Conhecida nos meios ocidentais por
"Neustã", a serpente de bronze, do deserto, feita por Moisés, sempre
despertou profundo interesse, principalmente na exegese bíblica, cuja história
se incompatibiliza com as próprias leis da Torá.
Seu nome provém do hebraico:
"Nchshthn", cujo significado é "objeto de bronze". Porém,
se observarmos o Livro do Êxodo, capítulo 20, versículo quatro, teremos
explicitamente a prescrição: "Não farás para ti imagem de escultura, nem
alguma semelhança do que há em cima dos céus, nem embaixo da terra, nem nas
águas debaixo da terra". (Neste capítulo 20 se transcreve o que ficou
conhecido como "os dez mandamentos", escritos, segundo as escrituras,
diretamente pelo "Senhor Yahweh").
Seria muito estranho se o próprio Deus
hebraico, zeloso extremado em suas leis, violasse-as justamente em seu sentido
mais claro, ordenando a construção de uma imagem de escultura justamente com o
poder de curar, como se seu poder dependesse da intercessão de um objeto de
metal feito por mãos humanas. Vejamos a história:
No quarto livro do Pentateuco, o Livro
dos "Números", capítulo 21, versículos 4 a 9, o povo hebreu, no
deserto, se angustiou, e falou contra Deus e contra Moisés reclamando
veementemente contra a situação na qual se encontravam. Isto acendeu a ira de
Deus que enviou entre o povo "serpentes ardentes" que os picaram,
ocasionando numerosos números de mortos. Após isto o povo se arrependeu e
pediram a intercessão de Moisés, o qual orou ao Senhor, e este ordenou a Moisés
que fizesse a tal "Neustã", e a ficasse sobre uma haste, e, todos
aqueles picados pelas serpentes que olhassem para a imagem permaneceriam vivos.
Logicamente toda esta história é uma
metáfora. Um grande e profundo simbolismo, que apenas as mentalidades medievais
poderão tomar literalmente.
A serpente enrolada no alto de uma haste
forma a letra hebraica "Tau", última letra do alfabeto, que é o
emblema da mudança da estrutura, a mudança de concepções e perspectivas. Ela
denota o sentido de ouvir, captar uma mensagem estilizada no sentido de
ensinamento, instrução.
"Ouvir a voz que desce do
Infinito", pois o "Tau" fora o sinal disposto nas ombreiras das
portas, das casas dos israelitas, no Egito, quando Abbadon, o "anjo da
morte", passou pela terra do Egito, matando os primogênitos, com exceção
daqueles que tinham este sinal em suas portas.
Muito antes, no próprio Egito, este
símbolo correspondia à "força regenerativa", a "serpente
cósmica" que engolia a própria cauda, como representação da eternidade, os
ciclos cósmicos da "respiração divina", o "Manvântara" e o
"Pralaya", o dia e a noite de "Brahman", da filosofia
hindu.
Era também o símbolo aderido ao
"cajado de Hermes", símbolo da regeneração e, portanto, da cura,
assim como também o despir de antigas crenças, para a elevação a novos níveis
de consciência.
Especificamente, na alegoria do deserto,
muitos hebreus eram conhecedores dos grandes mistérios egípcios, assim como era
Moisés, que formulou a Cabala a partir da síntese dos mais elevados
conhecimentos. Os hebreus, através da energia sexual fizeram-se despertar
aquilo que mais tarde, através da filosofia hindu, ficou conhecida como
"Kundalini", o poder telúrico, em forma de serpente de fogo que repousa
no Chakra Muladhara. Tal poder despertado em um povo rude e desprovido da
espiritualidade necessária, começou deflagrar grande poder destrutivo. Um poder
fora de controle segue caminhos nefastos, tanto nos corpos físicos quanto nos
espirituais. Foi, portanto, necessário estabelecer uma regeneração espiritual,
elevando as consciências através da revelação de novos conceitos eivados da
mais sublime sabedoria, advinda através da iniciação na "antiga escola de
mistérios". Este é o simbolismo da Neustã, a "serpente celeste"
essencial ao despertar da "serpente telúrica", a qual é uma força
cega necessitando de visão, domínio e direcionamento.
O vigésimo quinto grau da Maçonaria
confere o título de "Cavaleiro da Serpente de Bronze", que possui o
sublime significado da "regeneração espiritual".
O despertar das forças latentes
necessita do afloramento da "centelha divina", o Espírito Crístico
que vem do alto e ressuscita o Eu Superior, após a mortificação do ego.
Poder sem Consciência faz com que surjam
"magos negros", que trabalham contra o advento da era da regeneração.
Poder, sem "amor", gera destruidores, poder com "Amor"
geram os construtores, aqueles que edificam os "Templos à Virtude",
essenciais ao advento do novo Ciclo Cósmico, inspirado no Infinito e alicerçado
na eternidade.
Namastê
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