O Hermetismo não é, como muitos pensam, uma escola esotérica, vem ser, na verdade, uma tradição esotérica, que remonta tempos muito antigos, desde o antigo Egito, como veremos a seguir, sendo influenciado e também fazendo -se influenciar em inúmeras outras vertentes espiritualistas, filosóficas, assim como antigas práticas tradicionais que encetaram os mais diversos níveis de conhecimento no decorrer dos milênios.
Sua origem remonta a enigmática figura de Toth, o deus egípcio da escrita e da sabedoria, que, segundo a tradição ocultista, teria transmitido seus ensinamentos, sob a forma de textos, compilados através das gerações sacerdotais, especificando os mistérios da formação do universo, macrocósmico, em sua toda correspondência e sequenciamento, até a microcósmica explicitação da consciência humana.
O conhecimento das bases, assim como o estudo do hermetismo nos fará compreender, e muito, a própria formação filosófica do ocidente, desde os primórdios da civilização e cultura da antiga Grécia até os mistérios alquímicos que permearam o período medieval, incluindo o Renascentismo e o advento das novas concepções no âmbito filosófico. O mundo ocidental, sem os seus alicerces hermetistas, não seria, nem de longe, o mundo que conhecemos na atualidade.
Como vimos anteriormente, a origem do Hermetismo remonta a figura de Toth — esquecendo seu título divino e adentrando em sua perspectiva humana, alguns autores afirmam que viveu no terceiro milênio antes da Era Cristã — alguns estudiosos asseveram a hipótese de ser apenas um personagem lendário deificado através das sucessivas gerações no vale do Nilo. Não podemos, porém, deixar de lado as antigas tradições judaicas que afirmam ter sido ele um dos mestres do Patriarca Abraão.
Adentrando em outras conjecturas, não podemos deixar de lado a hipótese, já mencionada por alguns autores da existência de Toth na figura de outro emblemático personagem egípcio — este por sinal é histórico, com inúmeros registros e provas de sua existência — estamos falando de Imhotep, mestre do conhecimento da escrita hieroglífica — que viveu também no terceiro milênio antes da Era Cristã — médico, magista, assim como um grande arquiteto, ao qual é atribuída a construção da pirâmide escalonada de Saqqara — este também teria produzido inúmeros textos, gravados em pedra, que seriam os primeiros textos religiosos da história da humanidade. Imhotep, também foi divinizado através dos tempos, tendo sua correspondência entre os gregos como Asclépio ou Esculápio, Mercúrio e Hermes — este último, nada menos que o próprio Toth, o princípio divino simbolizado através de um corpo humano e a cabeça de Íbis — o verbo divino criador da palavra.
A tradição do conhecimento hermético, seguindo as explanações anteriores, provém de Hermes Trismegisto — que significa "três vezes grande" ou "três vezes iniciado", ao tal é atribuída não somente a paternidade das ciências ocultas, mas também a essência da alquimia, ou o domínio dos processos alquímicos, assim como as bases da própria astrologia conforme é hoje conhecida.
As escolas de sabedoria no antigo Egito eram iniciáticas, nem todos os que desejavam sorver das suas fontes conseguiam mitigar sua sede de conhecimento, simplesmente porque os antigos mestres selecionaram, através de análises extremamente criteriosas, aqueles que poderiam adentrar em seus círculos seletos, isto sem passar pelas provas, muitas vezes dificultosas, de uma iniciação seletiva, onde a coragem, a tenacidade e a determinação eram os atributos essenciais pata determinar um adepto — sabemos que Moisés, adotado pela filha do Faraó, teve acesso a essa escola de mistérios, desenvolvendo, a partir deste conhecimento, aquilo que maus tarde tomou o nome de Cabala — como já vimos em textos anteriores, em especial na "Origem da Cabala".
As obras atribuídas a Hermes estão compiladas nos textos, posteriormente denominados, "Corpus Hermeticum" e a "Tábua de Esmeralda", os quais exerceram inquestionável influência sobre a filosofia helenística no início do primeiro milênio da Era Cristã, assim como em todo período da Idade Média e também no período renascentista, especialmente no estudo dos processos alquímicos que perlustraram todos estes períodos, incluindo o início da idade moderna. No início do Século XX, todo as leis, os princípios e as dissertações que as complementam, foram reunidas na obra "O Cabailion", redigidas por aqueles que se apresentaram como "Os Três Iniciados" — os quais nunca se souberam os próprios nomes e, nem mesmo, se eram realmente três pessoas diferentes — elaborados a partir dos escritos de Hermes. Este título, de imediato nos relembra a "Cabala", fato que não é uma mera coincidência, pois sua raiz etimológica possui a mesma significação do termo hebraico, significando "recepção".
