sexta-feira, 28 de maio de 2021

A INFLUÊNCIA DA LUA NAS RITUALÍSTICAS.



 

        Todas as coisas têm uma razão e um propósito de ser e de existir, a vida no plano físico caminha em alinhamento com a vida nos planos espirituais. Não seria possível a evolução física sem a espiritual, nem a espiritual sem a física. Tudo se processa dentro de um encadeamento energético na conjugação de todas as dimensões. Este encadeamento só é possível através do equilíbrio, e nele está contido todo o segredo da vida, físico, mental e espiritual, onde se estabelece a harmonia entre os ciclos. A Lua estabelece o equilíbrio da Terra, harmonizando seus movimentos, seus ciclos... O que tornou possível a evolução dos seres presentes neste planeta.

        A atração mútua, entre a Terra e seu satélite natural, faz com que existam as estações e o movimento rotacional do globo no período de 24 horas. Se a Lua não existisse, o eixo do planeta seria à semelhança de um peão quando está em seus movimentos finais, e os dias e noites passariam muito mais rapidamente, a Terra giraria de forma acelerada com alternância de invernos e verões com amplitudes térmicas extremas, em períodos curtíssimos que impossibilitaria a vida, neste mundo, como a conhecemos.  

        Esotericamente, a Lua é o último resquício da Cadeia Evolutiva Lunar, do qual o fluxo de vida deu origem à Cadeia Evolutiva Terrestre. Muito mais que um "cadáver astral", a Lua é o presente da antiga cadeia evolutiva, como uma "ponte" que permite a passagem dos eflúvios energéticos de estabilização, essencial ao dinamismo das essências vitais.

        Segundo as teorias de inúmeros cientistas, a Lua seria uma parte do planeta Terra que teria sido deslocada devido ao impacto de um gigantesco corpo celeste com o nosso planeta. No entanto, segundo o conhecimento oculto, a matéria da Lua e da Terra possuem uma origem comum, devido à própria remodelação que se dá no esquema evolutivo do sistema solar, na densificação maior que ocorreu na cadeia terrestre.

        A Lua, como resquício da cadeia evolutiva anterior, possui também resquícios energéticos que não atingiram a frequência da cadeia atual, e estas energias, que hoje lhes são intrínsecas, são fundamentais nas ritualísticas, desde as antigas formas de ritos tribais às mais variadas explicitações dos sistemas mágicos existentes na história da humanidade.

       A Lua influencia toda a vida no planeta, desde os ciclos do aparelho reprodutivo até a agricultura, e, até mesmo, o crescimento de unhas e cabelos. Tendo para cada situação uma fase propícia que os seres humanos conhecem desde a aurora da civilização. 

 

 

 

 

 


 

            A Lunação.

 

        Em uma linguagem mais clara, Lunação seria o período compreendido entre duas luas novas, compreendendo neste período a crescente, a cheia, a minguante, até retornar à nova. Mais detalhadamente, no âmbito da astrologia, há uma classificação de oito fases, que compreende a lua nova, a lua crescente, o quarto crescente, a lua gibosa, a lua cheia, a lua disseminante, o quarto minguante ou balsâmico, a lua minguante, até o retorno da lua nova. Porém, todo este detalhamento é pouco prático nas ritualísticas.

        A Lua Nova ocorre quando o sol e a lua estão transitando em um mesmo signo, formando o aspecto, em seu grau máximo de alinhamento, denominado conjunção ou 0°. É a fase de projetos, promessas e prospectos.

        A Lua crescente atinge determinado ponto em que forma um ângulo de 90° com o Sol, ou seja, o aspecto de quadratura. É a fase de expansão, elevação e crescimento.

        A Lua cheia, em um determinado momento forma o ângulo de 180° com o Sol. É a fase da realização, assim como também, do lado humano, da exacerbação dos sentidos, pois é o momento no qual as forças astrais estão mais fortemente aderidas à própria natureza humana.

