Muitas pessoas
já leram a Doutrina Secreta, obra de Helena Petrovna Blavatsky, dividida em
seis volumes. No volume IV, O Simbolismo Arcaico das Religiões e da Ciência, a
autora explana toda a simbologia da religiosidade humana, adentrando na raiz,
na origem das crenças, de onde se derivou toda a diversidade religiosa que há
no mundo, sempre abordando as doutrinas esotéricas corroboradas em todas as
escrituras e dogmas, explanando todo o relacionamento existente entre a
essência de todos os preceitos. Nesta obra podemos observar, de maneira
inequívoca, que há uma matriz comum nos fundamentos religiosos que deram origem
às religiões que conhecemos.
Seguindo os
passos de Blavatsky, em outra de suas obras, Isis sem Véu, Uma Chave-Mestra
para os Mistérios da Ciência e da Teologia Antigas e Modernas, especificamente
no Volume III, A Teologia, ela adentra na origem do Cristianismo, e demonstra,
coerentemente, que houve significativas interpolações na elaboração de seus
dogmas, que, através dos séculos, moldaram a estrutura devocional, que podemos
observar, em todas as atuais denominações. Tudo se estrutura em conceitos muito
anteriormente conhecidos, não somente antes do cristianismo, mas também do
próprio judaísmo, derivando sempre do gradativo sistema de crenças que se perde
na névoa dos tempos.
Essas duas obras
não devem apenas ser lidas, mas estudadas a fundo, para que sejam descortinadas
as revelações essenciais para que, conscientemente, possamos questionar,
modular, e redirecionar nossa visão do mundo, das ideias e da perspectiva que se
desvela diante da verdade.
O GRANDE LIVRO DE DEUS. (O Livro da
Natureza).
Melhor que
qualquer livro escrito por mãos humanas é o livro que sempre está presente
diante de nossos olhos. Desde que estes olhos estiverem límpidos de tudo aquilo
que é imposto por antigas crenças, poderemos ver claramente as respostas mais
simples para as mais complexas questões.
No Livro da
Natureza poderemos notar os ciclos, dia e noite, as estações, as fases da lua,
o caminho das águas, e todos os processos de ida, vinda e retorno dos
elementos. Nada é eterno. Há
nascimentos, morte e renascimento. Rotações e translações. Não é eterna a vida,
nem é eterna a morte, ou aquilo que chamamos morte; tudo se transforma no
sequenciamento de vida, seguindo os padrões estabelecidos pelo equacionamento
cósmico. Observemos o Sol, a essência geradora de calor, luz e vida, em seu
ciclo menor diário e em seu ciclo maior das estações. Este astro, sem o qual a
existência seria impossível, desde os primórdios da humanidade, é reverenciado
com respeito, temor e adoração por todos os povos. No Grande Livro de Deus, que
é o Livro da Natureza, este é o "personagem central".
Neste grande
livro poderemos ver entre os "infindáveis personagens", aqueles que
protagonizam os aspectos elevados da natureza cíclica. Os povos antigos já
observavam a Lua, suas fases e peculiaridades de cada uma delas; sua influência
sobre a terra e sobre as águas. Antes de
qualquer livro escrito pelo homem, os astros traçavam seu delineamento celeste
que se fazia compreender, não somente pelo gênero humano, mas por toda natureza
em seus vastos sistemas de encadeamento.
À medida que os
humanos evoluíam, seu senso de observação se apurava, e passaram a observar as
estrelas e todos seus agrupamentos, as constelações, discriminando as estrelas
fixas das móveis (Os planetas observáveis a olho nu), e, com o passar do tempo,
através do efeito da pareidolia, foram criando, mentalmente, padrões nessas
"estrelas fixas", estabelecendo figuras, nascia assim o zodíaco. O
Sol, e o Zodíaco são, portanto, os fundamentos de toda a religiosidade, como
veremos a seguir.
O Zodíaco
representa o trajeto do Sol através de doze desses padrões pelo período de um
ano. Depois do desenho do próprio Sol, talvez o primeiro símbolo utilizado pela
humanidade, na aurora da civilização, possa ter sido a então chamada Cruz do
Zodíaco, delimitando toda está trajetória do Sol em quatro partes, cada parte
com três padrões, este símbolo, portanto, divide o ano em doze padrões que
passaram a ser chamados meses, e, cada uma dessas quatro partes, catalogaram as
quatro estações do ano, tendo seu início (do ano) na entrada do equinócio de
primavera, o reinício da vida, no hemisfério norte, que simbolizava o
renascimento, após o período obscuro do inverno relacionado com a morte da
natureza, no seu "grande livro". Da mesma maneira este símbolo
estabeleceu o solstício do verão, o equinócio de outono e o solstício de
inverno, finalizando o ciclo.
