Este tema, muito comum nas ciências esotéricas, é bem mais abrangente do que podemos supor, pois, aquilo que entendemos realmente por projeção, não se restringe aos desdobramentos ou mensagens e sinais canalizados através do espaço rompendo distâncias físicas.
Os indivíduos, familiarizados com o esoterismo, têm o conhecimento de que no universo tudo é energia. E as energias se dispõem em uma infinidade de gradações, das mais densas às mais sutis. Tudo aquilo visível aos nossos olhos humanos são densificações, e estas estão estruturadas nas energias sutis, que vão desde as partículas ou ondas subatômicas até a visível concretude, que aparentemente descreve uma realidade perceptível aos nossos sentidos. As coisas visíveis estão alicerçadas nas invisíveis. E, o que entendemos por projeção? "O invisível percorrendo seus caminhos", exercendo seu dinamismo, e, muitas vezes se fazendo visível quando manifesta ao plano físico. O próprio plano físico é, portanto, uma projeção do Astral efetuada através da Consciência Cósmica. Considerando que o astral é a sutileza de onde se estrutura o plano físico.
Neste sentido, tudo aquilo que podemos ver é uma projeção, o Mundo de Maya da concepção hindu, o próprio pensamento são energias que se projetam desde Manas, o Corpo Mental, que se deriva desde o Atman. E tais projeções, que se planam do invisível desprovido da forma — arupa — à projeção visível, desde a projeção visível à projeção palpável (materialização); da projeção palpável à projeção provida de consciência própria, e desta ao "Tulku" (Do qual falamos pormenorizadamente em textos anteriores) ao entrante, que falaremos adiante.
Projeção Astral e Viagem Astral.
É muito comum utilizar mencionar a palavra projeção quando se deseja explanar sobre uma "viagem" ou desdobramento astral. Não está errada esta associação. Contudo, para diferenciar dois fenômenos, ou duas situações, utilizarei as duas designações, diferenciando o sentido de cada uma delas de forma exclusivamente didática, pois este assunto se faz muito amplo para que fiquem restritos a uma única referência. Existem, portanto, situações diferentes que precisam ser denominadas de maneiras distintas no ocultismo, e cabem às diferentes designações estabelecerem estas variações essenciais.
O verbo projetar significa lançar-se, estender-se para fora. Estender não significa mudar a localização, mas atingir determinado alvo sem efetuar um deslocamento significativo. Viajar já estabelece uma deslocação de um local a outro mediante determinado deslocamento. Já a palavra "desdobrar" tem por significação dividir uma unidade, um deslocamento no tempo e espaço.
Projetar seria estender seu alcance a um determinado local mantendo sua consciência estacionada. Seguindo estas definições, vamos diferenciar um fenômeno do outro através dessas diferentes denominações, facilitando o entendimento de cada situação, de cada sequenciamento.
O plano físico é uma projeção do astral justamente porque não está em local alheio a este plano, mas no mesmo local em frequências vibratórias diferentes. O que é uma projeção de um filme ou de uma imagem? É "desferir" a imagem para uma tela ou parede a partir de um aparelho projetor. A imagem está inserida neste aparelho, porém emitida à certa distância que permita sua visualização. Aí está a diferença entre uma viagem e uma projeção astral no sentido esotérico. Em ambas estão presentes o corpo físico (o aparelho projetor), porém, na projeção a consciência (foto ou filme) está dentro deste aparelho, na viagem a consciência acompanha a peregrinação astral.
No livro de Atos dos Apóstolos, capítulo 16, versículo 9 relata o seguinte evento: "E Paulo teve de noite uma visão, em que se apresentou um varão da Macedônia, e lhe rogou, dizendo: "Passa à Macedônia, e ajuda-nos".
Certamente o Apóstolo Paulo recebeu um chamado alheio à sua imaginação, pois confirmou-se esta necessidade de auxílio aos macedônios. E, pelas características do relato, tratou-se de uma projeção efetuada por algum membro da principiante igreja local. Pois, normalmente, mensagens céleres e instantâneas denotam uma projeção, diferente de uma visita astral, onde o contato se faz mais extenso, com diálogos e revelações às vezes difíceis de serem relatados sucintamente.
