Não são muitos os que ouviram falar desta obra prima do esoterismo. São poucos aqueles que chegaram a ler este compêndio. Porém, são raros aqueles que chegaram a entender o conhecimento que reluz em suas inumeráveis páginas.
Sejam teosofistas ou não, todo místico, todo ocultista, todo estudante dos conhecimentos herméticos deveriam penetrar esta obra, pois seus ensinamentos não apenas norteiam os caminhos da sabedoria, mas inauguram a capacidade de se defrontar com novos pareceres, de questionar ideias que nos advém no decorrer dos estudos, e expandir os horizontes muito além das concepções que nos foram incrustradas no decorrer da existência.
O título da obra oficialmente é: A Doutrina Secreta, Síntese da Ciência, da Religião e da Filosofia, escrita por Helena Petrovna Blavatsky, no final do século 19, mais precisamente em 1888. (Aqui há uma curiosidade que observei logo que tive conhecimento da obra, a redução cabalística deste número é 7. Coincidência ou não, eis um número que por si só prenuncia aquilo que é oculto, que é místico, que exala a magia dos mais recônditos arcanos). Quando Blavatsky terminou sua obra, esta se fazia em apenas dois volumes, o primeiro dedicado à cosmogênese, o segundo a Antropogênese. Posteriormente subdividiu-se em 4 volumes na língua inglesa, e seis volumes na língua espanhola, a partir da qual fora traduzida ao português, no ano de 1973, sendo o volume 1: Cosmogênese; o volume 2: Simbolismo Arcaico Universal; o volume 3: Antropogênese; Volume 4: Simbolismo Arcaico das Religiões do Mundo e da Ciência; o 5°: Ciência, Religião e Filosofia, e finalmente o 6°: Objetos do Mistério e Prática da Filosofia Oculta.
Anterior ao ano de 1973, muitos estudantes da Teosofia puderam ter a satisfação, e, ao mesmo tempo, a desmedida dificuldade de ler tais obras em espanhol, idioma mais próximo ao português, "La Doctrina Secreta", e a partir de então foi possível assimilarem gradualmente seus conhecimentos, muitos destes, relendo, até mais de uma vez os pontos mais abstrusos, aceitando e, algumas vezes, questionando os tópicos essenciais que dão relevância a este magnífica obra. Foram estes estudantes que, posteriormente dirimiram as dúvidas dos novos aprendizes, que, algum tempo depois, puderam dispor das traduções em língua portuguesa.
São textos cuja leitura se faz um tanto difícil devido às terminologias em linguagem sânscrita, e, como o próprio nome indica, vem se qualificar como uma síntese metafísica onde se convergem a religião , a ciência, em seu grau de racionalidade, e a filosofia como direcionamento das perspectivas essenciais.
Diz Blavatsky nesta obra: "A humanidade, pelo menos em sua maioria, detesta refletir, mesmo em benefício próprio. Magoa-se, como se fora um insulto, ao mais humilde convite para sair por um momento das velhas e batidas veredas e, ao seu critério, ingressar num novo caminho para seguir outra direção". Esta sua frase soa como uma espécie de advertência ao leitor desavisado, que, incrustado pelas antigas concepções jaz na renitência de trilhar por novos caminhos.
H. P. Blavatsky escreveu inúmeras outras obras como "Isis sem Véu", "A Voz do Silêncio", "A Chave para a Teosofia", "O Livro Perdido de Dzyan", entre outros tantos assim como incontáveis artigos em periódicos ocultistas. Intencionalmente a "Doutrina Secreta" seria uma continuação da obra anterior "Isis sem Véu", porém foi adentrando nos antigos mistérios, os quais descortinam temas muito além daqueles descritos anteriormente, tornando-se uma obra nova, onde novos conhecimentos floresciam à luz de uma misteriosa inspiração da qual falaremos mais adiante.
Nesta obra o objetivo é demonstrar a "unidade subjacente" a todas as coisas, o lado oculto da natureza relegado pela religião e ainda não alcançado pela ciência.
Assim como em "Isis sem Véu", Blavatsky faz a citação de extenso número de obras, algumas da remota antiguidade, outros totalmente desconhecidos pela literatura ocidental. Bem conhecida é a citação das "Estâncias de Dzyan", obra que, segundo a autora, teria sido traduzida de um idioma desconhecido, o "Senzar", do qual Jacques Bergier, autor da consagrada obra, "O Despertar dos Mágicos", cita apaixonadamente em sua obra, não menos renomada, "Os Livros Malditos" à qual dedica um capítulo inteiro descrevendo até a vida repleta de aventuras de Blavatsky, que mais parecia um trailer tipo Indiana Jones.
A obra, elaborada sob um esboço fragmentário, à semelhança de "Isis sem Véu", ganhou corpo, segundo a autora, com o auxílio de seus mestres, Morya e Kuthumi. Quase no final de sua obra, Blavatsky adoeceu gravemente, porém, segundo ela, restabelecera com intervenção de seu mestre, concluindo finalmente a "Doutrina Secreta", que foi a mais importante base doutrinária da Sociedade Teosófica.
Como foi escrita a Doutrina Secreta.
