Este é um antigo poema hindu, que, traduzido, perde as
estrofes e rimas, sem, contudo perder sua beleza e magnitude.
Eu era um menino do Norte da Índia, de uma cidade próxima ao
Himalaia. Caminhava com meu tio quando este me mostrou uma linda cachoeira, e
ele me disse: Esta é a cachoeira aonde os deuses vêm lavar seus rostos.
Acreditei em suas palavras, e senti Krishina a lavar seu
rosto azul celeste nas cristalinas águas que desciam da montanha. Essas águas
se tornaram sagradas na minha concepção de fé.
Passaram-se os anos, tornei-me instruído. Fui apresentado à
fria Dama dos Templos Vazios chamada Ciência. E ela me chamou de ignóbil.
Como eu pude ser tão tolo em crer nas absurdas palavras de um
místico iletrado! Pensei.
E me casei com esta Dama Fria que engoliu minha fé,
desvaneceu minhas crenças e redefiniu meus sonhos.
Passaram-se os anos como os ventos da altitude. Tornei-me
idoso, e regressei à velha aldeia de meus ancestrais. Desiludido com a frieza e
o materialismo que o ocidente incutiu em minha alma. Ouvi ao longe um murmúrio
de água que me chamava, com a voz de minha mãe nos meus tempos de infância.
Observei ao longe a mesma cachoeira, tão diferente da ciência contraditória e
mutante.
Estou aqui inserida no mundo, na natureza mágica que me dá a existência,
disse-me murmurando.
Sim, ela estava lá, viva e presente, inserida no Universo
onde Deus permeia sua sagrada essência.
Sim, estava lá, cantando louvores a sua divina e indelével
composição etérea. Assim como os deuses, partes de um mesmo infinito onde se
enamoram todas as eternidades.
Sim, só agora compreendo as palavras sábias daquele velho
eivado de santidade.
Tão sagradas águas, inseridas nas eternas moradas daqueles
que sempre permanecem, ainda falam comigo, perdoando todas as minhas descrenças.
Lá está ela, a cachoeira onde os deuses lavam o seu rosto e
me chamam para unir-me a Eles no sagrado fluxo das “águas da eternidade”.
Namastê.
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