sábado, 5 de janeiro de 2019

A FORMAÇÃO DOS PLANOS DE EXISTÊNCIA



                                                               

                                    A FORMAÇÃO DOS PLANOS DE EXISTÊNCIA

                                                                   As Três Gunas

       O que são Gunas, nome tão frequente nos meios ocultistas e esotéricos?

       São elas as íntimas características do Prakriti (raiz de toda matéria visível e pressentida). Guna é a qualidade, o atributo ou propriedade da matéria, a sua natureza inata.
       Toda a matéria do universo, desde a maior densidade à mais plena sutileza, resulta da combinação dessas três características e a preponderância de uma sobre as outras em infinitas proporcionalidades. Nada existe, na infinitude do universo, que não seja constituído pelas diferentes proporções destas três qualidades íntimas. As quais são: 1. Sáttwa.  2. Râjas.  3. Tâmas.

       Sáttwa significa, literalmente, existência, realidade. “É a Guna responsável pelo “Ritmo”.
       Também é um estado de espírito em que a mente é estável, calma e pacífica.
       No plano divino, as altas esferas da divindade, há o predomínio, quase que exclusivamente de Sáttwa, pois a energia vibra em ritmo, característica da imponderável "matéria" constituinte desse plano. Neste nível de existência não existe a forma, e é simbolizado pela esfera perfeita.


       Râjas é a Guna responsável pelo movimento, que motiva o dinamismo de Prakriti em seus outros aspectos, como a ação, mutação e geração. É também o estado de espírito em que a mente é excitável, ativa e intensa, diferente de Sáttwa (pureza, calma e idealização). É onde as energias iniciam a aglomeração para que sejam formadas as sub partículas que engendrarão os átomos. O predomínio de Râjas se inicia constituindo somativos campos de força, que darão origem às formas, estas que já se tornam evanescentes.

       Tâmas, por fim, é o modelo de resistência à ação, sendo traduzida do sânscrito como "inércia". Promove a dissolução e a degeneração. Caracteriza o estado de espírito da preguiça e da lassidão.

       Nos mundos intermediários, onde há o predomínio de Râjas, ocorre a condensação das energias. O astral e o mental são os mundos intermediários que apresentam grande movimentação em sua "matéria". No plano físico há a preponderância de Tâmas, sendo a matéria física mais estável, de mais difícil modificação de estado devido à inércia que plasma as formas densas.


       Na descida à de densificação, segue a sequência de predomínio de Sáttwa, Râjas e Tâmas, respectivamente, tendo porém, sempre o substrato da maior sutileza.

       Durante os infindáveis períodos do Manvântara, ou manifestação cósmica, na "descida à densificação da matéria”, a Guna Sáttwa vai diminuindo de intensidade enquanto a Guna Râjas vai aumentando de valor. Quando a Guna Râjas dá lugar a Tâmas, o universo já desponta em estado mais denso, e a inércia se faz presente chegando ao estado sólido, que é o ponto máximo de condensação.

       O universo superior tem a denominação Anupadaka, isto é, desprovido de forma, como citado anteriormente. Além de Anupadaka, existe o Ady, aquele que vem primeiro, em sânscrito, ou seja, o imanifestado, Ain Soph da Cabala.
       Anupadaka é o Plano Monádico, o último reduto das individualidades espirituais.


                                               TAM-MATRA E TATTWA

       As energias sutis sofrem a aglomeração e iniciam a formação das partículas componentes dos átomos. Tam-Matra vem ser a vibração que é infundida, através de tais energias sutis, na formação das partículas primordiais, e, consequentemente no átomo formado . Cada átomo, portanto, vibra no espaço, possuindo, além da vibração peculiar dos elétrons em seus níveis e sub níveis, essa sutilíssima vibração Tam-Mátrica, que lhe confere o substrato vibracional do éter cósmico, representado pelas energias sutis que preenchem todos os vazios. Literalmente Tam-Matra significa, a partir do sânscrito, "a medida daquele", ou seja, a vibração do éter presente nas aglomerações das energias que formarão as partículas e estas o átomo .

       Essas vibrações, infundida nas partículas e, por conseguinte, nos átomos, descrevem no espaço sete diferentes figuras geométricas. Tais figuras são conhecidas nas escolas esotéricas iniciáticas, e compreendê-las é fundamental para o praticante da alta magia, pois são as manifestações das latentes energias sutis, trabalhadas, canalizadas e direcionadas pelo magista.

       Sobre essas sete disposições vibratórias do Tam-Matra poderão ser canalizadas energias, irradiações mentais, fazendo com que as tais sofram modificações.  A estas modificações são denominamos Tattwas, produzidas a partir da transformação do Tam-Matra, ou modificações do Grande Alento.
       Os Tattwas, portanto, são as modificações ou ondulações produzidas através da mudança no Tam-Matra.
       As sete configurações do Tam-Matra possuem os seguintes nomes, das mais densas às mais sutis: Prítivi, Apas, Vayú, Téjas, Akásha, Anupadaka e Ady.
       Tattwas, recapitulando, são as mudanças no Tam-Matra quando se incidem energias sobre este.
        As sete configurações Tam-Mátricas após sofrerem a transformação, se tornam Tattwas, as quais possuem o mesmo nome  supracitado para cada uma das sete.