Seguindo o
Grande Livro de Deus, o homem estabeleceu sua crença de acordo com sua observação
dos fenômenos naturais que descortinava diante de seus olhos. Nascia aqui os
primórdios de toda religiosidade, e suas derivações posteriores, sobre as quais
explanaremos a seguir.
Os Messias da Humanidade e suas Equivalências.
Krishna:
No Bhagavata Purana consta que Krishna, encarnação de Vishnu,
veio ao mundo através de uma concepção milagrosa, do eflúvio místico de
Vasudeva para o útero de Devaki, há mais de 3.000 anos antes de Cristo, na
Índia, e tendo uma estrela no oriente sinalizando seu advento ao mundo. Em sua
história, o Rei Kamsa, fora avisado que o oitavo filho de Devaki o levaria à
morte, então decidiu matar todo filho nascido de Devaki. Krishna foi levado a
Nanda, um pastor de gado, que o criou como filho. Krishna teve seus discípulos junto aos quais
fez milagres e prodígios, dedicando sua vida na luta pela virtude expulsando da
terra os espíritos do mal. Foi ferido mortalmente por uma flecha, porém, como
sua natureza era espiritual não estava sujeito à deterioração na morte física,
e, voltando à vida, partiu para sua morada espiritual.
Sua existência
real, assim como todos os demais avatares, é controversa; sendo considerado por
inúmeras correntes do hinduísmo como verdadeiro messias.
Hórus:
Também
conhecido como "cordeiro de Deus" e "luz do mundo", Hórus é
considerado a segunda pessoa da divina família egípcia, elencada por Osíris, o
pai, Isis, sua mãe. Hórus nasceu no dia
25 de dezembro, três mil anos antes de Cristo. Sua concepção não foi feita
através de relação carnal. Teve discípulos, aos quais alguns autores atribuem o
número de doze, porém não ha menção exata desse número. Fez milagres. E, traído
por um dos seus, foi morto e ressuscitou três dias depois. É retratado como o
Sol, pois vence Set, o deus da escuridão todas as manhãs para inaugurar o novo
dia.
Atis da
Phyrigia:
Nasceu de uma
virgem chamada Nana, cerca de mil anos antes de Cristo. Era eunuco, fez vários
milagres, sendo chamado de Salvador, e, sendo morto, ressuscitou ao terceiro
dia.
Mitra:
Nascido na
Pérsia, atual Irã, no dia 25 de dezembro, cerca de 1.000 anos a.c., teve doze
discípulos, fez inúmeros milagres, foi morto e ressuscitou após o terceiro dia.
Seu dia de adoração era o domingo.
Dionísio:
Nasceu na Grécia
cerca de 500 anos antes de Cristo, teve discípulos, fez milagres, foi morto e
ressuscitou após três dias de sua morte.
Jesus
Cristo.
Conhecido por
este nome no Cristianismo, segundo a tradição nasceu cerca de quatro anos antes
da própria era cristã, contudo, nada consta nas escrituras sobre a data de
nascimento 25 de dezembro. E esta padronização, como é perfeitamente
conclusiva, fora acrescentada após a compilação e selecionamento dos evangelhos
canônicos, elaborado nos concílios, séculos depois de sua vida.
Sendo o mais
recente dos messias solares, há detalhes mais específicos registrados sobre sua
vida, entre os quais poderemos citar o nascimento de uma virgem, a estrela do
oriente prenunciando sua vinda, a qual foi seguida pelos três magos. Iniciou
sua vida pública aos 30 anos, teve 12 discípulos, fez inúmeros milagres,
conhecido por "cordeiro de Deus", "luz do mundo", entre
outros epítetos; foi traído por um de seus discípulos, crucificado, e
ressuscitou ao terceiro dia.
A
Razão de Toda Semelhança.
Existiram em
diversas épocas e em diversos povos inúmeros messias solares, com similitudes
impossíveis de serem consideradas simples coincidências. E isto sugere, como
vimos no início do texto, uma concepção advinda das primeiras noções humanas do
universo, ou seja, concepções astrológicas.
O que poderiam
sugerir a data de 25 de dezembro, doze discípulos, morte, ressurreição?
Tudo se
relaciona com a concepção do verdadeiro milagre da vida, ilustrado no Grande
Livro da Natureza.
