O Princípio da Divisibilidade no Esoterismo.
A chave mestra do entendimento e do domínio das energias sutis.
Em 1808, o químico inglês John Dalton formulou sua Teoria Atômica, na qual, entre inúmeras outras referências em seus postulados, asseverou que a matéria era formada por átomos, pequenas partículas maciças, esféricas e indivisíveis. A designação "átomo", no entanto, é mais de um milênio mais antiga que as primeiras conclusões de Dalton. As primeiras referências a este íntimo constituinte da matéria proveio de filósofos gregos pré-socráticos, do quinto século anterior à era cristã, como Leucipo de Abdera e seu discípulo Demócrito, os quais denominaram "átomos", cujo significado na língua grega é, justamente, "indivisível".
Aqui podemos ver que tanto a ciência quanto à antiga filosofia inúmeras vezes presumiu o inalcançável, simplesmente porque a mente humana ainda tem a inerente dificuldade de compreender o infinito.
Certa vez o velho mestre explicava a alguns de seus alunos a essência das coisas existentes, e disse que, se pudéssemos dividir continuamente a matéria, passaríamos toda a eternidade efetuando esta divisão, e se pudéssemos viajar eternamente pelo espaço jamais encontraríamos seu término. O aluno mais velho, então, ilustrou o gráfico da tangente, onde sempre se aproxima das assíntotas verticais, porém, sem nunca alcançá-las.
O homem se encontra entre duas eternidades e entre dois infinitos, disse certa vez o velho, que não tinha estudo superior, mas definiu bem a matemática do infinito, ou da infinita divisibilidade, se dispuséssemos da eternidade, poderíamos colocar infinitos zeros na frente do número 1, e, ao contrário, poderíamos colocar infinitos zeros após uma vírgula, à direita do número um. Existe um infinito macrocósmico, e um infinito microcósmico, toda uma eternidade anterior ao nosso agora, e toda uma eternidade posterior ao nosso momento. A matéria é a aglomeração ou condensação das energias, e estas se dividem infinitamente em seu grau de sutileza, o domínio das sutilezas representa o domínio da concretude. Aqui estão as chaves de toda a alta magia e de todas as transmutações. A concretude do "todo" visível está alicerçada na sutileza daquilo que parece ser o "nada". A natureza aborrece os vazios. O nada simplesmente não existe. A indivisibilidade não existe. Aqui formamos o "paradoxo do ser": a inexistência não existe. Aquilo que não entendemos, poderemos sentir. Vamos adentrar nos mistérios do próprio sentido de ser, e de existir.
A intimidade da Matéria.
Tudo é divisível, até mesmo as energias mais aguerridas, como veremos no transcorrer do texto. Todas as coisas visíveis estão estruturadas nas invisíveis. É importante dizer que matéria e energia são conceitos complementares. Já disseram alguns professores de química que a energia une as partículas formadoras da matéria, mas essas partículas também são energias em sua própria conformação. O próprio Alberto Einstein, eminente físico que demonstrou a Teoria da Relatividade, proporcionalizou a matéria e a energia através da equação matemática E=m.v², a energia é igual a massa vezes a velocidade da luz ao quadrado. Uma condição de igualdade entre ambas, fazendo-se diretamente proporcionais.
Sem prolações vamos observar o núcleo de um átomo, o qual é composto por prótons e nêutrons. Aquilo que era considerado indivisível já demonstra sua divisibilidade...
E vamos mais além...
Tanto os prótons quanto os nêutrons são constituídos por partículas elementares denominadas Quarks, o próton possui um Quark down e dois quarks up, e o nêutron, dois quarks down e um quark up; e é isso que os diferenciam. O que mantêm unidos os quarks no interior dos prótons e nêutrons são os glúons, uma força nuclear forte, que faz dos prótons e nêutrons partículas subatômicas extremamente difíceis de fragmentarem. No entanto, é possível. Muito mais difícil que a fissão nuclear, mas, já se conhece seus elementos constituintes, e, tais elementos assim como as inúmeras outras partículas subatômicas nada mais são que energias, ora se comportando como onda, ora como partículas, tudo dependerá apenas do observador. E, cada vez que adentramos em cada uma dessas "partículas", veremos que são energias de determinada sutileza, estruturada por outras energias de sutileza ainda maior, e assim por diante. O aparente vazio é, na verdade, um conglomerado de energias de ínfima sutileza. No espaço onde se acreditava vazio, percorrem os fótons, o gráviton e aquilo que se denominou recentemente "matéria escura", supostamente responsável pela expansão do nosso universo.