Blavatsky incursionou inúmeras viagens, buscando sempre amealhar conhecimentos esotéricos. No ano de 1851, quando contava com seus vinte anos de idade (segundo alguns autores no dia de seu aniversário), durante uma estadia em Londres, encontrou um indiano, de elevada estatura e tez bronzeada em missão diplomática naquele país, e, no mesmo instante em que o viu, reconheceu-o como seu mestre, o mesmo de seus sonhos e visões de infância. Este era Morya, um grande iniciado de Rajaput. O qual disse a ela que deveria passar três anos na região do Tibete, cujo intuito seria a elaboração um determinado trabalho que ele intencionava começar e que necessitava da cooperação dela. É importante ressaltar que nada ocorre de maneira fortuita. Velhos mestres já me disseram que, assim como o encontro misterioso do grande sábio Eliphas Levi com o inusitado personagem de sua biografia, este encontro de Blavatsky já estava delineado na dimanação de seu destino, previamente traçado em outras vidas, pois toda a atmosfera de misticismo presente em sua vida atual, já havia começado em muitas existências anteriores.
Após inúmeras tentativas até então frustradas, Blavatsky conseguiu adentrar em território tibetano, permanecendo neste país por vários anos, recebendo instruções esotéricas de inúmeros mestres com os quais deparou durante sua estadia.
No ano de 1873 foi enviada pelo seu mestre aos Estados Unidos da América, onde encontrou o Coronel Henry Steel Olcott, um erudito advogado estudante obstinado estudante do ocultismo, ao qual demonstrou inúmeros fenômenos de natureza paranormal dos quais era dotada desde a infância. Em 1875 fundaram a Sociedade Teosófica com Olcott como presidente. Antes, porém de sua fundação, Olcott, em seu diário, anotou que Helena Blavatsky lhe mostrou algumas folhas manuscritas que o Mestre lhe mandara escrever. Tais folhas conformariam, posteriormente, o livro "Isis sem Véu", publicado no ano de 1878, que, na edição em português, constitui-se em 4 volumes. Esta obra causou grande impacto após seu aparecimento, se configurando, até hoje como um insigne cabedal de conhecimentos ocultos. Após sua publicação, Blavatsky e Olcott foram para a Índia, onde encontraram o escritor Alfred Sinnett, autor do "Budismo Esotérico", obra recorrentemente citada por Blavatsky em suas obras. Este mesmo autor, neste mesmo período, iniciou uma contínua correspondência com dois Mahatmas, mestres de Blavatsky, Kuthumi e Morya, cujas correspondências, algum tempo mais tarde, se tornaram o livro "Cartas dos Mahatmas". Em 1882 Blavatsky e Olcott dirigiram-se à cidade de Adyar, sul da Índia, onde ficou estabelecida a sede da Sociedade Teosófica.
Segundo Helena Blavatsky, em 1882, Mestre Kuthumi disse-lhe que "Isis sem Véu" deveria ser reescrita, para que fossem ampliadas as informações nela contidas, rearranjando o texto, onde muitos acréscimos deveriam ser inseridos, os quais não puderam vir a público em "Isis sem Véu". No mês de abril de 1884, em uma correspondência a Sinnett, Blavatsky relatou a ele que tal obra teria o título de "Doutrina Secreta". Na elaboração de tal obra H.P.B. iria contar com o auxílio de um teosofista hindu, chamado Subba Row, agraciado por um profundo conhecimento ocultista, cuja tarefa seria corrigir alguns erros e inconsistências advindas da dificuldade de interpretação de termos na linguagem sânscrita. Tal ajuda, no decorrer dos trabalhadores, não prosseguiria até o final da obra, devido às divergências quanto a forma pela qual os trabalhos se sucediam, ocorrendo uma incompatibilidade de temperamento entre Blavatsky e o Teosofista indiano.
Franz Hartmann, célebre escritor teosófico alemão, relatou que, quando acompanhava Blavatsky de Madras (Sul da Índia) à Europa, esta recebia, de maneira oculta, a conformação de muitas páginas que iriam compor a obra "A Doutrina Secreta". O interessante a ser registrado é que a própria H.P.B. jamais se considerou autora do livro, e sim tê-lo recebido através de seus mestres, os Mahatmas, não de maneira mediúnica, mas como projeções, revelações e também do contato físico através de seus "Tulku" (fenômeno espiritual já descrito em textos anteriores).
Em uma nova missiva a Olcott, Blavatsky lhe informa que, da obra "Isis sem Véu", ela recolhera apenas fatos, deixando de fora muita coisa cujo interesse se fazia irrelevante, afirmando que, de fato, "A Doutrina Secreta" não seria uma mera continuação ou acrescência de "Isis sem Véu", mas sim uma obra definitivamente nova. Referindo-se também à sua nova obra, Helena Petrovna Blavatsky, asseverou que sua obra seria fragmentária, que deixaria grandes lacunas, mas isso ocorreria para que induzisse as pessoas a pensarem, exercessem o dom inato do raciocínio, desvendando por si próprio os mistérios rebuçados nos interstícios das ideias evidenciadas, e, assim que estivessem prontos, muitos arcanos seriam revelados, o que não aconteceria antes do próximo século (no caso o século 20), quando as pessoas, brindadas de sabedoria, começariam a entender e a discutir a obra de maneira inteligentes até mesmo sob alguns prismas aparentemente abstraídos na obra. (Uma conclusão neste sentido, ainda que exposta de maneira velada no livro, será exposta mais adiante).
