quarta-feira, 17 de abril de 2019

O CORPO ASTRAL


                                                    

       O Corpo Astral, nas escolas iniciáticas da Índia, é denominado "Kâma-Maya-Kosha, cujo significado literal é “corpo ilusório feito de desejos”. É, portanto, o veículo do Ser no Mundo de Kama, ou Plano Astral.  Através deste veículo sentimos nossos desejos, e toda espécie de emoções e sentimentos, desde os mais simples sentidos até os inefáveis e inexplicáveis sentimentos que nos advém ante inusitadas circunstâncias. São nos sonhos que desprendemos nosso corpo astral do corpo físico e experimentamos as sensações astrais que denominamos "sonhos", que podem ser tão confusos quanto nossos sentimentos, ou tão lúcidos quanto nossos raciocínios lógicos.
       Voltando à terminologia sânscrita, "Maya” significa ilusão; "kosha" significa corpo, e "Kama" significa "desejo", que é a característica do mundo astral, onde plasmamos nossa própria realidade segundo nossos pensamentos (por isso muitos autores consideram "Kama” como tradução do próprio Plano Astral). É muito comum, na literatura esotérica, a designação "Corpo Kamásico" para se referir ao corpo astral, o veículo do mundo de Kama.
       Toda nossa natureza de sentimentos ou natureza emocional faz correspondência com o Corpo Astral, o que confere a este como o palco de duelo entre os mais puros e elevados sentimentos advindos do Atman, ou Centelha Divina, e os desejos e anseios mais densos e trevosos emanados de nossa inferior natureza egóica. Por esta razão o Corpo Astral não se restringe a um simples veículo do mundo de Kama, mas no corpo através do qual aperfeiçoamos nosso Espírito, pois nele conflitamos sentimentos mesquinhos com sentimentos elevados e altruísticos, recebendo as lições e experiências de cada ciclo de existência.
       No Raja-Yoga costuma-se utilizar a denominação "Sukshumo-Upadhi" para este corpo, que na verdade se refere à inseparável ligação entre o Corpo Astral e o Corpo Mental Concreto. Este termo "Upadhi" é muito significativo no ocultismo, pois, em sânscrito, possui como significado "limitação". No raciocínio hindu, significa um "disfarce" ou a camuflagem da realidade. Por exemplo, o corpo físico de um homem ou de qualquer outro ser, é o "Upadhi" de seu espírito, assim como a sombra de um objeto é o "Uphadi" desse objeto. "Sthulupadhi" seria o Corpo Físico.
       O "Jivatmam", descrito em textos anteriores, que é nosso Eu Real em união com o "Divino", percebe, porém o veículo do próprio Jivatmam, que é o Corpo Astral, sente. Toda vibração, que é detectada através dos sentidos físicos, é retransmitida ao, já descrito anteriormente, "Duplo Etérico", a direciona ao Corpo Astral, e neste se transforma em sentimento, o qual é percebido pelo Jivatmam. Este sentimento captado pelo Corpo Astral, em milionésimos de segundos, estabelece um sentido inverso, regressando só Duplo Etérico, e a partir deste trazido ao Corpo Físico, levado ao cérebro, onde adentra na própria consciência humana.