Aquilo que forma uma partícula microscópica tem a mesma essência formadora que aquilo que também forma uma Super Nova. Tudo aquilo que existe é formado por energias, o que difere são seus infinitos graus de sutileza e condensação. O próprio pensamento é energia, e como tudo está intrigado por conexões energéticas sutis no universo, todas as coisas são passíveis de interação, onde as energias sutis são as estruturadoras das energias mais densas, daí o poder do pensamento em concretizar tudo aquilo que a sutileza do universo predispõe. A mente é uma gradação energética que se conecta com a vastidão do universo, e, como as energias de maior sutileza, também chamadas de primordiais, unem os infinitos, podemos dizer que vivemos no universo não só das infinitas divisibilidades, mas também no universo das infinitas possibilidades.
Os Caminhos Evolutivos.
É um grande engano de muitas ordens esotéricas afirmar que somos seres espirituais passando por uma experiência material. Pois aquilo que se chama "espírito humano", assim como o próprio corpo físico, é o resultado de bilhões de anos de sequenciamentos evolutivos.
Em textos anteriores já mencionamos a evolução a partir dos primeiros rudimentos daquilo que se convencionou chamar de vida. Os primeiros seres são agregados de aminoácidos e derivados proteicos, assim como toda escala zoológica, que consiste de agregados gradativos de sequenciamentos previamente estabelecidos. No próprio homem estão implícitas todas as etapas da cadeia evolutiva, assim como em cada qualquer outro ser, onde podemos ver todas as etapas subsequentes que a natureza descreveu para que tal ser chegasse ao que ele é, ou no grau evolutivo em que ele está.
Perguntaram certa vez se os animais tinham alma. O homem difere dos animais apenas pelo grau evolutivo em que se encontra. Todas as coisas possuem uma estrutura sutil que dá sua conformação concreta. O próprio átomo possui uma infinita gradação de energias sutis que são as bases de suas partículas. Todas as coisas físicas possuem sua estruturação astral. Mas o que seria o "astral"? O que se convencionou chamar de Plano Astral é, nada mais, que o estado vibratório mais sutil que permeia nosso Plano Físico. Ou seja, as energias de maior sutileza que estruturam a concretude visível. É muito comum, até mesmo entre neófitos de escolas esotéricas, acreditarem que o astral é um mundo distante. O astral está aqui, onde estamos, em diferente estado de frequência vibratória de energias. É também muito comum associarem o Plano Astral à "esfera sublunar”, mas o astral não fica em nosso satélite natural e em nenhum dos outros planetas, embora cada região do universo tenha sua contraparte energética sutil; simplesmente as forças astrais são mais fortes durante o plenilúnio, devido à maior densificação das energias durante este período de maior elevado magnetismo, o fenômeno das marés autentica esta diferenciação energética. Ocorre, então, durante esta fase lunar, um afloramento de energias, e não uma aproximação de mundos, simplesmente porque os mundos estão sobrepostos em suas gradações sequenciais. Aquilo que vulgarmente convencionou-se denominar "mundo espiritual", nada mais é que uma frequência de energia de maior sutileza. Troquemos a palavra espírito por energia, psicologicamente a superstição dará seu lugar à uma disposição plasmada na realidade quântica.
Todas as coisas são moldadas no dinamismo transformador onde as energias se integram. Este dinamismo é a evolução, onde o visível tem seu paralelo invisível. Nenhuma forma densa se evolui sem que haja transformações em suas estruturações sutis. Assim como o corpo humano é uma sequência evolutiva de estágios mais rudimentares, sua contraparte energética, ou "espírito", vem ser o agrupamento aprimorado das energias advindas destes rudimentos.