Segundo a Condessa Wachtmeister, teosofista e amiga pessoal de Blavatsky, a qual acompanhou de perto as tarefas diárias da autora auxiliando-a de maneira assídua, notou que os manuscritos estavam repletos de citações de obras raras, e até mesmo desconhecidas mesmo no meio de maior erudição ocidental, algo contrastante à exiguidade da biblioteca particular de Blavatsky. Esta, por sua vez, já se encontrava extremamente combalida no decorrer da obra, devido às severas enfermidades pelas quais era acometida. Mesmo diante das sofríveis dificuldades não esmorecia um só momento, trabalhando com afinco na realização de seu compromisso para com os mestres, e também com as futuras gerações.
Segundo a própria Blavatsky, ela tinha a permissão para revelar a cada capítulo uma das partes do "Livro de Dzyan", o documento mais antigo e também mais secreto do mundo, e de comentar e explicarei sua simbologia. Esta revelação e sua ulterior explicação e comentário é, talvez, a mais inaudita beleza desta obra eivada da mais profunda singularidade.
H.P.B. escrevia muitas vezes, como se copiasse textos de alguma outra obra invisível aos olhos físicos, fato relatado pelas inúmeras pessoas que lhe eram próximas neste exaustivo trabalho, cujo texto final passou por muitas revisões antes de sua finalização. Em uma outra carta para Sinnett, em 1886, Blavatsky se refere à "Doutrina Secreta" como muito mais erudita e filosófica que sua obra anterior, "Isis sem Véu".
O livro teve inúmeras interrupções devido a vários contratempos associados à própria condição de saúde da autora; esta em outra correspondência a Sinnett, relata-lhe que o mestre fez a ela uma sugestão, pois notara que estava muito difícil para ela olhar conscientemente para a Luz Astral para compilação da obra, e que seria melhor se visse tudo o que fosse preciso em sonhos. E, seguindo ao que o mestre havia sugerido, durante o sono começaram a surgir diante dela inúmeros rolos de papel onde suas inscrições eram, por ela, recordados posteriormente. Em inúmeras ocasiões, segundo seus próprios relatos, lhe surgiam quadros sucessivos diante de seus olhos, como um diagrama, e, caso necessitasse de alguma informação extra de alguma outra obra, a imagem astral do livro lhe surgia feito um toque mágico.
O cientista Carter Blake relatou certa vez que, uma senhora enferma como Blavatsky, e desprovida de uma significativa quantidade de livros à sua disposição, possuía um conhecimento além do normal, e o que se fazia ainda mais inusitado se constituia no fato de que ela dispunha de maior conhecimento que ele próprio em sua área, que era a antropologia.
Um fato de assombroso espanto foi referente à página 744 do segundo volume da "Doutrina Secreta", onde a autora faz referência a fatos que ela não poderia ter recolhido de qualquer obra publicada.
Em uma missiva dirigida a Alfred Sinnett, no ano de 1886, Blavatsky menciona o fato do mestre fazê-la acrescentar diariamente algo nos manuscritos, de modo que ocorreram, através destas inserções, significativas mudanças, as quais ela mesma mal compreendida.
Em 1887, Helena Blavatsky teve uma gravíssima enfermidade, possivelmente uma grave infecção renal, o que lhe causou prostração tamanha deixando-a próxima à morte física. O mestre então lhe apareceu e ofereceu-lhe uma escolha entre o desenlace físico e o término da obra, ainda que fossem seus dias repletos de dor e sofrimento. Ela decidiu por terminar a Obra. Alguns amigos ajudaram-na efetuando a correção para o inglês, língua que Blavatsky não possuía uma perfeita fluência. E assim fizeram um rearranjo geral da obra que posteriormente foi datilografada.
Uma curiosidade relatada pela própria H.P.B., citada por ela mesma, é que, quando anotava as citações, impressas diante dela na luz astral, esquecia de inverter os números das páginas às quais tivera acesso, a página 123 acabava se tornando 321. Mais tarde, um de seus auxiliares, Archeibald Keightley, diz que encontrou os lugares exatos no Museu Britânico, onde se localizavam as obras de onde foram retiradas as citações, assim como as referidas páginas.
Em muitas partes dos manuscritos haviam grandes espaços entre as linhas, onde eram coladas recortes também manuscritos, aumentando o volume do manuscrito original.
Acometida pelo reumatismo, Blavatsky, em meio às dores e as dificuldades impostas pela doença, permanecia trabalhando infatigavelmente, conseguindo dar o término de sua obra, cujo primeiro volume fora publicado em outubro de 1888, e o segundo dois meses depois. Deste original em inglês são os volumes de 1 a 4 da tradução da edição brasileira, já os volumes 5 e 6, em português, ""Ciência, Religião e Filosofia" e "Objeto dos Mistérios e Práticas da Filosofia Oculta", são diversos escritos de Blavatsky compilados por Annie Besant após seu desenlace físico em 1891, publicados em 1897 em inglês como o terceiro volume da obra.
Esta obra, como citado anteriormente, foi traduzida para a língua portuguesa em 1973 e publicada pela Editora Pensamento, nos seus volumes conforme referência acima.
As Proposições Essenciais que são delineadas na Doutrina Secreta:
1. A existência de um princípio que dinamiza todo o universo, da qual derivam todas as coisas. Este é o Princípio Uno, que vem ser a própria essência de ser e de existir; não apenas o gerador da existência, mas a própria existência e todas as suas manifestações. É o Todo, Parabrahm, assim como o Aim Soph da Cabala, acima da capacidade de cognição humana, a transcendência, do qual deriva a Alma Universal. Aqui está a proposição de um princípio onipresente, imutável e incognoscível dos quais explanam muitos autores.
