quarta-feira, 26 de junho de 2019

O PRINCÍPIO SAGRADO DAS CORRESPONDÊNCIAS





       Estamos todos interligados. Todas as coisas estão interligadas, e não existe nada, absolutamente nada, que esteja separado do princípio fundamental que confere a existência e as próprias manifestações.
       Deus é o Todo, imanente. Não um ser isolado a uma transcendência cuja criação se evolve na separatividade. A vida,  por si só, é o dinamismo intrínseco à essa imanência cujo equacionamento podemos observar através da força das transformações. Nada é estático no universo, todas as coisas seguem o sentido da sutilização, a respiração divina, que densifica e sutiliza. Tudo é divino, pois a essência primordial alicerça as estruturações visíveis e invisíveis aos nossos olhos físicos.


       A árvore da vida é um esquema estático desta equação celeste, que tudo identifica na grande síntese à qual se direciona a existência. Nesta árvore estão contidos os princípios das emanações que plasmam energias, universos e leis imutáveis que configuram o macrocosmo espiritual da vida traduzida em movimento. Tudo se move dentro da matriz primordial. Não existem vazios.
        Poderão até me questionar: "...Mas se tudo é divino como vc explica a existência do mal, explicitamente "vivo" no mundo onde estamos inseridos?"
       Plagiarei um grande sábio que um dia disse a seus discípulos após ter sido picado por um escorpião: "O mal é um bem que ainda não conseguimos compreender". Se assim não fosse, a Onipresença de Deus seria mais uma mentira na concepção filosófica. Se não fosse a angústia não haveria razão na consolação, se não fossem as intolerâncias mais teriam qualquer valor as inclusões.   


       Aprendemos muito mais através dos erros que os acertos. As lições são sempre ideias elaboradas para "driblar" os equívocos aparentemente tão nefastos como os dissabores tangentes às trajetórias das vidas.
       Como disse um grande e sábio poeta: "talvez o mundo não seja pequeno, nem seja a vida um fato consumado"...
       O mundo está para a vida assim como o universo está para o Homem.
       Aí está o princípio da correspondência através do qual toda essência cósmica está esquematizada no pequeno esquema da Árvore da Vida. Podemos facilmente observar, através de seu sequenciamento, a astrologia, os chakras, o corpo humano, os arcanos do tarot presente em seus 22 caminhos, a descida à matéria e a ascenção ao "Espírito"... Todas as correspondências estão presentes neste, aparentemente simples, esquema das dez esferas. Dion Fortune, em seu livro A Cabala Mística, revela a essência universal correspondente em suas derivações. Eliphas Levi, em suas principais obras, disserta sobre a magia consagrada nos infinitos aspectos de suas disposições extra-físicas.         


       Nada escapa a este esquema sagrado da equação celeste, pois a energia primordial nela se apresenta tipificando suas transformações. A própria mecânica quântica vem referendar tudo aquilo que nela está referenciado desde a alvorada das civilizações.
       Nela está presente a assinatura de Deus, da qual tudo se relaciona, tudo se consubstancia e tudo se deriva.
       Através de suas derivações se autenticam as infinitas correspondências. E estas plasmam a essência do universo, os arcanos do direcionamento celestial e o grande milagre da vida.
       Este milagre da vida é também o Lápis Philosophorum da grande circulação alquímica. Nesta configuração está configurada a "medicina oculta" dos grandes sábios e o segredo das transmutações.  
       A correspondência do macrocosmo espiritual divino com o microcosmo espiritual humano, faz das Sephiroth o princípio de cura, na holística concepção regenerativa da própria matéria.   
Estabelecendo esta correspondência com sabedoria e luz, todas as disposições canalizam para a perfeição regeneração.

       Os lindes do perfeito conhecimento se iniciam a partir da visualização das correspondências, pois "aquilo que está em cima de assemelha àquilo que está em baixo", como disse Hermes. O segredo da "morte mística" é o adormecimento no "micro" para o grande despertar no "macro". Deus está em todas as coisas, e toda magia nada mais é que a "ponte" para transpor os abismos que nos separam da "Fé", e esta é a certeza de Deus em nós, e todo o poder que se insere na própria divindade.
       Estamos unidos ao todo, inseridos na glória suprema eterna e infinita, adormecidos às portas das moradas celestiais. É preciso que despertemos do grande sono dos séculos para vivenciarmos os caminhos das correspondências. Somos Um.
        Namastê
        Om Tat Sat



sábado, 22 de junho de 2019

O INVERNO PROCLAMA SEU ADVENTO



        O Inverno proclama seu advento...