        A Lua Minguante, em seu ponto incisivo, forma um ângulo de 270° à frente do Sol, formando, assim como no estabelecimento de 90°, também um aspecto de quadratura. É a fase onde se inicia a dispersão das energias provenientes do astral. O plano astral, como sabemos, é o plano da plasticidade, de plasmação, modelamento e transformações. Tudo aquilo que existe no físico tem início na plasmação astral, da qual se criam as "realidades" aparentes. É o período do afastamento, da dispersão, do desvanecimento.

 

 

 


         As Fases da Lua sob o aspecto místico.

 

        As Fases da Lua sempre influenciaram a vida dos seres humanos, porém esta frase é muito pobre diante do fato que a lua exerce fundamental influência sobre as marés, e todos os seres vivos possuem água em sua composição física, especialmente o ser humano, cuja presença de água atinge por volta de 70% de todo seu corpo. Podemos ter uma ideia da influência lunar observando o elevado número de nascimento durante o período da lua cheia, na qual é fundamentalmente considerável o número de parturientes em relação às outras fases lunares.

        Em algumas civilizações de alguns povos indo-europeus, a lua era considerada uma deusa, representando diversos aspectos do sagrado feminino acompanhando suas quanto fases, a saber, a donzela, a mãe, a feiticeira e a anciã, respectivamente, crescente, cheia, minguante e nova. Em algumas outras culturas a lua não é representada em seus aspectos correspondentes às fases, e sim em formas tríplices, excetuando a fase da feiticeira.

 

 

 


         A Fase Crescente.

 

        É a fase na qual a lua ressurge da penumbra, retorna de seu "Pralaya" e se reconfigura como uma expectação em meio ao céu nos lindes da lua nova. Nesta fase são quase que unânime, nos sistemas mágicos e ritualísticos ancestrais, os propósitos de crescimento, de atração e do desvendamento de motivos ocultos. As metas dos rituais sejam eles complexos ou modestos, grupais ou individuais, podem ser de fortalecimento de laços afetivos, desenvolvimento de prospectos em variadas circunstâncias, situações e anseios, assim como a busca de prosperidade, magnetismo pessoal, afloramento de ideias e estimulação positiva nos caminhos da vida.

        É importante frisar que tais fases da lua são de fundamental importância para alcançar o resultado de acordo com os propósitos. Uma fase é mais propícia que a outra para determinadas metas e objetivos, independentemente se a ritualística é direcionada a deuses, entidades ou espíritos, anjos ou devas, ou, na intercessão do Deus, único, o Todo, do qual a própria lua faz parte.

 

 

 


        Lua Cheia.

 

        Também denominada nos meios místicos mais eruditos como plenilúnio, é a fase em que a "flor lunar" se desabrocha na escuridão, espalhando beleza e luz à semelhança da flor do lótus que emerge do lodo, evidenciando o magnífico contraste que desponta na grandeza das transformações. É o período das exacerbações das energias espirituais, na qual o plano astral adentra em seu mais pleno aspecto de densificação. Como diziam os antigos mestres: "É o momento em que o astral se aproxima do físico, a melhor fase para o contato com os seres astrais". Para as ritualísticas nas quais se fazem invocações ou evocações de entidades, este é o momento ou a fase propícia e profícua para a obtenção das manifestações.

        Apenas para rememoração ou caráter ilustrativo, cabe aqui lembrar que evocação, dentro do misticismo, significa "chamar para fora", do latim "evocare"; é o chamamento da entidade sem que esta se manifeste de maneira a não tomar o controle da consciência daquele que invoca. Invocação, do latim "invocare", prefixo "in" significa "dentro", é, pois, "chamar para dentro", no qual o invocador deixa de lado sua consciência dando lugar à manifestação do invocado, ocorrendo desta forma a incorporação.