A estrela do
oriente é Sírius, que brilha mais intensamente na data acima mencionada, na
direção do oriente. Localizada na constelação do Cão Maior, pode ser vista a
partir de qualquer canto do Planeta Terra, e, no hemisfério setentrional faz
parte do chamado "Hexágono do Inverno". Considerada pelos místicos
como o "Sol por trás do Sol", é o símbolo mais antigo de reconexão
espiritual. No Egito Antigo era relacionada com Isis, a deusa mãe. Sabemos que
a grande pirâmide de Gizé foi construída em perfeito alinhamento com essa
estrela. Ela se alinha com outras três estrelas do Cinturão de Órion, Miltaka,
Alnilan e Alnitaka, as três Marias, como são conhecidas no Brasil, ou Três Reis
em diversos outros lugares. Aqui podemos ver a origem da alegoria dos três reis
que seguem a estrela localizada no ponto cardeal onde ocorrerá o nascimento do
sol.
No dia 22 de
dezembro, no hemisfério norte, ocorre o solstício de inverno, no qual dava a
impressão do sol ficar pequeno e mais fraco, neste dia os antigos denominavam
aquilo que parecia ser a "mortificação solar". O Sol atinge sua
máxima posição ao Sul, nos três dias posteriores ao solstício, parecendo
residir na região do Cruzeiro do Sul, retornando depois do dia 25 um grau para
o Norte, criando a expectativa do seu retorno à vida. Aqui vemos a morte do Sol
e sua ressurreição após três dias. O inverno, como citado anteriormente, traz a
perspectiva de morte, a primavera a expectativa de vida, o espírito de salvação
após um longo período tenebroso.
Vamos
recapitular os dias da semana e suas correspondências astrológicas: Domingo é o
dia do Sol; Segunda-feira é da lua; terça-feira é o dia de Marte; quarta-feira
é dia de mercúrio; quinta-feira é dia de Júpiter; sexta-feira dia Vênus; Sábado
dia de Saturno.
É fácil saber a
correspondência dos 12 apóstolos, os quais são representativos dos 12 signos do
zodíaco a contornar o Sol.
A Precessão dos Equinócios.
Este tópico é
muito importante no ocultismo, pois através de seu conhecimento compreenderemos
o que são as Eras.
Os astrólogos da
antiguidade, especialmente os caldeus, notaram que, a cada 2.150 anos, ou algo
em torno desse espaço de tempo, o nascer do sol do primeiro dia do equinócio de
primavera, no então hemisfério norte, ocorria em um diferente signo zodiacal, e
tal fenômeno é devido à oscilação que a Terra perfaz, quando roda sobre seu
longo eixo, acompanhando a inclinação do longo eixo solar. Isto veio a se
denominar "precessão", pois, ao invés de manter seu circuito dentro
da normalidade, os signos executam o sentido inverso, movendo-se para trás.
Multipliquemos agora 2.150 anos, o tempo de precessão de cada signo, por 12, o
número total, e teremos 25.800 anos. Este tempo corresponde ao Grande Dia
Cósmico, pois a Terra completa uma volta em torno do eixo de sua eclíptica.
Vejamos algo muito interessante: por volta do ano de 2.150, ou seja, daqui
aproximadamente 130 anos, os equinócios deixarão de ocorrer em Peixes, e
começarão a ocorrer em Aquário. Sabemos que as Eras não são sucedidas de
maneira abrupta, a natureza nunca dá saltos. Dessa forma estamos já na
transição das eras cósmicas, nos lindes de um novo ciclo celeste.
Poderemos então
concluir, ainda que de forma aproximada, que a era de Peixes ocorre do ano 1
até o presente momento, e durará até 2.150; sendo que a era de Áries se iniciou
em 2.150 a.c., momento que terminou a era de Touro, iniciada em 4.300 a.c., e
assim sucessivamente seguindo a configuração zodiacal. Mestres esotéricos
afirmam que estamos deixando a era da crença, para adentrarmos na era do
conhecimento. Por esta razão que muitos missionários espirituais estão se
empenhando em espalhar o conhecimento, revelando mistérios, libertando o povo
da fé cega, para o novo momento no qual se descortina a razão. Podemos notar
tal mudança observando a revelação da Doutrina Secreta por Blavatsky, a
divulgação do ensinamento Cabalístico, antes secreto, assim como a Gnose e
outras áreas do ocultismo sendo reveladas nestes dois últimos séculos.
Anterior à era
da crença, temos a era da submissão, onde as religiões ditavam regras de
comportamento, transcritas em leis e códigos. E, ainda mais anterior à era da
submissão, tínhamos a era da condução, onde o povo era condicionado à
civilização, provindos da selvageria, e, desta maneira, conduzidos à etapa
primitiva do longo aprendizado das eras.
