Os Espíritos Elementais são entidades
dinamizadoras da energia existente na natureza. Sabemos que a natureza se manifesta
no universo pela ação da Grande Consciência Cósmica, e esta equaciona todo o
processo gerador de vida, regido por leis imutáveis, dentro da cíclica
renovação que perpetua o modelo existencial determinado pela dinâmica celeste. Os Espíritos Elementais possuem uma
consciência predominantemente instintiva, relacionados com os elementos da
natureza. As palavras Água, Terra, Fogo e Ar são princípios e não substâncias,
e, os Elementais são entidades espirituais relacionadas com estes princípios,
se agrupando a cada um deles segundo suas afinidades. São procedentes de uma
longínqua experiência evolutiva através dos reinos inferiores. E, como nada se
faz estático no universo,
segue também um caminho evolucionário, sendo então a grosseira imagem do Homem,
assim como o homem se faz também a grosseira imagem de Deus. São eles entidades
que habitam exclusivamente o Mundo Astral, não possuindo atributos de maldade
ou bondade. Superiores ao espírito dos animais, são aqueles que mais se
aproximam e mais se assemelham ao espírito do Homem. Quando seu corpo astral se
desfaz, ingressam no Plano Mental Concreto, pois possuem apenas o Corpo Mental
Concreto, em estado embrionário, pouco superior aos animais, não possuindo,
assim como os homens o Corpo Mental Abstrato. São os guardiões e mantenedores
da natureza, os zeladores da espiritualidade que molda os fenômenos anímicos da
natureza que dá vida e sustentação a todos seres existentes. Aqueles que
presidem o Elemento Fogo são os Ígneos ou Salamandras (características
femininas); aqueles que presidem o Elemento Ar são os Silvanos (características
masculinas); do Elemento Água são os Ondinos ou Ninfas (características
femininas); e do Elemento Terra são os Gnomos (características masculinas).
Possuem entre si algumas afinidades peculiares, pois, assim como o fogo penetra
o ar, os Ígneos penetram os Silvanos. Assim como a água penetra a terra, os Ondinos
penetram os Gnomos. No mundo Elemental, em contraste com um Plano Físico, a fêmea interpenetra o macho. O
princípio feminino penetra o princípio masculino.
Possuem
gestos peculiares aos elementos dos quais são regentes, assim como costumes,
linguagem, feição e aspectos. O instinto os impele a proceder de acordo com sua
própria natureza. Quanto mais denso o elemento, mais sutis são seus habitantes.
O Homem, cujo meio é o ar, é denso, portanto os Silfos ou Silvanos são os
elementais que mais se assemelham ao homem.
Agora poderão perguntar: Qual a razão de se
fazer este ritual de invocação dos Espíritos Elementais?
Este não é um ritual semelhante à
necromancia, nem mesmo um ritual para que sejam pedidas intercessões para
qualquer finalidade fútil. Este é o ritual de iniciação propriamente
dito de um Mago, pois através dele inicia a harmonização e o domínio do Homem
sobre a natureza, domínio este perdido ao longo dos milênios, e que vem
resgatar a função do Homem como dominador das forças regentes da natureza em
todos os seus aspectos, para que se possa fazer dele um magista que possui à
sua disponibilidade a obediência dos elementos que compões toda a vida e a
essência de todas as coisas. É a chave para a sabedoria Xamânica, da qual um
verdadeiro magista não poderá jamais prescindir. Sem o domínio e a submissão
dos elementos todo o poder de um magista irá carecer da própria essência que
rege o seu próprio ser.
Faz-se muito perigosa a evocação dos
elementais ao acaso. Muitas regras e particularidades devem ser respeitadas e condicionadas
a todo um cerimonial ou uma ritualística que exige do operador um processo
preparatório. Tais cuidados são necessários devidos à própria natureza destas
entidades, pois assim como a natureza sempre ataca aqueles que,
inadvertidamente, invadem e depredam seus domínios, estes podem desestabilizar
os elementos constitutivos do organismo do ser humano, causando distúrbios que
poderão ser desde simples doenças até perturbações de ordem mental ou psíquica.
