terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

INVOCAÇÃO DOS ESPÍRITOS ELEMENTAIS





    Os Espíritos Elementais são entidades dinamizadoras da energia existente na natureza. Sabemos que a natureza se manifesta no universo pela ação da Grande Consciência Cósmica, e esta equaciona todo o processo gerador de vida, regido por leis imutáveis, dentro da cíclica renovação que perpetua o modelo existencial determinado pela dinâmica celeste.  Os Espíritos Elementais possuem uma consciência predominantemente instintiva, relacionados com os elementos da natureza. As palavras Água, Terra, Fogo e Ar são princípios e não substâncias, e, os Elementais são entidades espirituais relacionadas com estes princípios, se agrupando a cada um deles segundo suas afinidades. São procedentes de uma longínqua experiência evolutiva através dos reinos inferiores. E, como nada se faz estático no universo, segue também um caminho evolucionário, sendo então a grosseira imagem do Homem, assim como o homem se faz também a grosseira imagem de Deus. São eles entidades que habitam exclusivamente o Mundo Astral, não possuindo atributos de maldade ou bondade. Superiores ao espírito dos animais, são aqueles que mais se aproximam e mais se assemelham ao espírito do Homem. Quando seu corpo astral se desfaz, ingressam no Plano Mental Concreto, pois possuem apenas o Corpo Mental Concreto, em estado embrionário, pouco superior aos animais, não possuindo, assim como os homens o Corpo Mental Abstrato. São os guardiões e mantenedores da natureza, os zeladores da espiritualidade que molda os fenômenos anímicos da natureza que dá vida e sustentação a todos seres existentes. Aqueles que presidem o Elemento Fogo são os Ígneos ou Salamandras (características femininas); aqueles que presidem o Elemento Ar são os Silvanos (características masculinas); do Elemento Água são os Ondinos ou Ninfas (características femininas); e do Elemento Terra são os Gnomos (características masculinas). Possuem entre si algumas afinidades peculiares, pois, assim como o fogo penetra o ar, os Ígneos penetram os Silvanos. Assim como a água penetra a terra, os Ondinos penetram os Gnomos. No mundo Elemental, em contraste com um Plano Físico, a fêmea interpenetra o macho. O princípio feminino penetra o princípio masculino.  



Possuem gestos peculiares aos elementos dos quais são regentes, assim como costumes, linguagem, feição e aspectos. O instinto os impele a proceder de acordo com sua própria natureza. Quanto mais denso o elemento, mais sutis são seus habitantes. O Homem, cujo meio é o ar, é denso, portanto os Silfos ou Silvanos são os elementais que mais se assemelham ao homem. 

    Agora poderão perguntar: Qual a razão de se fazer este ritual de invocação dos Espíritos Elementais?
    Este não é um ritual semelhante à necromancia, nem mesmo um ritual para que sejam pedidas intercessões para qualquer finalidade fútil. Este é o ritual de iniciação propriamente dito de um Mago, pois através dele inicia a harmonização e o domínio do Homem sobre a natureza, domínio este perdido ao longo dos milênios, e que vem resgatar a função do Homem como dominador das forças regentes da natureza em todos os seus aspectos, para que se possa fazer dele um magista que possui à sua disponibilidade a obediência dos elementos que compões toda a vida e a essência de todas as coisas. É a chave para a sabedoria Xamânica, da qual um verdadeiro magista não poderá jamais prescindir. Sem o domínio e a submissão dos elementos todo o poder de um magista irá carecer da própria essência que rege o seu próprio ser.
    Faz-se muito perigosa a evocação dos elementais ao acaso. Muitas regras e particularidades devem ser respeitadas e condicionadas a todo um cerimonial ou uma ritualística que exige do operador um processo preparatório. Tais cuidados são necessários devidos à própria natureza destas entidades, pois assim como a natureza sempre ataca aqueles que, inadvertidamente, invadem e depredam seus domínios, estes podem desestabilizar os elementos constitutivos do organismo do ser humano, causando distúrbios que poderão ser desde simples doenças até perturbações de ordem mental ou psíquica. Eles defendem os elementos que lhes são próprios dos agressores. 

