Mônada é uma designação muito utilizada dentro do esoterismo. Inúmeros são os autores que discorrem sobre o aspecto das mônadas, todavia, são poucos aqueles que a definem, dentro na concepção verdadeira do próprio esoterismo qual seu verdadeiro significado.
Mas, qual a concepção verdadeira do esoterismo?
Diferente dos ensinamentos religiosos, o esoterismo afasta qualquer ideia de criacionismo, sempre afirmando, na grande maioria das escolas esotéricas, que todas as coisas seguem um caminho, ou uma senda evolutiva. Dentro dessa concepção, inseridos na temática da gradualidade evolutiva — a natureza não dá saltos — dissertaremos sobre este tema tão complexo e apaixonante — pois quem entende realmente esta significação, está livre das crenças limitantes — das concepções religiosas ainda presentes nas ideias de muitos que se dizem esoteristas — e que na verdade, são religiosos engatinhando nas veredas da espiritualidade.
Concepção antiga da mônada:
Antes de ser utilizada esta designação, os povos antigos — especialmente os gregos — tinham a ideia de uma essência espiritual individualizada e indivisível — a presença da individualidade e sua manifestação.
Dos gregos era também a ideia do Átomo, a partícula essencial, e, segundo os mesmos, indivisível, formadora de toda a matéria em suas infinitas combinações.
Muito posteriormente foi provado que o átomo possuía um núcleo, o Próton, em torno do qual gravitavam os elétrons. O Próton — assim como também os elétrons — era também constituído por outras partículas menores: as subpartículas atômicas, os Quark, Glúons, e inúmeras outras, que nada mais são que energias em seus infindáveis graus de sutilezas.
Dentro do esoterismo — segundo alguns autores — mônada seria como que a Centelha Divina, indivisível, indestrutível e indissolúvel — a "Presença Eu Sou" — a primeira identidade individualizada.
Lembremos que "Tudo é Análogo na Natureza" — o átomo, que se acreditava a partícula ultérrima essencial de toda formação material — é infinitamente divisível, passivo de dissociação (conhecemos desde o século passado a fissão nuclear) — o que somos também é divisível, mutável e aglutinante.
Aquilo que chamamos centelha divina é a conformação daquilo que se entende como a "presença divina" — a essência impulsionadora do retorno à Unidade Plena.
Na verdade são concebidas como átomos espirituais dotados de atividade, substâncias forças.
"Deus criou números incontáveis de mônadas, as quais são eternas e individualizadas" — Disse um autor antigo — "As tais são substâncias simples, essenciais e indivisíveis".
"Deus criou um número elevadíssimo de mônadas" — Explana outro autor — "Cada mônada cocriou outras doze mônadas, formando grupos espirituais no caminho da ascensão".
Mônadas são, na verdade, essências espirituais existentes em um dado momento da senda evolutiva. Explicaremos tal afirmação a seguir.
Sigamos os caminhos evolutivos dos seres presentes no Planeta Terra. Conforme explanações exaustivamente descritas em inúmeros textos anteriores, a vida na terra surgiu através das sínteses e combinações moleculares, formando os primeiros aminoácidos há vários bilhões de anos. Há aproximadamente 4 bilhões de anos, formaram-se os primeiros organismos unicelulares, seguindo a escala evolutiva até os multicelulares, originando, com o passar das eras seres mais complexos, até os primeiros hominídeos — Australopithecus Afarensis, recuando no tempo cerca de 3,5 milhões de anos. A evolução prosseguiu até o advento do Homo Sapiens, há cerca de 300 mil anos, passando pelos Australopitecos, Homo Erectus e todas as variações intermediárias na mesma ancestralidade.
Nada surge como criação ou geração espontânea. Tudo segue um caminho evolutivo, desde os organismos mais simples até os seres de maior e mais plena complexidade como podemos ver, atualmente no gênero humano. A evolução não cessa, é como uma corrente de água que enceta seu fluxo desde sua nascente até onde afluem suas águas.
Sigamos a analogia das correntes de água. Gotas d'água formam um pequeno veio, o qual se engrossa formando grotas, regatos e riachos. Estes últimos afluem para rios maiores, que caminham para o oceano.
Somos esses rios maiores em direção ao mar — formados desde os veios e pequenos riachos, até que possamos confluir no oceano — a unidade da convergência universal.
Mas, há sempre uma indagação quando se fala em confluir à unidade: Então, se somos como rios à caminho do oceano, quando ali chegarmos será uma aniquilação do ser, perderemos nossa individualidade?
Se éramos como inúmeros rios menores, cuja confluência formou o rio que hoje somos, atravessando os tempos — deixamos de ter uma individualidade?