        A vibração de Prítivi descreve a trajetória de um quadrado.
        Apas descreve a firma de uma lua crescente horizontal.
        Vayú a forma hexagonal.
        Téjas de um triângulo.
        Akásha de uma lua minguante.
        Anupadaka de uma lua crescente.
        E, finalmente Ady, a forma de um losango.
        Nossos sentidos são impressionados pelos Tattwas.

       As partículas animadas por Prítivi, ao longo das incontáveis eras cósmicas, engendrarão os átomos que se aglutinarão ao estado sólido. Apas equacionará a formação da matéria em estado líquido; Vayú à gasosa; Téjas à etérica, e Akásha à astral, sendo muito importante salientar que em ocultismo Akásha é a "Luz Astral", cujo domínio, através do conhecimento das leis operativas, qualificará verdadeiramente um magista, capacitando-o ao poder da materialização, desmaterialização e transformação (poder, em sânscrito denominado "Kriyashakti", o qual veremos futuramente).
       Os Tattwas superiores, Anupadaka e Ady estão além da percepção humana, detectados apenas pelos espíritos em um elevadíssimo grau de evolução. Algumas pessoas, no entanto, poderão pressentir em um "insight" as ondulações de Anupadaka, captando-as com o sentido da intuição. Ady seria uma percepção de mais elevado nível de espiritualidade, a plena sabedoria e o pleno sentido adjacente à divindade.
       Os cinco  primeiros Tattwas densos conferem a impressão dos sentidos. Prítivi é o olfativo, ligado ao elemento terra; Apas o gustativo, ligado ao elemento água; Vayú o táctil, ligado ao elemento ar; Téjas o visual, por se tratar do éter luminoso, ligado, portanto, ao fogo;  Akásha o auditivo, ligado ao espírito.
       Um ponto importante a ser frisado é que cada Tattwa contém sempre uma parcela de todos os demais, sendo possível àqueles, que refinaram seus sentidos, plasmarem uma sinestesia. Podendo sentir o aroma nas cores, o gosto nos sons, enfim estar acima das limitações dos sentidos.



                      OS SETE PLANOS DAS DIFERENTES DENSIDADES DE  ENERGIAS

       Poderemos também dizer sete planos da matéria, porque entre  matéria e energia, para o ocultista, não existe diferença. A matéria nada mais é que energia condensada ou densificada.
       A matéria surgiu do Mulaptakriti, ou simplesmente Prakriti, resultante da fecundação do espaço puro, Kóylon, pela energia pura, o Fohat. Inicialmente houve a aglomeração de energias, formando pequenos vórtices, e estes deram origem a energias de maior densidade (ondas), até se formarem as micropartículas que estruturaram os primeiros átomos.
       As "ondas”, citadas acima, formaram aquilo que no ocultismo é chamado "Éter Cósmico", ou "Estado Primordial da Forma".
       A maior parte das energias no universo permaneceram neste "Estado Primordial da Forma", preenchendo aquilo que aparenta ser o vazio ("a natureza aborrece o vazio"). Outra parte das energias se condensou dando origem à formação dos mundos, isto é aquilo que na Cabala denomina-se "Tzintzun”, ou a "Auto Constrição Divina".
       Resumindo, uma pequena parte do Estado Primordial sofreu o processo de condensação, a maior parte permaneceu para permitir a circulação da energia divina nos mundos em seus processos evolucionários. Essas energias se estabelecem como um "Oceano Cósmico", condutor de inúmeras outras energias em diferentes estados graduais de condensação, como as linhas magnéticas dos astros, forças gravitacionais, fótons, influências energéticas zodiacais e toda espécie de energias que fluem pelos "Nâdis Cósmicos" interligando cada recanto   do universo.
       O Fohat, ou a energia Primordial que fecunda Kóylon irá sofrer, através dos milhões de "aeons", eras cósmicas, diferentes formas de condensação até se densificada na concretude da matéria física. É claro que tal condensação se processa através de infinitas gradações, mas que poderão ser agrupadas em sete diferentes espécies.
       A energia primordial do Fohat, sem aglutinações constitui  plano divino ou Ady. A energia primordial no início das aglutinações, mas ainda desprovida da forma é o Plano Monádico ou Anupadaka. Em crescente densificações surge o Plano Átmico ou Espiritual, no qual já ocorrem maiores densificações de energias manifestando as essências espirituais. Em seguida o Plano Búdhico ou intuicional, das energias psíquicas ou da alma.