Como já vimos no texto "As Sete Leis de Hermes e suas Aplicações", tais princípios são os fundamentos da dinâmica universal e seu próprio sequenciamento, sendo que, a partir deles, é que a própria divindade — a Consciência Universal Suprema — se manifesta em sua própria sequência de emanações, ou seja, estabelece sua presença em todos os aspectos da sua criação.
São estes:
1. O Princípio do Mentalismo: Tudo é mente, tudo é pensamento. O universo é mental.
Este primeiro princípio identifica o "pensamento", ou, mais precisamente, a natureza mental como a própria realidade universal e todo o sequenciamento cósmico que deriva de uma consciência suprema. Somos aquilo que pensamos, pois a plasmação da realidade se inicia no pensamento — o universo é, pois, um campo de energia mental em toda a sua infinita dimensionalidade — a energia que estrutura as maus ínfimas subpartículas daquilo que chamamos "matéria" é a mesma energia que chamamos "pensamento" — a essência da realidade em sua manifestação.
2. O Princípio da Correspondência: O que está em baixo é como o que está em cima. O que está fora é como o que está dentro — a correlação entre os planos.
Nesta segunda lei, constatamos que existe uma correspondência para todas as coisas, tudo se conecta, tudo está interligado no nosso universo — seja a nível macrocósmico, desde as super-novas, seja a nível microcósmico, como nós subníveis atômicos, onde se vislumbram os mecanismos quânticos. Todas as coisas seguem padrões matemáticos que se dispõem em uma sagrada geometria — Deus é o próprio universo manifesto — e o Homem, segundo o Sepher Bereshit (Livro do Gênesis), é a sua imagem e a sua semelhança.
3. O Princípio Hermético da Vibração: Nada está parado, tudo vibra; tudo se move.
O terceiro princípio explicita que tudo no universo está em movimento, a inércia nada mais é que um ponto referencial a outro corpo que expressa sua trajetória. Tudo se move, tudo vibra e interpenetra, não existe o estático, nem existe o vazio — "a natureza aborrece o vazio" — os átomos estão em constante vibração porque são estruturações energéticas. Nas elevadas frequências existem aquilo que não é visível — e que ocupa todo o espaço — nas frequências mais baixas está a densificação das energias — a aparente concretude da matéria. A harmonia e o caos são diferentes correspondências vibratórias. O universo se sequencia sob o fluxo da grandeza que chamamos "Tempo".
4. O Princípio da Polaridade: Tudo é dual. Todas as coisas possuem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual se completam. Os extremos se tocam. Todos os paradoxos podem ser reconciliáveis.
O quarto princípio nos explicita a polaridade do mundo. Todas as coisas são graduações de grandezas que se interpenetram. Tudo é dual em suas oposições: a luz, as trevas; o bem e o mal; o calor e o frio, masculino e feminino — são sempre faces ou gradações de um único sequenciamento. A dualidade, em sua integração e na soma de suas alternâncias, representa a unidade, onde se confluem as próprias gradações.
5. O Princípio do Ritmo: Tudo é fluxo e refluxo, tudo é cíclico, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação.
O quinto princípio nos mostra que o sequenciamento cósmico se enceta dentro de um dinamismo cíclico, o eterno ir e vir em fluxos e refluxos, de expulsões e atrações — Manvântaras e Pralayas (Ver texto da Cosmogênese) — dentro de uma "Respiração Divina". Aquilo que sobe tende a descer, incluindo as frequências mentais e os padrões fisiológicos dos organismos vivos. O ritmo também se expressa na própria tônica individual de cada ser — todos possuem um ritmo essencial no qual se adapta cada uma das particularidades. Cada ser possui suas próprias "marés" à semelhança dos oceanos.
6. O Princípio da Causa e Efeito: Toda causa tem o seu efeito, assim como todo efeito tem a sua causa. O acaso não existe.
