quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

LÚCIFER, SATANÁS E DEMÔNIOS.





                                                  LÚCIFER, SATANÁS E DEMÔNIOS.

       A Idade Média não está tão distante como imaginamos, não somente em uma questão cronológica de pouco mais que cinco séculos, mas dentro de nosso próprio ser. Possuímos muitas concepções medievais em nosso âmago, mesmo quando nos sentimos, presunçosamente, esclarecidos. A maioria de nós, ocidentais, aprisionados dentro uma “matrix” imposta sempre pelos mandatários do poder, interessados em perpetuar o controle das consciências, principalmente daqueles que, despertos, ameaçam seus domínios. A “Santa” Inquisição não foi senão uma forma visível deste controle. Mas longe de “teorias conspiratórias”, é muito relevante expor uma das crenças que ainda se configura como controladora das consciências, tendo como arma principal aquilo que há de mais persuasivo na alma humana: o medo.
       Muitas instituições, se aproveitando do imaginário intrínseco aos seres humanos, elaboraram um modelo de controle baseado em castigos e premiações. Aqueles que permanecessem fiéis aos seus estatutos, dogmas, doutrinas e preceitos, herdariam uma bem-aventurança eterna, na presença de anjos e santos. Inversamente, aqueles que, dissidentes das regras pré-estabelecidas, receberiam uma danação eterna, e, suas miseráveis vidas seriam atormentadas por demônios e infortúnios, desgraças e misérias, castigadas pela inconstância na fé que lhes era imposta. Até o dia de hoje, a grande maioria das populações que vivem em países subdesenvolvidos estão presas a todas as crendices limitantes à expansão de suas consciências.
       Sabemos que o universo se estrutura no dinamismo, nos ciclos que transformam seres, energias e mundos, reconfigurando a cada momento aspectos, formas e dimensões. Tudo se movimenta, a vida é o contínuo movimento, estabelecido desde as mais ínfimas ondas subatômicas até as galáxias, na constante expansão do universo conhecido. Nada é estático. A natureza aborrece não somente o vazio, mas toda e qualquer perspectiva de inércia. Tudo é vida, e a vida é o conjunto de afinidades; desde as afinidades eletrônicas que configuram as moléculas, até os desejos mais elevados dos seres que conseguem contemplar a grandeza e a beleza dos astros em sua “ciranda” de encadeamentos. 

       Tudo se transforma, nada se perde nem tão pouco se cria, já diziam os sábios. Mudamos a cada segundo, mesmo de maneiras imperceptíveis, mas mudamos, tanto física quanto espiritualmente. Não existe entidade espiritual alguma condenada a ser sempre aquilo que sempre foi, condenada a permanecer na estagnação dentro de um universo cíclico e dinâmico. Aceitar tal coisa seria negar todas as leis, todo o dinamismo, e todo principio racional demonstrado pela filosofia e pela ciência. Demônios, segundo o conceito religioso da cristandade, seriam serres eternamente pecaminosos, sem sombra de mudança e alheios às transformações. Até mesmo os “Buracos Negros” perdem, ao longo das incontáveis eras, todo seu poder de atração e se acabam. Até mesmo o universo possui seu período de repouso, denominado “Pralaya” em teosofia, em oposição ao “Manvântara”, que é sua manifestação. Tudo dentro do eterno movimento da “Respiração Divina”. (Pretendo futuramente elaborar um texto dissertando sobre esses magníficos termos teosóficos de grande relevância no ocultismo) .
       Pois bem, se seres eternamente condenados à estagnação, à maldade e a danação não são passiveis de existência, o que seriam os demônios? O que seria Lúcifer? O que seria Satanás? ...tão copiosamente cantados em textos, tratados e dogmas.
       Lúcifer provém do latim, “lucem” “ferre”, o portador de luz. Na língua hebraica “Helel” significa brilho e luminosidade. Está associado à estrela da manhã, o planeta Vênus, astro este que vem ser o “Arauto do Sol”, anunciando, nas manhãs, a chegada do “Astro Rei”. E nas tardes, a sua partida rumo à escuridão, como um portal cuja chave é o sua assídua presença no pavilhão celeste.
       Vejamos alguns versículos do Livro do profeta Isaías: “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”. (Capítulo 14, versículos 12 a 14). Segundo Helena P. Blavatsky, em sua revista cujo nome era, coincidentemente, Lúcifer, Gregório Magno aplicou o texto, acima citado, a Satã, contrariando o Profeta, que se referia simplesmente a um rei assírio, inimigo de Israel. Posteriormente Orígenes, filósofo neoplatônico patrístico da igreja do segundo século, interpretou no texto uma referencia a Satanás, cujo nome era Lúcifer antes de sua queda. 
       Contrariamente às suas raízes etimológicas, a partir de então, o Portador da Luz acabou se tornando o Senhor das Trevas. Mais um dos muitos paradoxos construídos pela exegese dos primeiros séculos. A épica rebelião nos céus, liderada pelo “orgulhoso” Querubim Ungido, é, na verdade, um equívoco moldado para impor conceitos errôneos às mentes temerosas, que persiste até os dias atuais. Lúcifer, portanto, não é uma entidade, e sim um “estado”, de quem porta a luz. Não aparece, em momento algum, no Novo Testamento fazendo referencia a um nome de demônio. Para comprovar tal contexto faço uma citação do capitulo 22, versículo 16 do Livro do Apocalipse: “Eu (no caso Jesus ou Yeshua) sou a radiosa estrela da manhã”. Um estado de quem ilumina, ensina, orienta e define caminhos àqueles que jazem na penumbra da insensatez humana. 

