A denominação Corpo Causal vem ser a
tríade superior formada pelo Corpo Mental Abstrato ou Corpo Mental Superior, o
Corpo Búdhico e o Átmico. Comparando-o com os veículos restantes: Corpo Físico,
Duplo Etérico, Astral e Mental Concreto ou Inferior, representa uma parte
elevadíssima em nosso ser, no qual o Átmico vem ser a própria essência divina
presente no homem. Sua representação se faz através do triângulo cujo vértice é
voltado para o infinito, para o celestial, simbolizando o tríplice Logos
estabelecido na criação.
O Corpo Causal não possui uma forma da
qual se possa descrever, certamente existe uma disposição com a qual os seres
altamente evoluídos possam notar seu aspecto, mas esta é simplesmente
intraduzível à concepção e à percepção humana nos padrões a nós definíveis.
Iniciemos seu estudo a partir do seu
componente Inferior, que é o Corpo Mental Abstrato. Este permite ao ser humano
alcançar ideias que estão além da concretude da percepção física, ou seja,
ideias que se plasmam na abstração, de onde provém o seu nome. A formulação, a
assimilação e a percepção de tais idéias, é um atributo deste corpo, cuja
magnitude é compatível apenas com os seres de maior elevação espiritual. Muitos
seres humanos possuem apenas um rudimento desta gradação da espiritualidade,
assim como os animais, mais elevados na escala zoológica, possuem um rudimento
do Corpo Mental Concreto.
Rememorando o Corpo Mental Concreto,
este estabelece a compreensão da concretude material na qual pensamos.
Imaginemos um fogão a gás, no instante em que pensamos no fogão formam-se em
nossa mente a imagem correspondente a este aparelho doméstico. Esta imagem,
como vimos em textos anteriores, são chamadas "Vrittis" dentro do
ocultismo, as quais possuem forma corresponde ao objeto que pode ter existência
no plano físico. Contudo se, ao invés de pensarmos no fogão como
"coisa", pensarmos na sua utilização como no ato da preparação dos
alimentos, a "preparação" não possui uma correspondência quanto à
forma. Dessa maneira estaremos formulando um pensamento sem um formato,
utilizando o Corpo Mental Abstrato para sintetizar aquilo que não possui forma
definida. É como se nosso Corpo Mental Concreto pensasse em um automóvel, e
desejássemos fazer uma viagem com tal veículo. O automóvel teria sua concepção
no Concreto, a viagem no Abstrato, pois a viagem está além daquilo
representativo de uma forma palpável e concreta.
Imediatamente superior ao Corpo Mental Abstrato está o Corpo Búdhico, e este é destinado ao homem à realização das elevadas formas de sentimento. Disse um grande mestre oriental: "Aquilo que não conseguimos muitas vezes compreender, algumas vezes poderemos sentir". E é este o atributo deste corpo elevado pertencente à tríade causal, intuir, mesmo quando a própria compreensão não possa ser alcançada. O próprio sentimento do Amor, não o amor paixão ou o amor condicionado aos interesses próprios do ego, mas o amor "ágape, incondicional à quaisquer circunstâncias ligadas aos interesses próprios, é uma plasmação do veículo Búdhico. O Corpo astral é o veículo intermediário dos corpos inferiores, o Búdhico o intermediário da tríade superior, esta situação de equivalência possui uma correspondência mística: o Astral é o veículo exclusivo da paixão, o Búdhico o veículo da dimensionalidade do Amor. O amor e a paixão estão, pois, na equidistância espiritual daquilo que é terreno e daquilo que é celeste. Sentir ao invés de compreender, seguramente é vivenciar com a alma tudo aquilo que a mente é incapaz de alcançar devido ao estado evolutivo próprio de cada ser. A divindade inerente ao ser humano, mesmo que a níveis incipientes, adentrando as percepções sobre as incompreensíveis formulações equacionadas nos planos arquetípicos.