    A invocação dos Elementais deverá ser feita de maneira sequencial. Sendo necessário executar a invocação de um único Elemental cada vez, devido à complexidade do trabalho. Sempre deve ser feito à noite, por conta do silêncio e, principalmente devido à ausência da luminosidade e a consequente emissão de oxigênio, através da fotossíntese, que interfere fortemente nos odores necessários à atração dos elementais, que se faz através das fumegações. Pois este tipo de invocação deverá ser sempre inserido ao meio da natureza, ao ar livre, para que sejam captadas as energias que predispõem o êxito do trabalho.     Cada espécie de Elemental influi harmonicamente ou não com diferentes indivíduos, segundo seu temperamento e suas características naturais. Por esta razão é essencial definir as afinidades, o que pode ser verificado através dos signos dos indivíduos, os quais possuem correspondência com cada um dos quatro elementos regidos por essas entidades. Se o signo do magista ou operador for do elemento Terra, este deve iniciar as invocações pelos Gnomos e, em seguida pelo seu correspondente em afinidade, que são os Ondinos. Seguindo a estes deverá seguir a sequencia pelo outro elemento masculino, que são os Silfos ou Silvanos, e finalmente pelo elemento feminino dos Ígneos. Lembrando aqui que os signos do elemento Fogo são : Áries, Leão e Sagitário; da Terra são Touro, Virgem e Capricórnio; do Ar são Gêmeos, Libra e Aquário; da Água são Câncer, Escorpião e Peixes.  
É necessário que se faça o Círculo Mágico na terra com a “Espada Mágica”, que pode ser uma espada de madeira com um furo em uma de suas extremidades. No interior do Círculo Mágico desenha-se o Pentagrama, com o ápice, ou cabeça voltada para o norte. Simbolizará o Homem sob o domínio de Deus, e as demais quatro pontas simbolizará os quatro elementos sob o domínio do Homem. Sob os quatro pontos cardeais, no interior do círculo, acende-se uma vela, cujas cores deverão ser verde, simbolizando o Elemento Terra, na invocação dos Gnomos; branca para o Elemento Ar; vermelha para o Elemento Fogo e azul para Água. 

