domingo, 26 de abril de 2020

OS PRINCÍPIOS DA ALTA MAGIA.



           



                      OS PRINCÍPIOS DA ALTA MAGIA.

1. INTRODUÇÃO.
2. ALTA MAGIA E BAIXA MAGIA.
3. XAMÃS, BRUXOS, FEITICEIROS E MAGOS.
4. MAGIA BRANCA E MAGIA NEGRA.
5. DAS ANCORAGENS.
6. O VERDADEIRO PRINCÍPIO MÁGICO.
7. A PLASMAÇÃO NA LUZ ASTRAL.




                                     1. INTRODUÇÃO.

        Talvez a melhor definição  para a Magia, na literatura esotérica, seja de Gérard A. Vincent Encausse, conhecido mais amplamente como Mestre Papus, em seu livro Tratado Elementar de Magia Prática, no qual se refere: "A Magia é a aplicação da vontade humana, dinamizada, à evolução rápida das forças vivas da natureza".
        Esta é a definição daquilo que desempenha o homem como verdadeiro mestre da aplicação de suas próprias forças para a potencialização daquilo que chama "forças vivas da natureza".
        Vamos então ver o que são estas "forças vivas da natureza", sobre as quais o homem pode dinamizar através de seu caráter volitivo.

        "Tudo é magia", já disse um velho mago. A própria "Existência" já é o resultado do Grande Processo Mágico da Respiração Divina, em cuja essência se estruturam todas as coisas visíveis e invisíveis. A vida é a grande Magia, a Magnus Opus, efetuada pelo Grande Arquiteto do Universo. Na Energia Primordial desta "Respiração" está subjacente a todas as energias que compõem o mundo espiritual e sua densificação onde está presente a concretude na matéria.
        Esta Força Viva da Natureza, a qual muitos também chamam "akaxa" ou "luz astral" é de onde tudo se forma, tudo se plasma, tudo se deriva. O homem, cujo poder volitivo, isto é, o poder de sua vontade, "Dinamizado", efetua a plasmação, a transformação, a transubstanciação nesta força viva.
        E o que vem ser esta "Vontade Dinamizada"?
        É o poder divino inerente a todos os seres humanos, a Fé, que é o grande mistério de acionamento deste poder intrínseco.
        Certa vez perguntei a um velho mestre se ele era um mago. E ele me respondeu: "Todos nós somos. Muitos estão adormecidos, alguns despertando e poucos cientes desta condição”.
        Aquele que dinamiza sua vontade, capta, canaliza e direciona tais forças, e com elas recria padrões, formas e perspectivas, potencializando-as.
        Esta potencialização se dá através de seu próprio ser, como uma lente de aumento colocada sob a luz do sol, e é capaz de criar o fogo sobre os objetos aos quais faz sua incidência.
        Um mago é semelhante a esta lente, pois vê com amplitude aquilo que quase ninguém vê, e se descobre através de sua interação com o mundo invisível aos olhos comuns.
        "O homem é o microcosmo ou o pequeno mundo, e conforme o dogma das analogias, tudo o que está no grande mundo se reproduz no pequeno. Há, pois, três centros de atração e projeção fluídica: o cérebro, o coração ou epigástrio e o órgão genital. Cada um destes órgãos é único e duplo, isto é: neles se encontra a ideia do ternário. Cada um destes órgãos atrai de um lado e repele do outro. É por meio desses aparelhos que nós nos pomos em comunicação com o fluido universal, transmitido em nós pelo sistema nervoso." — Disse Eliphas Levi em sua obra "Dogma e Ritual de Alta Magia". Aqui está o que poderíamos chamar de ligação entre a densidade e a sutileza. No ser humano fluem as energias sutis se distribuindo através da complexidade das gradações energéticas. O ser humano é o microcosmo dentro do macrocosmo, é um universo dentro de outro universo, com infinita capacidade co-criadora, um deus que se esqueceu de sua própria divindade. Na  imanência de Deus está contigo o homem, e, através da consciência deste atributo imanente, ele se torna um magista, estruturado no poder que lhe é próprio.
        "Deus só pode ser definido pela fé; a ciência não pode negar nem afirmar que ele existe". — Diz novamente Eliphas Levi em sua obra "A Chave dos Grandes Mistérios". Aqui o grande segredo da "vontade humana", da qual se refere Mestre Papus, a Fé, tão escassa no gênero humano. E é justamente pela sua escassez que o homem recorre a inúmeros aparatos, inúmeras ritualísticas, inúmeras doutrinas nos mais diversos sistemas mágicos, para aflorar, em seu subconsciente, a ancoragem necessária para que seu poder intrínseco possa ser manifestado.




