O mecanismo da evolução biológica
é, atualmente, um fato inquestionável e comprovado através do desenvolvimento
das pesquisas no campo da genética, assim como na bioquímica, pelas quais foram
possíveis a elucidação da transmissão dos caracteres hereditários, assentando
as bases do evolucionismo.
Seria eu um alienado se refutasse
a evolução como um fato, porém, seria um degenerado se, baseado neste fato
inquestionável, viesse a negar a existência de Deus. Aceitar a evolução não é
negar a criação, mas, antes de tudo, é acreditar no poder supremo de Deus com
ainda mais veemência, pois através dela é que podemos saber que seu processo
criador perdura incessantemente. Porque nada é estático no universo, Deus, o
Senhor do universo é dinâmico, e seu dinamismo autentica a própria razão da
existência humana. E assim como o dinamismo do princípio ativo existente na
divindade suprema, o amor promove a transformação dos corações humanos, através
do qual nos aproximamos cada vez mais de Deus.
O livro do Gênesis fala da criação
e está correto, sem ser incoerente com a evolução. Os sete dias não se referem
a sete dias literais, mas sete eras. O universo se movimenta, tudo está em
constante movimento assim como demonstra a lei da mecânica celeste. A criação
exposta no livro do Gênesis é contínua e dinâmica quanto estas leis supernas, e
é nisto que se reside a grandeza do Criador. Nada é contraditório, as
contradições são feitas em nossas próprias mentes que não conseguem contemplar
o propósito divino para com o gênero humano. Tudo passa a se relacionar à
medida que passamos a obter a graça do conhecimento da continuidade da criação,
também denominada por evolução, pois a única coisa imutável vem ser a lei
universal comandada por Deus.
Não é minha intenção conciliar ideias
antagônicas, justamente porque não existe incoerência entre a verdadeira
ciência e a verdadeira religião. A ciência está nas leis que emanam da
sabedoria divina, e a religião no caminho que se faz rumo a esta sabedoria. A
ciência não contraria a religião, ela atesta a religião assim como a religião
atesta a verdadeira ciência. A ciência, do conhecimento humano, caminha do
visível para o invisível, a religião caminha do invisível para o visível.
Através da religião prova-se a
ciência, pois a religião é a ciência que estabelece conexão com o Criador.
Através da ciência prova-se a religião, prova-se o princípio ativo de Deus
através da evolução, onde preside a essência criadora.
Lamarck na sua obra “Filosofia
Zoológica”, considera as espécies como essencialmente mutáveis sob a ação do
meio, pela lei do uso e desuso dos seus órgãos. Cinquenta anos depois de
Lamarck, Charles Robert Darwin, em sua obra “A Origem das Espécies”, enfatizou
a seleção natural, que seria a sobrevivência dos mais aptos na luta pela vida.
Em 1909 o geneticista dinamarquês W. Johanns denominou a hereditariedade
recebida por genótipo, e sua aparência externa fenótipo.
A flexibilidade dos organismos
frente ao meio veem a facultar a sua adaptação. A adaptação deste organismo
confere-lhe uma vantagem sobre os demais, o qual terá maior oportunidade para
reproduzir-se, melhorando a espécie. A moderna teoria da evolução, com ampla
base experimental, sintetiza as ideias de Lamarck e o mutacionismo de Charles
Darwin, pela utilização dos quatro agentes dinâmicos existentes, capazes de
alterar a frequência dos genes em uma população, sendo estes: a mutação, a
seleção natural, a migração e a deriva genética. As condições ambientais
alteram o fenótipo, que é o produto do genótipo e a ação do meio. A evolução é
a mudança na sequência dos genes.
O organismo, pela ação do meio,
segundo a moderna teoria da evolução, tende a se adaptar e aprimorar cada vez
mais esta adaptação, partindo das formas mais simples às mais complexas. Ou
seja, os órgãos tornam-se complexos acompanhando a ação que o meio exerce sobre
eles, sem que esse grau de complexidade ultrapasse o que o meio determina.
Chegamos então onde está o grande sentido do Criador, que surge no momento em
que se estabelece a criação em meio à evolução. Observamos que a ciência
especifica o grau de complexidade, em que o meio é determinante, jamais
ultrapassando o que o meio exige do organismo. Vejamos então o Homem: A
evolução fez com que seus órgãos se adaptassem ao que o meio preestabeleceu.
Seu cérebro se adaptou às condições exigidas pelas circunstâncias do meio.
Agora, como explicar o que a própria ciência afirma segundo a qual o cérebro
humano é utilizado em apenas dez por cento do seu potencial?
Ora, se é o meio quem determina o
grau de complexidade, como poderia o órgão ter-se evoluído acima do exigido
pelas circunstâncias determinantes? Pelas leis evolucionárias estaríamos
utilizando cem por cento de nossa capacidade cerebral, e o que ultrapassasse
este patamar obedeceriam às leis evolucionárias. Os noventa por cento
ultrapassaram a escala evolucionária, e isto significa uma dádiva acima do que
determinou o meio, mostrando a imagem e a semelhança divina triunfando sobre
toda a criação. A graça excedeu a evolução. Estes são os noventa por cento
correspondentes à graça, pelo qual todo processo evolucionário não exerce
determinância, porque neste se aplica a própria criação do Homem no seu
microcosmo espiritual, e lhe confere poderes que superam sua própria
compreensão. Aqui está a prova da criação, que o Homem traz em sua própria
individualidade, certificando a existência de Deus. E isto é algo maravilhoso. Os
noventa por cento vêm ser o Homem no seu equivalente Adâmico, o Homem perfeito,
pelo qual Deus aguarda e para o qual o meio se faz inoperante. Os dez por
cento, somente, que utilizamos em nosso intelecto, nada mais são que um dízimo
pago à nossa parcela animal.
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