O mesmo apóstolo Paulo diz, em sua Segunda Epístola aos Coríntios, capítulo 12, versículo 2: "Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo não sei, se fora do corpo não sei: Deus o sabe) foi arrebatado até ao terceiro céu. E sei que tal homem (se no corpo não sei, se fora do corpo não sei; Deus o sabe). Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar."
Os hebreus costumavam dividir o mundo celeste em sete partes. O terceiro céu, mencionado por Paulo, seria possivelmente o Astral Superior, e, em sua humildade, seria ele próprio ao qual se refere na terceira pessoa. A dúvida em relação ao corpo nos dá a entender que, dentro de suas concepções filosóficas, considerava tanto o desligamento do corpo material quanto à experiência mística envolvendo também o veículo físico. Neste caso específico, Paulo descreve uma viagem no mundo espiritual superior, e não uma projeção.
Nem sempre, porém, há casos em que as projeções se dão de forma efêmera e nebulosa. Existem inúmeros casos, especialmente na literatura teosófica, onde mestres tibetanos passam instruções a seus discípulos à distância. Assim como adeptos hindus, como no caso das instruções da Doutrina Secreta, como veremos mais adiante.
Graus das Projeções Astrais.
É impossível quantificar a espiritualidade, especialmente quando dissertamos sobre as gradações das sutilezas energéticas. No entanto, todas as manifestações extras físicas variam em intensidade, e esta pode ser dimensionada a partir de determinadas condições que propiciam as observações.
Tudo depende da afinidade extra física do emissor e da afinidade extra física do receptor. Caso tivermos um aparelho projetor em perfeitas condições em uma tela na distância e na disposição correta, a imagem exibida nessa tela será nítida em seus detalhes. Fato que não ocorrerá quando existir alguma deficiência de boas condições, seja no aparelho ou na tela. Se ambos estiverem em condições precárias, nossa imagem será imprecisa, indistinta, ou até mesmo inexistente. Assim, poderemos ter quatro condições que definem a nitidez de uma projeção: a elevada capacidade do emissor e a elevada capacidade do receptor; a elevada capacidade do emissor e a relativa capacidade do receptor; a relativa capacidade do emissor e a elevada capacidade do receptor e a relativa capacidade, tanto do emissor quanto do receptor, neste último caso pode nem mesmo ocorrer qualquer tipo de projeção. Existem casos inusitados onde não há elevada capacidade do emissor, nem do receptor, mas o grau de afinidade, como nos graus de parentesco, especialmente de gêmeos univitelinos, ou mesmo pessoas de almas afins, as projeções podem funcionar como verdadeiros "e-mails", estabelecendo uma conexão espiritual entre tais. Há algumas situações em que são exacerbadas as afinidades extra físicas, fazendo com que as pessoas envolvidas estabeleçam uma paranormalidade, efêmera ou prolongada. Isso pode ocorrer também em situações desesperadoras como veremos mais adiante.
Os grandes adeptos e magos conseguem estabelecer elevadíssima capacidade de emissão, muitas vezes ocorrendo materialização, aplicando-se o fenômeno místico do Kriyashakty das quais também dissertaremos.
Da Projeção à Viagem.
Aproveitando da palavra viagem, gostaria de citar um trecho do livro As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, que, longe de ser um livro infantil como sugere a aparência, é uma inteligente e verdadeira sátira ao gênero humano. Quando, no país de Lilliput, Gulliver notou que entre eles havia uma guerra muito feroz entre dois povos dessa terra, e ficou muito surpreso ao saber que, a razão de todo aquele conflito se dava em razão de um dos lados, no horário de seu desjejum, quebrava os ovos cozidos pela parte de baixo, enquanto que o outro pela parte de cima.
