A ANTROPOSOFIA
O JIVATMAM
Na verdade não somos nenhum dos corpos
que possuímos, ou pensamos possuir , mesmo os corpos de mais plena sutileza.
A centelha divina inerente ao nosso ser,
ou melhor, se expressando, que é o nosso próprio ser, se exprime e se manifesta
de maneira ampla ou de maneira tênue, conforme o "corpo", ou veículo
em que ela se aplica.
Deus não é o Universo em si, porque o
universo é a manifestação de Deus. Os corpos não são aquilo que poderíamos
chamar de Nós, pois são apenas os veículos de nossa expressão. Nós somos a centelha
divina, unida a Deus, do qual viemos e no qual existimos. E essa centelha
divina chama-se Jivatmam, nosso real ser que se utiliza dos corpos para que
possa se exprimir. Apenas quando vencermos, finalmente, o ego ilusório,
expresso através de nossos corpos, poderemos vivenciar o Jivatmam, e estar em
comunhão com Deus. Esse é o céu, que, muito mais do que um lugar, é um
"estado de espírito", o estado de Consciência Cósmica, aderido ao
Todo na mais perfeita unidade.
Os corpos do homem são extraídos dos
planos do universo, para que estabeleçam o pleno intercâmbio com as vibrações
de cada plano , nos diferentes graus de sutileza, o que permite ao Jivatmam
estabelecer o contato com a manifestação material.
O corpo de maior sutileza e o mais perfeito veículo do gênero humano é
o seu corpo Átmico, feito da energia inerente ao plano Nirvânico, ou Átmico de
Existência. É nesse veículo que o Jivatmam pode se expressar de maneira mais
plena em relação aos demais veículos inferiores, e, por esta razão, muitos
autores denominam o Jivatmam como Átman, o que gera muitas dúvidas entre os
estudantes de ocultismo, pois o corpo Átmico é um veículo do Jivatmam.
Os corpos são os veículos do Jivatmam,
seus veículos de expressão, e não o Jivatmam em si.
Como citado anteriormente, o Jivatmam está aderido ao todo, como um rio
que deságua dentro do oceano, mas que, de forma alguma, perde sua existência.
Pois assim como hoje, somos pequenos cursos d'água, a aglutinação de gotas
infindáveis, permanecemos com o sentido do Eu. E, da mesma forma, quando formos
o Oceano, teremos também o sentido do Eu, porém, dentro de uma infinita e
inefável abrangência. Deus está em nós e nós Nele.
A eternidade é a ausência de tempos e
não "tempos sem fim"
O ser humano se situa entre duas
eternidades e entre dois infinitos. Esta frase é digna de uma profunda
meditação para aqueles que pretendem galgar os caminhos do entendimento, do
poder e do grande salto quântico a um nível muito mais elevado de consciência.
O
EGO E A CONSCIÊNCIA SUPERIOR
O Jivatmam, como vimos, atua sobre os
sete diferentes corpos dos seres humanos. E, através de sua atuação em cada um
deles, estabelece sete diferentes estados de consciência.
Em diversas escolas esotéricas há a
divisibilidade dos corpos em apenas três : o corpo, a alma e o espírito.
De forma alguma estes conceitos
estão errados.
Simplesmente porque são uma
simplificação daqui que expomos nos sete diferentes veículos metafísicos.
O corpo, se estabelece em uma
duplicidade a níveis de sutilização de energias, pois neles estão o corpo
físico denso e o corpo etéreo. A alma contém aquilo que determinamos como corpo
astral e corpo mental inferior. O espírito se estabelece em uma triplicidade: o
corpo mental inferior, o Búddhico e o Átmico.
O Jivatmam, ou o Homem Real aplica-se
nesses sete corpos, ou três, como significam algumas escolas, e, em cada uma
dessas aplicações, resulta, como supra citamos, um estado próprio de
consciência.
Na sua aplicação sobre o físico percebe
a matéria física do universo, e fornece toda a noção do plano físico de
existência que o circunscreve, auxiliado pelos sentidos físicos que lhes são
peculiares. Nesta aplicação ele possui a sua "identidade física
implícita", da qual se faz observador e sujeito da ação sobre este mundo.
Neste ponto, somos a abertura, através da qual o universo se olha e se observa
a si mesmo. É a pequena abertura, a pequena janela pela qual se pode pressentir
o Infinito. É a ação recíproca entre o Homem e o Universo.
O "eu", quanto ego, ou o eu
inferior é uma concepção estabelecida, pelo gênero humano, como se forjasse uma
imutabilidade intrínseca para fazer frente à mobilidade peculiar ao mundo
objetivo. O "eu" inferior é uma ilusória artificialidade para
reafirmar sua transitória identidade.
Como sabemos, durante o sono cessa a
atividade consciente e inaugura a atividade subconsciente. O acesso ao plano
astral aos seres humanos, pelo menos os não iniciados, se faz através do
subconsciente. Portanto , durante o sono o Jivatmam se aplica sobre o corpo
astral e o mental concreto, ou seja, à alma (corpo astral e mental inferior). O
mesmo ocorre com os desencarnados, em seus diversos graus de evolução
espiritual.
