quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

A CIÊNCIA MÍSTICA DA RESPIRAÇÃO.

                       


         A CIÊNCIA MÍSTICA DA RESPIRAÇÃO.

 

                         _Saboreando o Ar._

 

                                O Prâna.

        É fundamental conhecermos o Prâna para adentraremos profundamente na Ciência da Respiração. Simplesmente porque, na concepção fisiológica, a respiração consiste na absorção do oxigênio do ar pelo organismo, na concepção esotérica, a absorção da energia essencial do universo. Prâna vem ser esta energia essencial, a qual se deriva do Fohat, a energia pura, a energia criadora que fecunda Koylon, o espaço puro, para a formação do Prakriti, a raiz da matéria.

        Esta energia essencial, o Prâna é um princípio hiper físico que interpenetra e estrutura o ar atmosférico, muito além das subpartículas atômicas, o impulsionador fundamental da vida, que alicerça as estruturas físicas dos organismo vivos. O corpo etéreo, que vincula o corpo físico ao corpo astral, é formado da energia, neste veículo de manifestação estão presentes nossos vórtex energéticos chamados Chakras, e estes determinam todo funcionamento dos plexos e glândulas endócrinas que equilibram a fisiologia do corpo físico, distribuindo a energia para a estruturação da própria vida física. Portanto a respiração é muito mais que o processo de trocas gasosas e oxigenação das células, ela é um processo energético que nos integra às sutis energias que dinamizam o cosmo. O ar é o veículo do Prâna, e o Prâna o substrato da vida e seu mantenedor. A respiração é o meio pelo qual conferimos a vida e a saúde física e espiritual, e conhecer sua essência, suas técnicas, redireciona o homem aos estados de consciência a nível superior. Todos os povos, que herdaram a grande sabedoria das civilizações pretéritas, fundamentam sua filosofia na absorção da essência prânica. Quem conhece o Yôga sabe perfeitamente a importância que os hindus dispensam às técnicas respiratórias, as quais vamos iniciar um aprofundamento cognitivo.

        Os ocidentais, em sua maioria, respiram superficialmente, utilizando apenas um terço da capacidade pulmonar. Ou seja, não inflam os pulmões de ar, e a troca gasosa se faz apenas na porção superior dos pulmões.

        O primeiro exercício respiratório a seguir é fundamental para compensar esta debilidade presente em tantas pessoas. A respiração quando se utiliza toda a capacidade pulmonar proporciona uma melhor circulação, melhor digestão, melhor funcionamento de todos os órgãos presentes nos seres humanos, assim como o pleno bem estar emocional e espiritual, devido às energias mais plenas que são acessadas. Muitas enfermidades são curadas através da simples correção e educação respiratória, as quais gradativamente vão de dissipando até desaparecerem por completo.

 

 


 

                      A Respiração Profunda.

                         (Manas Púrvaka).

 

        Toda prática do exercício respiratório deve seguir algumas recomendações essenciais. Para melhor eficiência é recomendável a busca da quietude, do silêncio, e de lugares onde há vegetações, livres da poluição e do burburinho das vias movimentada.

        As primeiras horas da manhã são preferíveis às demais devido à renovação da natureza que se estabelece no despontar de um novo dia, preferivelmente em jejum, sem que a digestão esteja em pleno funcionamento. A mente deve estar direcionada às coisas elevadas, bloqueando pensamentos nocivos e sentimentos incompatíveis com a paz que a mente tanto necessita nessas horas.

        Senta-se em uma posição cômoda, não há a necessidade de entrar na "posição do lótus", pois, para aqueles que não estão familiarizados com este Ássana, tal posição não será ideal a um estado de relaxamento. Ficando com a coluna ereta bastará para que sejam alcançados todos os benefícios desta prática. Pode ser sentado em uma cadeira ou qualquer assento favorável.

        Sempre preconizo que sejam fechados os olhos, para que haja um maior isolamento da mente das atividades cotidianas.

        Deve se aspirar o ar lentamente, sempre pelo nariz, jamais pela boca, inflando os pulmões totalmente, sem, contudo, forçar a respiração. Tudo deve seguir o princípio da suavidade. Assim que os pulmões estiverem cheios reter o ar por poucos segundos. O ideal será uma pequena pausa de 5 segundos, expirando em seguida, lentamente, pelo nariz.

        O ideal é que esta respiração profunda se estenda por 10 a 15 minutos, no início, porém, 5 minutos serão excelentes. 

        Sempre que puder deve-se fazer este exercício, antes ou depois de uma caminhada, de exercícios da academia ou qualquer outro esporte que esteja acostumado. Até mesmo antes de iniciar as atividades laborais do dia a dia é extremamente positivo.

        Durante o tempo que estiver fazendo este exercício, além de se tranquilizar a mente, o ideal será elevar os pensamentos, meditando nos propósitos mais amplos da espiritualidade. Pode-se também, com muita proficiência, mentalizar a entrada de Prâna no organismo, se distribuindo por todo o organismo, conferindo amplamente saúde e bem estar.

 

 

 


 

 

                      A Respiração Completa.

                             (Prâna-Kriya)

 

        Conforme referência anterior, o ocidente, em grande parte, utiliza apenas um terço do volume respiratório, a utilização dos dois terços restantes efetivam o padrão respiratório essencial. Há, portanto a parte inferior do pulmão, a parte mediana e a parte superior. Através da respiração completa iremos introduzir no organismo muito maior quantidade de oxigênio e Prâna.

        Iniciaremos pela inspiração, denominada "Puraka", em sânscrito. A coluna deve estar como sempre, ereta, com as mãos sobre os joelhos, olhos fechados e mente tranquila com os pensamentos elevados. Inspira pelo nariz inflando a porção inferior dos pulmões, de forma que o abdômen possa ser expandido lentamente para frente, baixando o diafragma possibilitando maior efetividade no fluxo de ar nesta região mais baixa.

        Após uma curtíssima pausa, cerca de dois segundos, continua a inspiração enchendo de ar a parte mediana dos pulmões. Definimos esta fase deixando espaço para a parte superior dos pulmões.

        Após um extremamente curto espaço de tempo, os mesmos dois segundos, inicia a terceira etapa enchendo a parte superior dos pulmões, à medida que vai inspirando, lentamente faz a elevação dos ombros, completando a inspiração.

