segunda-feira, 8 de julho de 2019

ENTIDADES REAIS E REALIDADES ARQUETÍPICAS



       Todos aqueles que já participaram, participam ou estudaram a Magia Teúrgica sabem, perfeitamente, que a maioria dos seres invocados não são, de fato, entidades. Isto pode parecer chocante ao recém iniciado magista, mas é claramente compreendido pelo Magista de longa data.
Em um antigo texto, no qual faço referência aos Kama-Rupa, expus o velho ensinamento dos Mahatmas sobre as "formas-pensamento", desde os "pequenos seres" plasmados pelo homem, magista ou não, até inúmeros "deuses antigos" criados através do constante e repetitivo ato de conceber formas astrais, tais formas ganham vida própria, e acabam "perdendo" esta "vida" assim que cessam os pensamentos cujos eflúvios alimentam a sua "existência". Registrei a palavra "perdendo", e "vida" entre aspas justamente porque esta "vida", que muito embora se perca, se mantém letárgica nos registros acáxicos, e podem facilmente ser reconduzidas à manifestação astral quando são feitos os mesmos procedimentos ritualísticos que plasmaram a sua última plasmação de realidade.



       Cada povo, desde a remota antiguidade, criou seus próprios deuses sob formas arquetípicas presentes nos padrões humanos de consciência.  Por exemplo: muitos povos criaram deuses protetores, dotados de força, poder e firme sentido de justiça. Criaram também deuses de cura, de fertilidade, de elementos da natureza que lhes escapava à compreensão.
Todos sabem que aquilo que pensamos com firmeza e insistência constante, cria uma imagem no astral que vai plasmando, até mesmo uma realidade física, este poder criador no ser humano é denominado Kriyashakty no ocultismo e na própria Teosofia. Podemos então imaginar deuses "pensados" e cultuados por multidões e por centenas e até milhares de anos. Plasmam os deuses. Seres astrais que sempre estarão prontos a serem despertados pelo culto ritualístico que lhes são peculiares. São estas as manifestações de seres forjados através dos arquétipos humanos, que ganham forma quando transformados em "deuses". 



       Estes "seres" que de fato não são seres podem ser, portanto, resgatados através de ritos ou criados através da própria convicção estruturada na crença. O poder da ancestralidade reside no acesso à memória coletiva que se faz presente na cultura de cada civilização.



       O Kriyashakty é o poder criador do próprio homem, pelo qual co-cria, canaliza, direciona e estabelece este poder inerente à sua centelha divina.
O universo sempre responde a este poder criador, ao qual, por falta de uma tradução melhor, chamamos "fé".
Toda magia, em qualquer  sistema mágico, é a " muleta" utilizada pelo homem para suprir sua falta de fé. Pois a fé é a grande magia capaz de remover as montanhas. A magia é o conjunto de ancoragens psíquicas e espirituais, das quais o homem se utiliza, para atingir o controle das energias latentes da natureza. Energias que obedecem  a essência divina presente no homem, porém esquecida pelo próprio homem, que perdeu sua fé ao mergulhar na materialidade.



       Poderão me perguntar: "Irmão Sérgio, todos os seres que respondem em  rituais, terreiros, centros... são então formas-pensamento?"
Certamente que não, pois assim como somos entidades, também existem entidades humanas e não humanas no mundo espiritual. Porém muitas das quais, especialmente aquelas com características muito acima da humanidade, são formas-pensamento criadas pelo homem através dos milênios. A estas poderemos chamar "elementares" ( não confundir com elementais, que são outra natureza).



       Muitas pessoas mencionam, até com certa frequência, o contato com anjos. Os seres supostamente invocados como anjos, dentro da cultura judaico-cristã, que entram em contato com os seres humanos, são Kama-Rajas evoluídos ou espíritos humanos avançados espiritualmente. Verdadeiramente aqueles que atingiram o plano da divindade, estão em comunhão com o todo e não possuem mais ego. Seu Eu Superior se faz presente em aglutinação com o Todo, são princípios ativos da própria divindade.

       Mas e onde fica a Grande Fraternidade Branca e os Mestres Ascensionados?

       Imaginemos um mestre ascensionado, o próprio nome indica que já está aglutinado com o Todo, não possuindo mais o ego, que nada mais é que uma ilusão no caminho ascensional. Existe a Grande Fraternidade Branca aquém das figuras arquetípicas, que se projetam no auxílio à humanidade sob os auspícios da divindade imanente. Individualizar um ser ascensionado é negar sua própria ascensão. Pois todos já são Um. Assim como todos seremos Um quando atingirmos a sagrada comunhão com Deus. Deixaremos de ser rios para nós tornarmos o oceano, na suprema unidade incompreensível àqueles que ainda estão aprisionados na individualidade egóica.

       Namastê
       Om Tat Sat



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