domingo, 31 de julho de 2016

ONDE MORA A FELICIDADE

                            


   No antigo oriente havia um príncipe  que, devido a uma enfermidade repentina, perdera sua esposa grávida, nas últimas semanas de dar a luz ao primeiro filho. Muito abatido o príncipe  passou seus dias em isolamento mergulhando em um profundo estado depressivo. Desejando abandonar este plano de existência passou a não mais se alimentar, agravando ainda mais seu estado deprimente.
   Certo dia, repleto de maus pensamentos, debruçou-se no parapeito da janela de seu palácio com um forte desejo de se jogar muralha abaixo. Foi quando notou, subindo a estrada, um mendigo, todo maltrapilho cantarolando uma antiga canção, sorridente e vivaz.
   "Como pode estar feliz um ser tão miserável e medonho ", Pensou ele, "E eu sem o mínimo gosto para tocar essa vida pela frente "?
.   Então resolveu descer  a escadaria do suntuoso castelo e mandou um de seus criados chamar no portão o paupérrimo andarilho.
   Ao se defrontar com tão miserável figura o príncipe perguntou: "estou observando você caminhar todo feliz pela estrada. e, se for possível me dizer gostaria de saber qual a razão dessa sua felicidade."
   Sem tirar o sorriso do rosto e sem esboçar qualquer sinal de espanto diante da pergunta o mendigo respondeu: "Caminho pelas estradas, minhas pernas me conduzem para onde meu pensamento deseja ir, ando quilômetros  e quilômetros, sob o sol, sob as árvores, nas montanhas e nos vales, Talvez se eu fosse um paralítico não fosse tão feliz!"
   "Essa é a razão de sua felicidade"? Indagou o príncipe.
   "Não". Respondeu o mendigo."Tenho meus ouvidos que ouvem o balbuciar dos pássaros, o vento entre as árvores, o murmúrio doce das correntes de água que  afluem das montanhas. Talvez se eu nada pudesse ouvir eu não seria tão feliz."
   "Então essas são as razões que  determinam a sua felicidade?" Indagou mais uma vez o príncipe.
   "Não". Respondeu mais uma vez o mendigo." Gosto de cantarolar enquanto caminho. Converso com as pessoas, respondo perguntas, oriento os viajantes pelas estradas, chego até mesmo a tentar conversar com os animais da floresta. Pode ser que se eu não possuísse a bênção de emitir palavras e sons eu não fosse tão feliz".
   "E isto basta para a sua felicidade"? Mais uma vez indagou o príncipe.
   "Não, " Prosseguiu o mendigo. "Vejo o nascer do sol todas as manhãs, as cores da natureza, a sinuosidade dos caminhos e todas as estrelas do céu noturno. Talvez se não possuísse a visão eu não fosse tão feliz."
   "E isso basta para sua felicidade"? indagou ainda mais uma vez o príncipe como se encerrasse o diálogo.
  "Não." respondeu mais uma vez o mendigo sem apagar o sorriso de sua face escurecida pelo sol."Certamente que não. Tenho minha mente, minha alma, que me dá o discernimento, que me faz compartilhar a alegria de cada momento em que posso dizer EU SOU. É um pálido reflexo de uma mente superior que irmana todos os seres e que me dá a alegria de vivenciar a razão de ser e de existir. Ainda que fosse cego, eu seria feliz por poder ouvir, ainda que fosse coxo eu seria feliz de poder ver e não triste por não poder andar. Devemos ser felizes pelas muitas coisas que temos e nunca infeliz pelas coisas que não possuímos . "
  "Posso agora entender a razão de sua felicidade"! Exclamou o príncipe. "Quero buscar  minhas próprias razões". Acrescentou.
   "Irá encontrá-las facilmente". Disse o mendigo. "Caminhe, ouça, solte sua voz, observe e pense. Não seja infeliz por aquilo que lhe falta, seja feliz por aquilo que você tem. A vida pode se tornar aquilo que os olhos de sua alma desejam que ela seja. A felicidade pode estar tão perto". Disse o mendigo que ,  voltando a sorrir, continuou a seguir o seu caminho, cantarolando uma melodia qualquer.


sábado, 30 de julho de 2016

UMA LUZ EM CADA CAMINHO

  
    Muitas pessoas têm uma regra de fé, uma crença. E todas as crenças convergem para um ser superior , um guia para iluminar seus caminhos tanto nesta vida quanto além desta existência.
     Mas na maioria das crenças existe a concepção de um "deus" transcendente, e, essa transcendência sempre denota um distanciamento, criando uma perspectiva do intangível, do inescrutável.
    Deus , não o ser antropomórfico , nem um severo juiz disposto a criar diferentes caminhos a seres que se definem por sua própria natureza dual, mas o Deus que vemos, sentimos , tocamos e que , de certa forma , somos , é o Deus que vive , transforma e estabelece , não dentro de uma intangível transcendência, e sim imanente. Imanente a todas as coisas , que vive dentro de nosso próprio ser.
    É através desta centelha divina , imanente, que fala e ouve, que sente a essência do universo, que proponho estabelecer um contato onde todos estejamos unidos , buscando os eternos caminhos que definirão uma nova era.
    Nova era não significa a destruição de um sistema de coisas , mas sim uma transformação, onde cada um se tornará cônscio de sua centelha divina. E terá esta como guia em um novo encadeamento de idéias e ideais , de propósitos elevados, para o estabelecimento de uma nova consciência. Jamais esquecendo que somos os eternos aprendizes de um eterno mestre , de uma lição infinita.