sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

ASTROS, MATIZES E FREQUÊNCIAS.

                             


     

 

        No universo tudo está relacionado, tudo está conectado. Conhecer as conexões é fundamental no estudo da alta magia, pois, através do inter-relacionamento das energias, poderemos acessar, canalizar e direcionar nossas intenções, dentro da perspectiva almejada.

 


        Sabemos que cada Chakra possui determinada matiz, e, cada matiz, subjetivamente, de acordo com a tônica individual de cada ser, provoca alguma sensação, e não apenas uma sensação, mas um efeito desencadeante na própria fisiologia do organismo. Da mesma maneira, a influência astral, cada astro possui sua matiz e sua frequência vibratória — os chakras da mesma forma, encetam seu padrão energético sobre os plexos e órgãos aos quais fazem correspondência. As cores possuem cada uma delas as suas próprias vibrações, os astros possuem as suas cores assim como os chakras, compreendendo a relação entre os astros e o homem, o qual possui em seu corpo etéreo os sete chakras relacionados aos sete planetas visíveis, se coordenam, ou se programam através do relacionamento com os sete espectros de colorações essenciais do universo. Conhecer tais fundamentos é algo muito valioso para o magista em seus trabalhos de canalização das energias.

 

        Iniciamos com a "Sequência ou Ordem Caldaica” dos astros visíveis — de acordo com a sua velocidade a qual contorna o circuito do Zodíaco*.

 

        *Fazemos aqui a sugestão à leitura dos textos anteriores "Compreendendo a Astrologia", profusamente detalhado em suas explanações.

 

        — A leitura de nosso texto, postado anteriormente "A Magia Teúrgica", facilitará o entendimento dos princípios, métodos e objetivos da Alta Magia.

 


        1. A Lua. Muitos astrólogos se referem à Lua como um planeta — de acordo com a Astrologia Clássica. Esta, na verdade, é o único satélite natural da Terra. Do mesmo modo, o Sol, que é a estrela onde gravitam todos os demais astros de nosso sistema.

        A cor correspondente à Lua é o Branco e a Prateada. O Branco é  a cor que representa a paz e a pureza. É o matiz resultante da somatória de todas as demais tonalidades, portanto, a frequência transformadora, presente na mutabilidade do astro que se transfigura em meio às lunações. Traz em si a serenidade da viajante do céu noturno.

        A cor prateada traz em si a representação "yin", a polaridade negativa em relação ao Sol, o Yang — vem ser a luz mais fraca, a penumbra em contraste com a claridade solar "yang". É o princípio feminino em sua disposição sonhadora, maternal e intuitiva. É a deusa consorte em seu papel materno nos luminares, aquela que preside a noite em sua mais bela sutileza a estimular os instintos.

 

        Nos trabalhos mágicos pode ser utilizada as velas brancas e os incensos das ervas lunares — já descritas no texto "A Medicina Secreta" de nossa autoria. Os trabalhos elaborados no plenilúnio são aqueles onde se desejam as plasmações, as invocações, consagrações e contatos com o mundo kamásico (Kama em sânscrito: "astral"), onde se manifestam as inúmeras afinidades extrafísicas, como a clarividência, clariaudiência, desdobramentos e projeções. Os trabalhos mágicos, Teúrgicos — alta magia — ou não, são elaborados na segunda feira, dia consagrado à Lua, iniciando, preferencialmente na "hora lunar" (Ver "Horas Mágicas” nos textos de Astrologias anteriormente postados).

        A Lua se relaciona o Chakra Anahata — o Chakra Cardíaco, emotivo, emocional e pulsante como os movimentos lunares em sua jornada zodiacal.

        Na Árvore da Vida da Cabala corresponde à Sephirah de Yesod — o Plano Astral.

 


        2. Mercúrio. Possui sua correspondência com a cor amarela.

        É o planeta mais próximo do sol — faz seu movimento de translação (giro ao redor do Sol) em 88 dias.

        Na mitologia vem ser o mensageiro dos deuses superiores, trazendo, em sua natureza cósmica, a agilidade de raciocínio, a comunicabilidade, o intercâmbio e o acesso ao conhecimento. Onde está o efeito comunicativo está a natureza cósmica do astro, permeando a escrita, a oralidade, o acesso, o contato e todos os efeitos da intercambialidade.