Eles defendem os elementos que lhes são próprios dos agressores.
A invocação dos Elementais deverá ser feita
de maneira sequencial. Sendo necessário executar a invocação de um único Elemental
cada vez, devido à complexidade do trabalho. Sempre deve ser feito à noite, por
conta do silêncio e, principalmente devido à ausência da luminosidade e a consequente
emissão de oxigênio, através da fotossíntese, que interfere fortemente nos
odores necessários à atração dos elementais, que se faz através das fumegações.
Pois este tipo de invocação deverá ser sempre inserido ao meio da natureza, ao
ar livre, para que sejam captadas as energias que predispõem o êxito do
trabalho. Cada espécie de Elemental influi
harmonicamente ou não com diferentes indivíduos, segundo seu temperamento e
suas características naturais. Por esta razão é essencial definir as
afinidades, o que pode ser verificado através dos signos dos indivíduos, os
quais possuem correspondência com cada um dos quatro elementos regidos por
essas entidades. Se o signo do magista ou operador for do elemento Terra, este
deve iniciar as invocações pelos Gnomos e, em seguida pelo seu correspondente
em afinidade, que são os Ondinos. Seguindo a estes deverá seguir a sequencia
pelo outro elemento masculino, que são os Silfos ou Silvanos, e finalmente pelo
elemento feminino dos Ígneos. Lembrando aqui que os signos do elemento Fogo são
: Áries, Leão e Sagitário; da Terra são Touro, Virgem e Capricórnio; do Ar são
Gêmeos, Libra e Aquário; da Água são Câncer, Escorpião e Peixes.
É necessário
que se faça o Círculo Mágico na terra com a “Espada Mágica”, que pode ser uma
espada de madeira com um furo em uma de suas extremidades. No interior do
Círculo Mágico desenha-se o Pentagrama, com o ápice, ou cabeça voltada para o
norte. Simbolizará o Homem sob o domínio de Deus, e as demais quatro pontas
simbolizará os quatro elementos sob o domínio do Homem. Sob os quatro pontos
cardeais, no interior do círculo, acende-se uma vela, cujas cores deverão ser
verde, simbolizando o Elemento Terra, na invocação dos Gnomos; branca para o
Elemento Ar; vermelha para o Elemento Fogo e azul para Água.
Antes de
adentrar no Círculo Mágico deve-se colocar do lado de fora as oferendas aos
Elementais, segundo a espécie de cada qual a ser invocado: cristais para os
Silfos; mercúrio para os Ondinos; cobre para os Ígneos e chumbo para os Gnomos.
Antes, porém, com uma bússola deve traçar corretamente os pontos cardeais,
determinando-os com exatidão. Para os Gnomos as oferendas deverão estar
posicionadas para o norte; para os Ígneos ao sul; para os Silfos ao leste; para
os Ondinos ao oeste. As fumegações deverão ser colocadas no interior do Círculo
Mágico, sob a localização exata dos quatro pontos cardeais: açafrão para os
Ígneos; aloés para os Silfos; enxofre aos Ondinos e heléboro para os Gnomos.
Como a invocação para cada Elemental deverá
ser feita de cada vez, poderá a invocação do Elemental seguinte ser feita na
noite subsequente, porém não deve exceder por mais de sete luas inteiras (196
dias, ou pouco mais de seis meses).
Acesas as fumegações que correspondam à
natureza do Elemental a ser invocado, iniciam-se as orações para cada qual. É
interessante notar o teor divino que estas orações se constituem, através da
força e da beleza das palavras que conotam o poder essencial presente em cada
uma delas.