        O Sol incide no ponto de maior inclinação na Terra, os dias se encurtam e a noite se expande em longas horas, referendando a peculiaridade de cada ciclo sagrado.

       É o  Inverno que ressurge interpenetrando a natureza, sacramentando um novo prisma de percepção

       O arvoredo desprende suas folhas ressequidas a mãe terra as recebe, consagrando o novo momento de transformação, fertilizada pela essência sagrada da vida aparentemente morta.

       Inseridos nos braços de Gaia, contemplando o dinamismo cíclico da nova perspectiva que desponta, confluímos à sagração deste instante cósmico, o qual nos convida a limpar excessos, desfazer supérfluos, renovar a vida.


       O universo nos convida a abrir espaços, desembaraçar caminhos, e aguardar as luzes das equações celestes que descortinam a esperança de infinitos amanhãs.

       Ressurge o momento de despojar das cascas, se despir das folhas mortas, lançar fora galhos ressequidos, a fim de que sejam adubados os substratos para um novo período de consagração.

        O universo, através do murmúrio das aragens, apresenta-nos a necessidade de abrirmos velhas gavetas, antigos armários e empoeiradas estantes. A mãe terra clama pelas sementes renovadoras da existência.

       Novas estações aguardam silenciosamente a plasmação de seu próprio momento.
Folhas caem; raízes permanecem nutrindo o tronco da existência presente. Tudo é cíclico, tudo é renovação no sagrado dinamismo que testifica a mão divina.


       Renovemos nosso ser, recriemos nossa essência, reciclemos nossa alma. Pois a eternidade é uma respiração divina e o infinito o alcance de cada pensamento.

        O inverno surge como um período de espera, de tolerância e introspecção.
É a consagração do instante de reverenciar o silêncio, perscrutar o invisível, consagrar a sabedoria.

       Louvemos o Grande Espírito de Amor em cada uma de suas faces, nas fazes do mundo, na voz da natureza, na essência de nosso próprio ser consagrada às transformações.

Om Tat Sat

Namastê

sexta-feira, 21 de junho de 2019

O CEGO E A LÂMPADA



                                           
    


       Quando você pensa saber algo, medite, disse certa vez um velho sábio, pois a concepção da verdade sempre é muito relativa. Quando acreditar  ter a razão, prosseguiu, resete todos os seus conceitos, e restabeleça suas impressões segundo os pilares do amor, da verdade e da justiça. Pois, muito pior que um ser sem luz, concluiu, é um ser trevoso que acredita ser iluminado.
       Na adjacência do velho mestre compreendi as três definições da vida, os três pilares do sequenciamento divino imanentes na natureza humana: uma lição de humildade; um exercício de tolerância e a sublime arte de reencontrar a si mesmo.
       Uma ocasião, quando conversávamos sobre a jactância dos "falsos mestres", ele disse se lembrar de um antigo conto budista: "A História do Cego e a Lâmpada".


        Certa vez, ao sair de um templo em uma noite escura, um homem cego recebeu de um monge uma lamparina, e, surpreendido com o inusitado presente, indagou: “Reconheço todo seu apreço e generosidade, mas qual a utilidade de uma lâmpada para alguém desprovido de visão”?