        Os trabalhos de mercúrio são realizados nas quartas feiras, dia consagrado ao astro.

        Assim como a Lua, traz em si a neutralidade, dependendo dos aspectos de outros astros a incidirem sua influencia. Benéfico junto aos benéficos, maléficos junto aos maléficos, na dependência das conjunções, oposições,  quadrantes e outros aspectos relevantes dentro da astrologia.

        Relaciona-se com o Chakra Vishuda — o Chakra da audição astral — justamente onde se manifesta a comunicação entre os dois mundos.

        Na Árvore da Vida da Cabala corresponde à Sephirah de Hod.

 

 


        3. Vênus. Tem como correspondência dia a cores: a cor rosa e a cor verde.

        É o segundo planeta mais próximo do Sol; também chamado de Vésper, a Estrela D'alva, a estrela da manhã, vista perfeitamente nas primeiras horas da manhã e também nas primeiras horas do anoitecer.

        “... Sou a resplandecente estrela da manhã" — Disse Jesus Cristo em Apocalipse 22, 16, em uma perspectiva simbólica de grande profundidade exegética.

        Na mitologia é consagrada como a deusa do amor. E, juntamente com Júpiter, perfazem o par dos chamados planetas benéficos — sendo Júpiter o Grande Benéfico e Vênus o pequeno planeta benéfico.

        Cada cor corresponde a um de seus atributos essenciais; a cor rosa carrega em si a delicadeza, o sentimento e as emoções consubstanciadas no amor — não apenas o "amor Eros" em sua atração ao encanto e à beleza, mas também em todas as dimensionalidades mais sublimes deste sentimento, seja nas relações familiares, seja nas amizades fraternas (o amor "Filum"), assim como no amor à humanidade, a todos os seres, na amplitude divina da convergência ao Todo — o "Amor Ágape".

        A cor verde tem relação com a fertilidade, com os sentimentos, as artes, com a fertilidade, seja ela reprodutiva ou na criatividade das ideias e prospectos.

        A Magia de Vênus tem por objetivo encetar tudo aquilo que exige equilíbrio, a busca de harmonização, o entendimento, a reconciliação, o encetamento à empatia recíproca, desvanecendo invejas, ciúmes, falta de afinidade.

        Os trabalhos de Vênus são feitos nas sextas feiras, com incensos de plantas de Vênus e velas com suas cores correspondentes.

        O Chakra correspondente a Vênus é o Swadhistana no plexo sacral. Na Árvore das Sephiroth — Árvore da Vida da Cabala — corresponde à Sephirah de Netszach.

 

 


       4. Marte. Correspondente à cor vermelha. Na mitologia representa o deus do belicismo — o senhor do fogo e da guerra, assim como a força, os instintos, libidos, a destreza e as paixões.

        Ele aparece como uma estrela avermelhada no início da noite, na direção nordeste.

        Os trabalhos são realizados nas terças feiras, dia de Marte, com inicio na hora também de Marte. Utilizam-se incensos com plantas relacionadas a Marte. E têm por objetivo a resolução de problemas relacionados à vitalidade, à fraqueza e a pusilanimidade, onde incluímos depressões, escassez de libido, ausência de ânimo e força vital.

        É considerado um planeta maléfico — o Pequeno Maléfico em associação com Saturno, o Grande Maléfico. No entanto, é fundamental, expor aqui que não existe no panteão cósmico nenhum astro eivado de malignidade — tudo tem um propósito e uma razão dentro do sequenciamento universal, seja como senhores kármicos, ou agentes de equilíbrio das potencialidades. Como disse certa vez um antigo sábio: "O mal é um bem que ainda foge à nossa compreensão".

        O Chakra relacionado a Marte vem ser o Muladhara, o Chakra raiz onde reside a potencialidade do Kundalini.

        Na Árvore da Vida da Cabala corresponde à Sephirah de Geburah.