        Retém o ar por alguns segundos, esta fase de retenção dá-se o nome de "Kumbhaka", na linguagem sânscrita.

        Inicia-se após uns 5 segundos de retenção, aproximadamente, a expiração, denominada     em sânscrito "Rechaka". Começa a esvaziar a porção superior dos pulmões, baixando vagarosamente os ombros, faz-se uma pausa insignificante quando exalar o ar da parte superior começa a retrair o abdômen, até soltar o ar da parte média. Faz uma pausa insignificante e afrouxa os músculos abdominais até esvaziar o ar dos pulmões completamente.

        No decorrer do tempo as três fazes correspondentes às três porções dos pulmões se tornarão mais nítidas.

        Este exercício deverá durar cinco minutos aproximadamente, tempo que poderá ser estendido conforme à frequência que o indivíduo estabelecer.

        A respiração completa proporciona a absorção da tripla quantidade de oxigênio e Prâna que ocorre durante a "respiração" comum, promovendo uma intensa  energização do organismo que confere altíssima disposição e vigor no decorrer do dia, sem contar a intensa combustão celular raramente ocorrida coma respiração superficial.

 

 


 

                             Respiração Purificadora dos Pulmões.

 

        Há sempre a necessidade de ventilar e limpar os pulmões. Esta respiração promove a estimulação das células, tonifica o aparelho pulmonar, estabelece uma agradável sensação de refrigério excelente para a manutenção da saúde e da disposição.

        É muito recomendada por diversos mestres após outros exercícios respiratórios.

        Consiste em três etapas:

        A primeira é fazer uma respiração completa, descrita anteriormente.

        A segunda é a retenção, normalmente pelo curto período de cinco segundos.

        A terceira parte é bucal, onde se coloca os lábios em uma atitude de assobio sem, contudo, inchar as bochechas. Com a mínima abertura da boca, nesta posição de assobio, sopra o ar para fora com veementemente força; para logo em seguida; retém o ar por cerca de dois segundos e vai expelindo o ar com a mesma posição dos lábios, em pequenos sopros, porém vigorosos, até que sejam esvaziados os pulmões.

        Este exercício, além de ser indicado após outros exercícios respiratórios, é excelente para combater a fadiga e a indisposição.

 

 

 


                         Respiração Vitalizadora dos Nervos.

 

        Conforme o próprio nome testifica, estimula e revigora os nervos, tonificando todo o sistema nervoso e estimulando os plexos através dos quais fluem e são distribuídos os impulsos elétricos.

 

        Este exercício se faz em pé, com o corpo ereto e em um local onde os ruídos sejam mínimos, com exceção dos ruídos provenientes da própria natureza, livres do barulho extremo da civilização; sempre descalço em contato direto com o solo, de preferência com a própria terra.

        Deve-se fazer, primeiramente, uma respiração completa e retê-la por alguns instantes, sempre com a mente pacificada, concentrada nas elevadas concepções espirituais.

        Estende os braços para adiante, sem que estejam rígidos, mantendo-os suave e tranquilamente nesta posição.

        Lentamente traz as mãos  em direção aos ombros. (Um erro muito comum neste exercício é cruzar os braços, indo com a mão direita no ombro esquerdo e a esquerda no ombro direito. O correto, preconizado pelos mestres, é a mão direita se recolhendo ao ombro direito e a esquerda no ombro esquerdo). Na medida em que as mãos forem se aproximando dos ombros fecham-se os punhos fortemente, de modo que quando tocarem os ombros produzam um contato de trepidação.

        Mantendo a mesma rigidez nos braços, volta os punhos à posição anterior, lentamente, para adiante. Atrai um punho ao outro sem que se toquem, rapidamente, por três vezes.

        Soltar o ar fortemente pela boca de uma só vez, como se fosse assobiar.

        Após isto faz uma respiração purificadora.

        O ideal é repetir por sete vezes este exercício, contudo, não é um exercício respiratório que se preconize fazer diariamente. Segundo a instrução de um velho mestre há muitos anos atrás, este exercício deveria ser praticado apenas uma vez por mês, se possível, na entrada da lua nova.

 

 

 

 


 

                          Respiração Sedante.

 

        Esta é a respiração que acalma as sensibilidades dolorosas.  Deve ser feita sentado e na posição mais cômoda possível. Cruzam-se os braços de modo que a mão direita de firme sobre o joelho esquerdo e a mão esquerda se firme sobre o joelho direito, apertando-as vigorosamente sobre os joelhos. Esta posição é como um interruptor que liga ambos os hemisférios do corpo, direito e esquerdo, para a perfeita distribuição do Prâna no organismo.

        Fazem-se rápidas inalações pelo nariz, com pausas extremamente rápidas, inflando os pulmões através de sete pequenas inspirações (aos "soquinhos").

        Durante estas inalações feitas de maneira ritmada, deverá ser mentalizado o Prâna infundindo sobre todas as terminações nervosas, sobre todas as células desestruturadas e toda e qualquer anormalidade disposta interiormente ao corpo físico, astral e etéreo.

        O ar deve ser exalado ritmicamente através de sete expirações, em pequenos trancos, mentalizando a expulsão de toda energia desagregadora.

        A parte afetada do organismo deverá ser mentalizada como recebendo grande efusão da energia prânica.

        Essas ordens mentais deverão ser meditadas anteriormente ao exercício. As inalações e exalações deverão seguir o princípio setenário, ou seja sete, catorze ou vinte e uma vezes, sempre o múltiplo de sete, seguindo a própria natureza setenário da anatomia oculta do ser humano.

 

 

 

 

 


                                  Respiração Vocal.

 

        Este tipo de respiração é para tornar a voz mais clara, mais forte, marcante... Que imprime harmoniosamente toda sua nitidez e desenvoltura.

        Assim como a Respiração Vitalizadora dos Nervos, este exercício deve ser feito de maneira esporádica.

        Faz-se a Respiração Completa. Retém o ar por poucos segundos. Expele todo o ar em um sopro mais fortemente possível, faz em seguida a respiração purificadora dos pulmões.

        Repete-se mais algumas vezes até cinco minutos se achar necessário.

 

 

 

 

 


                              Respiração Retida.