       Satanás provém da raiz hebraica “satãn” e do árabe “shaitan”, ambos derivam do termo semítico “stin”, cujo significado é hostil, adversário. O Tanak hebraico utiliza para definir os inimigos em geral, tanto físicos quanto espirituais, também um estado de oposição e jamais sendo definido como uma entidade, muito menos a personificação de um demônio. No livro de Jó, um poema alegórico cuja mensagem é, acima de tudo a esperança e a fé, personifica um ser como acusador, prefigurando como alguém que desafia  a existência do verdadeiro amor e da verdadeira espiritualidade. O qual está muito mais presente no interior de cada ser do que um ser exterior a todos os demais seres. É tudo aquilo que rivaliza contra o “Deus Interior” e se contrapõe a Ele. Uma perfeita personificação de nosso próprio Ego.
       Poderá existir então uma pergunta: Mas se não existem tais seres, chefes das hostes infernais, quem então produz os fenômenos horrendos das possessões? Quem são esses seres que inúmeras pessoas promovem cultos e sacrifícios? Na primeira questão devemos analisar o Plano Astral, ou o Mundo de Kama. Neste plano, em seus sub-níveis existem inumeráveis castas de seres, muitos deles humanos desencarnados que podem obsedar seres humanos encarnados ligando-se ao “duplo etérico” da pessoa sugando suas energias vitais. Há também outra categoria de espíritos, os Kama Rajas, reis do astral em sânscrito; não humanos, originários de antigas raças lemurianas e atlantes, que por incompatibilidade com os corpos físicos dos seres humanos atuais, dificilmente conseguem reencarnar. Tais seres, assim como nós humanos atuais, participam do dinamismo cósmico, e se evoluem assim como todos os demais seres, tendo, dessa forma entidades evoluídas, muitas vezes chamadas de Anjos ou Devas, na terminologia hindu, quando evoluídos, ou “demônios” quando não evoluídos. Muitos dos quais possuem grande poder, pois possuem a sabedoria dos antigos povos que dominaram o planeta há centenas de milhares de anos. São estes que os antigos povos renderam cultos, reverenciando-os como deuses, alguns dos quais malignos e perversos exigindo sacrifícios de sangue, pois, como não reencarnam renovam continuamente seus corpos astrais, necessitando dessa forma, os não evoluídos, de sacrifícios de sangue para manterem suas formas e aspectos astrais. Os cultos a estas entidades ainda estão presentes, comumente denominadas “satanismo”, tornando seus seguidores servos destas entidades nefastas. Existem também os luciferianos, que longe de prestar culto a uma entidade inexistente, servem a um “deus” sumério, que vem ser uma corrente de kama Rajas, os quais citei anteriormente, tais seres desse nível possuem grau evolutivo superior aos espíritos reverenciados pelos satanistas. 