 


        5. Sol. Possui duas cores correspondentes: o dourado e o amarelo.

        Como Astro-Rei, tem na matiz dourada sua plasmação à tudo aquilo que diz respeito à evidência, seja o êxito, o sucesso, e, até mesmo a riqueza na correspondência ao ouro e sua conotação com os bens materiais.

        Há também a riqueza essencial relacionada às frequências mais puras deste astro, que são as riquezas dentro da Espiritualidade, da luz e da iluminação, pois o "Doador da Vida" traz em si toda a natureza da aproximação, em torno do qual gravitam todos os astros na grandeza do encadeamento planetário do fluxo de vida e existência.

        A coloração laranja traz em si os aspectos do equilíbrio cósmico — no sequenciamento dos Solstícios e Equinócios, onde são definidos os ciclos que propulsionam a harmonia e o equilíbrio da natureza.

        A Magia solar é magnífica, pois este é o astro benéfico da iluminação. Tem em si a correspondência cabalística da Sephirah de Tipheteth, o centro da Árvore da Vida — a força equilibrante crística das luzes da ascensão.

        Os trabalhos solares são presididos no domingo, onde são canalizadas as energias de vida e luz, para o estabelecimento  físico, para expurgos e banimentos, para prosperidade e direcionamentos.

        Se utilizadas velas, estas deverão ser de coloração amarela e os incensos de plantas solares.

        Seu Chakra correspondente é o Manipura, também chamado Chakra do Plexo Solar.

 


        6. Júpiter. Possui a correspondência com as cores azul e roxa.

        É o maior planeta de nosso sistema solar. Vem ser o Grande Benéfico entre todos os astros.

       É simplesmente trezentas vezes maior que o planeta Terra.

       Sua tonalidade azulada está relacionada à equanimidade, ao propósito de justiça e honradez, assim como também tudo aquilo que procede da elevação, sejam sentimentos, perspectivas, estudos e anseios. 

        Já a tonalidade roxa possui as frequências da prosperidade, de tudo aquilo que se agiganta, que cresce positivamente, seja dentro da perspectiva material, seja da perspectiva espiritual.

        Sobre essa perspectiva espiritual, os rituais de Júpiter são os de maior positividade e eficiência dentro da alta magia. Seu dia é a quinta feira, dia no qual os magos Teúrgicos encetam seus rituais aproveitando as frequências propícias para a realização de seus trabalhos, sejam eles de cura, libertação, expurgos, banimentos, exorcismos e busca de circunstâncias favoráveis.

        Antigamente tais ritualísticas eram chamadas de "Noites das Velas Azuis" — hoje, no entanto, as perspectivas de tais rituais dispensam inúmeras práticas tradicionais, focando a elevação das consciências — supra consciência — para o acesso (captação), canalização e direcionamento das energias para os propósitos desejados.

        Júpiter faz correspondência com o Chakra Sahashara, chamado no ocidente de Coronário.

        Na Árvore da Vida, cabalística, corresponde à Sephirah de Chesed.

 

 


        7. Saturno. Possui correspondência a duas colorações distintas, o índigo e o preto.

        Na Árvore da Vida da Cabala corresponde à Sephirah de Binah, onde se iniciam as formas.

        Saturno é, dentro da Astrologia, considerado o Grande Maléfico, perfazendo junto com Marte, o Pequeno Maléfico, os planetas da negatividade energética. Mas, como citamos anteriormente em relação a Marte, não existem planetas maléficos, mas sim astros que possuem suas funções, dentro do sequenciamento cósmico, equilibrantes, como o Yin e o Yang, necessários ao equilíbrio do próprio dinamismo cósmico. 

        Sua tonalidade índiga estabelece uma frequência com os planos espirituais dentro de um dinamismo transformador, seja este nas circunstâncias, nos enlaces espirituais e na cura, quando se necessita de um equilíbrio energético que seja profícuo.

        Sua coloração preta, dentro da magia cabalística, estabelece uma frequência energética de blindagem contra energias indesejáveis. É a frequência do "corpo fechado", a proteção eficaz contra ataques do mundo espiritual, especialmente àqueles que possuem a "Tela Búdica" danificada, sendo alvo frequente das influências astrais inferiores. (sobre a Tela Búdica já postamos um texto anteriormente, presente nas apostilas).