A noção neste estado é muito diversa
daquela colhida no estado de vigília. Sente-se um corpo diferente daquele
utilizado no físico, mesmo se não tenha consciência de que se está dormindo, e
com tal corpo pode se vencer a gravidade e outras peculiaridades diferentes
daquelas do estado de vigília, assim como entender novas palavras , símbolos e
situações que não eram possíveis fisicamente. Aqueles, dotados de maior nível
de espiritualidade, pode se fazer viagens astrais e estabelecer verdadeiro
intercâmbio com seres diversos que habitam esse plano.
Quanto o Jivatmam se aplica ao espírito
(mental superior, Búddhico e Átmico), ou *corpo causal*, formado pelo mental
superior, Búddhico e Átmico, a expansão de consciência se amplifica plenamente,
concebe uma noção descortinada da realidade universal, sente-se a si mesmo em
todos os seres, como um vislumbre da unidade com o divino, perdendo a noção da
personalidade, vivendo o Eu superior, muito além do ego que o aprisionava, vive
uma suprema liberdade, onde o tempo e o espaço não se configuram com aspectos
limitantes. Ele está onde deseja estar, independente de distâncias ou
cronologias. Podemos aqui aplicar a plenitude da expressão *Eu Sou*, pois ela
significa dizer ao Universo que Deus é a minha essência e minha própria
existência, participantes da mesma luz.
Algo importante a frisar é a diferença
de dois tipos de egos. Um é o ego anímico, o ego apenas da noção da
individualidade, existentes nos animais, e que se aprimora na escala
evolucionária. Outro é o ego com a noção do "eu" inferior, que também
segue o fluxo da cadeia evolutiva.
O eu inferior é aglutinado ao ego, e
como sede dos desejos, passa a ser impulsor da criatura, seu verdadeiro deus e
objeto de adoração. A partir da expansão da consciência e da plasmação do Eu
superior, em detrimento do ego, a verdadeira noção de Deus se descortina no
indivíduo, e este passa a ver Deus no todo, no qual também está inserido.
O eu inferior deseja, simplesmente, a
satisfação de suas necessidades e de seus anseios, assim como de todos aqueles
que ele sente como parte ou pedaço de si mesmo. O desejo de posse está
fortemente enraizado na particularidade deste sentimento de ser, onde a
separatividade suplanta o sentido da unidade.
O Eu Superior possui o anseio volitivo
de integrar, unir, incluir, independentemente de seus anseios pessoais. Ele
simplesmente concebeu a noção de Deus imanente em todas as coisas e em todos os
seres, os quais ama incondicionalmente.
O desejo é animal, a vontade é divina.
O eu inferior dá origem à noção do
"meu" e do "teu", e deseja aumentar aquilo que considera
como seu, mesmo em detrimento dos seres em sua adjacência. Um mínimo de
Consciência é suficiente para concluir que do confronto entre o "meu"
e o "teu" nascem todos os conflitos da humanidade.
O eu inferior, inerente à personalidade,
que é o quaternário inferior do gênero humano, agarram-se desesperadamente ao
"meu", enquanto o Eu Superior, inerente à tríade superior do homem,
se relaciona com a natureza divina, e prioriza a espiritualidade, o amor e a
harmonia. Observemos a vida de Jesus, Sidharta, Diógenes de Sinope, Gandhi e
outros tantos abnegados.
Existem muitas pessoas com capacidade
inata , seja por serem iniciados, ou pela própria evolução espiritual,
conseguem aplicar-se sobre os veículos da tríade Superior, realizando efeitos
admiráveis. Entre tais pessoas poderemos observar verdadeiros gênios da música,
da matemática, da física e diversas outras modalidades culturais. Estes aplicam
o Jivatmam sobre o mental abstrato. Aqueles que aplicam sobre o Búddhico já
conseguem efetuar curas e diversos tipos de transformações que chamamos
milagres ou prodígios.
É fundamental frisar o advento do novo
ciclo cósmico, a nova era de Aquário que se aproxima, na qual a Grande
Fraternidade Branca estará aglutinando grandes setores da atividade humana para
iniciação na espiritualidade . Pois a tônica do planeta será mudada, e aqueles
que não atingirem um novo nível superior de consciência compatível com esta
nova frequência não poderão permanecer no novo sistema de coisas que desponta
neste novo milênio. Dessa forma a espiritualidade estará cada vez mais
acessível para que muitos possam adentrar mesmo pela "porta
estreita".
A aplicação do Jivatmam além do corpo
Átmico, ou seja, a aplicação do Jivatmam sobre si mesmo, resultará em um estado
de consciência difícil de ser traduzido por palavras, este estado é denominado,
nas altas escolas filosóficas, se Sat-Chit-Ananda, que é a absoluta sabedoria e
bem aventurança. É a consciência cósmica, um degrau além do homem na escala
evolutiva dos seres.
Ananda é um termo sânscrito que
significa êxtase, ou felicidade suprema. Pode ser atingida no estado de Samadhi
(supremo passo do raja yoga), no qual a pessoa ultrapassa toda a dualidade e
adentra na completude, tendo os desejos (como citado anteriormente : próprio do
ego) suprimidos.
Sat --------- verdade, realidade.
Chat -------- Consciência.
Ananda ------- Beatitude.
As três características do Absoluto
ou Brahman.
Namastê