       “À primeira vista poderá parecer inútil”, respondeu o monge, “mas devido à espessa escuridão desta noite, a lâmpada servirá como sinal de sua presença, e nenhuma outra pessoa irá chocar com você, pois de longe poderá ver a luz”.
       Acatando a solícita preocupação do monge, após acesa a chama, o homem seguiu seu caminho reverenciando o agradecimento.
       Com a lamparina à sua frente caminhou despreocupadamente, na certeza de que pessoa alguma deixaria de notá-lo mediante o aviso de luz.
       Contudo, ao longo da estrada, subitamente alguém se choca violentamente contra seu corpo, atirando-o ao chão da estrada empoeirada. Afrontado com aquilo que supôs ser uma explícita brutalidade, gritou indignado: “É você também um cego? Não pôde notar a lâmpada à sua frente”?
      O outro homem também caído, recompondo-se do susto, lhe respondeu: “Como poderia notar sua presença, nesta noite escura, se sua lâmpada estava apagada?”
       O homem cego percebeu então que carregara a lamparina inutilmente, pois, em algum determinado momento, o vento havia apagado a chama sem que percebesse.


       Muitas vezes, acrescentou o mestre, estamos cegos até mesmo para enxergar as nossas próprias trevas, e acreditamos ser luz tudo aquilo que não passa de uma espessa penumbra, à qual só perceberemos após o inevitável tombo. A luz da alma não se plasma no conhecimento, mas sim através do amor.
       O amor transforma o conhecimento em sabedoria, a determinação em perspectiva, e a própria presença em luz.
       Conhecimento sem amor é soberba. Explanação sem amor é arrogância. Inteligência sem amor é perversidade.
       Ser gentil é muito mais importante do que ter razão. O mundo precisa muito mais de corações abertos dispostos a ouvir, que mentes brilhantes aptas a falar. Pois os verdadeiros mestres falam pouco, e os verdadeiros sábios assim o são através de muito ouvirem.


       “E Ninguém, acendendo uma candeia, a põe em oculto, nem debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que entram vejam a luz.”
       “A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso”.
       “Vê, pois, que a luz que em ti há não seja trevas. Se, pois, todo o teu corpo é luminoso, não tendo trevas em parte alguma, todo será luminoso, como quando a candeia te alumia com o seu resplendor”.
(Lucas capítulo11; versículos 33 a 36)

Om Tat Sat


segunda-feira, 10 de junho de 2019

NEHUSHTAH, A SERPENTE DO DESERTO E SEU SIMBOLISMO.


                     


       Conhecida nos meios ocidentais por "Neustã", a serpente de bronze, do deserto, feita por Moisés, sempre despertou profundo interesse, principalmente na exegese bíblica, cuja história se incompatibiliza com as próprias leis da Torá.
       Seu nome provém do hebraico: "Nchshthn", cujo significado é "objeto de bronze". Porém, se observarmos o Livro do Êxodo, capítulo 20, versículo quatro, teremos explicitamente a prescrição: "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima dos céus, nem embaixo da terra, nem nas águas debaixo da terra". (Neste capítulo 20 se transcreve o que ficou conhecido como "os dez mandamentos", escritos, segundo as escrituras, diretamente pelo "Senhor Yahweh").
       Seria muito estranho se o próprio Deus hebraico, zeloso extremado em suas leis, violasse-as justamente em seu sentido mais claro, ordenando a construção de uma imagem de escultura justamente com o poder de curar, como se seu poder dependesse da intercessão de um objeto de metal feito por mãos humanas. Vejamos a história:
       No quarto livro do Pentateuco, o Livro dos "Números", capítulo 21, versículos 4 a 9, o povo hebreu, no deserto, se angustiou, e falou contra Deus e contra Moisés reclamando veementemente contra a situação na qual se encontravam. Isto acendeu a ira de Deus que enviou entre o povo "serpentes ardentes" que os picaram, ocasionando numerosos números de mortos. Após isto o povo se arrependeu e pediram a intercessão de Moisés, o qual orou ao Senhor, e este ordenou a Moisés que fizesse a tal "Neustã", e a ficasse sobre uma haste, e, todos aqueles picados pelas serpentes que olhassem para a imagem permaneceriam vivos.


       Logicamente toda esta história é uma metáfora. Um grande e profundo simbolismo, que apenas as mentalidades medievais poderão tomar literalmente.
       A serpente enrolada no alto de uma haste forma a letra hebraica "Tau", última letra do alfabeto, que é o emblema da mudança da estrutura, a mudança de concepções e perspectivas. Ela denota o sentido de ouvir, captar uma mensagem estilizada no sentido de ensinamento, instrução.
       "Ouvir a voz que desce do Infinito", pois o "Tau" fora o sinal disposto nas ombreiras das portas, das casas dos israelitas, no Egito, quando Abbadon, o "anjo da morte", passou pela terra do Egito, matando os primogênitos, com exceção daqueles que tinham este sinal em suas portas.