        Tal proteção oferece blindagem não apenas de pessoas, mas também de lugares e propósitos.

        Seus rituais são executados no sábado, daí o nome Samadi do francês ou Saturday do inglês e também em diversas línguas do tronco indo-europeu, assim como do semita. A propósito, por curiosidade, alguns autores consideram o Deus bíblico como Saturno, por ter relação com o Sábado Judaico — talvez uma coincidência interessante da qual não temos como confirmar a voracidade, mas que também mereça ser estudada.

        Seja como for, a magia de Saturno traz muita eficiência para a neutralização e desvanecimento de magias negras e todo tipo de feitiçaria ligada à baixa magia.

        O Chakra correspondente à Saturno vem ser o Ajnã , o Chakra do Terceiro Olho, também chamado Olho de Shiva, que confere o desenvolvimento da visão astral.

 

 


 

                                   Trabalho com as frequências:

 

        O Magista trabalha essencialmente com frequências. Todo passo de qualquer ritualística são meras ancoragens para se estabelecer um grande poder intrínseco do homem chamado "Fé". Por esta razão os grandes magos dispensam rituais e práticas de ancoramento, e mesmo muitos sistemas mágicos, com o passar do tempo, gradativamente vem dispensando instrumentos, fórmulas e indumentárias.

        Todos os trabalhos, para maior efetividade, deverão estar alicerçados no princípio hermético da correspondência, para que possam ser acessados os mananciais de energias de mais plena sutileza.


 

        Sabemos que a matéria nada mais é que energia em seu estado maior de condensação, e toda forma de energia é uma potencialidade para que possam exercer atividade transformadora sobre a matéria. E, quanto maior a sutileza das energias acessadas, maior poder e efeito transformador terão sobre as energias mais densas, canalizando-se diretamente sobre inúmeros aspectos, formas e circunstâncias, nas quais uma vez direcionadas, realizam o propósito ao qual foi designado o trabalho.

        Os demais passos das ritualísticas, que se estabelecem junto ao princípio hermético da correspondência, se configuram como ancoragens para a acessibilidade aos campos energéticos superiores. Toda ancoragem é, na verdade é substituível, pois casa sistema mágico possui a sua ritualística própria. A razão de serem substituíveis provém da simples ideação de outro princípio hermético fundamental: “Tudo é Pensamento”. Pois as ancoragens são meros artifícios humanos para suprir um poder divino conferido ao gênero humano: a “Fé”; a qual o verdadeiro mago faz uso, sem dispor de qualquer ancoramento para a realização de seus propósitos e perspectivas. A “Semente de Mostarda” está ao alcance da supraconsciência, desde que o amor seja a viga mestra de todas as intenções e perspectivas. Da pequena semente nascem as grandes árvores, as quais se agigantam sob o zelo do sábio jardineiro.

 

Paz e Luz

 


sábado, 28 de outubro de 2023

SOU O OUTRO VOCÊ — EM OUTRAS CIRCUNSTÂNCIAS

 


 

 

 

        É conhecida uma saudação do povo maia: "in lak'ech ala k'in", cujo significado vem ser "eu sou você e você é eu". Não entraremos, porém, nas particularidades que inspiraram tal saudação deste povo tão singular, mas na grandeza metafísica que estas palavras vêm a sugerir. Um código vivo do coração humano traz em si, não apenas a ideia de integração e convergência, mas o entendimento do Espírito de Unidade que, na grande maioria dos casos, passa muito longe das concepções humanas no mundo atual.

 

        Seguimos os caminhos da auto realização, e, com o passar do tempo, descobrimos que tal meta está muito acima do nosso "eu menor", ilusório, impermanente, transitório, e, consequentemente, mortal. A sagração espiritual do gênero humano só pode ser alcançada quando o "Verdadeiro Eu" — o "Eu Maior" é vislumbrado através da elevação dos níveis de consciência.

 

        Mas, o que é o Eu Maior?

 

        É a "consciência crística", livre das ilusões do ego, o renascido na luz da unidade plena. É a consciência que nada julga e tudo compreende.