       Todos os seres humanos vivem em contínuas viagens entre astral e físico, permeando dimensões através de seus próprios pensamentos. Muito embora não existam seres destinados à eterna permanência na maldade, a maldade está presente em cada ser. Em nossos corações há permanente batalha entre Deus e o demônio. Sentimentos nefastos que habitam em nossas ideias e pensamentos, por esta razão urgem-se as insofismáveis buscas de nosso Eu superior, para que seja desvanecido o “demônio” que obscurece a nossa realidade em Deus, que é o nosso próprio ego. Deus está em todas as coisas, é o Todo que preside e permeia o universo e todos os seus seres. Necessário é que busquemos cada vez mais o amor que é a sua essência plena, para exorcizarmos todas as vicissitudes que nos aprisionam na mais densa materialidade. O vento sopra onde quer, ouvimos a sua voz e não sabemos para onde ele vai, nem de onde ele vem. Sigamos o vento tempestuoso do Espírito, sua voz não cessa, para que aprendamos os seus caminhos, incorporemos sua essência e renasçamos na verdadeira luz invisível aos olhos humanos.
Namastê



segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

QUEM SÃO OS KAMA RAJAS



                                                            


                                                          QUEM SÃO OS KAMA-RAJAS

       A palavra Kama, em sânscrito significa Astral; a palavra Raja, também na linguagem sânscrita, significa Rei. São, portanto, segundo a filosofia oriental, os "Reis do Astral”. Tais seres são, sem dúvida alguma, os seres mais interessantes que habitam os mundos espirituais, e que, embora habitem também em planos superiores, é no astral que exercem seu domínio e sua interação com os seres humanos desde os primórdios das civilizações.
       Mas qual a origem desses seres e por que não habitam o mundo físico?
       Para responder esta pergunta teremos que voltar a centenas de milhares de anos, ou até mesmo, milhões, em civilizações pretéritas que já não mais existem em nosso mundo, e que nem mesmo sua existência é reconhecida pela ciência oficial, tendo apenas como referência a inexplicável sabedoria de alguns povos cujo mistério não foi sequer desvendado pelos mais experts historiadores.
       Existiram dois continentes que desapareceram ao longo de incontáveis períodos cronológicos. O mais antigo se localizava nas proximidades de uma onde se situa hoje o Oceano Índico, a Lemúria. O outro, chamado Atlântida, já comentado por Platão, que segundo Sólon, teria ouvido através de relatos de sacerdotes egípcios de Sais, se localizava além dos "Portais de Atlas", o Estreito de Gibraltar, isto é, em meio ao que conhecemos hoje como Oceano Atlântico, que leva o seu nome.
       Tanto os primitivos lemurianos, assim como algumas sub-raças da Atlântida não possuíam as características dos seres humanos atuais, atingindo proporções físicas muito superiores a estes. Na própria Bíblia poderemos ver remanescentes desses povos, citados como "resquícios dos gigantes", ou Nefilins, que já estavam em processo de extinção no mundo antigo.

       Devido à incompatibilidade com os humanos atuais, não conseguiram mais reencarnar, vivendo exclusivamente no astral.
       O corpo astral, como sabemos, embora tenha duração centenas de vezes maior que o corpo físico, também sofre a ação do tempo e se desfaz. O corpo mental, o "Manas" necessita novamente de outro invólucro que permita sua permanência no astral, então tal corpo deverá ser plasmado, através de energias presentes no sangue, para os menos adiantados, e energias presentes nas flores e plantas, para os mais adiantados e menos densos. Por esta razão necessitam eles de sacrifícios de sangue e, outros de oferendas vegetais, incensos e preces.
       Assim como os seres humanos, os Kama-Rajas possuem os evoluídos, e os atrasados, os evoluidíssimos e os atrasadíssimos. Tendo, muitos deles, durante sua vida terrena, tanto os bons quanto os maus, sido grandes magos nos continentes então desaparecidos. Portanto enormes poderes, muito superiores aos humanos, além da própria experiência astral, que é seu mundo próprio.
       Na antiguidade eram os deuses que os povos cultuavam, que, em troca de favores traziam a estes as oferendas que lhes eram propicias. Haviam portanto os deuses bons e os deuses maus, que, de fato não eram deuses, mas simplesmente espíritos de diferente ordem dos humanos.