2. A "Respiração Divina", que equaliza os ciclos do universo na eternidade, os Mahamanvântaras, ou o período das manifestações, e os Mahapralayas, ou o período do repouso, ou inatividade, dos quais derivam todos os ciclos que equacionam o universo, o dia, a noite, a "aparente vida" , a "aparente morte" das coisas visíveis. No sagrado princípio das correspondências, a respiração dos seres em seu aspecto físico, cuja ação contínua possibilidade a vida neste plano de existência.
Saiamos um pouco dos conceitos puramente teosóficos para compreender, de maneira mais simples, o princípio trino universal, adentrando na simbologia oriental, na qual a efusão dos três logos tem sua representação alegórica: o Logos Único, denominado "Brahm", se faz representar sob três aspectos, os quais são: "Ishwara", que promove a "construção", "Vishnu", o "conservador", e "Shiva", o "destruidor", que exerce na verdade o papel da transformação universal, representado em sua "dança da dinâmica celeste". "Ishwara", a primeira efusão, configurada como o 3° Logos dá início à estruturação do universo, sob a atuação de "Fohat", força fundamental de formação do cosmo, aglutina as energias para a formação da raiz da matéria (energia em condensação). "Vishnu" conserva esta formação fazendo com que ocorra a chamada "evolução", esta é a segunda efusão que atua por meio do Prana. Em seguida ocorre a terceira efusão, ou "Shiva", que descondensa a matéria, fazendo com retorne à sutileza espiritual, representando a ação do "Kundalini".
A "Respiração Divina", portanto é a força motriz da existência que atravessa as eternidades. Aqui está a eternidade cíclica do universo.
3. A Alma Universal, que deriva do incognoscível transcendente, como sua forma de manifestação imanente. Esta é a energia primordial, a qual permeia o universo, de onde derivam todas as coisas, desde a energia mais sutil até à energia mais densa, que denominamos Matéria. Está é a energia em que todas as energias se identificam, e a "alma", onde todas as almas convergem. Aqui está a unidade de todos os seres com a alma universal.
A partir destas proposições essenciais passaremos à compreensão da cosmogênese, ou seja a formação do universo, a qual parte do princípio uno ao trino e do princípio trino ao sétuplo, do qual deriva a constituição setenária dos planos de existência. São os princípios que vão desde as energias mais sutis às mais densas, fundamentadas nas sete principais gradações que possibilitam a existência física, e que também regem a própria existência humana.
O primeiro dimensionamento possui a denominação sânscrita "Stula Sharira", que vem ser o corpo físico com todos os seus fluxos energéticos estruturados nos quatro elementos (aqui está o sequenciamento quaternário elemental).
O segundo dimensionamento, dentro de uma realidade mais sutil é chamado "Linga Sharira", que se refere ao Duplo Etérico, O Corpo Astral segundo Blavatsky. (Conforme mencionei anteriormente, Secreta surgiu para também para questionar conceitos pré-estabelecidos anteriormente, e como tal cabe aqui ressaltar que o assunto do texto é a Obra em si, a qual não representa o "pacote completo" e inquestionável dos nossos conceitos presentes em todos os demais textos, apesar de servir como um grande guia da maioria de nossos ideais filosóficos. Nossa concepção difere um pouco de Blavatsky, como trarei a exposição logo adiante, mas cuja essência não é propriamente uma divergência nem mesmo um desacordo, e sim classificação diferente).
O terceiro princípio é explanado na obra como "Prâna", tópico abordado amplamente em textos anteriores, o qual Blavatsky explicita como o "Corpo Vital".
O quarto princípio, o qual se denomina Kama-Rupa, cuja designação em outras escolas possui outro sentido, tem, na Doutrina Secreta o significado de Corpo Emocional, ou Corpo dos Desejos.
O quinto princípio é o Manas, o Corpo Mental, elo de conexão dos quatro princípios inferiores com a díade Atman-Buddhi. Manas provém do verbo sânscrito "Man", cujo significado é "pensar". O Manas possui uma natureza dual, o Manas Superior que é a mente verdadeira que reflete os princípios superiores em duas concepções abstratas, e o Manas Inferior onde o pensamento está adjacente aos aspectos de "Kama", os desejos, refletindo a natureza mais densa, animal, muitas vezes presentes nos quatro princípios inferiores. O Manas Inferior se conecta ao Superior através da "Ponte de Antakarana", que significa "a causa interna", representada alegoricamente por três fios energéticos: o fio de prata, o "Sutratma" que está ancorado no coração e vai até a personalidade impulsionado pela própria mônada; o fio da consciência, ancorado no cérebro, vínculo do princípio mental superior com o princípio mental inferior; o seu rompimento ocasiona a morte cerebral; e, por último o fio da atividade criativa, ancorado na garganta, cujo aspecto de criatividade se dá através do chakra Vishuda, promotor desse dom que reflete a natureza co-criadora.
O sexto princípio vem ser Buddhi, cuja tradução esotérica é o "eu espiritual”, o poder pensante por si só, independente das impressões extrínsecas, a nossa alma divina. Budhi é o receptáculo onde reluz o Atman.
O sétimo princípio é o Atman, a centelha divina, a conexão com o absoluto, a divindade inerente. Atman é o reflexo da alma universal, a essência imortal do homem.