                            2. ALTA MAGIA E BAIXA MAGIA.
                          
        São designações muito utilizadas na literatura esotérica, as quais, particularmente, considero muitas vezes inadequado no âmbito da espiritualidade.
        Muitos autores consideram a alta magia aquela praticada por escolas esotéricas, de sistemas mágicos definidos, estudados em tratados e obras diversos, originalmente propagados entre as elites em ritualística secretas e também, extremamente, seletas.
        A baixa magia já é aquela envolta na simplicidade, na natureza, originalmente feita por humildes camponeses advinda da preservação ancestral. Esta foi na remota antiguidade a medicina dos povos primitivos, trazendo, até mesmo aos dias de hoje, grande aceitação nas regiões mais remotas da civilização. Seus praticantes muitas vezes eram chamados bruxos, enquanto aqueles, da "alta magia" de magos ou magistas. Foram os que mais sofreram durante o trevoso período da inquisição, pois não possuíam apoio nem a proteção da qual se dispunham as elites que, na maioria das vezes, passavam incólumes às autoridades do Tribunal do "Santo" Ofício.
        Na verdade não existe nenhum grau de superioridade ou inferioridade entre estas duas esferas de práticas mágicas. O bem e o mal poderiam e poderão estar presentes em cada uma delas, tudo sempre dependerá da intencionalidade, no aspecto moral e na magnitude espiritual do conjunto de seus adeptos.




                   3. XAMÃS, BRUXOS, FEITICEIROS E MAGOS.

         Nomenclaturas nada mais são que meras classificações seguindo critérios humanos, muitas vezes falíveis.
        Não podemos nunca esquecer que um dos grandes males do mundo é a rotulagem.

        Os Xamãs são sacerdotes (embora para muitos o sacerdócio exija requinte e alguma ostentação), e como tais, adotam um tipo diferenciado de vestimentas, na maioria das vezes repletas de símbolos e de ornamentação natural. Praticam a magia ancestral, na qual estão presentes suas características tribais preservadas em sua cultura.
        Os Xamãs são profundos conhecedores da ma­gia na­tu­ral e nas suas confirmações astrais, são detentores da ciência das ervas e po­ções má­gi­cas, assim como a utilização dos sons e mantras específicos para cada situação peculiar. Em suas práticas invocam o "animal do poder", que vem ser um magnífico arquétipo, que configura uma energia que liga a consciência e a força do instinto essencial à seu propósito e sua missão sagrada.

        Bruxos são aqueles cujos princípios se baseiam na ligação entre o mundo espiritual e os ciclos naturais, sempre conectados aos quatro elementos, terra, fogo, água e ar.
        Os então denominados bruxos possuem suas ritualísticas as quais são preferencialmente à noite, condicionadas às fases da lua, cada qual com seu propósito específico. Tais fases, assim como também as estações do ano são muito importantes nestes rituais, pois nestas residem todo o princípio ativo de seus poderes.
        Costumam também utilizar grimórios em suas intervenções e práticas.
        Existem vertentes na prática ritualística que costumam escalonar seus praticantes em três diferentes aspectos:
        A) Os jovens, que representam a virgindade e as demais características correspondentes a seu aspecto essencial, como a formação, a potencialidade criadora, o encantamento expansivo, cuja essência está conjugada à lua crescente.
        B) A maturidade, na figura paternidade ou materna, que representa o poder, a força, o embate contra as sugestões contrárias e adversas e a capacidade de liderança. A lua cheia personifica este aspecto dentro da maior perspectiva presente em todas as ritualísticas.
        C) O ancião ou a anciã plasmam a sabedoria, a doçura, a vivência e a compreensão. Através desta sabedoria que o bruxo efetua o banimento, propício na lua minguante que caracteriza este aspecto.