Isto pode nos espelhar o quão ridículo vem ser as contendas pelas simples nomenclaturas. Os mestres foram unânimes em afirmar que a diferença entre as nomenclaturas "viagem" e "projeção" se fazia simplesmente para destacar as gradações de um mesmo fenômeno. Gradações estas que podem se tornar nulas quando deixamos de visualizar suas características mais divergentes, especialmente quando é difícil distinguir um aspecto do outro como faremos agora.
Existe algum padrão constatado em todo o universo conhecido?
Certamente não é a simetria, pois este é um padrão presente em inúmeros seres vivos. O padrão presente em todo o universo é a dinâmica, o movimento que gera transformações. Todas as coisas tanto físicas, astrais e mentais seguem está padronização específica presente em todo cosmo. Por essa razão, cada evento, cada fenômeno, cada circunstância deriva de outras circunstâncias, de outros fenômenos ou particularidades. Difícil, ou quase impossível é traçar seus lindes, onde começam determinados aspectos, e onde terminam.
São, na verdade, diferentes aspectos, que se diferenciam nas gradações, de um mesmo fenômeno. Assim como todas as energias derivam de uma essência energética primordial, que faz sua diferenciação através dos níveis de condensação, à semelhança de diferentes formas de gelo, que dão formatos diferentes à água congelada: a água é a mesma, a diferença é aparente segundo a forma de gelo que modela seu aspecto solidificado. Tudo no universo é um. Isto é algo que todo estudante de esoterismo deve ter consciência.
Em inúmeras ocasiões, a projeção astral é a precursora dos desdobramentos. Sabemos que entre os mestres e adeptos não se processa desse modo, pois, em inúmeras escolas secretas, todo contato a distância, em vigília, se faz através da projeção, e em outras escolas as práticas se iniciam com o desdobramento para depois executar a projeção consciente.
Ocorre que muitos místicos, propositalmente ou não, iniciam alguns contatos à distância através da projeção, mantendo sua consciência onde está o seu corpo físico, contudo, seu corpo astral acabasse desprendendo durante o processo, iniciando uma projeção com a consciência desprendida do físico, e muitas vezes presente na própria projeção que havia iniciado, tornando, desta forma, aquilo que caracteriza o desdobramento ou viagem astral.
Nos fenômenos onde ocorre a materialização, poderão ocorrer com a consciência presente no fenômeno, assim como à distância. Pouco importa, no entanto, o desligamento ou não do corpo físico, ou qual a nomenclatura que deveremos externar. O adepto ou magista, que possui o poder de materializar, tem assim o domínio pleno do Kriyashakty, que é a plasmação física à partir da capacidade volitiva no domínio da "Luz Astral", assim como o poder da criação de um Tulku (fenômeno do qual foi dedicado um texto completo anteriormente), que é uma réplica provida do reflexo da consciência de seu criador. Nestes casos temos a gradação de poderes que se estruturam naquilo que foi mencionado no início do texto: "o plano físico é a projeção do Astral", e, aquele que compreende este sequenciamento cósmico, possui a chave mestra da potencialidade sequencial, nos lindes entre o gênero humano e aquilo que poderemos denominar "sobre humano".
Como se estabelecem esses fenômenos.
A partir do momento em que pensamos em alguém, já projetamos nossa mente em direção à pessoa alvo de nossos pensamentos. Imaginemos se pensamos em um indivíduo altamente sensitivo; ele receberá esta emissão como um sinal, e, muitas vezes, sem mesmo saber o porquê, pensará na pessoa que emitiu seu pensamento em direção a ele. Isso ocorre também em pessoas nem tanto sensitivas; pode ocorrer o mesmo com pessoas unidas por fortes laços afetivos, ou que tenham propósitos comuns veementemente almejados. Tudo se inicia no pensamento, e, assim como o físico é uma projeção do astral efetuado pela grande consciência cósmica, todo pensamento é poderoso para a operação de sinais extra físicos, especialmente quando canalizado dos mais recônditos "compartimentos" de nosso ser — nossos corpos superiores, de muito maior sutileza. Quanto maior a sutileza maior seu deslocamento pelos espaços, e até tempos, como veremos mais adiante. O pensamento não apenas se projeta e viaja, mas também cria, estabelece destinos, formas e realidades.