É interessante salientar um paradoxo
existente no próprio caminho evolutivo das espécies. Muitas vezes a intuição,
própria do Búdhico, se faz quase instantaneamente, algo correspondente aos
seres menos evoluídos. A intuição é, no entanto, uma voz celeste enquanto o
instituto é uma voz anímica dos seres não desarmonizados com a natureza. Estar
em harmonia com a natureza é um dom quase divino de integração ao Todo. Estar
vivenciando o Corpo Búdhico também é estar adentrando na harmonização com o
Todo. Um é o caminho anterior a queda do homem na dualidade, outro o caminho da
redenção do homem após sua queda. O instituto é próprio daqueles que estão
abaixo do bem e do mal, a intuição é o vôo além da perspectiva do vem e do mal.
Ambos são caminhos que não passam pelo ego, a grande ilusão que transtorna os
seres dentro da dualidade.
O Corpo Átmico, ou veículo Átmico, o mais elevado e refinado componente do Corpo Causal é a verdadeira casa do Jivatmam presente no ser humano. O Jivatmam, conforme mencionado anteriormente, é a centelha ou a presença divina no ser humano, com a qual se conecta e se aglutina com a própria divindade. É o Eu maior, ou o Eu Superior presente no ser humano, através do qual suplanta o ego e se redireciona ao infinito e ao eterno. O Jivatmam aplicado em si mesmo atinge um estado além daquilo que é propriamente humano, é o Estado de Samadhi do Raja Yoga, a consciência cósmica, superior à condição humana. O Jivatmam habita no Corpo Átmico, e se aplica nos demais veículos a partir deste. Sua aplicação nos demais veículos perfaz a noção de individualidade, no Corpo Átmico se aplica com a plena nitidez gerando a divina consciência além dos limites da compreensão atual do estágio em que a humanidade se encontra.
Estes três Corpos Superiores são
denominados "Causal", e veremos o porque desta terminologia aplicada
pelas principais escolas de ocultismo ligadas à Grande Fraternidade Branca.
Pelo fato de ser menos propenso às transformações das sucessões de vidas, de
nossas múltiplas existências, no Corpo Causal é que estão guardadas as
"sementes kármicas" da roda das encarnações. Enquanto o homem
preservar os desejos, anseios e perspectivas ligadas ao ego ele estará criando
Karma, determinando as condições e circunstâncias que alinharão seu destino,
ou, pelo menos, suas tendências para um renascimento futuro, ou talvez na
própria vida presente, em uma contínua relação causa e efeito. Toda esta
relação de causas ( daí o nome Causal), se faz através do "átomo
primordial" de cada uma de suas existências terrestres, que se agrega à
sua Tríade Superior, nascendo a partir daí todo um encadeamento de
circunstâncias e possibilidades psíquicas e espirituais que condicionarão suas
existências, em tantas vidas quanto forem necessárias para que seja suplantado
o ego e cessar a "Roda do Samsara" (Ciclo das Reencarnações). Disse
um velho sábio ocidental: "Há odores que permanecem impregnados em nossos
corpos espirituais. Cada ação desprovida de amor desprende a mal cheirosa
energia de morte, que se dissipa à medida que ascendermos na plenitude da
vida".
Guardamos, portanto, algo daquilo que
fomos em vidas pretéritas, registradas no Corpo Causal determinantes de nossas
tendências futuras.
A queima das sementes Kármicas se faz
através da eliminação desses "átomos primordiais" aderidos ao nosso
Corpo Causal. E, como já dissemos, o Jivatmam é, nada mais que Deus em nós.
Toda limpeza se faz do alto para baixo, imitando todas as impurezas. Deus é
Amor. Somente através do Amor as sementes kármicas são eliminadas de nosso ser
e atingiremos um novo plano superior de existência, muito além do ego, condicionado
aos corpos inferiores. "Buscai as coisas do alto", como disse o
antigo apóstolo. Este é o aspecto da grande transformação.
A Tríade Superior é a o Espírito do
Homem, sua parte imortal, que nos liga a Deus e nos faz sua semelhança.
Aniquilando o ego, de modo algum estaremos deixando de existir. Estaremos
adentrando no céu espiritual que é a verdadeira comunhão com a divindade
suprema e única. Só assim seremos Um, na eterna consciência na qual confluem
todos os caminhos.
Namastê
Om Tat Sat
Nenhum comentário:
Postar um comentário