sexta-feira, 18 de março de 2022

MERKABAH

                                                     


 

         Merkabah é uma palavra hebraica, que, na sua forma original, "Merkavah", significa carruagem. Mas seu sentido essencial vai muito mais além daquilo que a palavra promove em sua designação. É um veículo ascensional, que intersecciona os mundos, desde Malkuth até Kether. Poderia dizer que Merkabah é o veículo de luz que transporta o espírito para dimensões mais elevadas, porém, as dimensões são puramente estados de consciência, e, como a consciência suprema também está dentro de nós, poderia dizer que Merkabah não se configura, filosoficamente como um veículo, mas como um "acesso".

        No imaginário humano, porém, já está configurada sua expressão como veículo (vemos na bíblia a descrição de uma carruagem de fogo que conduziu o arrebatamento do Profeta Elias), e, como tal descreveremos para que seu estudo possa ser mais facilmente compreendido.

        Acima da Sephirah de Binah já não existem aquilo que conhecemos como forma. As emanações de Chokmah e Kether se traduzem em essências, o existencialismo em seu aspecto primordial. Enoque, em sua ascensão ao sétimo céu (O Livro da Ascensão de Enoque), relata que nestes planos de existência não mais existem os lados esquerdo ou direito. O campo de Luz de Merkabah gira nos dois sentidos, horário e anti-horário, ou seja, sua resultante vetorial se anula entre tempos e espaços. Vou ainda mais além: sua resultante vetorial transcende tempos e espaços, pois medra sua essencialidade entre infinitas realidades, entre eternas paragens de dinamizações energéticas.


 

        Tudo é análogo no universo onde as correspondências reciclam continuamente os caminhos evolutivos. Assim como a luz das residências derivam das centrais e usinas hidrelétricas. A luz de Merkabah deriva daquilo que, simbolicamente, é representado pelos vinte quatro anciãos, assentados à direita do criador. O número vinte quatro é duas vezes o doze. O número doze é o três na redução cabalística, o número divino do ternário, cuja derivação se faz no próprio sequenciamento da existência. Duas vezes o doze são os caminhos, da descida e da Ascensão, da concretude das identificações em Malkuth, até a sublimação nos caminhos de "Hekhalot", o palácio celestial da glória divina. A queda em Adam Belial até a ascensão em Adam Kadmon, o resgate na senda da regeneração, dentro da divina respiração que edifica os mundos.

        Merkabah tem a sua correspondência plena com a sagrada geometria que dimensiona o próprio universo. O simbolismo da Estrela Tetraédrica traz em si a árvore da vida dentro do divino  sequenciamento que sintetiza tempos e espaços. O universo é esquadrinhado nessa geometria onde eternidades e infinitos se entrelaçam dimensionando a existência.

        Muito se fala na ativação de Merkabah, no entanto, este processo só é possível ao homem quando ele próprio transcende sua condição humana.

 

 


        Há três requisitos fundamentais na ativação deste acesso, ou veículo de transcendência, o primeiro deles é o amor incondicional, a consciência crística que suprime o ego e sua intrínseca idolatria enfaticamente condenada no mosaísmo. O segundo é a abertura do chakra Anahata, ou cardíaco, para que sejam ativados os demais chakras superiores, o Vishuda, o Ajnã e o Sahashara. E este processo se dá através da meditação e práticas respiratórias na absorção do Prâna. O terceiro, não menos essencial, é a mentalização, a concentração e a meditação da Estrela Tetraédrica, a chave mestra da sublime realização.

        A visão de Ezequiel é um vislumbre do grande veículo das cintilações, aquele que consegue compreender a sua verdadeira essência tem a chave do portal do recinto sagrado, o acesso às elevadas dimensões.

        Uma vez ativado o veículo de luz, também são ativados todos os canais energéticos presentes tanto no corpo etéreo quanto físico, fazendo com que os dons espirituais, sem medida, sejam manifestos. 


 

        Os grandes mestres são unânimes em afirmar que, até o final do ciclo cósmico, da sétima ronda planetária, um terço de toda humanidade terá projetado o próprio ser nas elevadas dimensões espirituais, ou seja, ativado o veículo da luz de Merkabah.

        Quando se diz Carruagem Celeste, vem em mente algo distante, quase inacessível. No entanto, o céu nada mais é que um estado de espírito, a energia primordial onde estão estruturadas todas as demais energias, inclusive a própria densidade física. Como já disse um grande mestre: "Estamos adormecidos nos portais do próprio paraíso". Merkabah é, pois, a luz que se descortina aos olhos daqueles que despertam de seu sono. E só acordamos para a luz a partir do momento que morremos para as trevas.

 

         Paz e Luz.

 


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