Neste sexto princípio advém a compreensão de que todas as coisas são as consequências de causas anteriores e causas de consequências futuras — todas as ações têm suas reações — aqui se insere a Lei do Karma — nada se dá ao acaso. A grande maestria dos sábios está na compreensão plena desta lei, pois a partir de uma propagação precisa pode-se alcançar um efeito desejado, e, a partir da análise de uma circunstância, se poderá desvendar a origem de sua formação.
7. O Princípio do Gênero: O gênero está presente em todas as coisas e se manifesta em todos os planos da criação. Tudo tem seu princípio masculino e feminino.
Neste último princípio, e não menos importante, veremos que o gênero não se dá apenas a nível animal e reprodutivo. Os gêneros existentes nos seres vivos da escala zoológica, são as consequências físicas, ou o reflexo a nível físico do princípio que se estabelece nos planos astrais, mentais e também acima destes. Mesmo os astros possuem seu gênero, e toda a criação deriva dessas duas forças que são uma consequência do Princípio da Polaridade — o Yin e o Yang, onde se dá todo o equilíbrio que alicerça aquilo que chamamos vida.
Seguindo estas sete leis ou princípios, poderemos tecer alguns pontos fundamentais dos conceitos hermetistas, tais como a relação homem/universo na correspondência macrocósmica e microcósmica; a existência de uma força espiritual — energética — que estrutura a concretude material que a provê de forma é dinamismo, portanto intrínseca a esta; o relacionamento existente entre todas as coisas expresso em suas correspondências; a complementação entre as forças opostas; a meditação como ferramenta espiritual para a elevação gradual de níveis de consciência; e a característica essencial do universo que vem ser a "transformação" em infindáveis ciclos de sequenciamentos — onde podemos vislumbrar os conceitos essenciais das transmutações — a "grande e a pequena circulação" dos processos alquímicos.
Magia, Astrologia, Alquimia — explicitada no parágrafo anterior — Misticismo e Cabala — como veremos a seguir — são correspondências do profuso fluxo da corrente hermetista.
A Alquimia, considerada a mãe de inúmeras ciências, se evidencia no hermetismo dentro de uma perspectiva plenamente espiritual, onde a alegoria, preconizada dentro da Idade Média, na transformação do chumbo em ouro — através do Lápis Philosophorum, a "Pedra Filosofal" — se enceta no profundo simbolismo da própria "obra da regeneração" — o "Magnus Opus" da alta filosofia — que é a transformação do "chumbo da esperança" no "ouro da sabedoria", "a pedra bruta na pedra angular do Grande Templo do Espírito, o homem animal no homem espiritual, no renascimento crístico.
A Cabala Hermética.
Conforme explanações anteriores, vimos que Hermes grego corresponde a Toth egípcio, ou seja, o conhecimento esotérico egípcio adentrou na Grécia recebendo a intitulação de Hermes — o hermetismo. A Cabala Judaica — que também derivou do antigo conhecimento egípcio, através da iniciação de Moisés (o qual deu a este conhecimento a nomenclatura de Cabala) — adentrou na Europa de maneira mais abrangente após a Diáspora Judaica. A tradição hermética em contato com o conhecimento da cabala judaica (especialmente pelo legado de cabalistas judeus recentemente convertidos ao cristianismo) formou aquilo que posteriormente se denominou Cabala Hermética, incluindo neste cabedal a astrologia ocidental, o paganismo egípcio e o greco-romano (graças a esta última o advento do próprio termo "hermético"), o gnosticismo e a alquimia.
A Cabala Hermética, apesar de compartilhar amplamente inúmeros conceitos e bases da própria Cabala Judaica, difere desta última por estabelecer um sistema nitidamente sincrético, no acréscimo destes outros conhecimentos difundidos pelo continente europeu.
São inúmeros os autores representantes da Cabala Hermética, os quais têm suas obras como referências clássicas da vasta literatura esotérica, dentre estes poderemos citar Eliphas Levi, autor de obras como "A Chave dos Grandes Mistérios", "O Grande Arcano", "Dogma e Ritual da Alta Magia", "As Origens da Cabala", "Os Mistérios da Cabala", e tantos outros… Acrescentamos a este grande escritor outros não menos célebres, como Mestre Papus, Stanislas de Guaita, Jacob Boeheme, e os mais recentes como MacGregor Mathers — fundador da Ordem Hermética da Aurora Dourada, e também sua correligionária Dion Fortune, autora daquele que talvez seja o maior clássico de toda literatura específica da Cabala Hermética: "A Cabala Mística".