Assim como o próton, ou o nêutron, que aparentam uma indivisibilidade baseada na forte coesão de estruturas menores, no caso os Quarks, o "espírito" humano também traz uma aparente indivisibilidade, mas é composto por inúmeros "eus", ou infindáveis outros sequenciamentos energéticos que se aderiram na escala evolutiva, e por esta razão pode crescer, aglutinar, agregar ou até mesmo fragmentar em sua jornada através dos eons. Aquilo que chamamos "eu" é uma mera ilusão, assim como todas as coisas envoltas em transitoriedade. Os brâmanes já conheciam a natureza secreta de todas as coisas, a própria alma transitória do mundo, envolta em impermanência, à qual chamavam "Maya", cujo significado em sânscrito nada mais é que "ilusão". Além desta ilusão está o Eu maior, onde se aglutinam os elevadíssimos graus de consciência. Mas poderá alguém me perguntar: "Esta aglutinação é o fim de nossa existência? É a aniquilação?"
O Eu maior não é uma aniquilação justamente porque se chama "Eu", e não outra coisa. E, quanto à aglutinação, somos as aglutinações de outros "eus" ainda menores. Os caminhos evolutivos são sínteses, e a Grande Síntese é nosso retorno à unidade, ampla, eterna, infinita, onde todas as diversidades de complementam. O Todo é uma integração das infinitas unidades em um processo de tempos sem fim.
As Interações e Desintegrações.
Quando muitas pessoas se unem em propósitos comuns, orações e metas, suas mentes formam aquilo que chamamos egrégora. E isto vem ser um aglutinado energético de grande poder e força. Não é um ser de individualidade própria, mas um determinado padrão energético que realiza anseios, que promove a plasmação de objetivos, que confere amparo e proteção.
Um pedido sincero de orações a um determinado grupo de pessoas possui um poder muito maior na somatória da fé que um indivíduo isolado. Mas se almas de diferentes níveis de consciência e diferentes níveis de evolução espiritual conseguem uma fusão energético, na forma de egrégora, imaginemos um grupo, se assim for possível ser formado, constituído por pessoas de um mesmo padrão de níveis de consciência, e evolução espiritual elevada, o poder então se potencializa, formam-se egrégoras de luz. No plano físico a formação de tais agrupamentos é muito difícil, não impossível, mas raros são os pequenos núcleos que assim se formam. No Astral já é diferente. Pois, nestes planos de maior sutileza, as entidades se aproximam umas às outras através das próprias vibrações que se assemelham e vibram em uma sintonia uníssona. É claro que se formam, nesses planos, inúmeras associações de acordo com a similitude das frequências, aquelas que são de luz atuam dentro de uma tônica de mais elevada sutileza, porém existem aquelas cujas vibrações mais densas se atraem, e se congregam da mesma forma que as elevadas, formando aquilo que chamamos "correntes" astrais, onde muitas delas se manifestam no plano físico, através dos contatos mediúnicos, com determinados nomes, alguns com nomes de um determinado mestre, outras com nomes de determinados anjos, outras mais atrasadas com nomes que variam desde títulos de personagens e até nomes popularizado de demônios ou outros seres que povoam o imaginário popular da terra.
Ainda no âmbito das egrégoras de seres espirituais altamente evoluídos mas que ainda não se fundiram com o Todo, devido à equivalência espiritual tais seres de fundem, se tornam Um. Conforme explanamos em textos anteriores, repito aqui a analogia das águas: nós os seres humanos comuns, no caminho da evolução, somos como pequenos riachos, formados por rios menores, e estes formados por veios d'água, desde as menores gotículas. À medida que evoluímos, juntamos nossas águas com os grandes rios. Estes grandes rios são estes seres "altamente evoluídos" mencionados a pouco, antes de juntarem suas águas no Oceano, o Eu maior divino em sua totalidade. Estes seres, como "grandes rios" formam as grandes fraternidades. Imaginemos Saint Germain, sua antiga identidade que respondia a este nome, devido à sua grande evolução já está aderida a tantas outras de iguais elevação de espírito, por isto os "seres" que pertencem à Grande Fraternidade Branca, apregoada pela Teosofia, não são mais seres separados, isolados, com seus nomes indicando individualidades diversas. São unos na essência elevada que seus seres atingiram ao longo dos incontáveis tempos. Assim são os Bodisattwas anteriores à entrada no Nirvana. Nossos caminhos se cruzam nos "elevados campos das energias cintilantes", e muitos desses caminhos se confluem, como as águas no caminho que fazem para o mar.
O espírito não é, portanto, uma mônada, maciça e indivisível. É uma energia que congrega, adere, integra, une e funde às outras energias que se interpenetram.