 

        Este é o exercício essencialmente direcionado ao fortalecimento das fibras musculares ligadas à respiração.

        Apesar desta finalidade fundamental, vários Yogues afirmam que a respiração retida elimina o mau hálito assim como vários problemas de estômago.

        Sempre em pé e ereto, faz inicialmente uma respiração completa; retém o ar o maior tempo que for possível, sem exceder além dos próprios limites. Exalar fortemente pela boca, esvaziando os pulmões. Finaliza com a respiração profunda.

        Com o tempo a capacidade de reter o ar se tornará mais eficiente, aumentando o tempo de retenção.

        No início não deve exceder a três minutos deste exercício.

 

 

 

 


 

                   Respiração Estimulante da Circulação Sanguínea.

                                (Exercício do bastão).

 

        Como o próprio nome indica, este exercício respiratório faz com que a circulação sanguínea se torne mais eficiente, volte à normalidade, e, em alguns casos mais graves, ocorra uma melhora gradual e significativa.

        Deve ter em mãos um bastão de madeira segurando-o com ambas as mãos, de maneira que estas estejam equidistantes de ambas as extremidades, mantendo-o quase encostado ao peito.

        Sentado com a coluna ereta, ou em pé da mesma forma faz primeiramente uma respiração completa, retém por alguns segundos; apertando fortemente o bastão, o qual deve estar em sentido horizontal em relação ao corpo, esticando os braços inclina-o ligeiramente para frente. Deixa de apertar o bastão fortemente e volta à posição inicial exalando o ar lentamente.

        Repete estes movimentos por três vezes consecutivas e termina com a respiração purificadora.

        O ideal é fazer este exercício logo ao nascer do sol, de preferência em um local onde há árvores e vegetações.

        Inicialmente não deve exceder o tempo de cinco minutos.

 

 

 

 


                Respiração em Movimento.

 

        Este exercício é excelente para eliminar a fadiga e a indisposição.

 

        Deve ser feito de maneira circular, descrevendo um círculo conforme se executa o exercício. Este círculo deve ter as dimensões do perímetro de dezesseis passos. Ou seja, inicia em um determinado ponto e chega-se a este mesmo ponto dando uma volta completa no círculo em dezesseis passadas.

        Deve ser feito caminhando lentamente, com a coluna ereta. Faz a  inalação da respiração completa, contando com a mente oito passos lentos, de modo que a inalação seja executada no tempo destes oito passos, exalar lentamente pelo nariz, da mesma maneira, pelo tempo de oito passos executados de maneira lenta.

Repetir este exercício circundando no espaço previamente delimitado quantas vezes desejar.

 

 

 


 

              Respiração Bhastrika.

 

        Bhastrikha é um dos melhores pranayamas para efetuar a desintoxicação de todo o organismo. Os movimentos extremamente vigorosos deste exercício fazem com que as toxinas se desloquem dos "Nadis" para serem finalmente expedidas.

        A prática regular deste exercício trabalha todo o sistema respiratório, massageia os demais órgãos internos, fortalecendo também as paredes do abdômen.

        O exercício se consiste em sentar-se em uma posição cômoda, confortável, mantendo a coluna em posição ereta e iniciar com várias respirações profundas. Os grandes mestres sentam-se na posição do lótus, porém as pessoas, não familiarizadas com os Ássanas do yoga, devem simplesmente sentar-se conforme descrito logo anteriormente.

        A respiração Bhastrika propriamente dita se consiste em três ciclos de 10 respirações.

        Após inflar os pulmões totalmente de ar, faz-se uma expiração de todo o ar dos pulmões contraindo o abdômen com bastante força, na maior intensidade e rapidez possível. Assim que se efetua esta expiração, a coluna é levemente forçada para frente. Seguidamente se inicia a inspiração deixando com que o abdômen se projete para fora. (Sempre pelo nariz). Contrário à expiração, a inspiração intensa e rápida faz com que a coluna sofra levemente uma inclinação para trás.

        Este movimento da coluna para frente e para trás é fundamentalmente característico da Respiração Bhastrika.

        O vigor deve ser intenso, efetuando estes movimentos por dez vezes. (Este ciclo deve ser executado de maneira vigorosa e bastante rápida).

Após este ciclo deve fazer um descanso, respirando lenta e profundamente, para que possa se dar início ao segundo ciclo, e, da mesma maneira, o terceiro ciclo.

        Conforme for ganhando prática e resistência, poderão ser aumentados os números de ciclos.

        Aqueles que têm predominância "Vata" ou "Pitta" (classificação do organismo humano segundo suas características essenciais — "Doshas" — na medicina ayurvédica) devem fazer esta prática com moderação e principalmente no período da manhã. Quem tem a tendência "Kapha" ("Dosha" de forte compleição, também segundo o Ayurveda) pode fazer à vontade.

        Este exercício é mencionado por Paramahansa Yogananda em seu livro "Autobiografia de um Yogue", no qual relata a prática feita por um Yogue que visitara durante suas viagens pela Índia.

        A prática deste exercício também deixa a mente mais alerta, melhora a concentração, além de efetivar uma completa desintoxicação de todo o organismo, sem contar que livra a pessoa de pensamentos indesejáveis.

        Cardíacos, hipertensos (exagerados e sem controle algum) e gestantes, não são aconselhados a praticar este pranayama.

 

 

 


       Respiração Rítmica.

        (Sukha Púrvaka)

 

        Existe uma tônica individual, e esta, em sua essência, nos aproxima de um dos Sete Raios, as sete sequências do Fohat. Cada ser, portanto, tem seu ritmo, sua estruturação, sua tônica. E esta tônica determina as frequências cardíacas.  Infelizmente a ciência oficial padroniza todas as pessoas a terem uma determinada faixa de batimentos como normal, uma mesma pressão como a correta, e muitos outros índices como padrões determinantes para que se tenha uma boa saúde. Muitas são as pessoas que preconizam respirações baseadas no "tempo", para todas as pessoas. No entanto o correto é seguir o ritmo dos batimentos cardíacos. E assim é o exercício respiratório que se segue.

        Primeiro passo: deveremos tocar o pulso e sentir os batimentos cardíacos. Com o tempo iremos retendo o nosso ritmo de cor, não precisando mais tocar os pulsos para sabê-lo.

