Muito se ouve falar do Buda, ou mais precisamente, o Bodhisattva Maitreya, o avatar da Nova Era de Aquário, mas poucos sabem realmente qual a sua essência e qual a sua atuação no novo ciclo cósmico que se inicia nesta nova etapa da evolução humana.
Maitreya deriva de uma palavra sânscrita "Maitri", que não significa algo, nem mesmo um nome próprio, mas um estado — "amistosidade" é a sua significação — a definição mais profunda que encontrei à palavra "amistosidade" seria "o advento de uma disposição de espírito mais elevada, consubstanciada no amor, incondicional e isento de expectativas ou exigências".
Os antigos textos budistas definem como uma renovação da espiritualidade, confirmando os preceitos de Sidarta Gautama, pondo em prática sua sabedoria.
O importante é saber que não é um Ciclo Cósmico que traz em si missionários de novos conceitos — os avatares — mas são esses arautos de novas concepções que descortinam novos momentos na expansão da consciência humana. E, a origem desses seres, precursores de novos ciclos, é justamente a ação evolutiva que traz no inconsciente coletivo todo um conhecimento acumulado através dos milênios.
As civilizações se integram. Os conhecimentos se acrescentam através do intercâmbio entre os povos. Existem avatares simultâneos — temos os grandes mestres persas, hebraicos, chineses, gregos e hindus. Todos encetando novas formas de pensamento, presenteando o mundo com as "boas-novas" que o próprio mundo espera em cada momento da escalada evolutiva.
Saímos da "Era da Crença" (direcionamento a um foco determinado e singular) — advinda após a "Era das Leis", da imposição às regras — estamos adentrando na "Era do Conhecimento". Um novo momento que se inaugura, substituindo aquilo que foi "um avatar para cada crença" e regra de fé, para uma abrangência (pluralidade): não uma mente avançadíssima com um grande distanciamento da humanidade comum, mas muitas mentes com um nível mais elevado de consciência, mais próximos ao homem comum — mestres do conhecimento espalhando novas concepções, desvanecendo as crenças consubstanciadas na fé cega,, incitando o questionamento, descortinando o verdadeiro sentido de discernir.
Sempre que se inicia um novo ciclo cósmico ocorre uma reação contra as novas concepções. Os mantenedores de valores ultrapassados se insurgem contra as inovações que lhes parecem nocivas. Sabemos que a natureza não dá saltos, e que as novas frequências gradualmente substituem as antigas. Sempre há o convívio entre o novo e o antigo, e por esta razão é que os conflitos e as tribulações se fazem muito mais frequentes nos períodos de transição. Até mesmo na bíblia poderemos ver o "Bezerro de Ouro" na recaída idólatra do povo hebreu no deserto do Sinai — que é a velha Era de Touro contrapondo-se à Era de Áries instituída sob o advento da Lei Mosaica.
Mesmo nos dias de hoje — onde gradualmente as concepções da Era de Peixes estão sendo suplantadas pela Era de Aquário — ocorrem resistência contra os novos princípios: há inúmeros saudosistas das velhas monarquias absolutistas, assim como as mente a mais retrógradas que sonham com o retorno da servidão — de maneira menos explícita, certamente.
O antigo mundo das Leis, das estratificações, das regras e punições está dando lugar ao acolhimento, à busca de um convívio mais justo e igualitário.
A gradualidade é o caminho em que se encetam as transformações. Assim como nas trevas está comprometida a visão, uma única luz forte também dificulta uma visão perfeita. Um holofote não terá a mesma eficácia de uma infinidade de lâmpadas a dissipar todas as trevas da obscuridade — um rua necessita de inúmeros postes, a certa distância uns dos outros para que todo seu trajeto seja iluminado. Eis aqui a essência da Nova Era que se descortina.
A "Amistosidade" na Era do Conhecimento.
Amistoso é aquele que se faz propenso à amizade e a solicitude. Amistosidade é o estado em que são exercidas as aproximações, a cooperação, o auxílio e a entrega. E qual maior entrega senão o compartilhamento do saber?
Na antiga Era da Crença, a fé cega determinava aquilo que era necessário crer, saber e praticar para obter uma pretensa salvação. As crenças utilizavam aquilo que é mais forte nas mentes e corações dos seres ainda limitados em consciência: o medo e o interesse. Exploravam, dessa forma o seu domínio no interesse em ganhar um hipotético céu, assim como o medo de um pavoroso inferno — uma bem-aventurança no infinito ou uma eternidade de danação.
A Era do Conhecimento chega externando sua pluralidade, assim como descortinando a grandeza da diversidade, não apenas de um único avatar salvador, mas de infindáveis mestres instrutores.
A crença traz em si, não apenas a fé cega, mas todo tipo de cegueira que deriva no fanatismo, assim como o aprisionamento de conceitos retrógrados e limitantes, os quais sempre foram diretamente proporcionais ao desejo de controle pelos grupos e castas dominantes.
Muito pior que a ignorância é a ilusão do conhecimento — já disse um grande sábio. Os mestres da Nova Era trazem em sua bagagem existencial a sabedoria necessária para dissipar tais ilusões.