       Seguindo a escala da condensação chegaremos ao Plano Manásico ou Mental, das energias do pensamento ou mentais. Em seguida o Astral, das energias vitais e emocionais, onde se iniciam a formação das energias que irão formar as sub partículas atômicas nos lindes do plano físico. Para depois chegarmos ao ápice das densificações, que é o Plano Físico, o plano palpável, eivado de concretude, onde estão presentes os estados sólido, líquido, gasoso, e, adentrando nos limites do Astral, na intersecção que chamamos "Etéreo".

        Assim temos:
       1. Ady ou Divino.
       2. Anupadaka ou Monádico.
      3. Átmico
      4.Bhúdico
     5. Manásico ou Mental
     6. Astral
     7. Físico

        O Plano de Ady, é composto apenas pelo Tam-Matra Ady (as sete partes)
       O Plano Monádico por uma sétima parte animada pelo Tam-Matra Ady e as seis demais pelo Tam-Matra Anupadaka.
       O Plano Átmico possui uma sétima parte animada por Ady, outra sétima parte por Anupadaka e as cinco demais por Akasha.
       O Plano Búdhico uma sétima parte animada por Ady, outra sétima parte por Anupadaka, outra sétima parte por Akasha e as quatro demais por Téjas.
       O Plano Mental possuem respectivas sétimas partes animadas por Ady, Anupadaka, Akasha e Téjas, e as três demais por Vayú.
       O Plano Astral é animado por respectivas sétimas partes por Ady, Anupadaka, Akasha, Téjas, Vayú, e as duas restantes por Apas.
       O Plano Físico possui todos os sete Tam-Matras: Ady, Anupadaka, Akasha, Téjas, Vayú e Prítivi.

       Segue o esquema:

       Plano Ady:
       1. Ady
       2. Ady
       3. Ady
       4. Ady
       5. Ady
       6. Ady
      7. Ady

        Plano Anupadaka
       1. Ady
       2. Anupadaka
       3. Anupadaka
       4. Anupadaka
       5. Anupadaka
       6. Anupadaka
       7. Anupadaka

        Plano Átmico
       1. Ady
      2. Anupadaka
       3. Akasha
       4. Akasha
       5. Akasha
      6. Akasha
     7. Akasha

        Plano Búdhico
       1. Ady
       2. Anupadaka
       3. Akasha
       4. Téjas
       5. Téjas
       6. Téjas
       7. Téjas

        Plano Mental
        1. Ady
        2. Anupadaka
       3. Akasha
       4. Téjas
       5. Vayú
       6. Vayú
       7. Vayú

       Plano Astral
       1. Ady
       2. Anupadaka
       3. Akasha
       4. Téjas
       5. Vayú
       6. Apas
       7. Apas

       Plano Físico
       1. Ady
       2. Anupadaka
       3. Akasha
       4. Téjas
       5. Vayú
      6. Apas
      7. Prítivi

       Em realidade os planos da energia universal se interpenetram coexistindo no mesmo espaço. As energias sutis estruturam todas as energias mais densas na escala das condensações, pois as energias mais densas são, na verdade a aglutinação das energias mais sutis.
       Poderemos exemplificar a coexistência dos planos da seguinte forma: em um grande balde colocamos algumas melancias, em seguida colocamos abacaxis, nos espaços restante adicionamos laranjas. Ainda nos interstícios colocamos limões, e, ao observar que sobram espaços, ainda que pequenos colocaremos jabuticabas. Ainda sobrarão espaços para colocarmos grãos de arroz. Mas ainda poderemos cobrir todos os espaços enchendo o balde com água.
       Assim são as energias de diferentes densidades que compõem o universo, as mais sutis ocupam os espaços existentes entre as mais densas.
       Os dois planos superiores, Ady e Anupadaka não pertencem às energias que os seres humanos utilizam em seu processo constitucional e evolutivo. São específicas para seres muito superiores aos humanos, os quais seremos algum dia na longa escalada da evolução espiritual.
       O Jivatmam para se manifestar em cada um dos cinco planos correspondentes, utiliza-se das energias inerentes a cada um deles para formar o veículo ou corpo  próprio de cada plano.
       Os seres se evoluem a partir da sutilização das energias existentes, à princípio, nas formas mais densas, sempre aderindo energias de maior sutileza para estabelecer o caminho de retorno à divindade.
       No Plano Físico há o corpo físico denso (1), e o corpo físico etérico (2), onde se localizam os Chakras, e lhe confere a vida. No Plano Astral o veículo do Jivatmam é o Corpo Astral. No Plano Mental há os corpos Mental Concreto, ou Mental Inferior e o Mental Abstrato ou Mental Superior. Há para o Plano Búdhico e Átmico os corpos homônimos, respectivamente.
       A física quântica revela-nos que o espírito, na sua essência, é energia pura, portanto, à medida que o homem se forma como tal, em sua aglutinação energética, inicia sua trajetória evolutiva no rumo da plenitude, a sutilização.


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