 


        Há uma frase, atribuída a Mahavatar Babaji, que traz em si talvez um dos maiores ensinamentos de elevação espiritual. Disse ele: "Não existe um santo sem passado, nem um pecador sem futuro".

 

        Todas nossas imperfeições são simples estágios de nossa longa caminhada através dos aeons.

 

        Todo ser iluminado, seja um mestre, seja um santo, seja um avatar de algum ciclo cósmico, já peregrinou pelos caminhos do erro, da insensatez, das trevas da ignorância. E todo ser, ainda que nefasto, eivado da mais abjeta egolatria criminosa, será transformado através dos longos períodos de jornada espiritual. Vivemos em um universo de transformações, o tempo — diz a sabedoria brâhmani — é a semente do próprio universo. A repugnante lagarta de hoje será a borboleta de amanhã. E a borboleta de hoje foi a lagarta de ontem.

 

        E o que as diferencia?

 

        A sucessão dos momentos!

 

        Somos uma resultante de infindáveis sequências circunstanciais, em contínua transformação entre "karmas" e "Dharmas".

 


        Certa vez, foi capturado um assassino estuprador. E, alguém que conhecemos, fez o seguinte comentário: "Um indivíduo desse tipo não tem concerto. Correto seria se houvesse pena de morte e eliminássemos esse câncer da nossa sociedade" — e acrescentou — "Diz um provérbio árabe: 'quem poupa o lobo condena as ovelhas!'".

 

        "Ele é você em outras circunstâncias" — disse um velho mestre ao ouvir seu comentário.

 

        "Eu, em meu juízo perfeito, jamais cometeria tais atitudes abomináveis, velho Mestre, e você sabe perfeitamente disso porque me conhece melhor do que eu mesmo" — asseverou o jovem.

 

        "Certamente que não" — respondeu o mestre — "porém, eu disse 'em outras circunstâncias', se o seu espírito, nos primórdios de sua formação, seguisse os mesmos caminhos evolutivos que a alma dele sequenciou".

 

        "Cada um de nós segue seu próprio caminho" — acrescentou o mestre — "Por essa razão há infindáveis graus evolutivos e toda diferença de caráter, de espírito e de entendimento".

 


        Mas por que há tantos caminhos diferentes, tanta diversidade de seres, tanta maldade entremeando os caminhos do amor e da luz?

 

        Lembremos que, se não existisse o mal, como compreenderíamos a grandeza do amor? Jamais reconheceríamos o amor se não soubéssemos o que é o ódio.

 

        O mal é um de nossos maiores mestres.

 

        Disse um sábio: "Aprendi a tolerância com os intolerantes. Aprendi a sensatez com os insensatos. Aprendi a mansidão com os violentos. Aprendi o respeito com os escarnecedores. Aprendi a ser humilde com os arrogantes".

 


       Sim. São estes mestres rigorosos, mas eficientemente efetivos.

 

        Por esta razão, outro sábio disse a seus discípulos: "O mal é um bem que ainda não compreendemos".

 

        Os caminhos da luz passam pelas regiões mais sombrias e escabrosas. Sem a sombra não existiria a luz e sem a luz não existem, e sem a luz não existiriam as sombras. Uma é necessária à outra para que haja um perfeito equilíbrio. São gradações de uma mesma grandeza.

 


        As verdadeiras batalhas travadas, ao longo da história da humanidade, não são entre o bem e o mal, nem entre a luz e as trevas. A batalha que se faz presente desde o início da jornada evolutiva é entre a verdade e a mentira, a realidade e a ilusão, a consciência e a ignorância.

 

        Disse-nos, certa vez, um mestre dos ensinamentos metafísicos: "Nascemos da energia primordial. Estávamos todos integrados nessa mesma energia. Éramos todos essa energia. Houve então a densificação energética, iniciou-se o caminho das diferenciações. Infinitos níveis de densidade surgiram da própria sutileza. Foram abertos os caminhos das mais diversas circunstâncias".

 

        Sim. Éramos Um. E, na verdade, continuamos sendo Um — se observarmos o universo libertos de "Maya" — as ilusões.