        O plenilúnio é o campo fértil para as ritualísticas que buscam essencialmente o fortalecimento, a evidenciação. Trazendo em si o propósito da visibilidade, para que de realize determinadas circunstâncias que promovam o sucesso, o domínio, a conquista e a consagração. Eram nas luas cheias que os guerreiros antigos se preparavam para as batalhas, principalmente aquelas onde era necessária toda coragem para conquistar e exercer o domínio. Nos dias atuais, as ritualísticas no plenilúnio, reforçam, estabelecem e recuperam a auto estima para que ocorra a conquista dos objetivos almejados, o domínio do âmbito de atuação que se deseja demonstrar, e toda evidenciação necessária para que se possa promover todo talento intrínseco, assim como fazer com que fluam talentos, capacidade e potenciais reprimidos ou estancados por timidez, insegurança ou qualquer outro aspecto ofuscado pela baixa estima. Diferente da ritualística da crescente, que é o desenvolvimento, este é o do despertar daqueles que já cresceram e precisam externar toda força e capacidade advindas deste crescimento; é para que ocorra a definição de determinadas situações, a realização.

 

 

 


        A Fase Minguante.

 

        É a fase do desvanecimento. Oposto à crescente é onde o brilho gradativamente se extingue, o caminho à penumbra, ao adormecimento, semelhante às árvores do outono das quais lhes iniciam a queda das folhas para a letargia do inverno.

        Esta é a fase especial das ritualísticas mais "pesadas", onde se efetuam banimentos, expurgos, exorcismos, libertação, esconjuros, e, fundamentalmente, a cura, expelindo todas as energias novas e desarmônicas que propiciam a formação das doenças. Assim como o equilíbrio, mencionado no início do texto, é essencial para a formação da vida, o desequilíbrio energético é a causa primária da formação das doenças. Afugentando entidades e energias indesejáveis, ocorre o restabelecimento da harmonia e do equilíbrio e a dissipação da enfermidade.

        Uma oração feita com fé, através do amor, e com conexão estabelecida com as fontes energéticas de luz no período propício, é um grande ritual de consagração da vida, que alcança perfeitamente a cura, o banimento e a libertação daquele a qual é dirigida e canalizada.

        É a fase de quebra de maldições, de trabalhos negativos e de feitiços maléficos.

        Vou aqui citar uma importante ferramenta dos exorcismos mais difíceis. Em alguns casos exigem-se o trabalho de dias luas minguantes, especialmente quando se trata de entidades não humanas se apoderando do Duplo Etérico do indivíduo. Na primeira lua de obtém da entidade seu nome espiritual e a "hora da mudança", ou o Tattwa em que a entidade mais se distância do indivíduo, na fase cíclica de possessão. Muitas vezes esta hora só é revelada no final da fase, sendo necessária sua utilização na próxima lua do banimento. Na minguante o astral volta a adentrar em sua sutileza própria, e as forças espirituais enfraquecem-se diante da natureza física. Existem algumas tentativas de banimento que desconhecem o importante papel das fases da Lua para o bom efeito destes, diante disso ocorrem muitos insucessos, e até mesmo exacerbações do poder de tais entidades sobre os indivíduos por elas dominados. Isso sem contar com um recurso, ainda muito utilizado por inúmeras pessoas, até de boa intenção, que se chama "doutrinação". Este recurso é bastante ineficaz, mesmo quando em entidades humanas desencarnadas, muito mais simples de serem banidas. Pois, imaginem, se no mundo físico, onde enxergamos as pessoas, e nos enganamos com manipulações, falsidades e dissimulações, imaginem no mundo astral, onde tais entidades nos são quase que completamente desconhecidas. Assim como, também no plano físico, convencer alguém de seus próprios erros, é muitas vezes impossível durante toda uma vida terrena, como será uma entidade convencida em algumas horas, ou em um curto período de tempo? Isso sem falar das entidades não humanas, os Kama Rajas (Reis do Astral), os não evoluídos, chamados demônios por inúmeras religiões monoteístas.

        Todo banimento, de qualquer entidade astral, deve ser embasado no conhecimento, seja ele da própria natureza da entidade, de ser cônscio da extrema dificuldade de um diálogo lúcido que propicie algum esclarecimento, e também do conhecimento dos aspectos astrológicos, como a fase da lua que seja propício à execução de um trabalho bem sucedido.