Assim como se aglutinam tais energias podem, no entanto, se fragmentar. E esta fragmentação ocorre quando se faz o caminho inverso. Um rio que não segue seu fluxo para os caminhos dos mares terá suas águas dissipada mas areias do deserto. Assim como a evolução nos proporcionou a unidade da qual hoje somos e fazemos uso, a involução separa toda a agregação formada nos caminhos ascensionais. Mas poderão argumentar: "Não existe involução, este é um aspecto dogmático e doutrinário de inúmeras correntes espiritualistas!" A própria natureza esclarece algumas dúvidas. Tudo é análogo no universo. Na natureza há a exuberância, mas há também a degradação. As transformações ósseas só se dão através da ação conjuntas dos osteoblastos, células ósseas produtoras, e os osteoclastos, células ósseas destruidoras. Uma lagoa isolada tende ao acúmulo de detritos, estagnação e consequentemente destruição. Tudo no universo são transformações, e estamos inseridos neste universo eivado de dinamismo. Para guiar a nossa própria transformação não dependemos dos eflúvios do acaso, mas do direcionamento estabelecido através de nossa própria consciência. Se tudo seguisse um caminho único, onde todas as coisas se acertassem ao próprio sabor do tempo, não precisaríamos de tantos mestres, tantos profetas, avataras e mártires para restabelecer caminhos à humanidade. Segundo a mais profusa e velada literatura esotérica, a humanidade já sofreu inúmeras regressões, como na Atlântida e em vários outros aspectos que poderíamos aqui citar desde os períodos lemurianos. Toda fragmentação possui na natureza o propósito de se reorganizar. A involução prenuncia os processos desagregadores, para que se possam surgir novos seres que seguem o caminho sem olhar para trás. Aqui está a alegoria bíblica da esposa de Lot, transformada em uma estátua de sal pelo descumprimento da ordem de não volver para trás. Saímos da era da crença e entramos na era do conhecimento. Pecar contra o Espírito é desprezar a condição humana, desprezar até a condição animal do reino que pertencemos, para se tornar monstruosidade, este é o caminho inverso, a destruição do próprio templo da luz espiritual.
O Acesso às Energias Sutis.
Como referido anteriormente, a matéria nada mais é que a densificação das energias, e toda energia de maior densidade está estruturada ou alicerçada nas energias de maior grau de sutileza em gradações infinitas. Tudo aquilo que existe é energia. O universo é energia, aquilo que chamamos vida é o fluxo dinâmico de energias, e, é claro, nossos pensamentos são energias. Somos o resultado de nossas ações pretéritas, e toda ação é o resultado do próprio pensamento, logo, somos aquilo que pensamos. Nossa condição, em cada momento, é a resposta que o universo, o grande manancial eterno e infinito de energias, nos envia de acordo com nossos pensamentos. Ter o domínio e o direcionamento daquilo que pensamos é edificar o "templo" onde repousa nossa própria essência.
Se acreditarmos firmemente em algo, isto será plasmado no Astral, por isso é fundamental a positividade. O pessimismo, a lamúria, a reclamação atraem as energias que lhes são próprias. Alguém com caráter extremamente pessimista jamais terá êxito em qualquer empreitada, pois o pessimismo é uma energia nociva, e como tal, atrairá energias também nocivas, que irão bloquear as energias positivas necessárias a todo bom prospecto.
A fé remove montanhas, reza o ditado antigo. E isto é verdadeiro, pois na fé está o poder divino que pode todas as coisas. Todos os sistemas mágicos possuem seu poder estruturado na fé. E alcançam esta fé através dos ancoramentos psíquico espirituais presentes em suas ritualísticas. Os grandes magos, no entanto, não necessitam de ancoragens, pois já são conscientes dos poderes que lhes são inerentes, ou melhor, têm a consciência do poder que é inerente em cada ser.