       Assim como os humanos, não costumavam trabalhar sozinhos, formando poderosas castas espirituais que davam a impressão de sua onipresença. Com o passar do tempo, e, consequentemente, nas novas religiões monoteístas, passaram a ser considerados anjos ou demônios. Os evoluídos se qualificaram como anjos, os contrários, os demônios, sempre formando inúmeras legiões que conferiam grande poder de ação e domínio sobre os povos.
       Até os dias de hoje possuem a peculiaridade de se fazerem atuar como verdadeiros seres deificados ou demonizados. Os deuses ou entidades de muitos povos e muitas culturas, (os Kama-Rajas se adaptam aos caracteres de cada povo e cada cultura adquirindo, até mesmo a linguagem e os trejeitos peculiares a cada um deles) exercendo suas atividades extras físicas, condicionam a espécie de culto e ritualística que melhor possa se interagir com aqueles que lhes são afins;  os evoluídos representando entidades do bem, e os atrasados, do mal.

       No caminho evolutivo tendem a se fundirem espiritualmente com os humanos, como já ocorre nos planos superiores, entre os Kama-Rajas de luz e os seres humanos ascensionados de luz.
       Assim como as entidades evoluídas, coexistem no astral castas de Kama-Rajas extremamente pernósticos, formando "correntes" onde as legiões atuam com propósitos prejudiciais à humanidade, exercendo os mais diversos nomes, nos mais diversos locais, e obedecendo ritualísticas para permitir suas invocações.
       Muitas vezes, em caso de possessões ou de obsessões, necessita da intervenção de outros Kama-Rajas, evoluídos, para reverter tais situações. E, geralmente, tais possessões e aproximações, dessas entidades, são o resultado de contatos e pactos estabelecidos entre eles e os humanos em outras encarnações.

       O estudo dos Kama-Rajas é pouco conhecido no mundo ocidental, e, como citado anteriormente, são conhecidos por milhares de nomenclaturas, desde denominações, peculiares a certos povos e culturas, até anjos e demônios nas religiões monoteístas.
       Todo estudante sério do ocultismo deve ter em mente a noção de seres como estes, não humanos, que presidem o astral, que muitas vezes podem ser extremamente perigosos, mas também outras vezes poderão ser uma graça divina. Tudo depende da natureza do contato e da natureza intrínseca de quem se propõe a estabelecer tal contato.
Namastê


sábado, 5 de janeiro de 2019

A FORMAÇÃO DOS PLANOS DE EXISTÊNCIA



                                                               

                                    A FORMAÇÃO DOS PLANOS DE EXISTÊNCIA

                                                                   As Três Gunas

       O que são Gunas, nome tão frequente nos meios ocultistas e esotéricos?

       São elas as íntimas características do Prakriti (raiz de toda matéria visível e pressentida). Guna é a qualidade, o atributo ou propriedade da matéria, a sua natureza inata.
       Toda a matéria do universo, desde a maior densidade à mais plena sutileza, resulta da combinação dessas três características e a preponderância de uma sobre as outras em infinitas proporcionalidades. Nada existe, na infinitude do universo, que não seja constituído pelas diferentes proporções destas três qualidades íntimas. As quais são: 1. Sáttwa.  2. Râjas.  3. Tâmas.

       Sáttwa significa, literalmente, existência, realidade. “É a Guna responsável pelo “Ritmo”.
       Também é um estado de espírito em que a mente é estável, calma e pacífica.
       No plano divino, as altas esferas da divindade, há o predomínio, quase que exclusivamente de Sáttwa, pois a energia vibra em ritmo, característica da imponderável "matéria" constituinte desse plano. Neste nível de existência não existe a forma, e é simbolizado pela esfera perfeita.


       Râjas é a Guna responsável pelo movimento, que motiva o dinamismo de Prakriti em seus outros aspectos, como a ação, mutação e geração. É também o estado de espírito em que a mente é excitável, ativa e intensa, diferente de Sáttwa (pureza, calma e idealização). É onde as energias iniciam a aglomeração para que sejam formadas as sub partículas que engendrarão os átomos. O predomínio de Râjas se inicia constituindo somativos campos de força, que darão origem às formas, estas que já se tornam evanescentes.