Antes de adentrar no Círculo Mágico deve-se colocar do lado de fora as oferendas aos Elementais, segundo a espécie de cada qual a ser invocado: cristais para os Silfos; mercúrio para os Ondinos; cobre para os Ígneos e chumbo para os Gnomos. Antes, porém, com uma bússola deve traçar corretamente os pontos cardeais, determinando-os com exatidão. Para os Gnomos as oferendas deverão estar posicionadas para o norte; para os Ígneos ao sul; para os Silfos ao leste; para os Ondinos ao oeste. As fumegações deverão ser colocadas no interior do Círculo Mágico, sob a localização exata dos quatro pontos cardeais: açafrão para os Ígneos; aloés para os Silfos; enxofre aos Ondinos e heléboro para os Gnomos.
    Como a invocação para cada Elemental deverá ser feita de cada vez, poderá a invocação do Elemental seguinte ser feita na noite subsequente, porém não deve exceder por mais de sete luas inteiras (196 dias, ou pouco mais de seis meses).
    Acesas as fumegações que correspondam à natureza do Elemental a ser invocado, iniciam-se as orações para cada qual. É interessante notar o teor divino que estas orações se constituem, através da força e da beleza das palavras que conotam o poder essencial presente em cada uma delas.
    Oração dos Silfos:
    Espírito de luz, espírito de sabedoria, cujo alento dá e toma todas as coisas. Tu perante o qual a vida de todos os seres é uma sombra, que o mundo é um vapor que passa; tu que sobe até as nuvens e que andas sobre os ventos; movendo-te sem cessar na estabilidade eterna, és eternamente bendito. Nós te louvamos e bendizemos e aspiramos continuamente a tua luz imutável e imperecível. Deia penetrar até nós o raio de tua inteligência e o calor de teu amor. Então o que é móvel será fixo; a sombra será um corpo; o espírito do ar será uma alma; o sonho será um pensamento. E nós já não seremos levados pela tempestade e seguiremos as rédeas dos cavalos alados e dirigiremos as corridas dos ventos da noite para voar à tua presença. Oh! Espírito dos espíritos! Oh! Alento imperecível de vida! Oh suspiro vencedor! Oh boca que aspira  e respira a existência de todos os seres no fluxo e refluxo da tua palavra eterna, que é o oceano divino do movimento e da vontade. Amem!
    Oração dos Ondinos: (Atribuída a Salomão).
    Rei terrível do mar, tu que tens as chaves das cataratas do céu e que encerras as águas subterrâneas das cavernas da terra; rei do dilúvio e das chuvas da primavera. Tu que mandas na humanidade que é como o sangue da terra, és adorado por nós que o evocamos. A nós tuas móveis e volúveis criaturas, fala-nos das grandes comoções do mar e tremeremos; fala também do murmúrio das águas límpidas e desejaremos teu amor. Oh, imensidade na qual se vão perder as correntes do ser que sempre renasce em ti! Oh, oceano das perfeições infinitas! Altura que tu contemplas na imensidade; profundeza que tu exalas nas alturas, conduza-nos à verdadeira vida pela inteligência e pelo amor! Conduza-nos à imortalidade pelo sacrifício para que sejamos dignos de oferecer-te um dia a água, o sangue e as lágrimas para o perdão dos erros. Amem!
    Oração dos Gnomos:
    Rei invisível que tomaste a terra para apoio e que cruzas os abismos para enchê-los do teu poder; tu, cujo nome faz tremer o mundo; tu que fazes correr os sete metais nas veias das pedras, monarca das sete luzes, remunerador dos operários subterrâneos, conduza-nos ao ar desejável e ao reino da luz. Nós vigiamos e trabalhamos sem descanso sem descanso, nós buscamos, pelas doze pedras da cidade santa, pelos talismãs que estão abismados, pelo túnel que atravessa o centro do mundo. Senhor, senhor, tem compaixão dos que sofrem, alarga os nossos peitos, levanta as nossas cabeças, engrandece-nos. Oh, estabilidade e movimento! Oh, dia e noite! Oh, obscuridade velada de luz! Oh, mestre que jamais retém o salário de seus trabalhadores! Oh, brancura de argentius! Oh, esplendor dourado! Oh, coroa de diamantes vivos e melodiosos! Tu que levas o céu em teus dedos como um anel de safiras; tu que ocultas debaixo da terra no reino das pedrarias, essência maravilhosa das estrelas, vive, reina e sê o dispensador de riquezas  de que nos tem feito guardas. Amem!
    Oração dos Ígneos:
    Imortal, eterno, invisível e incriado pai de todas as coisas, que é levado sobre o eixo dos mundos que sempre se movem; dominação das imensidades terrenas onde está levantado o trono do teu poder do qual teus olhos sem par tudo veem e teus ouvidos belos e santos tudo escutam, ouve teus filhos, a quem amaste desde o nascimento dos séculos; tua adorada. Grande e eterna majestade resplandece por cima do mundo e do céu e das estrelas; tu estás elevado sobre estas. Oh! Fogo cintilante! Ali tu mesmo te iluminas com teu próprio resplendor, que sai da tua essência, dos arroios de luz que nutre todas as coisas e está sempre disposto para a geração que os trabalha e que se apropria das formas de que tu impregnaste desde o princípio. Deste espírito tiraram sua origem esses reis muito santos que estão ao redor de ti e que compõem a tua corte. Oh, Pai universal! Oh pai dos bem-aventurados mortais e imortais! Tu criaste potencias maravilhosas semelhante ao teu eterno pensamento e à tua essência adorável; tu os estabeleceste superiores aos anjos que anunciam ao mundo a tua vontade; enfim, tu nos criaste no terceiro grau do império elemental. Ali nosso exercício contínuo é adorar teus desejos; lá nós nos consumimos sem cessar aspirando a tua posse. Oh, pai! Oh, mãe, a mais tenra das mães! Oh, modelo admirável da maternidade do puro amor! Oh, filho! A flor dos filhos! Oh, forma de todas as formas, alma, espírito, harmonia, nome de todas as coisas. Amem!