        Segundo Passo: Puraka — Inspirar, pelo nariz, por um tempo que corresponda a quatro batimentos do coração, refletidos no pulso.

        Terceiro passo: Kumbhaka — Reter o ar inspirado no tempo que corresponda a três batimentos cardíacos refletidos no pulso.

        Quarto passo: Rechaka — Soltar o ar pelo espaço correspondente a sete batimentos cardíacos.

        Reinicia novamente toda a prática até quantas vezes estiver disposto.

        Inicialmente deve ser em torno de cinco minutos aproximadamente, aumentando gradativamente.

Notemos que, neste exercício respiratório, o tempo de Puraka acrescido ao Kumbhaka é sempre igual ao de Rechaka.

        É possível aumentar gradativamente esta proporção, conforme o indivíduo for se familiarizando. Elevando para seis batimentos o Puraka, quatro batimentos o Kumbhaka e 10 batimentos o Rechaka. O indivíduo determinará seu modo mais adequado de efetuar este exercício.

        Este tipo de respiração irá promover uma expansão dos níveis de consciência. Todo tipo de entendimento se tornará mais rapidamente acessível, serão descortinados novos horizontes da visão espiritual, aumentando a percepção dos mundos espirituais além da "realidade" física.

 

 

 


              A Respiração Alternada.

                    (Vâma Krama)

 

        É a chave do Pranayama. É o de se estabelece o domínio do Prâna, daí o nome: Pranayama: Prâna — energia; yama — domínio.

        Reabastecemos o organismo com o Prâna através da respiração. Se o se observarmos atentamente, iremos notar que respiramos sempre com uma das narinas mais livre que a outra, e esta alternância ocorre a cada duas horas. Neste período, por exemplo, ocorre o seguinte: durante duas horas respiramos coma narina direita mais livre e a esquerda mais trancada; nas duas horas seguintes ocorrerá o inverso: estaremos coma narina esquerda mais livre e a direita mais dilatada, invertendo-se a cada período de duas horas, doze vezes ao dia, durante suas vinte quatro horas. Poderemos ver neste processo as correspondências com o zodíaco e também com os Tattwas.

        Através da prática do Pranayama, fazemos em alguns segundos, em um curtíssimo espaço de tempo, aquilo que demoraria duas horas, 12 vezes durante um dia inteiro. Estaremos, com esta prática, acelerando enormemente a quantidade de Prâna inundando nosso ser.

        Cada narina corresponde a um Nadhi, Ida, a narina esquerda (lunar), e Píngala, a narina direita (solar). — No sexo feminino a lunar é do lado direito e a solar do lado esquerdo. Através dos Nadhi ocorre a alternâncias que movimenta os Chakras, ativando-os, promovendo seu perfeito alinhamento. Carregados de Prâna os Chakras serão potencializados, o primeiro a receber o grande influxo é o Chakra raiz, o Muladhara, onde reside a energia sagrada do Kundalini que, uma vez despertado, sobe, através do Nadhi central, o Sushuma, energizando os Chakras seguintes, o Swadhistana, o Manipura, o Anahata, até atingir os superiores: Vishuda, Ajnã e finalmente o Sahashara.

        O Pranayama é o caminho essencial da Grande Realização. Aquele que perseverar em seu domínio será um Mago, no sentido exato da palavra.

        A respiração alternada, como o próprio nome diz respeito, e como também referido anteriormente, consiste em respirar por uma narina obstruindo a outra com o dedo indicador da mão esquerda (a mão direita deverá estar colocada sobre o joelho direito), a posição deve ser com a coluna ereta, sentado confortavelmente, o ideal seria o "Padmásana", conhecido como a postura do lótus, no entanto, considerando a dificuldade, existente na maioria dos ocidentais, em se achar confortável nesta posição, as alternativas não deixam de ser válidas. É muito importante não fazer este exercício com o estômago cheio. Assim como a mente deve estar serena, a fisiologia do aparelho digestivo também é imprescindível que esteja.

        O mistério da sequência "setenária" está presente no Pranayama correspondendo a toda proporcionalidade de seu ritmo. Os números 1, 4 e 2, cuja soma cabalística é sete, estabelecem a sua proporcionalidade.

        Observemos os números 8, 32 e 16, que veremos logo a seguir, dividindo cada um por 8, teremos a sequência 1, 4 e 2. — O esoterismo é belíssimo em todos seus princípios de correspondência!

        Segundo as posições e as condições citadas anteriormente, inicia-se a respiração alternada seguindo as seguintes etapas:

        1°. Inspira pela narina esquerda pelo espaço de tempo correspondente a 8 batimentos cardíacos. O treinamento executado durante o exercício da Respiração Rítmica, já descrita, já terá familiarizado o indivíduo com sua tônica individual. Esta inspiração deve ser absolutamente profunda, com o dedo indicador da mão esquerda obstruindo totalmente a narina direita.

        2°. Findada a inspiração, o mesmo dedo indicador da mão esquerda irá tampar a narina esquerda. Nesta etapa deverá reter o ar pelo espaço de tempo correspondente a 32 batimentos.

        3°. Solta o ar pela narina direita pelo espaço de tempo correspondente a 16 batimentos cardíacos.

        4°. Após expirar plenamente todo o ar recomeça inspirando pela narina direita (mesmos 8 batimentos), a mesma que soltou o ar, tendo a esquerda obstruída. Retém o ar por 32 batimentos, soltando pela narina esquerda, tampando a direita, pelo tempo de 16 batimentos.

        Esta proporção de 8, 32, 16 poderá ser inicialmente, muito difícil para os principiantes. Terá o mesmo efeito o ritmo de 4, 16 e 8, podendo ser gradativamente para 6, 24 e 12, até chegar à proporcionalidade 8, 32, 16.

        Durante cada etapa do Pranayama, inspiração, retenção e expiração deve ser mentalizado o mantra Om.

 

 

 

 


        Como podemos notar, a grande realização está condicionada à ativação dos Chakras, pois estes são a nossa essência energética, e nos conecta aos planos das mais sutis energias que estruturam o universo. A matéria nada mais é que a energia condensada, e, aquele que tem o domínio sobre as energias, consequentemente terá o domínio sobre a matéria. Será, portanto, senhor das forças da natureza, captando, direcionando e canalizando as energias às quais tem o mais pleno acesso. Cada uma das técnicas respiratórias são caminhos ao Pranayama, e o Pranayama é o caminho da auto realização que conduz ao estado de Samadhi, a grande meta de todo yoga.