Na Índia este poder, conhecido pelos grandes yogues, é chamado de Kryiashakty. Mas não será com nomes difíceis que é possível tomar consciência deste poder intrínsecos, assim como nas primeiras cartilhas de alfabetização, esta consciência é forjada de maneira simples e gradativa. Uma pessoa capaz de ler entender grandes tratados de físico-química, jamais o teria conseguido se não fosse o aprendizado nas pequenas cartilhas das primeiras letras. A mente é veloz e arredia como um cavalo selvagem, e seu domínio se dá através da capacidade volitiva de cada ser. Acreditar em si é o primeiro passo, e isto se dá através da concentração. Porém a concentração, ou Dharana, deve ser associada à consciência de que a divindade se faz onipresente, e nesta onipresença está incluído o nosso próprio ser. Somos a centelha divina, o Jivatman em ação sobre todos os veículos de integração com os mundos.
Exercício da Tela Mental de Acordo com os Princípios da Divisibilidade.
Este exercício só pôde ser divulgado a partir do ano de 2005. É conhecido em vários sistemas mágicos com poucas diferenças entre um e outro sistema. Após poucas séries deste exercício, desde que feito de maneira correta, serão transformadas as perspectivas da relação do indivíduo com sua mente, tonificando suas forças mentais intrínsecas assim como exercendo seu domínio, e, consequente, seu direcionamento no controle das energias sutis.
Em algum local onde é possível relaxar comodamente, experimentemos fechar os nossos olhos. Não é preciso estar em um local de pouca iluminação, apenas um local tranquilo livre de perturbações. Com os olhos fechados muitas imagens difusas começam a se formar, estamos diante da tela mental, na qual iremos mentalizar imagens e concentrar em sua conformação.
Primeiramente deveremos mentalizar a figura de um Pentagrama, logicamente com o vértice do Espírito voltado para cima. É muito bom visualizar antes a figura de um Pentagrama, e fixar em todos seus detalhes. Isto facilitará, e muito, o exercício inicial. Na escuridão de nossa tela mental veremos ir surgindo, aos poucos, a figura do Pentagrama; é muito comum no início formar imagens distorcidas que se corrigirão à medida que aumentarmos nossa concentração na própria figura. Após firmarmos a figura correta de um Pentagrama, deveremos criar mais uma em seu lado esquerdo, fixada esta, deveremos ficar outra idêntica em seu lado direito, de modo que tenhamos, desenhadas em nossa tela, três figuras exatas de Pentagramas iguais entre si. É essencial que façamos uma concentração focada nestas três disposições geométricas por um período de tempo suficiente para que, posteriormente, possamos plasmar facilmente a figura do Pentagrama sob nossa visão astral, como veremos mais adiante. Após esta focalização, voltemos a focar apenas um pentagrama, e distanciemos deste até que suma de nossa vista.
O Pentagrama é uma figura essencial para toda prática esotérica, pois nele estão contidos os quatro elementos essenciais sob o domínio do espírito, na conformação que faz correspondência com o dinamismo cósmico e todo o sequenciamento energético que equaciona o universo.
Deveremos prosseguir com aquilo que, em alta magia é conhecido como "junção dos caminhos". Mentalizemos na tela um ponto luminoso ao longe. Em nossa mente deveremos fazer a aproximação com este ponto distante. Porém, à medida que aproximamos, deveremos fazer com que este ponto comece a se dividir em duas partes, uma à esquerda, outra à direita. Devemos então prosseguir a aproximação. Notaremos então que conforme aproximarmos ocorre a constatação de que são "duas fogueiras", entre as quais seguiremos nosso caminho, o qual se encontra iluminado pelas duplas chamas. (Aqueles que possuem familiaridade com o sistema mágico teúrgico sabem o quanto é essencial esta prática anterior aos exercícios).
Mentalizemos um ponto luminoso mais adiante, o qual, à nossa aproximação se torna uma pequena fogueira sobre o chão. Paremos diante deste luzeiro. Ele será o nosso guardião. Sobre esta área iluminada pensemos em um olho, e este olho lentamente se projetará em nossa tela mental. Às vezes, a partir deste olho, começa a querer ser plasmado um rosto. Não deveremos deixar que isto aconteça. Precisamos fixar nossa concentração neste olho, mesmo que isso dure um tempo a mais do que queremos. Deveremos, em seguida, imaginar este olho no interior de um triângulo, com o vértice para cima. Este triângulo irá tomar uma coloração dourada. Se mentalizamos corretamente a "junção dos dois caminhos" esta cor irá se descortinar diante de nossos olhos astrais.
