento” interior, efetivará a cura, regenerará o padrão intrínseco do ser, e completará a grande obra. Como já disse o Grande Profeta divino : “Vá e não peques mais”. Ou seja, está curado, mas dirija seu livre arbítrio com amor, pois só assim estarão fechados os Dvarani. Aí está o grande mistério da fé, do amor e da verdade.
Paz e luz
Namastê.




OS 32 CAMINHOS DA SABEDORIA NA CABALA


                        





      Da segunda mais elevada Sephirah, Chokmah, plasmam os trinta e dois caminhos das cintilações, ou seja, os caminhos iluminados, através dos quais os homens que atingem a "iluminação" se conectam com a fonte da Sabedoria.
      O primeiro caminho chama-se a "Admirável Inteligência”, Coroa da Glória Suprema. Esta é a luz permite compreender a "causa sem causa", a Glória daquele que É, Será e que Vai Ser; a Causa primária. Este é o Ain Soph, o "incognoscível", que, segundo a Cabala, nenhuma criatura pode atingir. Porém aquele que atinge a verdadeira iluminação renasce em "espírito vivificante", e morre como criatura, atingindo o princípio divino que jazia latente dentro de seu próprio ser.
      O segundo caminho é chamado de "Inteligência que Ilumina". É a Coroa de toda a criação e a magnificência da Suprema Unidade. Sua elevação sobrepõe-se sobre todas as criaturas; é a segunda grande glória manifesta no esplendor da divindade.
      O terceiro caminho é a "Inteligência da Santificação", a base da primeva sabedoria que engendra a fé e todo seu poder inerente. Consubstanciada nas "verdades eternas", planifica os caminhos e amplia os horizontes luminosos nos quais se elevam os princípios da santidade.
      O quarto caminho é o da "Inteligência Recipiente". É o caminho onde "desaguam" os "rios de água-viva" procedentes das Potencialidades Superiores, emanadas de Kether infundindo a plenitude das virtudes espirituais.
      O quinto caminho é a "Inteligência Radicular", que tem sua procedência das profundezas da primordial sabedoria.
      O sexto caminho é a "Inteligência da Influência Intermediária”. Na qual são multiplicados o eflúvio das emanações e distribui esta influência a todos os “buscadores da verdade" cujo discernimento os uniu em sua magnitude.
      O sétimo caminho é aquele da "Inteligência Oculta". Ela abraça em sua abrangência de luz todas as intelectualidades despretensiosas, alcançada através dos olhos do espírito e da força da fé.
      O oitavo caminho é aquele da "Inteligência Plena e Perfeita" . Dela são emanados os princípios, e sua essência reside no âmago da Esfera que lhe é própria.
      O nono caminho é a "Inteligência Purificadora".  Ela é quem faz a purificação das Sephiroth, integrando-as na unidade da energia primordial.
      O décimo caminho é a "Inteligência Resplandecente”, que reside na Sephirah Binah, é de onde procede ao fogo que se distribui em todos os luminares. A partir dela são engendrados os princípios de todas as formas.


      O décimo primeiro caminho é a “Inteligência do Fogo”; é o” véu do templo" que separa o Santo do Santíssimo, ou seja a ordem das essências superiores e inferiores.
      O décimo segundo caminho é a “inteligência da Luz", é o estado de onde procedem as visões reveladoras.
      O décimo terceiro caminho é aquele da “Inteligência Indutiva da Unidade". Esta é a que descortina a verdade, indicando-a para que nunca o espírito incorra no erro da "mentira".
      O décimo quarto caminho é o da "Inteligência Iluminativa dos Arcanos". Nela está fundamentada a santidade, a libertação do ego e o princípio da abrangência.
      O décimo quinto caminho é o da "Inteligência Constitutiva". É aquela que possui o caráter criador.
      O décimo sexto caminho é o da "Inteligência Triunfante". Que plasma a bem aventurança àqueles  que são consagrados aos princípios da justiça.
      O décimo sétimo caminho é aquele da "Inteligência Dispositiva", que dispõe sobre os fiéis guardiões do amor incondicional para que recebam os dons espirituais.
      O décimo oitavo caminho é aquele da "Inteligência Afluente". É de onde são extraídos os arcanos e as ocultas ciências envoltas em sua essência.
      O décimo nono caminho é a "Inteligência do Segredo". É de onde advêm as atividades espirituais e seus direcionamentos.
      O vigésimo caminho é o da "Inteligência da Vontade". Esta é a qual prepara e direciona para a senda da sabedoria primordial.
      O vigésimo primeiro caminho é o da "Inteligência Agradável". Pois gera a satisfação daqueles que a alcançam, através dela a essência divina flui em forma de bênçãos.
      O vigésimo segundo caminho é da "Inteligência Fiel". Esta dispensa e promove as virtudes a todos aqueles que se acolhem em seu seio.
      O vigésimo terceiro caminho é o da "Inteligência Estável". Esta é a Consciência presente em todas as Sephiroth. É o alicerce formado pela energia primordial, raiz de todas as luzes e de todas as formas.


      O vigésimo quinto caminho é da "Inteligência da Provação". É a qual submete aqueles que a alcançam às provas para trilharem os caminhos superiores.
      O vigésimo sexto caminho é da "Inteligência Renovadora". É através dela que todas as coisas transformam, transmutam e renovam. É o conhecimento dos ciclos que regem a dinâmica do universo.
      O vigésimo sétimo caminho é o da "Inteligência Dinâmica”. É através dela que se tornam compreensíveis os movimentos, os ritmos e as vibrações. (O espírito de todas as coisas).
      O vigésimo oitavo caminho é o da "Inteligência Natural". É por ela que se torna compreensível e concebível  a perfeição da natureza , assim como todas as leis da mecânica celeste.
      O vigésimo nono caminho é o da "Inteligência Corpórea". Através dela tudo aquilo que é corporificado no mundo é compreendido, fazendo-se cientes os domínios dos elementos que presidem a matéria.
      O trigésimo caminho é o da "Inteligência Coletiva". Aqui são concebíveis todos os assinalamentos astrológicos e suas influências, sua dinâmica, sua expansão e sua relação com o microcosmo.
       O trigésimo primeiro caminho é o denominado "Inteligência Perpétua". A compreensão das características solares e lunares e todo o equilíbrio advindo da dinâmica astrológica destes corpos estão nela configurados.
       O trigésimo segundo caminho é o da "Inteligência Adjuvante". Nela estão equacionadas todas as operações dos sete planetas e suas atribuições junto aos assinalamentos celestes, que canalizam as tendências e determinam os destinos .
Om tat sat.