        Os Feiticeiros muitas vezes são confundidos com os bruxos e xamãs, e, como citado anteriormente, tudo é uma questão de nomenclatura, pois para os antigos missionários cristãos, pouco importava se fossem chamados pelo nome que fosse, e, durante a inquisição, não havia nítida diferença quanto à bruxaria ou à feitiçaria. Seguindo a literatura esotérica, contudo, poderemos verificar que, entre algumas similitudes, há também algumas diferenças fundamentais.
        Os feiticeiros normalmente praticam invocações, e, através destas, o encantamento. Via de regra, o feiticeiro conhecem a hipnose e condicionam pessoas susceptíveis induzindo-as à sugestão.     Diferentemente dos bruxos, não possuem grimórios, e em suas práticas se utilizam muito de objetos mágicos e simpatias diversas.
         Geralmente o nível de consciência e espiritualidade de um feiticeiro deixa muito a desejar quando comparado a um bruxo ou a um xamã.  Conhecem como todos os demais as forças ocultas latentes da natureza, mas, contrariamente, não são senhores destas forças, mas escravos destas.

        Os Magos, também chamados de magistas, diferem de todos os demais em alguns aspectos de profunda relevância. Possuem amplo conhecimento filosófico, muitas vezes proveniente de uma ou mais escolas iniciáticas. A grande maioria detém o uso correto de antigas práticas sacerdotais, e basicamente permanecem envoltos no estudo e aprimoramento, equilíbrio e constante busca de iluminação.
        Mas é essencial notar que, logo acima, frisei "a grande maioria", e não sua totalidade. O amplo conhecimento não significa, todavia, um nível elevado de consciência de um guia espiritual, comum à maioria dos magos. Muitas vezes todo conhecimento, aliado às grandes potencialidades, não estão subordinados à nobreza de caráter. Existem também os magos negros, cujo conhecimento é sombreado pelo ego. E, muitos magos negros nem mesmo sabem que estão distantes da luz, pois, da mesma maneira que esbanjam conhecimento, carece-lhes o discernimento, permanecendo sempre ao lado do Poder, que lhes fascina.
        Os magos possuem, em sua maioria, o poder da transformação, focados na alquimia proveniente do domínio da luz astral. Há uma enorme diversidade de magos dentro dos sistemas mágicos mais diversos que se espalham pelos cinco continentes.
        É essencial saber que alguns rituais litúrgicos, de determinadas religiões, não deixam de ser sistemas mágicos, alguns dos quais "Teúrgicos", sistema diretamente ligado à essência divina e primordial.
        Contudo em um texto se torna impraticável a citação dos sistemas mágicos, devido à sua extensão, pois alguns dos quais são muito complexos e demandaria muitas páginas para se explanar em apenas um destes.