Após a plasmação do triângulo com o olho em seu interior deveremos mentalizar um círculo em cujo interior o triângulo deve ficar inserido, tocando suas três pontas neste traçado circular. Este círculo emanará uma tonalidade, porém, diferente do triângulo, sua coloração é muito subjetiva, dependerá da tônica particular de cada indivíduo. Depois de fixadas as imagens em nossa tela mental, deveremos ver este círculo dentro de um quadrado, em cujos lados internos deverão estar encostado todo o traçado circular. Deveremos agora fixar bem estas quatro imagens inseridas umas às outras por um período de tempo que seja suficiente para focalizá-las, sem interferências, em nossa tela mental. Terminada esta fixação, deveremos voltar ao Pentagrama, e inserir o quadrado, com todos seus componentes, no pentágono em seu interior. A partir de então o essencial é fixar, de modo que fique cada vez mais perfeita a imagem do pentagrama, com o quadrado dentro deste, em cujo interior há o círculo, no qual está inserido o triângulo com o olho dentro deste.
Aqui poderemos ver os cinco aspectos da realidade na figura dos tattwas, Prithivi, Apas, Vayu, Tejas e Akasha, com diferentes conformações, com exceção dos dois superiores.
Terminada a fixação, adentraremos na divisibilidade, retiraremos o Pentagrama, em seguida o quadrado, e sucessivamente o círculo, o triângulo, até restar o olho da nossa nova perspectiva astral. Não deveremos seguir a direção inversa, pois ela representa a velha perspectiva. Nosso pensamento começou a ser domado, em nosso subconsciente infundimos toda a percepção das realidades invisíveis, sobre as quais iniciamos o domínio, até que sejamos alavancados à supraconsciência.
Este exercício se torna cada vez mais agradável assim que nosso domínio se amplifica. São exercícios deste nível que as pessoas iniciadas fazem em silêncio. E muitos, desprovidos de conhecimento, quando têm a oportunidade de vê-los, podem até pensar: "Que satisfação pode ter alguém em ficar desta forma sentado em silêncio"?
A satisfação é difícil de ser descrita. Seria como alguém que recuperou a visão após toda uma vida mergulhado na cegueira.
As Bases
A partir do entendimento e da elevação da consciência, poderemos vivenciar muitos mistérios desconhecidos à vulgar compreensão humana. Não somos seres isolados. Somos seres integrados em um encadeamento energético do qual não há separatividade. A partir do momento que tomamos consciência que o "eu" é mortal e transitório, compreendemos a grandeza do "Eu" em sua natureza infinita e imorredoura.
Há uma lenda oriental sobre o antigo sábio chinês Chuang Tsu, que, após uma árdua caminhada, deitou-se sob uma árvore e dormiu profundamente. Sonhou então que era uma borboleta que percorreu voando todos os caminhos que fizera. Ao acordar, o sábio taoísta intrigou-se e indagou a si mesmo se era ele antes o mestre chinês sonhando que era uma borboleta, ou seria agora uma borboleta que, durante o sono, sonhava ser Chuang Tsu.
Esta inusitada história, aparentemente sem nexo, revela uma grande sabedoria. Nela o mestre nos dá toda a perspectiva da ilusão que acomete aquilo que chamamos realidade, o Maya dos hindus. Chuang Tsu, alegoricamente, põe em cheque a estabilidade do mundo sensível, o mundo condicionado aos sentidos humanos. Através destas simples palavras ele empresta a realidade de ser à própria concepção de existência. Pois assim como um homem é algo, a borboleta não deixa de ser, ainda que um inseto, e a vida física de ambos nada representa, em termos cronológicos, em relação à eternidade. Ambos são seres que povoam o mundo transitório da existência física. Ambos comungam o dinamismo que a vida imprime nos seres que evoluem para a unidade maior. O homem é o pequeno rio, cuja analogia observamos no início do texto, a borboleta minúsculas gotículas que correm dos pequenos veios. No entanto, ambos são águas, que correm na mesma direção consagrando a "vida" em seu mais amplo sentindo. Chuang Tsu está na borboleta assim como a borboleta em Chuang Tsu, tudo se adere e se unifica, tudo é divisível e por isso todas as coisas se aglutinam, na grandeza que sugere a perspectiva de unidade, na essência que confere a beleza da diversidade.
Paz e Luz.
S.F.
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