Não poderemos esquecer-nos de citar o grande sábio e mestre Paracelso, o idealizador da Medicina Hermética, especificada em sua obra "Liber Paragranun", onde explana sobre os quatro pilares da "medicina hermética": a Filosofia, a Astronomia, a Alquimia e a Virtude. Adentrar em seus vastos conceitos e ensinamentos, porém, exigiria um texto específico sobre tal assunto, sobretudo pela profusão das ideias que são desenvolvidas nos lindas deste tema.
Estenderíamos exaustivamente se fôssemos explanar todos os demais autores de obras notoriamente consagradas na cabala hermética, o essencial é ter conhecimento de que o hermetismo não está dissociado da cabala, e esta, por sua vez, intimamente ligada ao próprio hermetismo.
Os Pilares do Hermetismo.
São as bases do Hermetismo, os conceitos essenciais dos quais se desenvolve todo pensamento, ideia e também a prática hermetista.
O primeiro pilar ou a "viga mestra" do Hermetismo é a aceitação de que os seres prosseguem seu caminho do retorno de união com a própria divindade — para a qual são necessárias as progressões a níveis cada vez mais elevados de consciência até que seja alcançada a iluminação.
Tem como alicerce a natureza eclética dos ensinamentos, pois aceita as tradições esotéricas sem se enclausurar em dogmas pétreos, abrindo-se na abrangência das ideias que complementam os princípios explicitados anteriormente.
Aceita a existência de uma divindade única, porém, sob incontáveis formas de manifestações, já que se considera o próprio universo como uma emanação essencial da consciência suprema.
Seguindo a precedente consideração, estabelece as ideias, tanto da imanência divina, quanto a própria transcendência, pois Deus, além de seu aspecto incognoscível (transcendente), se manifesta em todas as coisas — seu caráter imanente da onipresença.
Novamente, seguindo as assertivas anteriores, define o bem em sua onipresença — pois se a divindade é imanente em todas as coisas, o universo essencialmente se consubstancia no bem — e, para que se possa encetar o caminho do retorno à divindade, é preciso compreender a essencialidade da própria natureza, que é a sua imanência: aqui temos a busca pelo conhecimento e pela verdade — o anseio espiritual da ascensão.
Apregoa o acesso aos planos sutis de existência — assim como as energias primordiais através da elevação à supraconsciência — estimulando a concentração, a meditação, assim como as práticas ritualísticas — onde podemos citar a Magia Teúrgica — e práticas ocultas do domínio das energias que estruturam a matéria — os processos alquímicos.
Estabelece o conceito no qual os caminhos espirituais passam pelos caminhos do mundo, ensinando a não se distanciar do mundo — ascetismo — mas sim vivenciá-lo para extrair o conhecimento que se adquire através do domínio dos seus elementos — tornar-se senhor dos elementos do mundo, não seus servos.
A tradição esotérica hermetista estabeleceu uma concepção visionária de pensamento, não estabelecendo dogmas e conceitos pétreos, fazendo com que fossem buscadas experiências místicas dentro de uma realidade predominantemente visionária. Tais concepções, ao longo do tempo, inspiraram novos prismas de observação do próprio mundo, gerando a formação de escolas de aprofundamento místico, entre as quais poderemos citar: A Ordem Rosacruz, Os Cavaleiros Templários e a própria Tradição Maçônica tanto em seus graus simbólicos quanto filosóficos — poderemos também incluir entre as escolas com marcantes influências herméticas a Golden Down, cujo próprio nome referenda a sua derivação — Ordem Hermética da Aurora Dourada.
O Hermetismo, conforme explanado no início do texto, vem ser uma tradição esotérica, um conjunto de ensinamentos do qual derivam inúmeras escolas filosóficas e iniciáticas — tendo como base a busca do conhecimento e a gradual elevação dos níveis de consciência. Este conhecimento o próprio hermetismo deu o nome de "gnosis", uma denominação grega também empregada pelas seitas primitivas cristãs conhecidas por "gnósticos", que, embora advindas da seita judaica dos essênios, captou a essência da sabedoria difundida no início do primeiro século da Era Cristã.