Todas as afinidades extra físicas estão relacionadas ao desenvolvimento, ao alinhamento e à ativação dos Chakras. Uma pessoa poderá até possuir elevado potencial para realização de experiências e fenômenos espirituais, contudo de houver bloqueios em seus chakras, dificilmente ocorrerá alguma manifestação de seus dons intrínsecos. A partir do desenvolvimento dos chakras superiores, acima do Anahata (não descreverei os processos de ativação, pois são por demais extensos, os quais já foram amplamente descritos em textos anteriores), iniciam-se os domínios de inúmeros sentidos astrais, cada qual correspondente às determinadas funções de cada centro energético. Dessa forma, teremos a audição astral expressa pelo Chakra Vishuda; a visão astral pelo Ajnã, ou Olho de Shiva, até alcançar o desenvolvimento do Sahashara ou Brahmaranda, o Lótus das Mil Pétalas, que, plenamente ativado, absorve todas as funções de cada um dos demais chakras, na convergência dos poderes conferidos pela ativação de todos eles, conferindo uma consciência cósmica àquele que assim alcançar seu pleno desenvolvimento. Todavia, este desenvolvimento se faz de maneira gradativa. A partir do momento no qual se estabelece a ativação deste Chakra, se inicia a manifestação de inúmeras atividades extra físicas, e entre elas está o poder da projeção astral assim como seu desdobramento. O início da consciência plena estabelece o domínio do espírito sobre a materialidade, permitindo que sejam suplantadas as inúmeras limitações impostas pelo físico e sua inerente materialidade.
O corpo astral, assim como os demais corpos superiores, deixa de estar totalmente submisso às impressões físicas, e passa desvencilhar-se de seu apresamento, assim como o faz durante o sono quando submergem os sentidos físicos, só que de maneira consciente, seguindo a própria intencionalidade. (Existem as projeções e desdobramentos desintencionais, porém, ocorrem, assim como durante o sono, em um momentâneo arrefecimento dos sentidos).
Projeções no Futuro.
O futuro não existe, e isso todo estudante sério de esoterismo sabe perfeitamente, pois quando existir será o presente e não um período de tempo por vir. O que existe é um encadeamento de circunstâncias, assim como perspectivas de intencionalidade. Um indivíduo que sempre dirige alcoolizado, fatalmente, algum dia provocará um acidente e arcará com as suas sempre nefastas consequências. Isto é um encadeamento de circunstâncias, de maneira mais simples de entender: causas e suas consequências. Conhecendo aquilo que pode se configurar como causa, poderemos antever suas possíveis e prováveis consequências. Muitos indivíduos, como a própria história demonstra, foram capazes de se projetar em um hipotético futuro e visualizar aquilo que o encadeamento circunstancial tende a concretizar. Tal visão, contudo, jamais irá representar uma fatalidade, mas uma noção compreendida, através de um nível superior de consciência, que se esquadrinha mediante um equacionamento de fatores cujo resultado se estabelece no fluir do tempo. Grosseiramente, seria como um indivíduo sedentário, dado a inúmeros vícios e hábitos nocivos, alimentação gordurosa e excessiva, com histórico familiar de inúmeras enfermidades de origem vascular, observado por alguém conhecedor das ciências médicas, o qual fará um sombrio prognóstico a este indivíduo. Um possível óbito poderá ser evitado por uma drástica mudança de estilo de vida, mesmo que a probabilidade disso acontecer seja muito baixa.
São chamados videntes aqueles que conseguem projetar os encadeamentos que se sucedem e visualizar suas possíveis consequências. Miguel de Nostradamus foi uma dessas personalidades que projetou sua consciência muito além de seu tempo, assim como inúmeros outros; jamais estabelecendo uma forma fatalista em um "Maktub" inexorável, mas como a "Profecia de Jonas", que, revelando a destruição da cidade de Nínive, fez com que seus habitantes se redimissem, alterando as causas assim como suas futuras consequências.
Projeções ao Passado.