Vamos agora observar a classificação sob o prisma da literatura Teosófica posterior à Blavatsky, a qual, muito embora não estabeleça nenhuma incoerência, se faz muito mais didática e compreensível:
Quaternário inferior: 1.corpo físico. 2. Corpo Etérico ou Vital. 3. Corpo Astral. 4. Corpo Mental Concreto ou Manas Inferior.
Tríade Superior: 5. Corpo Mental Abstrato ou Manas Superior. 6. Búddhico. 7. Átmico.
Como vemos, prevalece o sistema setenário, diferenciando-se apenas na expressão didática.
Cada um destes corpos pertence a determinado plano de existência: o corpo Físico Denso e o Etérico são veículos para o Plano Físico. O Corpo Astral é o veículo no Plano Astral. Os corpos Mental Inferior e Mental Superior são veículos para o Plano Mental. O Búddhico para o Plano Búddhico, e o Átmico para o Plano Nirvânico, ou também conhecido como o Plano Átmico. Os corpos Mental Superior, Búddhico e Átmico formam o chamado Corpo Causal, no qual incide o Karma advindo das ações ou causas, conforme vimos nos textos anteriores, este Corpo Causal, dura enquanto a evolução prosseguir dentro do gênero humano, diferente do quaternário inferior, que é organizado em cada encarnação. Porém, poderemos notar que foram citados os planos: Físico, Astral, Mental, Búddhico e Nirvânico, e estes estão em número de 5, o que diverge do setenário (número 7); e a razão disto são os planos onde o homem, enquanto gênero humano, não participa, pois sua "energia" destina-se a seres muito superiores aos humanos. Não seres criados diferentemente dos humanos, mas que deixaram de ser humanos de ascendendo a um nível diferente de ser. Estes são, seguindo a evolução, o Plano Para-Nirvânico ou Anupadaka e o Maha-Para-Nirvânico ou Ady.
O Corpo Causal, em muitas escolas esotéricas é chamado de Espírito, o Astral e Mental, Alma, e o Físico e Etérico simplesmente Corpo.
Vimos aqui a unidade, em seu sequenciamento trino e em seu desdobramentos sétuplo.
É fundamental saber que do 1 derivam todos os demais até atingir o último número irredutível que é o 9, e no número 9 estão contidos todos os anteriores até atingir seu subsequente , o 10, e este já é redutível: 1+0=1, reiniciando toda sequência. Na linguagem matemática estão inseridos todos os princípios cíclicos, a partir da unidade e seus sequenciamentos fundamentais. O princípio da correspondência é onipresente.
As conclusões fundamentais da Doutrina Secreta:
Como dizem os grandes sábios: "Aquilo que chegamos a conhecer sempre será uma gota d'água diante de todo um oceano". A Doutrina Secreta, apesar de ser a revelação dos maus insondáveis mistérios que a compreensão humana pode alcançar, representa uma pequena parcela do conhecimento dos mais elevados mestres das fraternidades ocultas. Sabemos que em cada coisa, desde a mais simples, tem em si as "digitais" de seu criador. Em um ser, ainda que seja microscópico, estão nele contidos todos os mistérios do universo. As coisas que os mestres revelam têm em si a expressão oculta de sua consciência, e, penetrando na intimidade de cada revelação, novas revelações acabam por surgir. A Doutrina Secreta, portanto, não possui apenas o conhecimento de sua autora, mas o conhecimento daqueles que possuem sabedoria altamente superior à dela, que pode ser alcançado por todos aqueles que perseveram na busca da verdade. Por isso, através da constante leitura desta obra, que é acima de tudo uma revelação dos grandes mestres, é possível alcançar um conhecimento ainda maior àquela cuja revelação fora dispensada.
Vejamos as ideações fundamentais presentes nesta singular revelação: Uma conclusão que a obra nos traz vem ser da unidade entre todas as coisas. Na existência não há separatividade, tudo está em conexão, pois derivam da mesma energia primordial. Desta conclusão, na qual tudo está aderido a uma unidade eterna e infinita, poderemos inferir que tudo é vida, pois tudo vibra mas frequências das energias essenciais, desde as partículas fundamentais, o universo é dinâmico e vivo em todos os sentidos, não existe morte neste contexto, a vida é o próprio sequenciamento do dinamismo universal. Ainda derivando da premissa da unidade de todas as coisas, conclui-se que todas as diferenciações só existem diante das próprias limitações dos seres. Assim como cada ser está dentro do universo, o universo se faz presente em cada ser, pois a existência parte de uma única realidade, portanto, nada é pequeno, nada é grande, todas as coisas surgem através das ilusórias diferenciações, as quais são relativas pois estão inseridas no tempo e espaço, sujeitas à transitoriedade, na impermanência que rege todo o universo das transformações. A eternidade está no aqui e no agora.
Análise de alguns temas, tópicos e termos mais importantes presentes na obra:
O conhecimento de todos esses termos ajuda muito uma posterior leitura completa da obra.