        Um detalhe importante no Pranayama, porém, é a limpeza dos Nadhis. E esta limpeza deverá ser efetuada antes de iniciar o exercício do Pranayama. Contudo, se mencionasse a limpeza dos Nadhis antes de descrever o Pranayama seria mais difícil a sua compreensão, pois é necessário que se conheça os tempos da inspiração, retenção e expiração.

        É necessário que conheçamos antes de tudo um som mágico que os hindus denominam "Bijas", os quais diferem dos mantras por serem específicos para apenas uma determinada função. Os Bijas utilizados na limpeza dos Nadhis são em número de cinco, a saber: Yang, Rang, Thang, Vang e Lang.

        Na mesma posição e métodos do Pranayama, se aspira pela narina esquerda, mentalizando repetidas vezes o Bija Yang — o número de repetições deverá ser o mesmo do tempo de oito batimentos, caso a proporção estabelecida seja esta, podendo ser quatro se for a proporção de 4, 16 e 8. A retenção repete o mesmo Bija pelo tempo quadruplicado, isto é, se a Puraka tiver sido 4, a Kumbhaka terá de ser 16, e este Bija repetido tantas vezes iguais a este número. Na expiração pela narina direita, a Rechaka terá que ter repetido o mesmo Bija pela metade de vezes da retenção.

        Aspira agora pela narina direita, repetindo a mentalização pelo mesmo número de batimentos o Bija Rang, faz-se o mesmo na retenção e seu tempo apropriado e na expiração pela narina esquerda, também no número de seu devido tempo correspondente às batidas do coração.

        Aspira novamente pela narina esquerda, prosseguindo a sequência, repetindo o Bija Thang (o h tem o som do h inglês, semelhante à palavra home) por 4 ou 8 vezes conforme o ritmo pré estabelecido. Na retenção mentaliza o Bija Vang, pelo tempo de 32 batimentos, ou 16. Expira pela narina direita mentalizando o Bija Lang, quantas for o tempo, seja de 16 ou 8 batimentos.

        Após estes procedimentos, o indivíduo sentirá uma nítida sensação de leveza e estará pronto para a sequência do exercício do Pranayama, seus Nadhis estarão purificados. Não sentindo esta sensação de profunda leveza, não deve ser repetida a limpeza e nem dar procedimento ao exercício do Pranayama, deverá ser feita a mesma limpeza em outro dia ou outra ocasião.

        O domínio do Prâna é a meta de todo exercício respiratório. O Prâna está no ar e o ar é o condicionante da vida como a conhecemos. Seguindo profícua sinestesia, devemos sentir o sabor do ar para que possamos ver o invisível e dispor das forças sutis que dão voz ao dinamismo, estruturam o universo e inauguram a grande expressão da magia que chamamos Vida.

 

Om Tat Sat.

 


domingo, 22 de novembro de 2020

OS TATTWAS, SEU DOMÍNIO E APLICAÇÕES.

 

 

 

                               



 

        Tattwa é uma designação provinda do idioma sânscrito, cujo significado vem ser algo próximo de "realidade", "princípio". Nas escolas iniciáticas esotéricas existe a definição clássica como a "modificação do Grande Alento" — "Swara", ou seja, um aspecto da própria divindade.

        Helena Petrovna Blavatsky, no Glossário Teosófico, estabelece uma definição no sentido de princípios abstratos da própria existência, algo sem início e sem fim que existe eternamente.

        Os Tattwas são, portanto,  a natureza essencial, os padrões que determinam o próprio dinamismo da existência.

        O alento divino entoa diferentes entonações, como notas musicais advindas de um único hálito, o éter é este meio eterno identificado através destas ressonâncias. Todas as coisas partem de um único princípio que de estende sob vibrações diversas formulando a intimidade das partículas. O invisível produz o visível.

        Vejamos os Tattwas como uma corrente de força vertendo a partir do "Sopro Divino", um rio incessante com sete correntes que dá existência ao universo.

        Rama Prasad, grande mestre do yoga, se expressa, em relação aos Tattwas como as modificações no "Swara", como citado anteriormente, o Grande Alento, o Sopro Criador sobre o Prakriti, a natureza, formando cinco movimentos de vibrações distintos, relacionados aos cinco sentidos inferiores no homem, e mais dois ocultos, ligados aos princípios superiores do homem, o intuicional ou Búdico, e o Espiritual ou Átmico.

 


        Os cinco conhecidos são:

 

        1. Akasha, o éter cuja manifestação se dá através do som.

 

        2. Vayu, o éter que se manifesta através do sentido táctil.

 

        3. Tejas, o éter luminoso, isto é, aquele que se manifesta através da luz.

 

        4. Apas, o éter que se manifesta através do paladar, do gosto, portanto, o conhecido como éter gustativo.

 

        5. Príthivi, o éter que se manifesta pelo cheiro, o olfativo, o sentido que mais enfraqueceu no homem em sua jornada evolutiva.

 

        Fica claro que tais Tattwas, ou éteres, representam os cinco sentidos físicos, correspondendo à essência animal ou inferior do homem.

        Os Tattwas superiores são, respectivamente, Anupadaka, de cor dourada, e Adi de cor púrpura. Suas equivalências fisiológicas estão acima da compreensão do homem comum, pois correspondem ao homem no nível do adeptado, na difícil ascensão a níveis muito mais elevados de consciência.

 

        A Ordem das Sete Forças  em seus Graus de Sutileza.

 

        1. Príthivi:

        É a substância da concretude, a sólida força terrestre, ou seja, o princípio de maior densificação.

 

        2. Apas:

        A substância líquida, a força aquosa que penetra a terra.

 

        3. Tejas:

        O elemento fogo que interpenetra o ar.

 

        4. Vayu:

        O plano aéreo onde a substância se encontra sob o estado gasoso.

 

        5. Akasha:

        O próprio éter, a expansão etérica celestial. É a potencialidade do terceiro logos, a força criadora de onde surgem as formas nos caminhos de manifestação.