 

 

 


A Lua Nova

 

        É a Lua em seu "Pralaya", a fase em que sua luz desaparece no céu, ocorrendo o completo desvanecimento de sua influência sobre a terra. O distanciamento do plano astral, ou melhor, sua fase de maior sutileza, onde os contatos se tornam mais difíceis ou quase impossíveis, apenas para grandes magistas de sistemas mágicos poderosos, e entidades que interpenetram nos planos de maior densificação.

        E poderão me perguntar: Sendo esta lua onde o astral está em sua maior fase de sutileza, onde está mais distanciado do plano físico, não seria mais propício o banimento nesta fase daquele da lua minguante?

        É justamente mais difícil porque, assim como o astral perde o acesso sobre nosso plano, também perdemos o aspecto sobre ele. É como uma porta que se fecha entre duas facções que desejam estabelecer um embate por alguma determinada razão. O embate cessa, as intensões se frustram, as táticas se anulam.

       É o momento onde nascem os mistérios, onde os planos diminuem suas interpenetrações. Na alta magia está fase é chamada de reclusão das forças.

        Porém as ritualísticas não adormecem. É o momento em que os rituais festejam a essência telúrica, a louvação às divindades ou à divindade única buscando o auto conhecimento. As ritualísticas da lua nova são magníficas nas consagrações, na formação de grupos, de templos, de escolas místicas, de ambientes, objetos e pessoas. Os antigos hebreus faziam a festa da lua nova neste sentido, de consagrar, de louvar e se autoconhecer.

        É também o momento ideal para a concentração e meditação, para o estudo e introspecção, contrariamente o que se preconiza na lua cheia.

 

 

 


        A Lua Vazia.

 

        Chamada por inúmeros astrólogos e místicos também como Lua Fora de Curso. É um período curto no qual não deverá ocorrer nenhum tipo de ritualística, sob o risco de se tornarem completamente ineficazes. É o momento do desligamento místico.

        Sabemos que a lua percorre um signo durante dois dias e meio. Quando esta sai de um determinado signo e adentra em seu sucedente, e, neste período, que podem durar algumas horas, ou até mesmo alguns minutos, deixa de fazer qualquer aspecto com nenhum outro astro ou planeta, até que ingresse no signo seguinte. Este fenômeno ocorre, portanto,  em média, cada dois dias e meio, o tempo que se deslocar de um signo ao outro. Neste curtíssimo espaço de tempo, conforme explicado acima, a lua deixa de se enquadrar na teia que une os eventos, abrindo espaço ao imprevisível, ocasionando aquilo que poderemos exemplificar como equívocos, transtornos, erros e embaraços, onde há uma maior dificuldade de compreensão e discernimento. Este é o período no qual todas as atividades devem ser interrompidas, todas decisões devem ser postergadas, e todos os rituais devem ser adiados até que passem estes momentos, por si só, insólito. Sob o ponto de vista místico, esses minutos ou horas poderão ser aproveitados, com extrema eficácia, para o relaxamento, a introspecção, a meditação, a reflexão e o descanso mental necessário para o reinício posterior de tudo aquilo que possa conferir uma grande atividade. É o momento de serem evidenciadas as questões subjetivas, para que, a posteriori, as objetivas retornem sob perspectivas melhores de maior amplitude de lucidez.

 

        Observação: As palavras sânscritas “Manvântara” e “Pralaya” estão minuciosamente explicadas nas apostilas da “Cosmogênese” e também nas “Rondas Cósmicas e Cadeias Planetárias”.

 

 

 


        A Lua nos Signos.

 

        É muito difícil, nas ritualísticas, ficar refém do trânsito da Lua nos, aproximadamente, 28 dias nos quais este astro percorre o zodíaco. Porém, o magista deve estar atento a esta perspectiva. Cada signo tem o seu planeta regente, e a regência é uma das dignidades essenciais. O signo é o domicílio de seu planeta regente. E o planeta regente confere sua energia a este signo. Dessa maneira ocorre a influência recíproca do planeta sobre o local em que ocupa. Mesmo um planeta em um signo que não é o seu domicílio, exerce sua influência, pois os planetas são os grandes significadores astrológicos. E da mesma maneira, o signo, assim como também a casa, se interagem de um modo maior ou menor com o planeta que transita sobre tais. Há um compartilhamento de energias. A Lua, portanto, em cada signo determina uma ação, a qual facilita canalizações a determinadas áreas durante os processos mágicos, e essas ações possuem maior força no segundo decanato de cada signo.