Oração dos Silfos:
Espírito de luz, espírito de sabedoria,
cujo alento dá e toma todas as coisas. Tu perante o qual a vida de todos os
seres é uma sombra, que o mundo é um vapor que passa; tu que sobe até as nuvens
e que andas sobre os ventos; movendo-te sem cessar na estabilidade eterna, és
eternamente bendito. Nós te louvamos e bendizemos e aspiramos continuamente a
tua luz imutável e imperecível. Deia penetrar até nós o raio de tua
inteligência e o calor de teu amor. Então o que é móvel será fixo; a sombra
será um corpo; o espírito do ar será uma alma; o sonho será um pensamento. E
nós já não seremos levados pela tempestade e seguiremos as rédeas dos cavalos
alados e dirigiremos as corridas dos ventos da noite para voar à tua presença.
Oh! Espírito dos espíritos! Oh! Alento imperecível de vida! Oh suspiro
vencedor! Oh boca que aspira e respira a
existência de todos os seres no fluxo e refluxo da tua palavra eterna, que é o
oceano divino do movimento e da vontade. Amem!
Oração dos Ondinos: (Atribuída a Salomão).
Rei terrível do mar, tu que tens as chaves
das cataratas do céu e que encerras as águas subterrâneas das cavernas da
terra; rei do dilúvio e das chuvas da primavera. Tu que mandas na humanidade
que é como o sangue da terra, és adorado por nós que o evocamos. A nós tuas
móveis e volúveis criaturas, fala-nos das grandes comoções do mar e tremeremos;
fala também do murmúrio das águas límpidas e desejaremos teu amor. Oh,
imensidade na qual se vão perder as correntes do ser que sempre renasce em ti!
Oh, oceano das perfeições infinitas! Altura que tu contemplas na imensidade;
profundeza que tu exalas nas alturas, conduza-nos à verdadeira vida pela
inteligência e pelo amor! Conduza-nos à imortalidade pelo sacrifício para que
sejamos dignos de oferecer-te um dia a água, o sangue e as lágrimas para o
perdão dos erros. Amem!
Oração dos Gnomos:
Rei invisível que tomaste a terra para
apoio e que cruzas os abismos para enchê-los do teu poder; tu, cujo nome faz
tremer o mundo; tu que fazes correr os sete metais nas veias das pedras,
monarca das sete luzes, remunerador dos operários subterrâneos, conduza-nos ao
ar desejável e ao reino da luz. Nós vigiamos e trabalhamos sem descanso sem
descanso, nós buscamos, pelas doze pedras da cidade santa, pelos talismãs que
estão abismados, pelo túnel que atravessa o centro do mundo. Senhor, senhor,
tem compaixão dos que sofrem, alarga os nossos peitos, levanta as nossas
cabeças, engrandece-nos. Oh, estabilidade e movimento! Oh, dia e noite! Oh,
obscuridade velada de luz! Oh, mestre que jamais retém o salário de seus
trabalhadores! Oh, brancura de argentius! Oh, esplendor dourado! Oh, coroa de
diamantes vivos e melodiosos! Tu que levas o céu em teus dedos como um anel de
safiras; tu que ocultas debaixo da terra no reino das pedrarias, essência
maravilhosa das estrelas, vive, reina e sê o dispensador de riquezas de que nos tem feito guardas. Amem!
Oração dos Ígneos:
Imortal, eterno, invisível e incriado pai
de todas as coisas, que é levado sobre o eixo dos mundos que sempre se movem;
dominação das imensidades terrenas onde está levantado o trono do teu poder do
qual teus olhos sem par tudo veem e teus ouvidos belos e santos tudo escutam,
ouve teus filhos, a quem amaste desde o nascimento dos séculos; tua adorada. Grande
e eterna majestade resplandece por cima do mundo e do céu e das estrelas; tu
estás elevado sobre estas. Oh! Fogo cintilante! Ali tu mesmo te iluminas com
teu próprio resplendor, que sai da tua essência, dos arroios de luz que nutre
todas as coisas e está sempre disposto para a geração que os trabalha e que se
apropria das formas de que tu impregnaste desde o princípio. Deste espírito
tiraram sua origem esses reis muito santos que estão ao redor de ti e que
compõem a tua corte. Oh, Pai universal! Oh pai dos bem-aventurados mortais e imortais!