 

        6. Anupadaka:

        Procedência do segundo logos, é o plano da diferenciação, da transformação evolutiva.

 

        7. Adi:

        É a força ou essência primordial do universo. A energia essencial de onde provém todas as coisas na grande equação da existência, a força do primeiro logos, o Adi-Tattwa impulsionador da Cosmogênese.

 

        Swara, ou o Grande Alento, é o ser eterno, o Parabrahm, cuja significação é a "divindade sem forma", de onde se manifesta Brahnan, a primeira fase da vida evolutiva, o início do sequenciamento das manifestações, Dele provém Akasha, o Tattwa essencial da onde procede todas as formas. No Akasha estão todas as formas em seu estado potencial, é a matriz do sequenciamento universal.

 

        Vayu advém do Akasha, e sua qualidade essencial vem ser o movimento. A qualidade essencial de Tejas é a expansão; de Apas, a contração, e finalmente de Príthivi, a coesão.

        Akasha possui a coloração negra, sabor amargo, inaudível, desprovido de perfume e indetectável através do contato.

        Vayu, cujo significado sânscrito é vento, possui coloração azul índigo, ácido, som extremamente leve, frio e perfume acre.

        Tejas possui tonalidade vermelha brilhante, tépido, som leve, perfume forte.

        Apas — água, de cor branca, adstringente, som pesado, frio.

        Príthivi — terra, amarelo, doce, som profundo, quente e perfume suave.

 

        Cada Tattwa contém, dentro de si mesmo, os constituintes de todos os outros tattwas, pois tudo existe em um processo de aglutinação. Possuem eles, portanto, diferentes graus de sua própria substância, como poderemos ver na sequência.

        Akasha no Akasha, que seria o espírito do espírito em sua forma mais pura e elevada.

        Vayu no Akasha, que seria o ar do espírito, na sua natureza aérea.

        Apas no Akasha, que seria a água do espírito, na sua natureza fluídica.

        Príthivi no Akasha, que seria a terra do espírito, na sua natureza de solidez.

        Estas subdivisões quíntuplas estão presentes em cada um dos demais Tattwas, totalizando um número de 25 sequências.

 

 


 

        A Forma dos Tattwas.

 

        É importante ter em mente que os Tattwas são os subplanos da luz astral. É muito comum ocorrer uma confusão entre estudantes de algumas escolas esotéricas, que tomam o Akasha como sinônimo da Luz Astral. O Akasha é, no entanto, uma das correntes da própria Luz Astral.

        Cada um dos Tattwas difere na forma, que descreve sua sequência vibratória, e também no comprimento que suas vibrações imprimem ao fluxo da respiração do indivíduo. Têm também sedes específicas em diferentes partes do corpo humano.

 

        O Akasha (espírito) possui a forma oval, de tonalidade preta. Seu comprimento é nulo assim como sua largura. Sua sede se localiza na cabeça. Governa a audição e traça seus movimentos vibratórios em todas as direções e ângulos. Rege as ações espirituais e sua sílaba mântrica é Ham.

 

        Vayu (ar) é simbolizado por uma esfera azul. Tem sua sede na região umbilical, comprimento vibratório de 8 dedos, assim como sua largura, se move em angulações agudas. Governa a sensibilidade táctil, coordenando o deslocamento e as contrações. Sua sílaba mântrica é Pam.

 

        Tejas (fogo) é simbolizado por um triângulo vermelho com o vértice para cima, suas vibrações imprimem na respiração a largura e o comprimento de quatro dedos. Sua sede corporal  está localizada entre as omoplatas. Movimenta-se na forma de redemoinhos para cima. Confere resistência ao calor e capacidade de desfazer as consequências oriundas dos abusos. Governa os sentidos essenciais incluindo o sexo, assim como o pleno sentido da visão. Sua sílaba mântrica é Ram.

 

        Apas (água) é simbolizada por uma lua crescente, prateada, cuja concavidade se acha voltada para cima. Possui sede corporal nos joelhos, imprime sequenciamento vibracional no comprimento e largura de  16 dedos sobre os padrões respiratórios, movimenta-se na forma de  redemoinhos para baixo. Governa a sensibilidade gustativa, a voz, a garganta, os humores. Favorece a saúde e o bom desempenho. Sua sílaba mântrica é Vam.

 

        Príthivi (terra) descreve a forma vibracional de um quadrado. Sua tonalidade é amarela. Tem como sede no corpo humano os pés, relacionado com o contato com o elemento terra. Possui o comprimento e largura vibracional de 12 dedos. Favorece a cura e trabalhos duradouros. Governa a sensibilidade olfativa, ossos, sangue, nervos e tecido muscular.  Sua sílaba mântrica é Lam.

 

 


 

        Meditação nos Tattwas para Cura e Auto-Realização.

 

        Somos "consequências". No instante em que "somos" também "fazemos", e quando fazemos criamos a cada obra a sua consequência.

        O conhecimento das propriedades relativas a cada um dos Tattwas associada à meditação irá nos permitir sua aplicação prática direcionando os seguintes propósitos:

        Na natureza exterior.

        Na nossa natureza intrínseca.

        Portanto, tudo aquilo que se refere à saúde, o sucesso profissional, o êxito nos negócios, o auxílio às pessoas, a vida social e a intimidade estão sob o controle das vibrações cósmicas, e, através do conhecimento e consequente domínio sobre tais vibrações, poderemos modificar inúmeros aspectos do sequenciamento existencial.

        Esta meditação é a obra que alivia consequências de ações pretéritas e estabelece a positividade para as consequências futuras.

        Tudo aquilo que é executado durante toda e qualquer atividade humana dependerá do Tattwa no qual se comece. A cada duas horas vibra determinado Tattwa por 24 minutos.

         A meditação sobre determinado Tattwa deverá seguir a respiração alternada, do Nadhi Shodhana Pranayama (A técnica deste exércicio respiratório já foi passada em textos anteriores). Durante o exércicio, deve-se concentrar sobre as características do determinado Tattwa e repetir mentalmente sua sílaba mântrica, dirigindo o fluxo energético da mentalização diretamente ao órgão sede do Tattwa. A concentração para potencializar o fluxo energético dos Tattwas sempre é executada visando a cura de enfermidades, as quais deverão estar relacionadas com os atributos de cada um deles.