Os Dhyan-Choans: Seres conscientes da elevadíssima hierarquia divina. Na Cosmogênese, são apresentados como os construtores do universo, os impulsionadores da "vida" (Aqui o sentido de vida relaciona-se com existência, desde a mais sutil das energias até a maior densificação na materialidade). De acordo com a própria autora, esta classe de seres são os mesmos Elohim, da Cabala, descritos no Sepher Bereshit, o Livro do Gênesis. Existem sete classes de Dhyan-Choans, relacionadas com os sete planetas visíveis do sistema solar. Na Doutrina Secreta, refere-se a eles como doadores da mônada, ou centelha divina ao homem. Porém este sentido é muito mais amplo, pois aqueles que adentraram em um grau de maior compreensão da obra, sabem que esta centelha não é exclusiva ao homem quanto ser humano, mas em uma abrangência de conexões com todos os seres, dentro da própria alma universal. Tanto que mônada, no gnosticismo, significa "uno", o "ser supremo", "aeon teleos", o supremo aeon.
Mulaprakriti: Palavra sânscrita aglutinacão de "mula" cujo significado é raiz, e "prakriti" que significa natureza, ou seja, a raiz da matéria, ou a raiz das coisas existentes. Segundo a autora, co-eterna com o Parabrahm, aderida através do Fohat. Mulaprakriti vem ser a fonte de onde deriva o Akasha.
Fohat: É a força essencial da formação do universo. É o raio divino da criação, que aplica a ideação cósmica na substância primordial, a fecundação do universo, que em outras escolas esotéricas, "fohat fecunda koilon" para gerar prakriti. Fohat é a energia pura que fecunda o espaço puro. No Mahapralaya, adere Mulaprakriti ao Parabrahm. Fohat é a força desencadeante que faz com que o "Um" se derive à infinidade. Conforme a alegoria hindu citada acima representa Vishnu, a segunda efusão, por esta razão corresponde ao Prâna, sua derivação.
Parabrahm: Em sânscrito significa "além de Brahman". Conforme citado anteriormente, é o princípio uno, a própria seidade absoluta, correspondente ao Aim Soph cabalístico.
É o imanifestado. Aqui poderemos adentrar no paradoxo entre a existência absoluta e a não existência absoluta, acima da compreensão humana.
Brahman: É o Grande Espírito, cujo corpo é o universo. Significa Deus em sua manifestação. Diferente do Pralaya, período de repouso, Brahman surge do Parabrahm em sua manifestação no Manvântara, período de atividade. É importante saber que o universo é Deus em sua manifestação. Primeiro surge a vida energia, e, posteriormente a vida consciência, como derivações desta primeira manifestação vital. A característica essencial da manifestação é o movimento, este que é a vida em sua mais elevada concepção. Brahman se diferencia em duas polaridades, positiva e negativa, no início do período de atividade.
Manvântara: Também chamado de Kalpa, vem ser o período de atividade. O período de manifestação do universo, cujo tema já foi abordado amplamente em textos anteriores. No sentido literal, "Manuantara", quer dizer "entre dois Manus", o período do despertar entre dois Pralayas.
Pralaya: Tema também abordado em textos anteriores, é o estado de passividade, um estado absoluta desprovido de polarização, entre a criação e a manifestação de um universo ou um sistema planetário.
Cadeias Planetárias: São os ciclos evolutivos dos corpos celestes. As cadeias são dispostas sob um esquema de 12 globos, os quais se distribuem em 7 planos. Três destes planos não são manifestados, e quatro, os inferiores no esquema, são manifestados.O globo apical, inferior aos demais, é o mais denso. Todo este esquema está no texto Rondas Cósmicas e Cadeias Planetárias, anteriormente escrita.
Rondas Cósmicas: São os períodos pelos quais passam as Cadeias Planetárias. Uma ronda corresponde a um período de um globo no qual passaram as sete raças-raiz. Sete rondas planetárias formam um Kalpa, ou Manvântara, pois são 7 globos distribuídos nós quatro planos inferiores de manifestação.
Raças Raiz: São as raças que evoluem em um determinado globo no período de uma ronda planetária. Este assunto já foi também abordado em texto anterior.
Cada raça-raiz se subdivide em outras sete, cada qual com seu período específico. Um detalhe importante é que, com o advento de uma nova raça-raiz não desaparecem as anteriores, pois cada uma provém das transformações das anteriores. Estamos na Quinta raça da quarta ronda, na qual o planeta está no seu mais elevado grau de densidade. A primeira raça foi a chamada Protoplasmática ou Adâmica, a segunda Hiperbórea, a terceira a Lemuriana, a quarta a Atlante, a quinta a Ariana. Teremos a sexta e a sétima ainda nesta ronda.
Yugas: São períodos de tempo que se sucedem em um Manvântara. São quatro Yugas dentro do período manvantárico, a saber: Satya Yuga, o período da virtude e da bondade cuja duração foi de 4.800 anos, vindo posteriormente o período do Tetrâ Yuga, com duração de 1.296.000 anos, em seguida o Dvâpara Yuga, correspondente a 864.000 anos, e finalmente o Kali Yuga, o atual, chamada a idade do vício, com duração de 432.000 anos, que, segundo o hinduísmo, teve início no desenlace físico de Krishna.
Manu: Na língua sânscrita seu significado é Homem, contudo na Teosofia se refere ao homem no sentido coletivo. São os progenitores da humanidade, é quase um sinônimo de Pitris, termo muito utilizado na Doutrina Secreta. Os Pitris Lunares, diversamente dos Dhyan-Choans, são originários da antiga cadeia lunar, anterior à cadeia planetária terrestre, enquanto que os primeiros, Dhyan-Choans, são solares e responsáveis pelos princípios superiores do homem, enquanto que os Pitris Lunares o são pelos princípios inferiores.