       Muito antes, no próprio Egito, este símbolo correspondia à "força regenerativa", a "serpente cósmica" que engolia a própria cauda, como representação da eternidade, os ciclos cósmicos da "respiração divina", o "Manvântara" e o "Pralaya", o dia e a noite de "Brahman", da filosofia hindu.
       Era também o símbolo aderido ao "cajado de Hermes", símbolo da regeneração e, portanto, da cura, assim como também o despir de antigas crenças, para a elevação a novos níveis de consciência.
       Especificamente, na alegoria do deserto, muitos hebreus eram conhecedores dos grandes mistérios egípcios, assim como era Moisés, que formulou a Cabala a partir da síntese dos mais elevados conhecimentos. Os hebreus, através da energia sexual fizeram-se despertar aquilo que mais tarde, através da filosofia hindu, ficou conhecida como "Kundalini", o poder telúrico, em forma de serpente de fogo que repousa no Chakra Muladhara. Tal poder despertado em um povo rude e desprovido da espiritualidade necessária, começou deflagrar grande poder destrutivo. Um poder fora de controle segue caminhos nefastos, tanto nos corpos físicos quanto nos espirituais. Foi, portanto, necessário estabelecer uma regeneração espiritual, elevando as consciências através da revelação de novos conceitos eivados da mais sublime sabedoria, advinda através da iniciação na "antiga escola de mistérios". Este é o simbolismo da Neustã, a "serpente celeste" essencial ao despertar da "serpente telúrica", a qual é uma força cega necessitando de visão, domínio e direcionamento.
       O vigésimo quinto grau da Maçonaria confere o título de "Cavaleiro da Serpente de Bronze", que possui o sublime significado da "regeneração espiritual".

       O despertar das forças latentes necessita do afloramento da "centelha divina", o Espírito Crístico que vem do alto e ressuscita o Eu Superior, após a mortificação do ego.
       Poder sem Consciência faz com que surjam "magos negros", que trabalham contra o advento da era da regeneração. Poder, sem "amor", gera destruidores, poder com "Amor" geram os construtores, aqueles que edificam os "Templos à Virtude", essenciais ao advento do novo Ciclo Cósmico, inspirado no Infinito e alicerçado na eternidade.

       Namastê 


sábado, 1 de junho de 2019

O APRENDIZ DO VELHO MAGO


                                     