        A Lua em Áries permite uma acessibilidade maior para os contatos astrais, desde que esteja na fase propícia em que o plano astral esteja mais próximo ao físico (em maior estágio de densificação). É o momento ideal quando se exigem resultados a médio e curto espaço de tempo, ou seja, soluções mais rápidas para o propósito que se estabelece. Quando o sol está em Áries, no e a ritualística se dá no dia exato do equinócio de primavera no hemisfério norte, ou de outono, no hemisfério sul, a força da canalização torna-se potencialmente muito mais forte, favorecendo imensamente o propósito da ritualística.

        A Lua em touro estabelecer um momento no qual se tenha um propósito relativo à segurança e a estabilidade, quando se procuram essas duas condições em inúmeros contextos que se deseja ver aplicadas.

        A Lua em gêmeos é ideal para as ritualísticas cuja intensão se refere à busca de domínio de habilidades, para abrir a mente ao conhecimento, onde seja necessário a sabedoria para a boa resolução de empreitada  Quando o sol está em gêmeos, especialmente no solstício de verão no hemisfério norte ou inverno no hemisfério sul, ocorre uma forte potencialização das energias, favorecendo extremamente o sucesso das intenções.

        A Lua em câncer permite a realização de ritualísticas que são ideais para a resolução de assuntos pendentes, para os inúmeros entraves que se apresentam na vida do indivíduo. A ritualística, neste momento, é nominalmente conhecida como "desembaraço de caminhos".

        A Lua em leão cria um momento favorável à ritualística para superar a insegurança, essencialmente nas questões relacionadas às paixões e amores onde não existe uma correspondência.

        A Lua, transitando pelo signo de virgem, por ser este um signo do elemento terra, tem em sua ritualística maior efeito para o redirecionamento nos assuntos ligados à carreira, à profissão, para que haja um favorável prognóstico nas metas relacionadas a esta área, essencialmente no âmbito puramente físico e psicológico, alheio a qualquer conotação espiritual. Quando existem obstáculos de ordem astral (trabalhos, magias, etc...), esta ocasião já perde muita efetividade.

        A Lua em libra já possui uma característica especial, pode tratar de um signo cardinal, onde ocorre o equinócio de outono no hemisfério norte e o equinócio de primavera no hemisfério sul; A ritualística neste período possui eficácia nas canalizações direcionadas na busca de um verdadeiro amor assim como na ascensão social, quando o indivíduo nutre propósitos que ultrapassam a nefasta barreira do individualismo. A ritualística, quando estabelecida na data exata do ponto equinocial, comunga as energias desta data cósmica, permitindo uma efetividade muito maior na realização daquilo que foi propositado.

        A Lua no signo de escorpião favorece uma ritualística que os magistas consideram muito especial, muito embora tenha duplo propósito, um elevado e outro não tão elevado. O menos elevado consiste no efeito da sedução, atrair pessoas interferindo no próprio livre arbítrio, isso já é algo não executado na alta magia, pois esta aproveita este momento, no qual a lua transita por este signo da água, para afugentar as forças negativas, expelir as energias contrárias ao amor e à luz. É o momento ideal para a cura e libertação, especialmente se estiver na fase da lua minguante. Toda essa propícia atividade de expurgo é devido à força intrínseca a este signo, pois enfrenta a negatividade inspirado em sua regência marciana.

        A Lua transitando em sagitário, signo ígneo que se estabelece na força da iluminação, propicia as canalizações ritualísticas no sentido de iluminar caminhos, sendo específica para descortinar os horizontes para aqueles que se acham perdidos nas estradas da vida. É a magia da expansão, não apenas das possibilidades, mas também da consciência, e a tudo aquilo que se refere ao clareamento das ideias, da lucidez, do aprendizado. Os magistas, com os quais tive contato na segunda metade do século vinte, chamavam-na de "horizontes expandidos".