Existem registros cósmicos impressos na alma de cada ser, na alma de cada grupo, na alma de cada planeta, na alma de todo o universo. Toda a memória cósmica fica registrada no Akasha, o elemento primordial do qual derivam todos os elementos, onde congregam as partículas ou energias formadoras de cada átomo, desde a sua mais ínfima intimidade, até as estrelas, os astros e supernovas. É como se fosse um infinito oceano, do qual derivam tudo aquilo inserido em suas próprias águas, com seus componentes da mais plena insignificância aos da mais elevada magnitude. Akasha em sânscrito significa espaço ou éter, a energia substancial da qual é formada tudo aquilo que possui existência, como a conhecemos, atuando como um arquivo, o computador cósmico abrangendo tudo aquilo que ocorreu no universo. É a memória da natureza, a Luz Astral, matriz de todo o universo de onde tudo deriva e se sequencia através das diferenciações (densificações). Assim como há este registro cósmico em sua totalidade, há o registro a partir dessas diferenciações, os registros de cada espírito em suas encarnações e peregrinações através dos tempos, espaços e mundos.
Há aqueles que conseguem acessar o Registro Akáshico de seus espíritos, assim como de cada coisa e do próprio planeta.
É possível executar a projeção e visualizar as vidas pretéritas e tudo aquilo que teve evento na história do mundo e do universo. Muitos erros poderão ser corrigidos através do conhecimento de suas causas e de suas origens. Existe o esquecimento daquilo que se passou, porém existe a forma de acessar esses arquivos. Assim como a história é uma importante disciplina para que sejam mais bem conhecidas as realidades presentes, o acesso aos registros akáshicos permite compreender o sequenciamento evolutivo, a trajetória e seus caminhos, as consequências a partir das causas, as sendas das transformações.
A Psicometria.
Seguindo as projeções direcionadas ao pretérito, não poderemos deixar de comentar sobre a Psicometria, porém, por um prisma místico e esotérico. A psicometria é a capacidade que algumas pessoas têm de ler as impressões e a história de objetos através do toque, do contato.
Conforme a dissertação anterior, todas as coisas, tudo aquilo que existe tem sua história impressa no registro akáshico. O indivíduo que possui o dom de projetar em sua mente toda a memória akáshika de determinada coisa exerce a habilidade da psicometria, pois acessa e capta esses registros. Como diz um velho ditado ocultista: "Todas as coisas falam. É preciso conhecer as suas vozes para adentrar nos mistérios do mundo".
No próprio Salmo 19 se faz referência a esta linguagem oculta: "Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Sem linguagem, sem fala, ouvem-se as suas vozes".
Um verdadeiro psicômetra consegue ouvir essas "vozes" e ler toda a história de um determinado objeto, de uma determinada coisa qualquer, e ver a sua história, desde sua fabricação, os lugares por onde esteve e as pessoas as quais pertenceu, assim como as condições, os momentos, e as sensações dessas pessoas nas suas proximidades. O indivíduo que tem acesso ao registro akáshico de um objeto não está restrito, porém, a coisas inanimadas. Este acesso é possível também no contato com seres vivos: plantas, animais e homens, que, uma vez estabelecido o contato, abre-se-lhe os livros de suas existências.
Os graus de alcance dos psicômetras variam de indivíduo para indivíduo. Existem aqueles que apenas veem cenas e imagens projetadas em suas telas mentais, existem também aqueles que sentem, vivenciam e interpenetram os cenários que se descortinam em seus sentidos extra físicos.
Entrantes.
Certamente que este termo "entrante" possui outro significado mais abrangente no ocultismo, o qual se faz um não menos interessante tópico, contudo, não foi possível uma definição melhor para este fenômeno, do qual mais se utilizam os Magos das Sombras e alguns feiticeiros versados no poder oculto da goécia.