       Tâmas, por fim, é o modelo de resistência à ação, sendo traduzida do sânscrito como "inércia". Promove a dissolução e a degeneração. Caracteriza o estado de espírito da preguiça e da lassidão.

       Nos mundos intermediários, onde há o predomínio de Râjas, ocorre a condensação das energias. O astral e o mental são os mundos intermediários que apresentam grande movimentação em sua "matéria". No plano físico há a preponderância de Tâmas, sendo a matéria física mais estável, de mais difícil modificação de estado devido à inércia que plasma as formas densas.


       Na descida à de densificação, segue a sequência de predomínio de Sáttwa, Râjas e Tâmas, respectivamente, tendo porém, sempre o substrato da maior sutileza.

       Durante os infindáveis períodos do Manvântara, ou manifestação cósmica, na "descida à densificação da matéria”, a Guna Sáttwa vai diminuindo de intensidade enquanto a Guna Râjas vai aumentando de valor. Quando a Guna Râjas dá lugar a Tâmas, o universo já desponta em estado mais denso, e a inércia se faz presente chegando ao estado sólido, que é o ponto máximo de condensação.

       O universo superior tem a denominação Anupadaka, isto é, desprovido de forma, como citado anteriormente. Além de Anupadaka, existe o Ady, aquele que vem primeiro, em sânscrito, ou seja, o imanifestado, Ain Soph da Cabala.
       Anupadaka é o Plano Monádico, o último reduto das individualidades espirituais.


                                               TAM-MATRA E TATTWA

       As energias sutis sofrem a aglomeração e iniciam a formação das partículas componentes dos átomos. Tam-Matra vem ser a vibração que é infundida, através de tais energias sutis, na formação das partículas primordiais, e, consequentemente no átomo formado . Cada átomo, portanto, vibra no espaço, possuindo, além da vibração peculiar dos elétrons em seus níveis e sub níveis, essa sutilíssima vibração Tam-Mátrica, que lhe confere o substrato vibracional do éter cósmico, representado pelas energias sutis que preenchem todos os vazios. Literalmente Tam-Matra significa, a partir do sânscrito, "a medida daquele", ou seja, a vibração do éter presente nas aglomerações das energias que formarão as partículas e estas o átomo .

       Essas vibrações, infundida nas partículas e, por conseguinte, nos átomos, descrevem no espaço sete diferentes figuras geométricas. Tais figuras são conhecidas nas escolas esotéricas iniciáticas, e compreendê-las é fundamental para o praticante da alta magia, pois são as manifestações das latentes energias sutis, trabalhadas, canalizadas e direcionadas pelo magista.

       Sobre essas sete disposições vibratórias do Tam-Matra poderão ser canalizadas energias, irradiações mentais, fazendo com que as tais sofram modificações.  A estas modificações são denominamos Tattwas, produzidas a partir da transformação do Tam-Matra, ou modificações do Grande Alento.
       Os Tattwas, portanto, são as modificações ou ondulações produzidas através da mudança no Tam-Matra.
       As sete configurações do Tam-Matra possuem os seguintes nomes, das mais densas às mais sutis: Prítivi, Apas, Vayú, Téjas, Akásha, Anupadaka e Ady.
       Tattwas, recapitulando, são as mudanças no Tam-Matra quando se incidem energias sobre este.
        As sete configurações Tam-Mátricas após sofrerem a transformação, se tornam Tattwas, as quais possuem o mesmo nome  supracitado para cada uma das sete.

        A vibração de Prítivi descreve a trajetória de um quadrado.
        Apas descreve a firma de uma lua crescente horizontal.
        Vayú a forma hexagonal.
        Téjas de um triângulo.
        Akásha de uma lua minguante.
        Anupadaka de uma lua crescente.
        E, finalmente Ady, a forma de um losango.
        Nossos sentidos são impressionados pelos Tattwas.