        A Lua em Capricórnio se dá no momento em que o sol ingressa no solstício de inverno no hemisfério norte ou verão no hemisfério sul,  a ritualística neste período propícia, acima de tudo a proteção, a blindagem espiritual das pessoas que atravessam períodos de perigo, perseguições, abandono ou turbulências. As canalizações são potencializadas quando coincide com a data do solstício, e ainda mais especialmente na fase crescente à cheia.

        A Lua em aquário cria um clima propício para as ritualísticas que afugentam o temor. São as canalizações e direcionamentos na plasmação da coragem para o enfrentamento dos inúmeros desafios que a vida impõe. Cabe aqui uma pequena história de alguém que tive a boa oportunidade de conhecer, o qual estava com a matrícula trancada na universidade, cheio de receios e total insegurança de voltar à faculdade, onde inúmeros professores, ligados à política extremista da época, viam-no como um execrável inimigo, por ser um militante da democracia em uma época de repressão e intolerância. Este ritual, no momento mais propício, serviu-lhe como uma "armadura", com a qual enfrentou todas as adversidades, internas e externas, que lhe possibilitou graduar-se dois anos após seu retorno, alheio a todas as perseguições que se puseram em se caminho.

        A Lua em peixes estabelece um momento mágico por si só, independente das ritualísticas, pois é o signo da afinidade extra física, da clarividência, do intercâmbio entre os planos físico e astral. Por isso as ritualísticas neste período são aquelas em que se fazem as iniciações, as elevações, exaltações, e todas os solenidades  importantes das escolas esotéricas no sentido de congregar-se à formação das egrégoras. Toda ritualística se converge à elevação da espiritualidade e desenvolvimento das faculdades extra físicas.

 

 

 


        Os Eclipses.

 

        Na astrologia os eclipses possuem relação tanto com o passado quanto com o futuro. No eclipse lunar, a Lua se faz eclipsada, isto é, ela desaparece sob a sombra da terra. Como mencionado anteriormente, a lua é o resquício da cadeia evolutiva lunar, o cadeia pretérita. A terra, como sabemos, no eclipse lunar, se coloca em alinhamento entre o sol e a lua, projetando sua configuração, formando o assombreamento, a “umbra” e a penumbra.

        Este evento faz com que sejam aflorados alguns traços de insegurança, pois, o indivíduo se defronta com uma perspectiva que ainda não tem existência própria; o futuro representado pelo sol obscurece as experiências do passado, tornando o indivíduo inseguro diante de suas incertezas.

        No eclipse solar, o sol recebe a sombra da lua, formando um alinhamento no qual a lua estabelece seu posicionamento entre o sol e terra. Ocorre um breve período onde o dia se torna noite, o sol sofre um obscurecimento. O Sol na astrologia representa o futuro, pois todas as futuras cadeias planetárias são regidas pelo astro rei em seu comando neste manvântara. O futuro é, pois, obscurecido no eclipse solar, e a mente poderá retroceder a imagens pretéritas positivas ou negativas, retirando o indivíduo de seu agora, essencial à sua motivação essencial.

        O eclipse é uma manifestação das duas luminárias, daquele que preside o dia e daquela que preside a noite, as duas polaridades em um acoplamento, ainda que momentâneo, mas que turbilhona as energias até então equilibradas dentro do dinamismo cósmico.

        Como os antigos chamavam: o deus e a deusa se tocando em um espetáculo celeste. E isto desprende um grande fluxo de energia, pois prenuncia um novo momento cíclico, embora pequeno, mas com toda  turbulência tangente às modificações de ordem cósmica.

        Esses eflúvios de energias, no entanto, podem ser aproveitados, quando devidamente captados, canalizados e direcionados. No universo nada é mal em essência, nem tão pouco bom em sua plenitude. Tudo depende da consciência do operador, que pode ser positiva ou negativa em sua proposição. É como uma foice, que na mão de um lavrador se torna um instrumento de benefício agrícola, mas nas mãos de um demente poderá se tornar uma arma de destruição.