Somos a aglutinação de seres (rios menores) das escalas evolutivas inferiores.
O grande neurocientista Paul D. MacLean, em seu livro publicado em 1990, “The Triune Brain in Evolution: Role in Paleocerebral Functions” ( O Cérebro Trino na Evolução: Seu Papel na Função Paleocerebral) , argumenta que o cérebro humano é dividido em três partes, ou três diferentes unidades funcionais: 1. O cérebro reptiliano, ou tronco basal, representado pela medula espinhal e pelas porções basais do Prosencéfalo. 2. O cérebro límbico, também conhecido como cérebro emocional — que é o cérebro dos mamíferos inferiores — tálamo, hipotálamo, hipocampo (sede da memória) e parahipocampo. 3. E, por fim o cérebro racional (neocórtex) — que diferencia o homem/primata dos demais animais — se constituindo por seus lóbulos: frontal, temporal, parietal, occipital...
MacLean atesta, através da anatomia e fisiologia, a assinatura evolutiva presente no corpo humano.
Poderemos ver também as fases evolutivas do gênero humano através das etapas da embriologia, onde os estágios iniciais do embrião se assemelham aos animais inferiores da escala zoológica — iniciando logicamente como um organismo unicelular provido de um flagelo para sua locomoção. Cada etapa da embriogênese humana corresponde, portanto, às fases evolutivas da escala zoológica.
Somos, dessa maneira, dentro da escala evolutiva, uma aglutinação de seres, mantendo nossa individualidade, a qual irá se expandir, na junção de muitas outras, formando um "Eu Maior", uma Mônada Expandida, na marcha evolutiva através dos eflúvios do tempo.
Mônadas, portanto, são os estágios da individualidade em um determinado tempo.
Não são "criadas", mas transformadas. Lembremos: "Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, segundo o sábio francês Antoine-Laurent de Lavoisier.
Os primeiros seres vivos, à partir da aglutinação dos aminoácidos, já se estabeleciam como uma mônada ínfima — um ser que seguia, e por sinal soube seguir seu direcionamento evolutivo, formando, por sua vez, seres maiores e mais complexos, formando novas mônadas na configuração de uma nova realidade.
O ser humano individual é uma mônada, mas não uma mônada criada, nem mesmo uma mônada indissolúvel e eterna em sua plasmação no atual momento da senda evolutiva — mas uma mônada formada ao longo trabalho dos aeons — nãoum trabalho findado que atingiu seu clímax na condição humana do momento atual — mas uma mônada que segue se transformando, aglutinando e confluindo em busca da mônada suprema, o oceano divino onde todos os caminhos se encontram e onde “Todos Somos Um”, na plenitude do Ser.
Deus é o dinamismo cósmico — o universo em seu caminho de convergência, a equação que movimenta desde as mais ínfimas partículas subatômicas até as Super Novas, no entrelaçamento energético onde não existe a separatividade — é a energia essencial, que permeia o infinito, de onde todas as formas são plasmadas à partir das condensações derivadas da essência primordial — "a natureza aborrece o vazio".
Cabe aqui uma dúvida muito comum nos arcanos de inúmeras escolas iniciáticas do ocultismo: "E o que vem a ser o chamado Plano Monádico"?
Vamos, primeiramente, recordar alguns tópicos mencionados em textos anteriores:
Segundo a orientação teosófica existem sete planos de existência:
1. O plano Físico.
2. O Plano Astral.
3. O Plano Manásico (de Manas — Mental).
4. Plano Búdico ou Intuicional.
5. Plano Átmico ou Espiritual (Das essências espirituais).
6. Anupadaka ou Plano Monádico.
7. Adi ou Plano Divino.
Anupadaka em sânscrito significa "sem pais" por extensão, "sem formas", onde se manifestam as mônadas, redutos últimos das individualidades espirituais.
É, portanto, o último reduto das mônadas em sua auto realização a caminho da divindade — Adi, em sânscrito "primeiro" — vemos aqui o último estágio das mônadas à caminho do primeiro estágio da divindade essencial — o oceano onde se desaguam os rios e se tornam Um, no Eu Maior, a casa paterna, onde os "sem pais" retornam à morada de onde surgiram — completando a respiração divina entre os Manvântaras e os Pralayas.
E o que é a Centelha Divina? É esse chamado a prosseguir na senda evolutiva, como uma chama sagrada indicando nossa essência divina que busca a sua unificação com a divindade única — o selo sagrado que autentica a natureza infinita e eterna da Mônada Divina, muito diferente da separatividade das mônadas transitórias da condição humana.
Paz e Luz