 


        Seguimos a grande viagem do Espírito, chamada vida. Não a vida inserida no contexto de nascimento e desenlace do plano físico, mas a vida que o Espírito trafega entre os planos das diferentes frequências de vibração. Poderemos encontrar inúmeras pessoas ao longo do trajeto, em um mesmo tempo e um mesmo local. No entanto, em diferentes graus de compreensão do universo, da vida e do próprio ser. O "Eu" compreende que cada ser é um viajante no caminho dos aeons. Todos entramos "cegos" nessas veredas que transpassam os horizontes celestes. Começamos, todavia, a visualizar pequenas luzes em meio aos caminhos escuros. Muito a são aqueles que acreditam ser estas pequenas luzes a grande compreensão de todas as coisas e inconscientemente se acham sábios — a pior das ilusões não é a ignorância em si, mas a falsa ilusão do conhecimento — é muito difícil alguém aprender algo que ele acredita que já sabe, ainda que de maneira errônea. Mas, somos sábios diante de ignorantes, assim como somos ignorantes diante daqueles que são ainda mais sábios. Há degraus que já galgamos e degraus que estamos ainda por alcançar. Muito mais difícil que atingir degraus mais elevados é compreender aqueles que ainda trilha degraus inferiores, pois nos acostumamos a esquecer que já estivemos nesses degraus mais ínfimos.

 


        As luzes, gradualmente vão clareando mais e mais conforme prosseguimos ao longo do caminho. Clareando não apenas a nossa visão da trilha que deve ser seguida, mas a compreensão de que somos um momento — um ser anestesiado pela materialidade — que começa a recobrar os seus sentidos e compreender aqueles que seguem a jornada ainda entorpecidos.

 

        "Mas a vereda dos justos é como a luz da alvorada, que vai brilhando mais e mais até ser o dia perfeito". (Provérbios 4, 18).

 


        O "Dia Perfeito" é aquele em que compreendemos perfeitamente a afirmação do povo maia: "Eu sou o outro você!" Nós somos Um — e este é o entendimento daquele que ensina, e pode, com toda compreensão dizer: "Atire a primeira pedra, aquele que se achar perfeito".

 

        Para todas as coisas há seu tempo e modo.

 

        Não adianta adquirir um vasto conhecimento das coisas se não conhecemos o básico: nós mesmos. Conhecemos a nós perfeitamente quando nos vemos em cada ser, em cada circunstância, em cada momento da jornada.

 


        Disse um místico: "Eu era eu e ela era ela. E nós demos as mãos, nos abraçamos fundindo nossa essência dissolvendo toda a separatividade. E por fim olhei em seus olhos como se olhasse em um espelho".

 

        "Esperarei você chegar no caminho das pedras altas" — Disse um sábio hindu — alçarei meus braços para que alcance novos estágios. Depois andaremos juntos, olhando o mundo através de seus olhos e você através dos meus".

 

        Quem teve a oportunidade de ler "Viagem por um Mar Desconhecido", de Jiddu Krishnamurti, certamente concluiu que os caminhos elevados requerem o desprendimento para que possam ser alcançados. O peso do ego dificulta galgar as grandes altitudes. Quanto mais "leves" mais parecidos nos tornamos com aqueles que também se tornaram "leves". Até que nos tornamos iguais, até que nos tornamos Um, atravessando mares e elevando nosso ser às místicas altitudes dos tabernáculos eternos.

 


        Em nossas vidas sempre iremos nos defrontar com as duas pessoas citadas pelo mestre Babaji. Um santo com seu passado e um pecador com seu futuro podem ser muito mais que meras considerações metafísicas. Cada uma dessas duas figuras são o nosso próprio ser desmembrado na sequência das diferenciações. São os nossos mestres do maior entendimento para o verdadeiro caminho da convergência à unidade. É preciso somente que olhemos nos olhos de cada um deles, “como se olhássemos diante de um espelho, podendo dizer, com a voz do espírito: Eu sou o outro você, em outras circunstâncias — e somos o mesmo ser se as circunstâncias não mais existirem“.

 

 

        Paz e Luz.