       Muitos já ouviram falar do grande mago Apolônio de Tiana, que viveu em uma época próxima a de Jesus. Tanto que alguns autores  místicos costumam dizer que, os milagres dos evangelhos, foram de fato, feitos por Apolônio, e, inseridos no cânon, após os primeiros concílios, haja visto que este é um personagem realmente histórico. Deixando, porém, tais teorias com os eruditos, vamos para alguns detalhes da vida deste insigne mago. Detalhes reservados às mais veladas escolas de mistérios.
       Apolônio, como todos os mestres, tinha vários seguidores, e um de seus alunos se chamava Jabir. E este era o que mais se destacava na assimilação dos conhecimentos e nas práticas do domínio dos elementos.
       Certa vez se dirigiu a Apolônio e perguntou-lhe por que ele se dispunha  apenas com alguns enfermos e os curava, se poderia curar a imensa população sofredora, aprisionadas às mais terríveis e debilitantes formas de moléstias. Apolônio respondeu a ele que havia doentes para a cura, outros não.
       Diante desta resposta curta e pouco esclarecedora Jabir, em sua alma, começou a questionar a "bondade" e o "amor" de seu mestre, apesar de seu poder e sabedoria.
        Certa ocasião, Jabir acompanhou seu mestre em uma viagem a uma distante localidade onde hoje é, aproximadamente, a fronteira entre a Turquia e a Síria. No meio do caminho pernoitaram em uma estalagem onde havia um adolescente paralítico, com o qual Apolônio muito conversou, sem, contudo efetuar qualquer intenção de cura. No dia seguinte, nas primeiras luzes da alvorada prosseguiram a viagem.  Jabir, não conseguia entender a indiferença de Apolônio ao sofrimento do adolescente entrevado em seu leito, mas manteve seu respeitoso silêncio.
       Ao entardecer, já exaustos, pararam em uma pousada onde se encontravam inúmeros viajantes de uma caravana recém chegada das arábias. O dono da pousada mal conseguiu atendê-los, estampando impressionante palidez diante de sua pusilânime condição.
       Apolônio  muito conversou com ele, com sua esposa e até os ajudou a servir os caravaneiros. Porém nada fez ao homem além de ajudá-lo a sentar após sofrer uma tontura.
       Jabir, a partir de então começou a se sentir indignado com a apatia de seu mestre. Mas guardou ainda um aborrecido silêncio.
       Quando chegaram a seu destino, ligo que chegaram ao Templo, havia no pórtico um soldado ferido na ilharga, que, segundo as pessoas na proximidade, fora vítima de uma emboscada. Apolônio então levou o soldado nós alojamentos adjacentes ao templo, e, rapidamente o curou, deixando-o no local até sua completa recuperação.
       Jabir, apesar da satisfação de ver um milagre executado por seu mestre, não deixou de pensar no adolescente e no dono da pousada, desprezados diante do sábio.
       Após pouquíssimos dias regressaram à sua cidade, e, um mês depois  surgiu a necessidade de retornarem ao templo para que trouxessem ali um jovem que seria iniciado. Como Apolônio não poderia ir encarregou Jabir, seu principal assistente, para que levasse o jovem até ao local, já por ele conhecido.
     Encargo que Jabir fez com presteza, intentando corrigir alguns lapsos que seu mestre, inexplicavelmente, havia cometido.
Como Jabir também se configurava como um iniciado, não foi difícil para ele restabelecer a saúde tanto do adolescente quanto do dono da pousada, e após cumprida toda sua missão, fez sua jornada de retorno junto ao seu mestre.


       Algum tempo depois, durante uma caminhada, Apolônio aproveitando o momento a sós com seu mais próximo discípulo disse-lhe: "Nada é por acaso no universo, desde as mais simples manifestações de vida. Até o mal tem seu propósito de existir. Há doenças e angústias que são para a cura, outras são o cumprimento de leis cósmicas, externando o mal do mal que já está intrínseco. Nosso dever é ensinar para que a alma seja curada. Um corpo são ocupado por uma alma doente voltará a ser doente assim que as circunstâncias derivem para seu reinício. O homem que segue os caminhos humanos dificilmente compreende as sendas da divindade".
       O discípulo não entendeu perfeitamente as frases de seu mestre e prosseguiu a caminhada em silêncio.
       Muito tempo mais tarde, o discípulo, já eivado de maturidade, refez o caminho ao mesmo templo, levando consigo dois jovens para a iniciação.
       Passando pela estalagem viu que aquela não mais existia. Alojando-se em outra, próxima ao local, perguntou ao proprietário o que houve com a antiga estalagem. Ouviu com perplexidade que, o jovem a quem curara, havia se tornado um perigoso ladrão e assassino, destruindo a si mesmo e toda sua família.


       Ao chegar à pousada encontrou esta no mesmo local, mas com outros donos. Perguntando-lhes dos antigos donos soube, através deles, que o antigo proprietário retornou ao alcoolismo, sua esposa faleceu devido aos maus tratos e este morreu pouco depois devido ao próprio vício.
       Chegando ao templo ficou ali alguns dias e admirou-se do caloroso acolhimento que se fazia aos peregrinos que se alinhavam aos alojamentos. Verificando a dedicação e a hospitalidade dos serviçais notou algo em um deles: uma exuberante cicatriz nas ilhargas. Imediatamente reconheceu o antigo soldado, o qual havia sido curado por seu mestre.
       Entendeu então que o amor verdadeiro está consubstanciado às leis divinas. O verdadeiro amor anseia pela verdadeira cura. O verdadeiro mestre anseia pela verdadeira luz. A verdadeira luz desvanece todas as trevas, iniciando  pela iluminação interior.

Namastê
Om Tat Sat