       As partículas animadas por Prítivi, ao longo das incontáveis eras cósmicas, engendrarão os átomos que se aglutinarão ao estado sólido. Apas equacionará a formação da matéria em estado líquido; Vayú à gasosa; Téjas à etérica, e Akásha à astral, sendo muito importante salientar que em ocultismo Akásha é a "Luz Astral", cujo domínio, através do conhecimento das leis operativas, qualificará verdadeiramente um magista, capacitando-o ao poder da materialização, desmaterialização e transformação (poder, em sânscrito denominado "Kriyashakti", o qual veremos futuramente).
       Os Tattwas superiores, Anupadaka e Ady estão além da percepção humana, detectados apenas pelos espíritos em um elevadíssimo grau de evolução. Algumas pessoas, no entanto, poderão pressentir em um "insight" as ondulações de Anupadaka, captando-as com o sentido da intuição. Ady seria uma percepção de mais elevado nível de espiritualidade, a plena sabedoria e o pleno sentido adjacente à divindade.
       Os cinco  primeiros Tattwas densos conferem a impressão dos sentidos. Prítivi é o olfativo, ligado ao elemento terra; Apas o gustativo, ligado ao elemento água; Vayú o táctil, ligado ao elemento ar; Téjas o visual, por se tratar do éter luminoso, ligado, portanto, ao fogo;  Akásha o auditivo, ligado ao espírito.
       Um ponto importante a ser frisado é que cada Tattwa contém sempre uma parcela de todos os demais, sendo possível àqueles, que refinaram seus sentidos, plasmarem uma sinestesia. Podendo sentir o aroma nas cores, o gosto nos sons, enfim estar acima das limitações dos sentidos.



                      OS SETE PLANOS DAS DIFERENTES DENSIDADES DE  ENERGIAS

       Poderemos também dizer sete planos da matéria, porque entre  matéria e energia, para o ocultista, não existe diferença. A matéria nada mais é que energia condensada ou densificada.
       A matéria surgiu do Mulaptakriti, ou simplesmente Prakriti, resultante da fecundação do espaço puro, Kóylon, pela energia pura, o Fohat. Inicialmente houve a aglomeração de energias, formando pequenos vórtices, e estes deram origem a energias de maior densidade (ondas), até se formarem as micropartículas que estruturaram os primeiros átomos.
       As "ondas”, citadas acima, formaram aquilo que no ocultismo é chamado "Éter Cósmico", ou "Estado Primordial da Forma".
       A maior parte das energias no universo permaneceram neste "Estado Primordial da Forma", preenchendo aquilo que aparenta ser o vazio ("a natureza aborrece o vazio"). Outra parte das energias se condensou dando origem à formação dos mundos, isto é aquilo que na Cabala denomina-se "Tzintzun”, ou a "Auto Constrição Divina".
       Resumindo, uma pequena parte do Estado Primordial sofreu o processo de condensação, a maior parte permaneceu para permitir a circulação da energia divina nos mundos em seus processos evolucionários. Essas energias se estabelecem como um "Oceano Cósmico", condutor de inúmeras outras energias em diferentes estados graduais de condensação, como as linhas magnéticas dos astros, forças gravitacionais, fótons, influências energéticas zodiacais e toda espécie de energias que fluem pelos "Nâdis Cósmicos" interligando cada recanto   do universo.
       O Fohat, ou a energia Primordial que fecunda Kóylon irá sofrer, através dos milhões de "aeons", eras cósmicas, diferentes formas de condensação até se densificada na concretude da matéria física. É claro que tal condensação se processa através de infinitas gradações, mas que poderão ser agrupadas em sete diferentes espécies.
       A energia primordial do Fohat, sem aglutinações constitui  plano divino ou Ady. A energia primordial no início das aglutinações, mas ainda desprovida da forma é o Plano Monádico ou Anupadaka. Em crescente densificações surge o Plano Átmico ou Espiritual, no qual já ocorrem maiores densificações de energias manifestando as essências espirituais. Em seguida o Plano Búdhico ou intuicional, das energias psíquicas ou da alma.

       Seguindo a escala da condensação chegaremos ao Plano Manásico ou Mental, das energias do pensamento ou mentais. Em seguida o Astral, das energias vitais e emocionais, onde se iniciam a formação das energias que irão formar as sub partículas atômicas nos lindes do plano físico. Para depois chegarmos ao ápice das densificações, que é o Plano Físico, o plano palpável, eivado de concretude, onde estão presentes os estados sólido, líquido, gasoso, e, adentrando nos limites do Astral, na intersecção que chamamos "Etéreo".