                            4. MAGIA BRANCA E MAGIA NEGRA.

         Utilizam-se estes termos na vasta literatura esotérica há muito mais tempo que imaginamos, assim como os já citados Magos Negros e Magos Brancos. O correto, porém, seriam as denominações Magia de Luz e Magia das Sombras, porém estes termos são raramente utilizados.
        O que faz uma magia ser de luz ou trevas não é somente o conteúdo e a prática de sua ritualística, mas as suas intenções.
        É claro que determinadas práticas como sacrifícios de animais ou até mesmo humanos já denotam o aspecto macabro da intencionalidade, porém a distinção daquilo que é luz e daquilo que são trevas não é tão simples como parece. Muitas vezes aquilo que parece "bom" é muitas vezes pior do que aquilo que é explicitamente mal. Justamente porque o mal que não é notado pode ser muito mais nefasto do que o mal detectável.
        Em inúmeras vertentes religiosas e filosóficas existem verdadeiros magos, altamente nefastos, ludibriando seus seguidores e usufruindo da ingenuidade de muitos.
        Um verdadeiro mago capta pelo olhar, pela voz e até pela visão à distância qualquer outro mago ou qualquer tipo de ser envolto em malignidade. Porém a grande maioria das pessoas não consegue notar ou o faz muito tardiamente.
        Um ritual de magia negra explícito sempre terá como foco o Ego, seja do magista e seus seguidores ou das pessoas que a ele recorrem.
        Mas muitos rituais de aparente magia branca  na verdade não o são. Mesmo que a ritualística possa ser puramente angelical. Imaginemos alguém que se dispõe a pedir auxílio a um magista para que seu filho seja aprovado em um concurso, ou uma pessoa que deseja conquistar o amor de alguém. Imaginemos que o intento de ambos seja concretizado. Seria esta uma magia de luz?
        Certamente que não, pois colocar alguém em um cargo em detrimento de outro que era o verdadeiro merecedor é um ato de perversidade. Interferir no livre arbítrio de alguém para se fazer apaixonar por uma determinada pessoa também é um ato que fere todas as premissas da fraternidade.
        A ação da magia está limitada ao Karma. Toda vez que se interfere no karma de uma pessoa é como tentar conter fumaça dentro de um saco plástico repleto de pequenos orifícios. Se a fumaça não sair por um furo sairá por outro espontaneamente. Um magista, cuja consciência esteja consubstanciada na luz, deve ser um orientador espiritual, pois sabe que a magia pode curar o corpo, mas só a consciência pode curar a alma. Sem a consciência toda cura será um mero paliativo.
        A magia da luz não só combate o mal em sua origem, mas sabe discernir aquilo que é luz daquilo que não é. A humildade está na luz, a luz está no amor, que suplanta o Ego e promove a consciência.

        "Ai dos que ao mal chamam bem, e o bem mal; que fazem da escuridade luz, e da luz escuridade; e fazem do amargo doce, e do doce amargo". (Isaías 5, 20).



                                      5. DAS ANCORAGENS.

        O ancoramento sempre significa um mantenedor.  Aquilo que mantém, seja o equilíbrio, seja o foco, seja o direcionamento. No caso da magia, das imprecações, de todas as práticas espirituais é para firmar o propósito, estabelecer as perspectivas, e direcionar as intenções.
        Conforme citado anteriormente, temos o poder co-criador inerente ao nosso próprio ser, e para acionar este poder se faz necessário descobri-lo. É como a criança na qual se retira as rodinhas de apoio da roda traseira da bicicleta sem que ela perceba. E ela anda sobre as duas rodas. E logo depois percebe que já sabe se equilibrar sobre essas duas rodas, e, segura de si passeia tranquilamente pela trilha. As ancoragens são as "rodinhas de apoio de nossa bicicleta", até termos a certeza que podemos nos equilibrar, trilhando, cada vez mais perfeitamente, os caminhos que surgem à nossa dianteira. Este é o segredo da Fé: redescobrir nossas potencialidades e delas fazer uso.
        Toda ritualística, paramentos, cânticos, sons e encantamentos são as ancoragens para suprir a nossa falta de fé,  e canalizar todas as forças que conseguiríamos sem "as rodinhas de apoio".
        Todos os sistemas mágicos têm suas ritualísticas próprias, seu modo particular de captar, canalizar e emitir as energias das forças latentes da natureza. Nossa capacidade volitiva se potencializa através do ancoramento, necessário para os magistas que "ainda não sabem equilibrar em suas bicicletas".
        Símbolos, armas mágicas, velas, incensos e tantos outros paramentos, são, sem dúvida, necessários à concretização de um propósito na magia, mas seriam dispensáveis se tivéssemos a fé perfeita.

         "Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito." (Marcos, 11, 23).

        O Magista, primeiramente precisará fazer de si, uma "semente de mostarda", para fluir sua potencialidade, florescer a centelha divina intrínseca à sua alma, para efetuar a Grande Obra, e transmutar seu próprio ser na sagrada alquimia que sintetiza a grande realização.
       É essencial acrescentar aqui um comentário cuja essência dificilmente é mencionada pelos autores esotéricos. Muitos recursos de ancoramento são necessários nos sistemas mágicos que envolvem a invocação de entidades espirituais diversas. — Detalharei os rituais de invocação nos parágrafos mais adiante. — Pois a grande maioria das entidades, sejam espíritos humanos desencarnados ou não, respeitam, quase que de maneira servil, certos procedimentos, como a ação das pontas metálicas, os pantáculos,  imprecações, círculos mágicos traçados, entre outros artefatos e práticas. Há, contudo, aquelas entidades, especialmente as "não humanas" que simplesmente ignoram tais recursos, e estas apenas são dominadas pelo grande poder da aplicação volitiva humana dinamizada.
       Observemos nos evangelhos que todos os exorcismos e banimentos dispensaram qualquer prática ritualística, pois estavam "ancorados" justamente na Fé, o grande poder de dinamização.