Pitris: Em sânscrito "Pitris" significa "pai", tanto que no hinduísmo traz a significação original dos "espíritos dos antepassados", e em um sentido mais amplo o espírito dos mortos. Segundo a literatura védica, estes "pais" eram agraciados com a eternidade assim como os deuses. Segundo os Puranas, antigos textos religiosos hindus, existem diferentes classes de Pitris, assim como diferentes origens. Basicamente existem os Pitris Humanos (Manusya Pitara) e os Pitris Divinos (Deva Pitara). Os primeiros são seres humanos que deixaram o plano físico, os quais poderão atingir o mesmo nível e alcançar planos superiores de existência. Conforme citação anterior, segundo a Teosofia os Pitris Lunares são os progenitores da raça humana, provenientes da Cadeia Lunar. Existem inúmeras classes de Pitris, e falar sobre os tais exigiria um texto exclusivamente sobre o tema, dissertando sobre a evolução na cadeia lunar e toda a sua transição para a atual cadeia terrestre.
Devakan: Também denominado "Sukhâvati", longe de ser um local, é um estado de ser, que se aproxima mais da concepção de um paraíso das religiões monoteístas. Literalmente se revela como a "Morada dos Devas". A designação "Deva" provém do sânscrito e significa "aquele que brilha", ou "ser luminoso", tais seres altamente evoluídos existem sob diferentes classes, como os "Rupa", com forma, e os "Arupa", sem forma. São seres humanos que chegaram a um elevado grau evolutivo, porém, que ainda necessitam de libertar de "Maya", o mundo da transitoriedade, ilusório, em que vivemos, e que não possui existência em si, pois está sob o regramento da impermanência. O Devakan, portanto, é um estado de bem aventurança, que pode existir tanto no Astral quanto no físico, embora muitos autores ainda interpretem-no como uma localização específica. Este estado de bem aventurança, como citado anteriormente, não se configura como perfeição, ainda que esteja muito acima do sentido peculiar à grande maioria dos seres humanos.
Os Mahatmas: "Maha", como já vimos, significa grande na linguagem sânscrita, e Atman, alma; teria então o significado de "grande alma", seres humanos próximos à perfeição em graus muito elevados de consciência. São mestres e instrutores da humanidade, sempre presentes no curso da história humana iluminando o caminho dos seres ainda mergulhados nas trevas da ignorância. Dotados de inúmeros poderes aos quais os humanos comuns não têm acesso, estavam sempre presentes, de maneira implícita, nos acontecimentos e fenômenos que formaram as mais elevadas concepções filosóficas da humanidade.
Akasha: É o substrato primordial do qual surgem as diferenciações que se manifestam em todo o universo. Também conhecida por Éter, dos antigos, chamada por muitos místicos de "quinto elemento"; é o espaço cósmico que permeia toda concretude nele contida. Simbolizada como o vértice superior do Pentagrama, acima de todos os quatro elementos, é chamada por Eliphas Levi de "Luz Astral", conceito não acompanhado na concepção de Blavatsky, exposto em suas obras: "Dogma e Ritual de Alta Magia", "O Grande Arcano" e "A Chave dos Grandes Mistérios".
A Evolução: Na Doutrina Secreta não existe o criacionismo, cuja constatação é fácil de observar logo nas primeiras páginas do volume 2, a Antropogênese. Contudo, não segue as teses evolucionárias do darwinismo. Segundo a autora, não ocorre apenas a evolução no sequenciamento universal, mas também a degeneração, sob este aspecto, contestando a teoria evolutiva de Charles Darwin, os símios seriam uma degeneração humana, tese da qual reitero minha humilde discordância, a qual, logicamente, não impede a aceitação das inúmeras revelações da obra, pois a própria Doutrina Secreta, incita-nos ao contínuo questionamento das ideias, uma obra que também nos ensina, em suas entrelinhas, a recusar uma entrega de "pacote completo", característica de tudo aquilo que se faz revolucionário, como a obra realmente se apresenta, nos campos filosóficos, religiosos e científicos. A obra de Blavatsky não nos obriga a aceitar, mas sim a pensar, pois ela mesmo, em um determinado momento confessou não entender algumas passagens da obra advindas através dos mestres, evidenciando não apenas sua sinceridade, mas também sua humildade. Tanto que uma de suas frases mais marcantes confere este detalhe notável de sua forte personalidade: "Seja humilde se queres obter a sabedoria... ... porém, seja ainda mais humilde quando a tiver adquirido".
Reencarnação: A "Roda do Samsara" é, acima de qualquer outra definição, um ciclo. Porém, não apenas em uma única direção, como a evolutiva. Também, segundo Blavatsky, segue caminho involutivos, como podemos ver no tópico anterior sobre o contexto anterior onde cita a degeneração. O intervalo de tempo entre as encarnações, segundo Blavatsky, é muitas vezes superior àquele explanado no Kardecismo. Segundo explicações de um velho mestre, esta discrepância se dá no fato da Doutrina Secreta estar baseada em textos antiquíssimos. Pois a população humana sobre este planeta, há milênios era diminuta, insignificantes perto de quase uma dezena de bilhões do tempo atual. Desta forma, existem nos tempos mais recentes muito maior celeridade devido à grande quantidade de nascimentos que havia, por exemplo, há alguns milênios pretéritos, onde infindáveis números de entidades desencarnadas permaneciam no Plano Astral a espera de uma próxima encarnação no meio terrestre.
