Quando você pensa saber algo, medite,
disse certa vez um velho sábio, pois a concepção da verdade sempre é muito
relativa. Quando acreditar ter a razão,
prosseguiu, resete todos os seus conceitos, e restabeleça suas impressões
segundo os pilares do amor, da verdade e da justiça. Pois, muito pior que um
ser sem luz, concluiu, é um ser trevoso que acredita ser iluminado.
Na adjacência do velho mestre compreendi
as três definições da vida, os três pilares do sequenciamento divino imanentes
na natureza humana: uma lição de humildade; um exercício de tolerância e a
sublime arte de reencontrar a si mesmo.
Uma ocasião, quando conversávamos sobre
a jactância dos "falsos mestres", ele disse se lembrar de um antigo
conto budista: "A História do Cego e a Lâmpada".
Certa vez, ao sair de um templo em uma
noite escura, um homem cego recebeu de um monge uma lamparina, e, surpreendido
com o inusitado presente, indagou: “Reconheço todo seu apreço e generosidade,
mas qual a utilidade de uma lâmpada para alguém desprovido de visão”?
“À primeira vista poderá parecer inútil”,
respondeu o monge, “mas devido à espessa escuridão desta noite, a lâmpada
servirá como sinal de sua presença, e nenhuma outra pessoa irá chocar com você,
pois de longe poderá ver a luz”.
Acatando a solícita preocupação do
monge, após acesa a chama, o homem seguiu seu caminho reverenciando o
agradecimento.
Com a lamparina à sua frente caminhou
despreocupadamente, na certeza de que pessoa alguma deixaria de notá-lo
mediante o aviso de luz.
Contudo, ao longo da estrada,
subitamente alguém se choca violentamente contra seu corpo, atirando-o ao chão
da estrada empoeirada. Afrontado com aquilo que supôs ser uma explícita brutalidade,
gritou indignado: “É você também um cego? Não pôde notar a lâmpada à sua frente”?
O outro homem também caído, recompondo-se
do susto, lhe respondeu: “Como poderia notar sua presença, nesta noite escura,
se sua lâmpada estava apagada?”
O homem cego percebeu então que
carregara a lamparina inutilmente, pois, em algum determinado momento, o vento
havia apagado a chama sem que percebesse.
Muitas vezes, acrescentou o mestre,
estamos cegos até mesmo para enxergar as nossas próprias trevas, e acreditamos
ser luz tudo aquilo que não passa de uma espessa penumbra, à qual só
perceberemos após o inevitável tombo. A luz da alma não se plasma no
conhecimento, mas sim através do amor.
O amor transforma o conhecimento em
sabedoria, a determinação em perspectiva, e a própria presença em luz.
Conhecimento sem amor é soberba.
Explanação sem amor é arrogância. Inteligência sem amor é perversidade.
Ser gentil é muito mais importante do
que ter razão. O mundo precisa muito mais de corações abertos dispostos a
ouvir, que mentes brilhantes aptas a falar. Pois os verdadeiros mestres falam
pouco, e os verdadeiros sábios assim o são através de muito ouvirem.
“E Ninguém, acendendo uma candeia, a põe
em oculto, nem debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que entram
vejam a luz.”
“A candeia do corpo é o olho. Sendo,
pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for
mau, também o teu corpo será tenebroso”.
“Vê, pois, que a luz que em ti há não seja
trevas. Se, pois, todo o teu corpo é luminoso, não tendo trevas em parte
alguma, todo será luminoso, como quando a candeia te alumia com o seu
resplendor”.
(Lucas capítulo11; versículos 33
a 36)
Om Tat Sat
Saudações, mestre.
ResponderExcluirPor favor me tire uma duvida.
Muitas pessoas tem fanatismo religioso ou fanatismo politico e o fanatismo deixa essas pessoas cegas então eu gostaria de saber de o carma de pessoas que faz maldade achando que está fazendo o bem devido o fanatismo é menor que pessoas que fazem o mau com consciente sem cegueira?
Paz, luz, saúde e harmonia. Que as bençãos do altíssimo repousam sobre vc e permeie todos os seus caminhos.
ResponderExcluirConfesso que à primeira vez não tinha entendido a sua pergunta, mas agora entendi o que o irmão quis expressar.
Perdoe-me, pois a demora.
Primeiramente, o fanatismo é uma explícita violência à qualquer análise cognitiva. Só se torna fanático aquele que não possui nenhuma base espiritual e se alia a algum conceito que, segundo seu parecer, representa uma verdade absoluta e incontestável, e, ainda segundo seus preceitos, repudia todos aqueles que não compartilham com a "verdade" que sua mente determinou como uma cláusula pétrea dentro de sua precária concepção de ser.
Uma pessoa nesse nível já vem, de outras vidas, carregada de sementes kármicas, pois a ignorância é o fundamento de toda espécie de males que permeiam a história do gênero humano.
Logicamente um selvagem, que tira a vida de um semelhante, jamais terá a mesma responsabilidade que um assassino integrante de uma máfia qualquer, pois seu nível de consciência é nulo. Porem, ambos estão presos nos laços da ignorância, e é justamente a ignorância que prende os homens à "roda do samsara", dificultando seu caminho à ascensão.
"A quem muito foi dado muito será pedido, a quem pouco foi dado pouco será pedido" , porém para ambos algo será pedido. Pouco ou muito, quantificar a dívida kármica é algo impossível a nós, seres humanos também presos à mesma "roda das encarnações".
Alguns seres estão despertando, outros estão completamente adormecidos na Matrix da perversidade humana, e, quais os mais fáceis de serem controlados senão aqueles que se fanatizam? Conforme disse no texto, o mais nefasto dos seres é aquele que acredita ser o porta voz e arauto da verdade e, pensando ter luz, se encontra adormecido nas trevas. E são justamente estes que odeiam aqueles que pensam diferentemente, não admitem ideias contrárias. Estes têm o karma muito mais pesado porque destilam o ódio.
Quer saber se vc é um fanático? É bem simples.
Observe se vc odeia determinado grupo contrário àquilo em que vc acredita.
Mas não tenho ódio! Poderá me responder. Todos respondem isso. Porém querem um mundo onde sejam banidos todos aqueles que não compartilham seus próprios ideais. E, quando defrontam com os "contrários" iniciam discussões como se algumas palavras fossem suficientes para demover qualquer idéia.
Repito sempre : devemos amar o próximo como a nós mesmo. Esta é a grande lei de adoração a Deus intrínseca a todos os livros sagrados. E, como próximo se inserem todas as diferenças, sejam políticas, ideológicas, raciais, religiosas e todas as diversidades que elencam a humanidade na qual estamos inseridos.
Se amarmos alguém "porquê" estaremos subordinando esse amor, e o verdadeiro amor jamais poderá ser subordinado. O amor integra, agrega, compreende e unifica. Devemos amar "apesar". Assim nunca teremos a desilusão tão comum às imperfeições humanas.
O amor é a cura da cegueira humana. É a luz no velador que dissipa todas as sombras nos difíceis caminhos onde graçam a ignorância, o fanatismo, a intolerância e a insensatez.
Paz e luz
Namastê 🕉️
Agradeço a sabia resposta mestre
ResponderExcluirBelas palavras dignas de um sábio
Namastê
Grato pela participação nos comentários.
ResponderExcluirpaz e luz
namastê