                        6. O VERDADEIRO PRINCÍPIO MÁGICO.

        Todas as classificações de sistemas mágicos, que normalmente são mencionados, inclusive nas obras clássicas esotéricas, não fazem a distinção fundamental entre a Magia, segundo a definição citada pelo Mestre Papus, no início do texto, e a magia que recorre à invocação, sobre a qual citei alguns parágrafos atrás.
        O Velho Mestre Gérard simplesmente fez a definição do verdadeiro princípio da Alta Magia, que é a atuação direta de um magista sem com que se recorra a entidades espirituais diversas para que imprimam sua vontade sobre as forças vivas da natureza, algo que deveria ser feito pelo mago. Neste caso o "magista" estará atuando muito mais como um "médium" do que como um autêntico Mago.
        Há, portanto, de acordo com a atuação direta ou indireta do "magista", duas classificações distintas: 1- O Mago, ou um conjunto de magos que aplicam sua vontade diretamente dinamizada sobre as forças latentes da natureza. 2- O "Mago" que recorre as entidades espirituais para que estas atuem sobre tais forças.

        —Mas, e este Mago que recorre às entidades espirituais, se tiverem realmente domínio sobre estas serão muito poderosos? — Poderão indagar.
        Certamente que sim, se tiverem o total domínio, pois, do contrário, será um escravo destes seres espirituais. Mas, mesmo aqueles que possuem o completo domínio, terão que pagar sempre um preço, cedo ou tardiamente. As entidades de luz orientam os Magos para que estes realmente sejam Magos, atuando apenas como um veículo de canalização. As entidades invocadas para  exercer atuação no lugar de um Mago, via de regra, são extremamente perigosas, pois são os Antigos Kama-Rajas, não evoluídos, também conhecidos por Daemons, ou ainda seres muito piores, remanescentes da antiga cadeia lunar. (Assunto visto no texto Rondas Cósmicas e Cadeias Planetárias). Estes são amplamente utilizados e invocados na Goétia. (Magia Negra).
        Um exemplo, segundo muitos autores versados na Alta Magia, é o de Salomão, Rei de Israel. Segundo estes autores, o rei era um grande mestre cabalista, de elevadíssima sabedoria, porém, o contato com inúmeros magos egípcios, fenícios e caldeus, o fez adentrar nos domínios da magia, e invocou os setenta e dois espíritos da Goétia. Sobre eles Salomão tinha amplo domínio, em toda sua vida. Nunca Israel viveu tão esplendorosamente quanto nos dias de seu reinado. Porém, seu reino não foi confirmado nas gerações procedentes. Seu filho Roboão teve o reino divido, ficando com apenas duas tribos remanescentes das doze: a tribo de Judá e Benjamin. As restantes ficaram sob o reinado do grande inimigo de Salomão, Jeroboão, o qual fez guerra à Judá todos os dias de seu domínio.
        Sempre há um preço para aqueles que deixam de recorrer ao poder intrínseco da centelha divina e recorrem aos espíritos. "O verdadeiro dom de um Mago está no Espírito e não nós espíritos" — Já dizia um antigo hermetista.

        —Mas como iniciar a dinamização da vontade humana para que possa ser aplicada de maneira eficaz sobre as forças vivas e sutis da natureza?

        Os grandes mestres brâmanes chamam este poder de Kriyashakti, terminologia sânscrita proveniente das palavras "Kriya", que significa esforço; e da palavra "Shakti", que se traduz em poder divino. Sobre a qual está exposto a seguir.