        Pelo fato das energias serem difusas, ou até mesmo confusas, a ritualística de canalização neste momento deverá ser executada por um magista experiente que possua o domínio sobre os quatro elementos terrestres. Pois a ritualística principal neste curto período é a de abertura de portais. São as portas que se abrem às esferas elevadíssimas atraindo suas forças para cura, libertação, harmonia e dissipação de negatividade; assim como a abertura dos sombrios portais da Qliphot, dos escabrosos abismos astrais para efetuar o descarrego, o expurgo e o banimento, das mais pesadas energias, para os rincões que lhes são próprios. Ocorre também, na magia das trevas, a abertura destes portais do abismo, para que entrem em contato com seres malignos para intentar as mais perversas atrocidades. O problema consiste, com tudo, no fechamento desses portais, não só entre os magos das trevas, mas também entre os magistas inexperientes que se propõem a fazer expurgos. Uma vez escancaradas essas portas, sem o devido conhecimento para lacrá-las, será estabelecido um fluxo contínuo das mais terríveis energias que só cessarão após o fechamento natural desses "túneis", o que poderá levar um longo período de tempo, no qual a natureza necessita para retornar o equilíbrio necessário. Experiências assim já trouxeram guerras, epidemias, catástrofes e até mesmo hecatombes, como na destruição da Atlântida, onde habitavam quantidade substancial de magos das trevas.

        Tanto para a abertura de portais quanto para o fechamento destes, exigem-se magos experientes que façam seu trabalho nos dias propícios. Por esta razão, durante os eclipses, e todos os verdadeiros magistas sabem disso, não se deve, principalmente os leigos e principiantes, iniciar qualquer tipo de ritualística, especialmente as invocatórias.

        Como disse certa vez um velho mestre: "Chamar é relativamente simples. Difícil é mandar de volta". Fica aqui esta fica preciosa, pois alguns seres têm a predileção por fazer das mentes a sua morada. Por isso é muito comum a demência daqueles que adentram nas práticas ocultas sem preparo, sem conhecimento e sem um verdadeiro mestre.

 

 

 


         A Lua de Sangue.

 

        A Lua de Sangue ou Lua Sangrenta ocorre quando do eclipse total da Super Lua.

        Primeiramente vamos ver o que significa Super Lua, ela ocorre quando, em sua órbita chega a um ponto mais próximo da terra, que é denominado perigeu. Por esta razão aparece no céu com dimensões onde o diâmetro angular aproximadamente 6% maior que na lua cheia comum, e seu brilho a supera em mais de 10%.

        A Lua de Sangue ocorre quando o sol, a terra e a lua em sua maior proximidade da terra, a Super Lua, estão em perfeito alinhamento, em um eclipse lunar total, onde a terra se posiciona entre o sol e a própria lua, em sua fase cheia, assumindo uma tonalidade normalmente avermelhada, de onde provém o seu nome.

        Este fenômeno, além de potencializar as ritualísticas da lua cheia, no caso da Super Lua, possui também todas as particularidades místicas e mágicas referidas em relação aos eclipses, porém, amplamente potencializadas quanto à abertura de portais extra físicos. Nesta ocasião ocorre uma significativa diferença, um mago de maior experiência, consegue, através do desdobramento astral, penetrar nesses portais, e esta prática, segundo relato de antigos mestres, lhe confere, caso seja bem sucedido em adentrar e sair de tais dimensões, a capacidade de criar portais no mundo físico, saindo de um determinado locar e reaparecendo, fisicamente, em outro local do plano físico. Este poder tem sido relatado por inúmeros místicos através da história, porém ainda oculto sob o véu do silêncio, pois, de acordo com esta citação, o mago serve-se do axioma da sabedoria oculta: "saber, querer, ousar, calar".

        No período da Super Lua, diferentemente do que muitos pensam que seja na lua de sangue, é a fase da obtenção daquilo que os místicos denominam "água lunar". Pode ser feita em toda lua cheia, mas durante a Super Lua tem muito maior potencialidade.