Diferentemente da possessão espiritual, existe um fenômeno no qual uma entidade, encarnada ou não, se utiliza temporariamente de um veículo físico, normalmente corpos de animais, para efetuar tarefas ou viajar consideráveis distâncias para participar de algum ritual ou evento, sem que possa ser notado. O que parece um conto das obras de "Lovecraft" é algo muito mais real que se supõem. Pois muitos magos não adivinham nem leem pensamentos, mas ouvem e veem determinadas situações presencialmente. Este tipo de "controle astral", em raras ocasiões, pode ser feito em humanos de vontade fraca e sugestionáveis, semelhante a uma forte hipnose, fazendo com que indivíduos cumpram suas funções como se estivessem sendo teleguiados por uma força sinistras, e tais funções, algumas vezes, podem ir além de simples tarefas, redundando em ações nefastas e criminosas, após as quais o executor nem mesmo sabe como cometeu tal ato.
Alguns xamãs dominam este fenômeno entrante, se utilizando de animais para guiar as pessoas a determinados locais pouco acessíveis. As infinitas possibilidades do universo não excluem inusitadas circunstâncias, mesmo que pareçam meras ficções.
Descrição de alguns casos na literatura esotérica.
O caso mais peculiar e também de maior notoriedade nos meios oculistas foi da própria compilação, por Helena Petrovna Blavatsky, das obras Isis sem Véu e A Doutrina Secreta. É inegável que Blavatsky não possuía o conhecimento esotérico, como ela própria sempre alegou, nem as obras das quais faz inumeráveis citações, muitas destas em manuscritos que jamais o ocidente teve acesso, alguns presentes apenas no museu britânico. Segundo a própria autora, ela tinha acesso à projeção de obras através da Luz Astral, e também em contato com os mestres, mais frequentemente Moriá e Kuthumi, o primeiro ela pode conhecer fisicamente em Londres no ano de 1851, sendo ele um grande iniciado de Rajaput, o qual lhe passava as instruções estando ele na Índia, descartando qualquer forma de contato mediúnico, mas projecional.
É impressionante um caso de projeção que nos traz o Mestre Papus em sua obra Tratado Elementar de Magia Prática no qual expõe o relato de Gustavo Bonjanoo, cuja família tinha herdado uma casa no vilarejo P. Vizinha a esta casa residia uma mulher, conhecida como Tia B, a qual era uma conhecida feiticeira naquela região. Esta mulher exibia uma evidente heterocromia em seus olhos, um deles era azul, outro negro. Junto com a herança, ficou também um cão do antigo morador da casa, e este ficava apavorado quando via a Senhora B, fugindo de sua presença.
Em certa ocasião, à aproximação da Senhora B, o cão, fugiu desesperadamente. Gustavo, indignado com todo aquele tempo, até então infundado, chamou o cão de volta, e este acatou a ordem de seu dono, perdendo o receio da presença da senhora. Esta, por sua vez, não gostou da atitude de Gustavo, e este notou um semblante de ódio brotar na fisionomia da Senhora B que deixou o local.
À noite Gustavo foi dormir na casa, seu quarto ficava no primeiro andar, e, para adentrar neste aposento, era necessário atravessar outro quarto. Assim que ele se deitou ouviu um ruído como se arranhassem a porta do primeiro quarto. Pensando se tratar do cachorro, abriu sua porta, atravessou o primeiro quarto, vasculhou a casa e nada encontrou. Intrigado voltou a dormir. Por volta da meia noite ouviu o mesmo som, como se arranhassem agora a porta de seu quarto. Tomou a súbita decisão de utilizar seu sabre contra a porta, atravessando-a do outro lado. Sentiu como se o sabre resvalasse em algum prego emitindo chispas. Abriu a porta e não havia nada além da fenda que abrira.
No dia seguinte foi informado que a Senhora B estava à morte, com um ferimento profundo que lhe abrira o crânio. Esta veio a falecer poucas horas depois intrigando todos os habitantes do vilarejo.
A constatação que Gustavo pode fazer, com a qual tenho plena concordância, foi de que a mulher projetava seu corpo astral em sua casa, fazendo se passar pelo cão com o intuito de assustá-lo. Ao deferir o golpe, seu corpo físico fora atingido, pois, certamente esta projeção carregava seu corpo vital (Duplo Etérico).