        Assim temos:
       1. Ady ou Divino.
       2. Anupadaka ou Monádico.
      3. Átmico
      4.Bhúdico
     5. Manásico ou Mental
     6. Astral
     7. Físico

        O Plano de Ady, é composto apenas pelo Tam-Matra Ady (as sete partes)
       O Plano Monádico por uma sétima parte animada pelo Tam-Matra Ady e as seis demais pelo Tam-Matra Anupadaka.
       O Plano Átmico possui uma sétima parte animada por Ady, outra sétima parte por Anupadaka e as cinco demais por Akasha.
       O Plano Búdhico uma sétima parte animada por Ady, outra sétima parte por Anupadaka, outra sétima parte por Akasha e as quatro demais por Téjas.
       O Plano Mental possuem respectivas sétimas partes animadas por Ady, Anupadaka, Akasha e Téjas, e as três demais por Vayú.
       O Plano Astral é animado por respectivas sétimas partes por Ady, Anupadaka, Akasha, Téjas, Vayú, e as duas restantes por Apas.
       O Plano Físico possui todos os sete Tam-Matras: Ady, Anupadaka, Akasha, Téjas, Vayú e Prítivi.

       Segue o esquema:

       Plano Ady:
       1. Ady
       2. Ady
       3. Ady
       4. Ady
       5. Ady
       6. Ady
      7. Ady

        Plano Anupadaka
       1. Ady
       2. Anupadaka
       3. Anupadaka
       4. Anupadaka
       5. Anupadaka
       6. Anupadaka
       7. Anupadaka

        Plano Átmico
       1. Ady
      2. Anupadaka
       3. Akasha
       4. Akasha
       5. Akasha
      6. Akasha
     7. Akasha

        Plano Búdhico
       1. Ady
       2. Anupadaka
       3. Akasha
       4. Téjas
       5. Téjas
       6. Téjas
       7. Téjas

        Plano Mental
        1. Ady
        2. Anupadaka
       3. Akasha
       4. Téjas
       5. Vayú
       6. Vayú
       7. Vayú

       Plano Astral
       1. Ady
       2. Anupadaka
       3. Akasha
       4. Téjas
       5. Vayú
       6. Apas
       7. Apas

       Plano Físico
       1. Ady
       2. Anupadaka
       3. Akasha
       4. Téjas
       5. Vayú
      6. Apas
      7. Prítivi

       Em realidade os planos da energia universal se interpenetram coexistindo no mesmo espaço. As energias sutis estruturam todas as energias mais densas na escala das condensações, pois as energias mais densas são, na verdade a aglutinação das energias mais sutis.
       Poderemos exemplificar a coexistência dos planos da seguinte forma: em um grande balde colocamos algumas melancias, em seguida colocamos abacaxis, nos espaços restante adicionamos laranjas. Ainda nos interstícios colocamos limões, e, ao observar que sobram espaços, ainda que pequenos colocaremos jabuticabas. Ainda sobrarão espaços para colocarmos grãos de arroz. Mas ainda poderemos cobrir todos os espaços enchendo o balde com água.
       Assim são as energias de diferentes densidades que compõem o universo, as mais sutis ocupam os espaços existentes entre as mais densas.
       Os dois planos superiores, Ady e Anupadaka não pertencem às energias que os seres humanos utilizam em seu processo constitucional e evolutivo. São específicas para seres muito superiores aos humanos, os quais seremos algum dia na longa escalada da evolução espiritual.
       O Jivatmam para se manifestar em cada um dos cinco planos correspondentes, utiliza-se das energias inerentes a cada um deles para formar o veículo ou corpo  próprio de cada plano.
       Os seres se evoluem a partir da sutilização das energias existentes, à princípio, nas formas mais densas, sempre aderindo energias de maior sutileza para estabelecer o caminho de retorno à divindade.
       No Plano Físico há o corpo físico denso (1), e o corpo físico etérico (2), onde se localizam os Chakras, e lhe confere a vida. No Plano Astral o veículo do Jivatmam é o Corpo Astral. No Plano Mental há os corpos Mental Concreto, ou Mental Inferior e o Mental Abstrato ou Mental Superior. Há para o Plano Búdhico e Átmico os corpos homônimos, respectivamente.
       A física quântica revela-nos que o espírito, na sua essência, é energia pura, portanto, à medida que o homem se forma como tal, em sua aglutinação energética, inicia sua trajetória evolutiva no rumo da plenitude, a sutilização.