    Os Elementais aparecem subitamente, mostrando-se diretamente ou confusamente, assim como também através de ruídos ou sopros. Podendo também apresentar-se de maneira pela qual as forças da natureza emitem seu sinal de poder e manifestação presencial, na forma de luzes das mais variadas matizes, bailando sob a melodia do vento. Caso não surja nenhuma manifestação, deve-se repetir a oração novamente em tom imperioso.
    Após a manifestação deve-se fazer a saudação da seguinte maneira: Saúdo-te, Elemental do (citar o elemento), sob os auspícios da Suprema Divindade do Amor. Selo aqui a harmonia com a força da natureza da qual tu é regente, para que, sob a inefável luz de Deus, possa ser estabelecida a perfeita congruência com a tríplice dimensionalidade da natureza: o elemento do qual tu és regente; os elementos que compõem meu corpo físico e a soma dos elementos que cumprem o propósito do amor divino. Para que, perfeitamente harmonizado com essas forças, possamos estabelecer os atributos que competem aos iluminados, que é o auxílio a todos os seres. Prometo solenemente respeitar as leis sagradas da natureza e vivenciá-las como o princípio Ativo do Grande Espírito. Amem!

    Ditas estas palavras o Elemental torna-se o Elemental torna-se submisso à vontade do magista, e a este sempre será fiel, desde que respeite à natureza e exerça esta harmonização em benefício de todos os seres.
    Um detalhe que deverá ser observado é a fase da lua na qual for feita a invocação. Observemos a invocação dos Gnomos, do Elemento Terra, deverá ocorrer na lua cheia, na qual o sol a lua e a terra (seu elemento0, estarão em alinhamento. (representa aqui o humor melancólico). Na invocação dos Ígneos, regentes do Elemento Fogo, a lua deverá estar sob a força da crescente, a lua a leste do sol. (representa o humor colérico). Na invocação dos Silfos, do Elemento Ar, deverá estar sob a lua nova, novo alinhamento dos três astros.(representa o humor sanguíneo). Na invocação dos Ondinos, regentes do Elemento Água, a lua deverá estar na fase minguante. (representa o humor fleumático).

    Terminando o trabalho de invocação é necessário, antes de sair do Círculo Mágico, propiciar a despedida do Elemental invocado. Para isso utiliza-se da fumegação contrária ao próprio Elemental, as quais são o açafrão para os Ondinos, o aloés para os Gnomos, o enxofre para os Ígneos, e o heléboro para os Silfos. Colocam-se a fumegação para o ponto cardeal correspondente ao Elemental junto aos pés do operador. Poderá sair do Círculo Mágico assim que a substância queime completamente. 


    Aqui está o completo ritual da invocação dos Espíritos Elementais, cujo conhecimento não se trata apenas de letra, mas da prática efetuada através dos anos. Como citei anteriormente, dificilmente um neófito se tornará um magista sem esta preliminar e essencial iniciação que confere a este o perfeito domínio das forças da natureza. Através dele compreenderá a fala do vento, o murmúrio das águas, o sinal das luminosidades e a linguagem dos seres vivos, animais e vegetais. Traduzirá o silencio e todos os sons e sinais com que a natureza nos fala. Perguntará a ela e ela responderá. Conhecerá o seu “animal do poder”, e olhará pelos olhos que nem sempre serão os seus, porque a natureza fluirá em seu ser, na inefável beleza que tão poucos chegam a conhecer.
    Namastê.