Conforme citado anteriormente, o plano físico é a projeção do plano astral. E, em determinadas obras, algumas das quais clássicas na literatura esotérica, mostram a projeção de recessos astrais no plano físico. Quem já teve a oportunidade de ler a magnífica obra, a qual ouso chamar de uma sublime novela iniciática, "Uma Aventura na Mansão dos Adeptos Rosa-Cruzes", do escritor teosófico Franz Hartmann, onde o próprio autor é o protagonista, percebe claramente que o templo, e todo o seu santuário, não estão assentados em circunscrições físicas; mesmo o inusitado guia, descrito no início da obra, desaparece assim que saúda o surgimento do Imperator.
No famoso livro do insigne mestre Paramahansa Yogananda, "Autobiografia de um Yogue", podemos ver, no capítulo 34, a materialização de um palácio no Himalaia diante dos olhos do Guru Lahiri Mahasaya, durante seu encontro com o Yogue Crístico Mahavatar Babaji, este cujos dons projecionais atingem patamares divinamente inspirados.
São inúmeros os relatos, aparentemente fantásticos de projeções de paragens extra físicas, expostas por escritores tão sérios quanto sábios. E, tais situações, se assemelham aos muitos insights, muito comum na vida costumeira, o que difere é o grau de manifestação. Existem projeções momentâneas, a partir do astral, que se confundem com a "realidade física". Podemos ver tal situação no próprio livro de Atos dos Apóstolos, capítulo 12, onde uma luz resplandecente liberta Pedro da prisão onde se achava detido.
Inúmeros casos há, também, devidamente catalogados, de chamamentos, onde seres astrais interferem no plano físico para a realização de algumas tarefas como também para evitar algumas tragédias, como no caso de um motorista que vinha por uma estrada, que parou no local onde "pensou" ver alguém acenando, e descobriu um veículo acidentado oculto em um despenhadeiro entre a mata, no qual estava uma criança, ainda vivia, presa entre os outros ocupantes mortos.
Os seres humanos são meros animais enquanto semelhança corpórea, porém, divinos enquanto semelhança divina; aptos â operação de maravilhas quando conscientes plenos de sua natureza essencial.
Alguns Casos Comprovadamente Constatados.
Este caso, pude constatar toda a veracidade dos fatos, pois vários membros da família confirmaram o ocorrido: No interior de São Paulo, um senhor de idade muito avançada morava sozinho em um quarto de hotel e era muito amigo de toda uma família, especialmente da menina caçula. Passado algum tempo este senhor M foi ficando cada vez mais debilitado, e, conseguiu uma vaga em uma casa de beneficência no estado do Rio de Janeiro, de onde costumeiramente escrevia para a família e para a menina.
Certa manhã a menina chamou sua mãe espantada, dizendo que havia visto o Senhor M na porta de seu quarto sorrindo para ela. Soube-se, posteriormente, que este senhor veio a falecer no dia seguinte ao relato da menina que afirmava tê-lo visto.
Certamente ele, em estado terminal, fez uma projeção astral, talvez para se despedir da menina. E esta, já em idade madura relatou-me o ocorrido, caso confirmado por seus irmãos e irmãs que também residiam no mesmo lar na época.
Um indivíduo, o qual conheço muito bem, conheceu uma jovem senhora que, segundo ela própria, dizia fazer projeções astrais à distância, criando imagens que ela quisesse, as quais seriam perfeitamente visível a qualquer indivíduo que tivesse afinidades extra físicas (mediunidade), notadamente a visão astral. Este indivíduo, ao qual chamarei de Fausto resolveu fazer uma experiência com está senhora, a qual passarei a chamar de Vânia. (Tais nomes não correspondem aos nomes reais de tais pessoas)
Em uma noite, a senhora Vânia intencionou projetar uma imagem, a partir de sua residência, que pudesse ser vista por Fausto em sua casa em uma determinada hora da noite. Vânia pediu para que Fausto ficasse em seus aposentos com as luzes apagadas meia hora antes do momento combinado, assim como meia hora depois, totalizando uma hora de atenção. Neste período de tempo, Fausto notou, na escuridão, a formação de uma silhueta, que foi tomando a forma de uma imagem religiosa, mais precisamente "Nossa Senhora", como anda gruta de Lourdes, a qual rapidamente se desvaneceu. Rapidamente Fausto fez uma ligação para Vânia referindo ter visto "Nossa Senhora de Lourdes", o que no entanto, não correspondeu à imagem emitida, que, segundo Vânia, seria Kuan Yin. O importante foi que houve uma projeção e foi visualizada. Uma difícil nitidez é muito comum quando não existe uma maior sintonia entre o emissor e o receptor.