As Obras Tradicionais da Literatura Hermética.
Dissertaremos aqui sobre as três obras que discorrem especificamente sobre as bases originais do próprio hermetismo.
E, como já citamos preliminarmente no início do texto, são em número de três:
1. A "Tábua de Esmeralda".
2. O "Corpus Hermeticum".
3. O "Caibalion".
A "Tábua de Esmeralda" ou a "Tábua Smaragdina":
Vem ser um breve e misterioso texto que nos traz à luz os segredos da substância primordial (a energia essencial que permeia todo o universo, a raiz de todas as energias que se densificam na formação daquilo que chamamos por "matéria"), e todas as suas disposições e potencialidades. Este texto — que se revela como uma introdução da própria alquimia — tem sido confirmado pela ciência, especialmente após a formulação da teoria quântica.
Aqui transcrevemos seus versículos traduzidos do latim:
É verdade, certo é muito verdadeiro:
O que está em baixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está em baixo, para que se realize os milagres de uma única coisa.
E assim como todas as coisas vieram de Um, assim todas as coisas são únicas, por adaptação.
O Sol é o pai, a Lua é a mãe, o vento o embalou em seu ventre, a Terra é sua alma;
O Pai de toda Telesma (vontade) do mundo está nisto.
Seu poder é pleno, se é convertido em Terra.
Separarás a Terra do Fogo, o sutil do denso, suavemente e com grande perícia.
Sobe da terra para o Céu e desce novamente à Terra e recolhe a força das coisas superiores e inferiores.
Desse modo obterás a Glória do mundo.
E se afastarão de ti todas as trevas.
Nisto consiste o poder poderoso de todo poder:
Vencerás todas as coisas sutis e penetrarás em tudo o que é sólido.
Assim o mundo foi criado.
Esta é a fonte das admiráveis adaptações aqui iniciadas.
Por esta razão fui chamado Hermes Trimegisto, pois possuo as três partes da filosofia universal.
O que eu disse da Obra Solar é completo.
2. O "Corpus Hermeticum":
Vem ser um apanhado de inúmeros textos também atribuídos a Hermes Trimegisto.
Os textos que compõem este tratado se perderam ao eflúvio dos tempos, os quais, por uma estranha providência do próprio universo, foram sendo reencontrados em diversos lugares diferentes. Esta obra desenvolve o tema explicitado na Tábua Smaragdina, e tem papel fundamental no desenvolvimento dos mais profundos conceitos místicos e esotéricos.
3. "O Caibalion":
Esta obra, embora seja relativamente recente — 1908 — se inclui nas obras tradicionais da literatura hermética devido a estarem nela inseridos as condensações dos conhecimentos e fundamentos de Hermes Trimegisto, configurando-se como um clássico da literatura hermética.
Escrito pelos "Três Iniciados", mostra com muita sabedoria e nitidez a interpretação dos sete princípios do hermetismo, contendo essência dos seus ensinamentos.
Cada uma das sete leis vem a ser enunciadas e dirigidas em sua aplicação às próprias decorrências das circunstâncias da vida humana — em suas correspondências macro e microcósmica — tornando-se, conforme a consideração de inúmeros mestres do esoterismo, um dos "pilares do Movimento do Novo Pensamento de 1910".
O significado etimológico da palavra Caibalion — "Kybalion" — segundo explanações de autores esotéricos, tem como significado, em linguagem secreta "preceito manifestado por um ente de cima", pois possui a mesma raiz da palavra hebraica "Qabalah" — Cabala — cujo significado também seria "transmissão superior" ou "revelação superior".
Podemos concluir que as conexões com a essência da natureza, ou seja, com o próprio Todo Universal, pode ser encontrada através do hermetismo. E, ainda mais especificamente, nos indica que a chave está intrínseca ao próprio ser, pois, assim como o homem se insere no Todo, o Todo também se expressa na própria alma humana — Tudo é Um, todas as coisas se interpenetram e estabelecem correspondência. A conexão com o Todo indica o caminho do retorno — o retorno à unidade como da realização hermética — o conhecimento da própria essência — o sequenciamento das infindáveis transformações.
Paz e Luz
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