Tu criaste potencias maravilhosas semelhante ao teu eterno pensamento e à tua
essência adorável; tu os estabeleceste superiores aos anjos que anunciam ao
mundo a tua vontade; enfim, tu nos criaste no terceiro grau do império
elemental. Ali nosso exercício contínuo é adorar teus desejos; lá nós nos
consumimos sem cessar aspirando a tua posse. Oh, pai! Oh, mãe, a mais tenra das
mães! Oh, modelo admirável da maternidade do puro amor! Oh, filho! A flor dos
filhos! Oh, forma de todas as formas, alma, espírito, harmonia, nome de todas
as coisas. Amem!
Os Elementais aparecem subitamente,
mostrando-se diretamente ou confusamente, assim como também através de ruídos
ou sopros. Podendo também apresentar-se de maneira pela qual as forças da
natureza emitem seu sinal de poder e manifestação presencial, na forma de luzes
das mais variadas matizes, bailando sob a melodia do vento. Caso não surja
nenhuma manifestação, deve-se repetir a oração novamente em tom imperioso.
Após a manifestação deve-se fazer a saudação
da seguinte maneira: Saúdo-te, Elemental do (citar o elemento), sob os
auspícios da Suprema Divindade do Amor. Selo aqui a harmonia com a força da
natureza da qual tu é regente, para que, sob a inefável luz de Deus, possa ser
estabelecida a perfeita congruência com a tríplice dimensionalidade da
natureza: o elemento do qual tu és regente; os elementos que compõem meu corpo
físico e a soma dos elementos que cumprem o propósito do amor divino. Para que,
perfeitamente harmonizado com essas forças, possamos estabelecer os atributos
que competem aos iluminados, que é o auxílio a todos os seres. Prometo
solenemente respeitar as leis sagradas da natureza e vivenciá-las como o
princípio Ativo do Grande Espírito. Amem!
Ditas estas palavras o Elemental torna-se o
Elemental torna-se submisso à vontade do magista, e a este sempre será fiel,
desde que respeite à natureza e exerça esta harmonização em benefício de todos
os seres.
Um detalhe que deverá ser observado é a
fase da lua na qual for feita a invocação. Observemos a invocação dos Gnomos,
do Elemento Terra, deverá ocorrer na lua cheia, na qual o sol a lua e a terra (seu
elemento0, estarão em alinhamento. (representa aqui o humor melancólico). Na
invocação dos Ígneos, regentes do Elemento Fogo, a lua deverá estar sob a força
da crescente, a lua a leste do sol. (representa o humor colérico). Na invocação
dos Silfos, do Elemento Ar, deverá estar sob a lua nova, novo alinhamento dos
três astros.(representa o humor sanguíneo). Na invocação dos Ondinos, regentes
do Elemento Água, a lua deverá estar na fase minguante. (representa o humor
fleumático).
Terminando o trabalho de invocação é
necessário, antes de sair do Círculo Mágico, propiciar a despedida do Elemental
invocado. Para isso utiliza-se da fumegação contrária ao próprio Elemental, as
quais são o açafrão para os Ondinos, o aloés para os Gnomos, o enxofre para os
Ígneos, e o heléboro para os Silfos. Colocam-se a fumegação para o ponto
cardeal correspondente ao Elemental junto aos pés do operador. Poderá sair do
Círculo Mágico assim que a substância queime completamente.
Aqui está o completo ritual da invocação
dos Espíritos Elementais, cujo conhecimento não se trata apenas de letra, mas
da prática efetuada através dos anos. Como citei anteriormente, dificilmente um
neófito se tornará um magista sem esta preliminar e essencial iniciação que
confere a este o perfeito domínio das forças da natureza. Através dele
compreenderá a fala do vento, o murmúrio das águas, o sinal das luminosidades e
a linguagem dos seres vivos, animais e vegetais. Traduzirá o silencio e todos
os sons e sinais com que a natureza nos fala. Perguntará a ela e ela
responderá. Conhecerá o seu “animal do poder”, e olhará pelos olhos que nem
sempre serão os seus, porque a natureza fluirá em seu ser, na inefável beleza
que tão poucos chegam a conhecer.
Namastê.