       Como citado acima, o Corpo Astral, durante o sono, age independentemente do físico, enquanto encarnados, realizando viagens pelo mundo de Kama, as quais poderão ser lúcidas ou eivadas de impressões produzidas pelos nossos próprios pensamentos. Sobre este detalhe adentraremos logo mais no mais profundo e secreto conhecimento ocultista, poucas vezes revelado na literatura esotérica, com a exceção dos "Gnósticos".
       Para as pessoas dotadas de "afinidades extrafísicas", que no ocidente denomina-se "mediunidade" ou vidência, o Corpo Astral de um indivíduo não difere significativamente do Corpo Físico, a única diferença mais relevante está na aura astral visível neste plano, que circunda, de maneira tênue todo o veículo de Kama. Geralmente o Corpo Astral de um indivíduo assume as impressões físicas deste em seu estado de maior intensidade energética quando presente na forma física. Ou seja, um indivíduo desencarnado em idade avançada geralmente tenderá a transparecer uma idade muito mais jovem em sua estadia no astral. Os espíritos muito evoluídos podem assumir formas eivadas de luminescências, ou simplesmente assumir formas de outras existências, e, até mesmo, formas que desejarem plasmar.
       Diferentemente, indivíduos sujeitos a alterações comportamentais nocivas, extremamente atrasados e propensos a atrocidades, podem apresentar o corpo astral de forma desagradável ou, até mesmo, repelente, cujos aspectos variam conforme as vibrações características de cada ser.
       Os iniciados nas escolas de Yoga Espiritual, ou os adeptos de grandes fraternidades espirituais podem tomar suas lições através do veículo astral, assumindo um estado de consciência denominado "Svápna", que significa aprendizado transcendente. Neutralizando os sentidos físicos estes iniciados adentram no mundo espiritual de maneira consciente, atingindo os altos sub-níveis onde residem os seres de mais elevada sutileza. Os adeptos não temem os demais seres do baixo astral, pois possuem maior sutileza que estes, e desvencilham-se destes como o ar escapa das mãos de um homem. Eles compreendem que a morte e a consequente mudança para este plano de existência é, simplesmente, uma mera mudança de estado, como um mergulhador que se despe de seu equipamento de mergulho e retorna à terra seca.


       O iniciado pode perfeitamente entrar em contato com seres desencarnados sem recorrer a sessões, onde ocorrem descargas muito fortes de energias kamásicas.
       Todas as paixões, sentimentos egoístas ou qualquer espécie de vibrações grosserias do ser quando encarnado no Plano Físico, condicionam a formação do Corpo Astral, atraindo as energias mais densas que constituirão seu aspecto após sua passagem, sendo que o Corpo Astral de tais indivíduos terão desejos mesmos que quando encarnados, sofrendo com a impossibilidade de satisfazê-los. Esta é a razão pela qual muitos seres astrais se aproximam de indivíduos com baixas vibrações, a fim de sugar-lhes as energias que supram a dificuldade de concretizar seus desejos carnais.

       Vamos agora adentrar nas "águas mais profundas" dos mistérios do Mundo de Kama:

       No capítulo 22 do Evangelho Canônico de Mateus observamos a "Parábola das Bodas", na qual o Rei convida, através de seus servos, inúmeras pessoas, e algumas se esquivam, outras ultrajam e humilham tais servos; outros ainda matam os servos do tal Rei, o qual em sua ira destrói os convidados indignos.
       O Rei então passa a convidar a todos que fossem encontrados, ajuntando-os à festa nupcial. Encontrou este, porém, alguém que não estava vestido com os trajes adequados, o qual é arrojado para fora do banquete sagrado.



       Sabemos que o Kundalini regenera o poder, não apenas do corpo físico, mas também do corpo astral, pois assim como existem os Chakras etéreos, também existem os Chakras Astrais, e o avanço desta, através das práticas espirituais de elevada natureza, aperfeiçoa plenamente toda a natureza emocional do Corpo Kamásico, que após elevar-se ao Chakra Coronal, ou Sahashara, encaminha-se às câmaras sagradas do Chakra Astral correspondente ao cardíaco, ou Anahata, descida esta que plasma aquilo que chamamos o "Cetro Luminoso". O portador deste "Cetro" sublimou seu veículo astral, transformando-se em Corpo Astral Solar, ou seja, a vestimenta nupcial daqueles que poderão adentrar nos mais elevados subplanos espirituais. Muito diferente do Corpo Astral Lunar, ou o precário Corpo Astral incapaz de deixar os mais densos subplanos astrais. O Corpo Astral Solar é o traje configurado pelo "Cetro de Luz" daqueles que sublimaram seu coração a partir da Mente, ou seja consagrou o "grande casamento" entre o discernimento e o amor, a mente e o coração. Discernimento sem amor é intelecto; amor sem discernimento é pureza. Juntos são a força do bem, direcionadora dos caminhos.
A grande maioria das pessoas possui o "Corpo Astral Lunar", porém, a grande obra da regeneração do Novo Ciclo Cósmico (Nova Era de Aquário) resgatará as mentes, corações e consciências, na busca da gradual sublimação dos veículos espirituais de existência.

OM TAT SAT


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