        De acordo com a sabedoria oculta, o domínio de cada Tattwa estabelecerá determinadas diferentes circunstâncias favoráveis. Desta forma, se o distúrbio é de ordem espiritual a irradiação mental deverá focalizar o Akasha; sob a vibração do Akasha deveremos nos isolar na profundeza de nosso próprio ser, pois a paz interior se estabelece nas suas frequências vibratórias. Akasha é onde se dissolvem toda as energias negativas. É também o Tattwa da transição, pois, a maioria dos desenlaces da vida física ocorre durante as suas vibrações. Em Akasha se faz a realização do sequenciamento kármico.

        Focaliza-se Vayu quando as desarmonias sejam de ordem motora. É o Tattwa da velocidade e da movimentação, e, seguindo esta disposição, canalizar as vibrações de Vayu são essenciais quando há urgências em situações desesperadores.

        Canaliza-se Tejas onde há problemas de visão, da mente, doenças tumorais e degenerativas que necessitam do éter luminoso. Suas vibrações são profícuas quando existe a necessidade de coragem e autoconfiança. São as suas frequências propícias para as aspirações de liberdade e para trazer à luz tudo aquilo que se encontra imerso no véu da obscuridade. É onde são afloradas as verdadeiras razões, metas e propósitos.

        Faz conexão com Apas quando as enfermidades são de ordem alimentar, digestiva e de órgãos excretores. Apas vem ser o Tattwa da realização, por isto suas vibrações poderão apontar para um duplo caminho: um baixo e outro elevado. O primeiro inspira a cobiça, a riqueza material e a busca por prazeres de ordem física. O caminho elevado tende à realização nos estudos, no âmbito artístico, assim como em todos os mais nobres anseios nos quais se deseja o alcance.

        Dirige-se a Príthivi quando nas doenças respiratórias, infecciosas ou obstrutivas. Príthivi traz as frequências da coesão, essencial nas reconciliações, no chamamento, na busca e na procura. Suas vibrações imprimem o espírito da religiosidade, na motivação filosófica e seu entendimento, na ascensão espiritual.

        A meditação sempre deve ser acompanhada do exercício respiratório, Pranayama, justamente pela própria essência dos Tattwas, que são a modificação do Grande Alento, da Respiração Divina, canalizando o fluxo diretamente na área que se deseja a ação, ancorada no sagrado princípio das correspondências.

        Sabemos que Pranayama é o controle do Prâna e este é a força modeladora do universo. Prâna é a vida do éter. O Akasha é uma modificação do Prâna, deriva, portanto, do Prâna, assim como os outros quatro Tattwas derivam do Akasha, aquele que domina o Prâna consequentemente dominará os Tattwas, quem atingir este domínio se tornará senhor absoluto de seu próprio destino. Por isso a importância desta meditação. É o caminho da realização.

        Não devemos nos esquecer de que todas as formas e aspectos derivam do Akasha, onde a matéria é forjada para assumir sua existência visível.

        Falamos dos Tattwa no sentido mscrocósmico, falaremos a seguir do Tattwa pessoal ou individual, que potencializa todos os atributos tattáwicos nele presentes.

        Existem as horas de cada Tattwa como veremos mais adiante.

 

  


 

        O Reconhecimento do Tattwa Pessoal.

 

        O Prâna está presente em todas as coisas, porém a sua mais nítida expressão se dá no ar atmosférico, onde se propaga na mais plena fluidez.

        Para visualizarmos nosso Tattwa Pessoal deveremos seguir um exercício que remonta os mais remotos tempos na Índia antiga. Este exercício poderá se estender por vários dias e às vezes semanas. Nos dias ensolarados (nas instruções antigas se faz referência "após o término das monções" — período chuvoso no subcontinente indiano), nas primeiras horas da manhã — período de renovação da natureza, o indivíduo deve buscar uma floresta, um bosque ou Jardim, deverá deitar-se sobre a grama, fazer exercícios de respiração profunda e observar o céu, em sua posição contrária ao sol. Inicialmente poderá notar pequenos pontos em intensa vibração na abóbada azul do firmamento. Aos poucos esses pontos irão adquirindo formas, como na pareidolia. Em alguns dias de exercício irão se formando os rudimentos daquilo que será a forma representativa do Tattwa. Esta figura irá se tornando mais nítida dia após dia, até o momento no qual facilmente poderá ser notada no primeiro olhar em direção ao azul celeste. Na verdade o Tattwa Pessoal é perfeitamente conhecido do nosso subconsciente, faz parte de nossas características intrínsecas. No primeiro momento em que o visualizamos teremos uma nítida sensação de familiaridade, como de fosse a nossa tonalidade preferida disposta em uma tela ainda por pintar.

 


        Exercício para Visualizar a Hora Tattáwica.

 

        Senta-se em um local onde possa se sentir acomodado. Faz por cerca de cinco minutos o exercício da Respiração Profunda; após este curto período, obstruir as orelhas com os dedos polegares, tampar os olhos com os dedos indicadores, obstruir as narinas com os dedos médios, e, finalmente segurar os lábios oclusos com os dedos anulares. Pouco antes de obstruir as narinas deverá inflar ao máximo os pulmões de ar, e reter todo esse ar assim que obliterar todos os orifícios da face.

        Após alguns instantes aparecerá na "tela mental" a cor do Tattwa que se encontra em plena atividade vibratória.

 

 

 

 

 


 

 

 

        Horários de cada Tattwa.

 

        As vibrações tattáwicas se iniciam ao nascer do sol, e, no período de cada duas horas cada um dos cinco Tattwas inferiores vibra por um período de 24 minutos.

        Assim, um determinado Tattwa, volta a vibrar após duas horas, pelo período de minutos descrito acima.

        O primeiro Tattwa a vibrar logo aos primeiros raios de sol da manhã é Akasha, e seguirá a seguinte sequência:

 

        1. Akasha.

        2. Tejas.

        3. Vayu.

        4. Apas.

        5. Príthivi.

 

        O conhecimento dos horários tattáwicos nos auxilia a direcionar a meditação seguindo os aspectos vibratórios do Tattwa em seu período próprio.