Podemos ver como, nos dias atuais, o acesso ao conhecimento se disponibilizou a um muito maior número de pessoas — anteriormente restritos às ordens veladas e "mestres ocultos". A fé cega está sendo, gradualmente, substituída pelo conhecimento visionário. Aqueles que estavam restritos "aos vales da sombra da morte", estão alcançando maior amplitude de visão nas "altas montanhas de onde se avista a Terra Prometida". Algo muito importante está sendo utilizado por todos aqueles que alcançam maior amplitude de visão: o questionamento — sem o fatídico receio da incorrência em heresias — muito embora as crenças ainda se fortaleçam em meio à ignorância dos séculos.
A Pluralidade.
Há um conto esotérico que fala sobre duas civilizações. Uma delas recebeu um grande líder, cujas palavras se tornaram leis pétreas, irrevogáveis. Com o passar do tempo, tal indivíduo começou a ganhar aspectos de divindade. Algum tempo mais tarde, se tornou um enviado de Deus, e, passado mais algum tempo, se tornou um deus. O povo ficou submisso às leis de suas palavras e limitado à sua concepção própria de ver o mundo. Toda a civilização ficou estagnada a preceitos inquestionáveis, fanatizados sob sua severa obediência.
A outra civilização recebeu um mestre, seus preceitos foram assimilados, esquadrinhados, discutidos, questionados… Posteriormente surgiu outro mestre, e seus ensinamentos foram discutidos, confrontados, repensados…
Algum tempo mais tarde surgiu outro mestre, seguido de mais outro, e outros…
Uma gama de conhecimento, de preceitos e concepções se disponibilizou ao acesso das pessoas — e essas pessoas aprenderam a pensar, analisar o contraditório, avaliar as diferenças, adentrar no mundo das dúvidas e questionar antigas convicções.
Enquanto uma civilização se fechou em suas próprias ideias e inalteráveis convicções, a outra se abriu para o novo, a repudiar consagrações de coisas mutáveis, a aprender mais com as dúvidas, equívocos e erros do que acertos transitórios e impermanentes. Enquanto uma delas idolatrava um "livro sagrado", a outra buscava a verdade — a verdadeira sagração — em diversos livros. Enquanto uma aguardava a "salvação" em algum paraíso, a outra buscava o contínuo saber no eterno caminho das transformações. Enquanto uma temia uma eternidade das penas, a outra temia a penosa angústia das convicções estacionárias. Uma civilização evoluiu, a outra se estagnou.
Por fim, as duas civilizações foram invadidas em diferentes momentos — o legado da civilização estacionária foi usado, com sucesso, como instrumento de controle dos povos subjugados, enquanto que a outra se constituiu em uma semente para germinar nos momentos propícios. Uma se tornou um freio, outra, uma alavanca. Após um período gravoso de uma idade de obscurantismo, sob o domínio das limitações, a semente germinou, no Renascimento que propagou novas ideias e inaugurou novos caminhos para o advento de novas ideias. Hoje temos o legado dessas duas civilizações a definir prospectos — uma estacionária, outra plural e revolucionária. Não uma revolução sangrenta de imposições e supressão de liberdade, mas a revolução dos espíritos para libertar as consciências das limitações, expandindo seus horizontes, amplificando o alcance das mais diversas perspectivas.
A Legião dos Instrutores.
O momento que inaugura não necessita de um sábio perfeito que traga ideias pétreas, mas de inúmeros humanos nos caminhos da perfeição que tragam ideias claras.
Estamos ultrapassando os oito bilhões de habitantes — há muito mais seres encarnados que desencarnados. Os seres do bem estão aqui, presente a neste mundo trazendo o seu legado de justiça e paz.
Maitreya não é, de maneira nenhuma um ser unitário e restrito a uma única identidade. Mas inúmeros seres que vêm ao mundo com a sagrada missão de esclarecer, dissipar as dúvidas e direcionar caminhos na propagação de novas concepções.
Amistosidade é a dispensação de uma graça especial e não uma denominação específica. Estamos na encruzilhada dos tempos — não é o mais o momento da chegada de um avatar para que nele creiam, mas inúmeras pessoas que apontem os caminhos corretos — o Dharma que a humanidade tanto necessita.
Muitos são os místicos que preconizam um número dos novos instrutores da humanidade — os 144 mil — mas números específicos restringem, e não é este o momento cósmico de restrições, e sim o momento de expansão, propagação e compartilhamento, no qual uma chama acende outra chama, multiplicando-se as luzes, dissipando cada vez mais intensamente todas as trevas da ignorância e das ilusões de um pretenso conhecimento.
A "Amistosidade" não se restringe, pois, a um ser, muito menos a números, ela é um estado de espírito que se propaga, sob os padrões comportamentais estabelecidos na longa marcha evolutiva.
Cada era teve seu sentido, seu valor e suas perspectivas nos momentos em que os níveis de consciência da humanidade o permitiram. Nada é por acaso, tudo tem uma razão no sequenciamento cósmico que define os caminhos evolutivos.
Sejamos alunos, para que possamos também ser instrutores. Há toda uma sinergia alicerçando a redenção do gênero humano. A Era do Conhecimento se inicia com uma grande simbiose coletiva. Talvez eu seja seu mestre e também o seu aluno — talvez sejamos discípulo de uma misteriosa mestra chamada Verdade. O mais amplificado nível de consciência é aquele onde todas as consciências se alinham sob a mesma frequência. A Amistosidade — Maitreya — se propaga no alinhamento dos corações contritos. O Buda da Nova Era reside na centelha divina intrínseca ao nosso próprio ser — a bem aventurança se constrói na reciprocidade, a regeneração tem início na concepção de um ideal coletivo — o paraíso se encontra à sombra das mãos unidas.
Paz e Luz.