segunda-feira, 10 de junho de 2019

NEHUSHTAH, A SERPENTE DO DESERTO E SEU SIMBOLISMO.


                     


       Conhecida nos meios ocidentais por "Neustã", a serpente de bronze, do deserto, feita por Moisés, sempre despertou profundo interesse, principalmente na exegese bíblica, cuja história se incompatibiliza com as próprias leis da Torá.
       Seu nome provém do hebraico: "Nchshthn", cujo significado é "objeto de bronze". Porém, se observarmos o Livro do Êxodo, capítulo 20, versículo quatro, teremos explicitamente a prescrição: "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima dos céus, nem embaixo da terra, nem nas águas debaixo da terra". (Neste capítulo 20 se transcreve o que ficou conhecido como "os dez mandamentos", escritos, segundo as escrituras, diretamente pelo "Senhor Yahweh").
       Seria muito estranho se o próprio Deus hebraico, zeloso extremado em suas leis, violasse-as justamente em seu sentido mais claro, ordenando a construção de uma imagem de escultura justamente com o poder de curar, como se seu poder dependesse da intercessão de um objeto de metal feito por mãos humanas. Vejamos a história:
       No quarto livro do Pentateuco, o Livro dos "Números", capítulo 21, versículos 4 a 9, o povo hebreu, no deserto, se angustiou, e falou contra Deus e contra Moisés reclamando veementemente contra a situação na qual se encontravam. Isto acendeu a ira de Deus que enviou entre o povo "serpentes ardentes" que os picaram, ocasionando numerosos números de mortos. Após isto o povo se arrependeu e pediram a intercessão de Moisés, o qual orou ao Senhor, e este ordenou a Moisés que fizesse a tal "Neustã", e a ficasse sobre uma haste, e, todos aqueles picados pelas serpentes que olhassem para a imagem permaneceriam vivos.


       Logicamente toda esta história é uma metáfora. Um grande e profundo simbolismo, que apenas as mentalidades medievais poderão tomar literalmente.
       A serpente enrolada no alto de uma haste forma a letra hebraica "Tau", última letra do alfabeto, que é o emblema da mudança da estrutura, a mudança de concepções e perspectivas. Ela denota o sentido de ouvir, captar uma mensagem estilizada no sentido de ensinamento, instrução.
       "Ouvir a voz que desce do Infinito", pois o "Tau" fora o sinal disposto nas ombreiras das portas, das casas dos israelitas, no Egito, quando Abbadon, o "anjo da morte", passou pela terra do Egito, matando os primogênitos, com exceção daqueles que tinham este sinal em suas portas.


       Muito antes, no próprio Egito, este símbolo correspondia à "força regenerativa", a "serpente cósmica" que engolia a própria cauda, como representação da eternidade, os ciclos cósmicos da "respiração divina", o "Manvântara" e o "Pralaya", o dia e a noite de "Brahman", da filosofia hindu.
       Era também o símbolo aderido ao "cajado de Hermes", símbolo da regeneração e, portanto, da cura, assim como também o despir de antigas crenças, para a elevação a novos níveis de consciência.
       Especificamente, na alegoria do deserto, muitos hebreus eram conhecedores dos grandes mistérios egípcios, assim como era Moisés, que formulou a Cabala a partir da síntese dos mais elevados conhecimentos. Os hebreus, através da energia sexual fizeram-se despertar aquilo que mais tarde, através da filosofia hindu, ficou conhecida como "Kundalini", o poder telúrico, em forma de serpente de fogo que repousa no Chakra Muladhara. Tal poder despertado em um povo rude e desprovido da espiritualidade necessária, começou deflagrar grande poder destrutivo. Um poder fora de controle segue caminhos nefastos, tanto nos corpos físicos quanto nos espirituais. Foi, portanto, necessário estabelecer uma regeneração espiritual, elevando as consciências através da revelação de novos conceitos eivados da mais sublime sabedoria, advinda através da iniciação na "antiga escola de mistérios". Este é o simbolismo da Neustã, a "serpente celeste" essencial ao despertar da "serpente telúrica", a qual é uma força cega necessitando de visão, domínio e direcionamento.
       O vigésimo quinto grau da Maçonaria confere o título de "Cavaleiro da Serpente de Bronze", que possui o sublime significado da "regeneração espiritual".

       O despertar das forças latentes necessita do afloramento da "centelha divina", o Espírito Crístico que vem do alto e ressuscita o Eu Superior, após a mortificação do ego.
       Poder sem Consciência faz com que surjam "magos negros", que trabalham contra o advento da era da regeneração. Poder, sem "amor", gera destruidores, poder com "Amor" geram os construtores, aqueles que edificam os "Templos à Virtude", essenciais ao advento do novo Ciclo Cósmico, inspirado no Infinito e alicerçado na eternidade.

       Namastê 


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