Observemos
Jesus, considerado no meio ocultista como o Avatar da Era de Peixes, e notemos
algo que o correlaciona nitidamente com este aspecto. Seus discípulos iniciais
eram pescadores, aos quais designou a função de "pescadores de
homens", tanto que não era a cruz o primeiro símbolo cristão, mas os
peixes sobrepostos um ao outro. Ele veio retirar o homem da submissão para um
período de uma nova visão do mundo, a crença estabelecida na concepção da
"boa nova".
Concluímos, a
partir do estudo da Precessão dos Equinócios, e suas eras correspondentes, que
as novas concepções humanas, assim como as perspectivas que delas se derivam,
obedecem uma coordenação astrológica. Todos os eventos humanos estão
subordinados às leis descritas no cosmo. Há, portanto, um direcionamento
estabelecido nos “céus”, seguindo o princípio ou Lei Hermética da Correspondência:
"O que está em cima é como
o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora." O
Macrocosmo atua uníssono ao Microcosmo, reconfigurando cada etapa da evolução
humana em seus níveis de consciência.
Nada é por
acaso.
A Linhagem Espiritual
Iniciamos este
texto citando o Grande Livro da Natureza, ou o Grande Livro de Deus, e
observamos as características astrológicas comuns entre todos os guias que a
humanidade já teve. Há um sequenciamento, que seria quase como um DNA
espiritual presente nos momentos de transição e de livramento na história
humana. E este sequenciamento não poderá jamais ser incompatível com a
"ilustração" deste grande livro, sejam esses avatares seres reais ou
novas concepções do entendimento humano. Novas concepções surgem de um
despertar coletivo através do longo aprendizado através das encarnações.
Mas poderá
surgir uma pergunta: Sidarta Gautama não foi citado, mas ele foi um dos maiores
guia de luz da humanidade. Era ele diferente das demais linhagens espirituais
dos messias solares?
Não foi apenas Gautama que deixou de ser
citado. Poderíamos fazer uma longa lista de guias e mestres, iniciando por
Moisés, Lao Tsé e tantos outros mais. Porém todo o texto faz referência às
características comuns destes messias alinhados à "religião
primordial" da humanidade, baseada na astrologia. Os quais são muito mais
novas concepções que propriamente pessoas.
Mas se são
mais concepções que pessoas isso faz sugerir que tais nunca existiram. Tal
afirmação pode proceder?
Aqui chegamos ao
momento chave, não apenas para a conclusão do próprio texto, mas como a
concepção de um estágio essencial na elevação de níveis de consciência.
Mestres
externos são indutores. Nada além disso. Pois se a alma e o coração não
estiverem abertos e dispostos poderão ser feito mil discursos, com mestres recém-chegados
do mundo paranirvânico, e não haverá nenhuma mudança espiritual no ser, nem
qualquer elevação no nível de consciência.
Disse Jiddu Krishnamurti: “Isso depende de
você, e não de outra pessoa, porque nisso não há nenhum professor, nenhum
aluno; não há um líder; não há guru; não há nenhum mestre, nenhum Salvador”. “Você
mesmo é o professor e o aluno; Você é o mestre; você é o guru; você é o líder; você
é tudo”.
O maior mestre
é o mestre interior, o Eu maior, o Espírito que consegue, não apenas ouvir o
mestre indutor, mas vivenciar seu ensinamento galgando níveis cada vez maiores
de consciência, luz e razão.
Por esta razão
não é uma pessoa que pode inaugurar uma expansão do horizonte espiritual, e sim
uma concepção, a grande luz que dissipa toda e qualquer penumbra que obscurece
a perfeita visão da vida, da verdade e da justiça. Esta é a linhagem espiritual
que não necessita de nomes, nem de personagens, nem mesmo de existência física,
pois o verdadeiro Cristo não pode ser encontrado em nenhum outro lugar senão no
âmago do próprio ser.
Se fosse
possível inventar alguma máquina através da qual fosse possível ver o todo o
tempo pretérito, e com ela constatássemos que nenhum desses avatares existiu,
ou que foram simples homens deificados através do tempo, e que mesmo Jesus, não
tivesse existido, em nada mudaria minha concepção, nem minha fé, nem mesmo
minhas perspectivas em relação à evolução humana. Pois o que importa não é o
ser, mas o Espírito Crístico de amor, justiça, pureza e fraternidade que advém
dos propósitos plasmados através da divina imanência.
O Grande Livro
de Deus está escrito diante de nossos olhos e nele estamos inseridos, junto com
seu autor. Estamos nele e Ele em nós. Como disse Jaladim Mohammed Rumi: Não
somos uma gota d'água no oceano. Somos o oceano inteiro dentro de uma gota.
O Sol de um novo
ciclo pode brilhar dentro de nós, aqui e agora, no eterno momento onde se
dissolve o ego, juntamente com tempos e espaços.
Om Tat Sat.
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