O Karma: Termo que no original sânscrito significa ação, se relaciona ao princípio da causa e efeito. Segundo a filosofia oriental, presente no hinduísmo, no budismo e no jainismo, é o resultado presente ou que ainda está por vir de todas as ações pretéritas, figurativamente como a "colheita após o tempo da semeadura", ocorrida na presente encarnação ou outras precedentes.
Dharma: Aparece nos "Vedas" com o sentido de "caminho correto", mas com o tempo ocorreu uma abrangência em sua significação, como a senda que conduz a uma verdade superior, variando dependendo do contexto em que este termo é aplicado, tanto que o próprio hinduísmo, referido pelos seus divulgadores, traz a denominação de "Sanatana Dharma", cujo significado é o "eterno caminho", ou o "eterno dever". No lema da Sociedade Teosófica contém as seguintes palavras em sânscrito: "Satian nasti paro Dharmah", significando: "Não existe religião superior à verdade". Neste contexto Dharma surge como significado de "religião", ou mais precisamente, "doutrina". O Dharma pode ser entendido como a lei cósmica que governa a natureza, aquele que vive integrado nesta lei, cuja essência se traduz na unidade, liberta-se da Roda do Samsara, está liberto do ciclo das encarnações no qual incide o próprio Karma.
Ah-hi: São seres espirituais elevadíssimos, semelhantes aos Elohim do judaísmo. São veículos da manifestação das forças superiores que zelam pelas leis que dinamizam o cosmo e, por conseguinte toda a natureza. Como os anjos do cristianismo, executam o cumprimento das dispensações divinas, ou seja, de poderes ainda mais elevados.
Kumaras: Do sânscrito "Ku", que significa "com dificuldade" e "mara" significando "mortal". Segundo os preceitos teosóficos, são os seres que conferiram aos humanos a sua imortalidade. O sentido do termo "com dificuldade mortal" é, dentro de um sentido figurado, puro, eivado de inocência. São estes os Pitris Solares, advindos de antigos sistemas evolutivos. Segundo a antiga literatura esotérica, são seres que tiveram que passar pela matéria passando pela experiência da densificação. Ainda segundo as mesmas fontes, se recusaram a procriar, pois espiritualmente são "Arupas", ou desprovidos de forma, deixando a geração dos corpos materiais ao cargo de seres menos evoluídos, passando a exercer o papel de auxiliares invisíveis da humanidade.
Tulku: Seu significado é "forma plasmada". Há muitas definições de sentido errôneo do que vem a ser está designação. Como explanada em um texto anterior cujo título é: “Tulku, seu Significado”, tudo aquilo que existe na natureza é o tulku de algo superior. As obras de Blavatsky foram transcritas, por exemplo, por tulkus dos grandes mestres iniciados, que, através de uma forma física plasmada, puderam instruí-la de maneira direta na elaboração de sua obra. Tal plasmação provém de um poder intrínseco dos grandes mestres denominado "Kryiashakty", o poder mágico do pensamento presente nos seres elevados, também descrito sucintamente em texto anterior.
Prâna: Do sânscrito, hálito ou sopro de vida ou energia vital. O Prâna é pois a energia que permeia e interpenetra o universo, responsável pela vida e formação dos veículos existenciais de cada plano, absorvida pelo corpo físico e Etérico através da respiração. No exercício do Pranayama, já muitas vezes descrito em nossas explanações, o Prâna é absorvido com muito maior efetividade através da alternância dos Nadis, que ativam os chakras alinhando-os e inundando-os de energia. O Prâna deriva do Fohat, sendo um aspecto da "Shakty", a energia cósmica.
Mensagem sutil de Blavatsky.
Madame Blavatsky foi duramente perseguida, caluniada e difamada pelos setores do conservadorismo religioso da época contrário às suas ideias, assim como inúmeros outros agentes dissonantes com suas revelações. Acusada de farsa por alguns setores investigativos, cujo intuito era de ridicularizá-la (Tal acusação foi provada a falsidade muitos anos após a morte de H.P.B.), ficou profundamente abalada, e, possivelmente tal depressão agravou seu quadro de enfermidade. Diante de todo este aspecto de perseguição, Blavatsky sempre teve seus fundamentos baseados na justiça, na verdade e na luta contra a ignorância. Na sua obra podemos sentir todos esses fundamentos inscritos em suas conclusões.
"O potencial da humanidade é infinito e todo ser tem uma contribuição a fazer por um mundo mais grandioso. Estamos todos nele juntos. Somos UM." — Disse ela certa vez.
Diante das atrocidades do mundo podemos concluir, através de seus pensamentos, que as batalhas do mundo são travadas entre os humanos e os desumanos, sejam quaisquer outras denominações que poderemos dar a estes dois antagonistas. O desumano é o opressor, e ninguém oprime se não for poderoso, se não tiver o poder nas mãos. Este poder só poderá ser desfeito através da elevação dos níveis da consciência, na supressão da ignorância, espalhando o conhecimento e a verdade. A maior arma dos operadores é a ignorância, a salvação dos oprimidos é a consciência.
Bem aventurados aqueles que espalham o conhecimento, que expõem a verdade e que promovem a justiça veraz.
Termino o texto com uma das frases de H.P.B. que tomei conhecimento antes mesmo de ler suas obras.
“Se queres colher doce paz e descanso, discípulo, semeia com sementes do mérito o campo das futuras colheitas".
Paz e Luz.
S. F.