 

        Para ficar mais fácil a assimilação imaginemos que o sol tenha nascido exatamente às 06:00 horas da manhã. Akasha irá vibrar das 06:00 horas às 06:24; em seguida Tejas, iniciará sua frequência às 06:24 que perdurará até às 06:48, dando lugar a Vayu, cujas frequências irão desde 06:48 até às 07:12. A partir das 07:12 às 07:36 vibrará Apas; em seguida Príthivi das 07:36 às 08:00 horas, reiniciando a partir de então com Akasha.

 

        No horário de Akasha é o momento propício às meditações, orações e todas atividades que acenam à espiritualidade, inclusive auxílios espirituais e psicológicos. Este período não é positivo para qualquer empreitada financeira, negócios, contratos, palestras ou casamento.

 

        O horário de Tejas é ideal para atividades físicas, práticas desportivas, alimentação, assim como todo trabalho em metal. É o período no qual de iniciam as mais diversas formas de contendas, discórdias e dissonâncias. Também desfavorável às intervenções cirúrgicas, início de ligações amorosas e todo tipo de apresentações e seminários.

 

        O período de Vayu favorece solução rápida para problemas e situações, excelente para iniciar planos e projetos nesse sentido. É um período no qual a maior parte das pessoas se sente melhor carregadas de energias, ideal para assimilar novas informações, e iniciar estudos em qualquer área, propicia maior fluidez. Não é positivo para mudanças, aquisições, resolução de demandas jurídicas, enfim, de tudo aquilo que exige rápida resolução.

 

        O período de Apas é do amor, das artes, da beleza e da fecundidade. Favorável para início de relações amorosas, para o cultivo da terra, viagens e empreitadas especialmente ligadas à área artística. Desfavorável para todas as tarefas que exigem racionalidade, pois é o horário em que as vibrações afloram a sensibilidade.

 

        O horário de Príthivi é favorável a todos os começos e recomeços, iniciar reforma, abertura de empresas, resolver problemas, acordos e reconciliar-se. Príthivi aflora a alegria, paz interior e harmonia.

        Desfavorável para exercícios, e renitências.

 

 


 

        Relação dos Tattwas com os Planetas, Dias da Semana e Anatomia Oculta.

 

        Akasha está relacionada com o planeta Saturno, e consequentemente seu dia é o sábado o qual é presidido pelo planeta acima referido. Relaciona-se com o Corpo Causal, ou o Espírito, composto pelo Manas Superior, Búdico e Átmico, a mônada reencarnante.

        Nota musical: lá.

        Temperatura: ausente.

 

        Vayu se relaciona com o Sol e Mercúrio, ambos neutros. Seus dias são domingo e quarta feira. Relaciona-se com o corpo astral, o corpo psíquico.

        Nota musical: fá.

        Temperatura: fresca.

 

        Tejas se relaciona com Marte, e seu dia da semana é terça feira. Confere relacionamento com o Corpo Mental, o Manas Inferior ou Mental Abstrato.

        Nota musical: dó.

        Temperatura: quente.

 

        Ápas se relaciona com Vênus e Lua, e tem como dias da semana segunda feira e sexta feira. Está relacionado com o corpo etereo, o corpo vital, o Duplo Etérico

        Nota musical: si.

        Temperatura: fria.

 

        Príthivi está relacionado com Júpiter, planeta benéfico, e corresponde a quinta feira no dia da semana.

        Relaciona-se com o Corpo Físico.

        Nota musical: ré.

        Temperatura: morna.

 

        Em relação aos signos é muito simples estabelecer a correspondência, pois, assim como o elemento que cada qual faz regência, se estabelece relação com a triplicidade elemental do zodíaco.

        Akasha é a condição básica de todas as manifestações, incluindo em si a quadruplicidade dos elementos, portanto corresponde ao espaço, todos os signos sem ter nenhum específico.

       Vayu — elemento ar, portanto corresponde a Gêmeos, Libra e Aquário.

        Tejas — elemento fogo, corresponde desta forma aos signos de Áries, Leão e Sagitário.

        Ápas — elemento água, faz sua correspondência aos signos de Câncer, Escorpião e Peixes.

        Príthivi — elemento terra, faz então correspondência aos signos de Touro, Virgem e Capricórnio.

 

 

 

 


 

          Adi e Anupadaka.

 

        Adi e Anupadaka são Tattwas superiores, e dificilmente podem ser percebidos pelo homem comum no estágio da quarta ronda em que se encontra a humanidade.

        As vibrações de Anupadaka  descrevem a forma de meia lua vertical cuja concavidade volta-se para a direita. Sua cor é o amarelo e seu sentido a intuição. Conforme descrito acima, as ondulações do Anupadaka são percebidas através da intuição, uma faculdade além dos sentidos vulgares do ser humano. No advento da Nova Era de Aquário cada vez mais  pessoas manifestarão os  dons intuitivos, despertando sentidos próprios do novo ciclo cósmico que se inicia.

        Sua nota musical correspondente é mi.

        Há ausência de temperatura.

 

        O Adi, muitas vezes também descrito como "Ady", é a espiritualidade completa, a percepção muito além daquilo que a mente humana atual pode conceber. É o ser completado no Todo, e com ele identificado em essência e percepção global. O Adi possui a forma de losango, sua cor é púrpura e seu sentido a supraconsciência.

        Sua nota musical correspondente é sol.

        Há também ausência de temperatura.

 

 

        Correspondência dos Tattwas com os Chakras:

 

        Príthivi — Muladhara.

        Ápas — Swadisthana.

        Tejas — Manipura.

        Vayu — Anahata.

        Akasha — Vishuda.

        Anupadaka — Ajnã.

        Adi — Sahashara.

 

        As modificações do alento divino produzem a existência. O domínio sobre estas modificações produz o poder de engendrar novas perspectivas. Aquele que é capaz de traçar uma nova estruturação deverá estar estruturado no amor, pois somente através desta energia sublime faremos correspondência com o Grande Alento, o sopro da divindade cujo amor é a sua essência. Os domínios das frequências primordiais são acessíveis apenas à frequência da luz.

        “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida". — Disse aquele que alcançou o domínio pleno, tão pleno que exteriorizou sua luz no sagrado compartilhamento.

 

        Paz e Luz.

        Om Tat Sat.