                            7. A PLASMAÇÃO NA LUZ ASTRAL.

        “Os antigos afirmavam que qualquer ideia será manifestada exteriormente se nossa atenção estiver profundamente concentrada nela. Do mesmo modo uma vontade intensa será seguida do resultado desejado". (Helena Petrovna Blavatsky).

         Toda e qualquer ideia é passível de manifestação futura, podendo elas  ser benéficas ou maléficas.
        Tanto a insegurança quanto o medo, poderá se realizar no plano físico aquilo que seu pensamento deixou impresso no plano astral.   O tempo de sua realização será diretamente proporcional  à intensidade de seu pensamento. A vontade é o direcionamento daquilo que se deseja que se realize.
        Vejamos um exemplo do poder que existe naquilo que se acredita.
        Um hipnotizador, durante uma demonstração, exerceu sua sugestão sobre uma pessoa passível de ser hipnotizada, e deu-lhe uma cebola como se fosse uma maçã, a qual foi deliciosamente degustada pela pessoa mesmerisada.

        Já diziam os velhos sábios para que vigiássemos os nossos pensamentos porque deles são plasmadas nossas ideias, e estas se tornarão nossa realidade e nosso próprio destino.
        Na própria formação do universo a matéria foi formada através da densificação das energias, plasmadas através das mais remotas sutilezas e ganhando forma gradualmente, até atingir seu esboço astral e consequentemente a concretização física.
        Tudo se iniciou no pensamento. O pensamento divino. E tudo pode ser iniciado no nosso próprio pensamento, pois somos também o resultado do pensamento divino, e temos a própria divindade intrínseca.
        Quando fechamos nossos olhos abrimos a "Tela Mental", onde nossos pensamentos começam a ganhar formas visíveis. Aqui está um exercício utilizado nas antigas e secretas escolas iniciáticas: Fixa-se o pensamento na estrela de cinco pontas, do Pentagrama, aos poucos começa a imprimir na Tela Mental esta estrela, com o vértice para cima. Aos poucos ela se torna visível e vai adquirindo cores, cintilações conforme nosso próprio desejo. Este é o antigo exercício da plasmação. Da mesma forma que é a nossa Tela Mental, é também a luz astral, e nela que deveremos atuar para acompanhar a formação astral daquilo que desejamos.
        Vamos um pouco mais adiantei. Imaginemos uma circunstância que desejamos, seja o crescimento de uma planta, a realização de um desejo, qualquer obra, cura de uma determinada doença. Para a determinada circunstância que desejamos deveremos criar uma figura em nosso pensamento, que simbolize este desejo o qual queremos que seja realizado. À semelhança da estrela do pentagrama mentalizamos esta figura e concentramos toda nossa vontade nesta figura. Estaremos criando sua imagem astral, e, fechando os olhos veremos este símbolo ganhando forma, cada vez mais. O tempo para que nosso propósito se realize dependerá do esforço e da fé que temos em sua realização, e poderemos dispor das ancoragens necessárias para o avivamento deste rudimento de fé, como as orações, os mantras nos quais depositamos nossas convicções. Tudo irá ganhando forma, poderemos fazer todos ancoramentos que potencializa nosso subconsciente. Uma vez impressa no Astral, tornará uma realidade física, cuja cronologia dependerá exclusivamente de nós, de nossa própria potencialidade, encurtando à medida que meditarmos neste grande milagre da transformação.
        O perfeito domínio deste poder vem ser o grande segredo dos verdadeiros Magos. Contudo para que seja alcançado este perfeito domínio poderá demandar tempo, décadas ou vidas. Os magistas iniciantes poderão potencializar este poder no "agrupamento". Várias mentes sintonizadas em uma mesma meta específica fará com que ocorra uma convergência destas forças, e a canalização terá a amplitude necessária para as mais incríveis realizações. É o que chamamos de Egrégora, muito comum nos rituais Teúrgicos que dinamizam e amplificam o poder volitivo individual. A dinamização, a aplicação, a canalização, o direcionamento, e, portanto, o domínio destas forças vivas da natureza, é a Alta Magia a qual é acessível a todos aqueles que perseveram na busca da sabedoria.

Paz e luz.