        Na água lunar é possível armazenar as energias provenientes da lua, devidamente canalizada. Ela promove depuração, crescimento, aumento das afinidades extra físicas, assim como também a percepção da real imagem das pessoas. Esta última propriedade é adquirida aos poucos, e faz com que possamos enxergar as pessoas de acordo com sua evolução espiritual. Por isso que os grandes magos conseguem distinguir perfeitamente as pessoas do bem das pessoas nefastas, aqueles que estão próximos à luz daqueles que estão mergulhados nas trevas. Esta propriedade é conhecida como o "Olhar do Sábio". Segundo os mestres antigos do esoterismo, é possível observar o espírito, a aura da pessoa modelando sua aparência, diferenciando perfeitamente, os seres humanos de luzes, os homens comuns e os verdadeiros "demônios" muitas vezes transfigurados em "bons". Com o tempo, aqueles que se servem desta água, somente pelo tom de voz poderão detectar a natureza de cada pessoa.

 

 


        Obtenção da Água da Lua.

 

        No ponto máximo da força da Lua Cheia, quando a lua atingiu seu ponto mais nítido em sua totalidade, faz-se um círculo em um quintal, ou qualquer local aberto longe da interferência de pessoas ou animais (em um dia que não esteja nublado). E dentro do círculo desenha-se um pentagrama com o vértice superior voltado para o norte. No centro do pentagrama coloca uma garrafa de vidro transparente, destampada, com um espelho sob ela, e este espelho deve ser maior que o diâmetro da garrafa, para que possa refletir os raios da lua por baixo desta, de modo que a garrafa receberá a incidência da luz do luar por cima e também por baixo. Este recipiente, sobre o espelho, deve ser colocado pouco antes do sol se por. Quando a noite cair e a luz da lua iluminar o recipiente, assim como o espelho é necessário acender um incenso de jasmim, que é uma planta da lua, na direção norte, seguindo a ponta do pentagrama, fora do círculo. Deixa o recipiente neste local a noite toda e o recolhe assim que surgirem os primeiros raios de sol.

        Depois guarde o recipiente em qualquer lugar desejado e basta tomar um copo a cada período de lua cheia.

 

 

 


A Lua Azul

 

        É a segunda lua cheia que ocorre dentro de um mesmo mês.

        Dentro do aspecto mágico ou místico, é um período como qualquer outro de lua cheia. A diferença que se faz nesta ocasião, no entanto, é apenas em caráter tradicional, pois em alguns sistemas mágicos a ritualística é feita sob a aspersão de água com as cinzas de incenso de jasmim ou qualquer outra planta lunar. Para uma possível potencialização. Algo que certamente deve ocorrer, pois as crenças plasmam as realidades astrais, e nada é impossível, e muito menos desprezível àquele que crê.

 

 

 


        Considerações.

 

        Muitas coisas consideradas como crendices ou superstições, na verdade se anulam diante de um poder chamado simplesmente de fé. Porém a relação das energias com a lua não é simplesmente uma questão de fé, mesmo se assim fosse já seria válida qualquer explanação. Mas, todas as coisas efetuadas, no início das civilizações, de maneira empírica, estão corroboradas hoje pela própria ciência. Somos "recipientes repletos de água" em nossa composição, e sabemos quem comanda a variação das marés. Sabemos também o período favorável para o plantio e todas as antigas técnicas da agricultura ainda presentes e válidas em todas as civilizações. Conhecemos a variação do comportamento dos animais, incluindo nós, humanos, assim como todos os nossos ciclos. Façamos uma simples experiência de cortar os cabelos em cada uma das fases diferentes da lua e veremos significativas diferenças. Não somos cidadãos de uma pátria, restrita e limitada, não somos meros habitantes de um planeta, um ponto minúsculo que vagueia seus caminhos pelo espaço. Somos cidadãos do universo, repleto de sóis, planetas e luas. Talvez possamos ser ainda mais que isso: somos o universo em seu caráter microcósmico, do qual comungamos a essência através de nossos pensamentos, de nossa realidade, de nosso milagre de existir.

 

Paz e Luz