As experiências se sucederam, até quando, por iniciativa de ambos, resolveram colocar junto a Vânia um casal de amigos de Fausto, e junto a Fausto um casal de amigos de Vânia. Vânia então mostrou ao casal que a acompanhava a figura de um triângulo com uma ponta dourada em seu vértice superior, e se concentrou para projetar a imagem a Fausto. Este, na escuridão de seu quarto, falou para o casal do lado de fora que estava vendo uma ponta de flecha cuja extremidade era de ouro. Pode-se então constatar a realidade deste fenômeno, sendo que Fausto pretendeu que se fizesse esta experiência com cobertura e divulgação de veículos informativos, ideia rejeitada por Vânia, em virtude de um possível comprometimento de sua posição junto a um determinado setor da sociedade.
O Desenvolvimento da Capacidade de Projeções.
Este dom dificilmente é alcançado em apenas uma vida. Aqueles que o possuem já iniciaram suas jornadas místicas em outras existências. Assim como Lahiri Mahasaya, o guru, que certamente possuía suas faculdades latentes, despertadas a partir do encontro com Mahavatar Babaji. E, certamente, este encontro não foi uma circunstância fortuita, mas um momento definido pelo destino, como um capitão que chama seu imediato para uma longa jornada em mares desconhecidos.
Sabemos que não existem exercícios específicos para este ou aquele dom espiritual. "O Espírito sopra onde quer". Sabemos que toda e qualquer habilidade ou afinidade extra física se inicia com a ativação dos chakras, a concentração e a meditação, com todas suas fases intermediárias; o Pranayama, o Dharana e o Dhyiana, passos do Raja Yoga. Todas as coisas seguem o princípio da gradualidade. Os caminhos da iluminação sempre começam na aceitação das próprias imperfeições e na consciência da extensão dos caminhos.
O grande segredo para despertar as afinidades extra físicas é abstrair-se à materialidade. Descortinar a nova realidade do espírito além do invólucro físico.
Uma antiga lenda hindu conta que havia um tempo em que todos os homens eram deuses, porém estes abusaram de seus poderes divinos a tal ponto que Brahma resolveu tirar este poder dos seres humanos. Então, Brahma convocou os deuses menores para que fosse discutido onde se poderia esconder esse poder, de tal forma que fosse quase impossível ao homem encontrá-lo. Um daqueles deuses sugeriu que fosse enterrado todo esse poder nas profundezas da terra, porém a ideia desagradou a Brahma, o qual alegou que o homem acabaria por encontrá-lo quando remexesse a terra. Outro deus então sugeriu que se colocasse no mais profundo dos oceanos. Ideia não acatada por Brahma, pois, segundo ele, o homem exploraria as regiões abissais e acabaria por encontrar o poder divino.
Foi então que Shiva de manifestou e disse: "Vamos esconder nas profundezas deles mesmo, pois será o último lugar onde o homem irá procurar este poder, e, mesmo que cogite esta localização, será difícil que o encontre, pois seu único caminho se faz através da sabedoria, a qual alcançará vencendo todas as ilusões, incluindo seu egoísmo, até que sejam queimadas suas sementes kármicas". A partir de então Brahma preparou alguns mestres para que ministrassem o ensinamento da busca interior, para que auxiliassem os homens a reencontrar sua divindade perdida.
Enquanto o homem estiver iludido com a materialidade exterior, poder algum será encontrado além da ilusão presente na transitoriedade. Todo poder advém do Eu superior, o qual se torna acessível à medida que se desvencilha do ego.
Paz e Luz.