"Aquilo que está em cima é como aquilo que está embaixo, assim como aquilo que está em baixo é como o que está em cima" — explanou Hermes em seu Princípio ou Lei da Correspondência. E, esta simples expressão reflete uma ideia profunda sobre a natureza do universo e a interconexão entre seus diversos níveis, entre os quais está o Homem, o qual traz em sua essência toda infinitude, assim como toda eternidade que exprime o dinamismo celeste. O Homem é, pois, o universo em miniatura.
O universo se dispõe em sete planos, o Homem em sete corpos, sendo cada um destes correspondentes a cada um dos planos que se elencam na infinitude cósmica.
Como vimos em textos anteriores, o nosso ser essencial, ou seja, o nosso ser real, o "Jivatman" é a essência suprema do ser e não um determinado corpo. E, essa essência é aquilo que se aplica em cada corpo — cada qual constituído pela matéria/energia peculiar a cada plano em que o ser atua em sua viagem pela eternidade.
Assim, nosso invólucro físico, em sua concretude material — aquilo que chamamos matéria nada mais é que energia em seu estado de maior amplitude de condensação — vem a ser formado pela matéria retirada do plano físico universo, permitindo ao homem se interagir com este plano — em sânscrito denominado "Sthuloupadhi", ou o "veículo físico" do Jivatman.
Upadhi é um termo muito utilizado na literatura esotérica, do qual explanaremos a seguir.
Uphadi:
Se tomarmos ao pé da letra a tradução literal da língua sânscrita vem ser "limitação" — sugerindo um fator limitante ou uma qualificação extra de alguma coisa. Esta designação é utilizada na filosofia hindu como um "disfarce", uma camuflagem da verdadeira realidade de algo, se referindo aquilo que limita uma determinada essência. Por exemplo, o corpo físico, do qual falamos acima, é o Upadhi de seu Espírito, assim como a sombra de uma espada em um muro seria o Upadhi dessa espada, e não a espada em si.
No orientalismo, ou mais precisamente, no Raja-Yoga, o Homem — em sua essência — é subdividido em três Upadhis:
1. O "Karanoupadhi", o Upadhi causal — a Mente Espiritual.
2. O "Shmoupadhi", o Upadhi do Manas Superior, Manas Inferior e astral — veículo destes planos.
3. O "Sthuloupadhi", já citado anteriormente, como veículo do plano físico.
Na interação do Jivatman com o mundo físico, nos três estados físicos que o compõe — sólido, líquido e gasoso (o etéreo também faz parte do plano físico em seu grau maior de sutileza) — conforma a consciência física, em seus incontáveis níveis de elevação, configurando sua presença e ação no mundo físico no qual está inserido.
Na interação do Jivatman com o mundo astral ou Plano Astral, o ser possui a capacidade de perceber, sentir e atuar no plano astral, resultando outro estado de consciência que assegura a interação, através dos sentidos astrais, com este plano de maior sutileza em relação à concretude física.
O mesmo ocorre nos demais planos superiores onde os corpos, ou veículos de atuação do Jivatman, dão ao ser os meu9s suficientes para integrar, viver e interagir com os planos do universo.
Após o desenlace físico, o corpo material se desagrega decompondo as substâncias que lhe deram forma e permitiram que integrasse a este plano encetando seu aprendizado no caminho evolutivo.
Todas as vezes que o ser abandona seu veículo, estes se desagregam e, as substâncias que formaram esses corpos, retornam ao plano de onde foram retiradas.
Lembremos que, o ser, quando encarnado no plano físico, seu corpo denso — peculiar a este plano — funciona como um veículo de atração e coesão para os demais corpos mais sutis. O inverso também é verdadeiro, pois tudo aquilo que tem sua existência física está estruturado também nas energias sutis — tudo está interligado, tudo se corresponde.
Na Reencarnação:
Após a desagregação de seus corpos inferiores — o quaternário inferior: físico, etéreo, astral e mental inferior (Manas Inferior) — é que o homem pode reencarnar, através de sua tríade superior, ou o que chamamos Corpo Causal — a saber: mental superior, ou Manas Superior, Búdico e Âtmico.
As energias:
Sabemos que não há distinção entre matéria e energia, pois aquilo que chamamos matéria é a energia densificada, conforme frisamos anteriormente. Existe a energia primordial, a energia divina que permeia e interliga todo o universo. Desde as partículas-ondas dos subníveis atômicos até as Super novas, desde as mais ínfimas densificacões até os Espíritos Planetários, esta energia essencial ou primordial está impulsionando o caminho do retorno, dela é estruturado o Jivatman no homem, a centelha divina, assim como a mônada dos elementos ou a alma-grupo nos vegetais e animais da escala zoológica inferior (nos animais superiores há rudimentos do Manas Inferior), tudo se encaminha na terceira efusão do Logos em seu primeiro aspecto — conforme explanamos em textos anteriores — para a unidade em sua energia essencial.
Tudo nasce da energia essencial e tudo se encaminha para esta, a qual sempre permanece estruturando o universo na sucessão dos aeons.
Deus é esta energia, e a existência é a sua "respiração" — a vida é a respiração divina, na sucessão dos manvântaras e pralayas (ver a "Congênese e a formação do universo).
Como já dissera um sábio: "Somos a Poeira das Estrelas". Assim como estamos inseridos no universo, o universo está inserido em nós. Como um bloco de gelo flutuando no Oceano Ártico, o qual é a própria água do oceano em um estado de diferenciação, assim somos todos, inseridos no Todo, assim como também formados pelo Todo. O universo visível é apenas a diferenciação do universo invisível. Tudo está sempre presente, nada se perde, nada morre ou perde sua existência — Deus é sua essência una assim como sua essência transformadora.
Homem e Universo:
Há sete planos universais assim como há sete corpos do homem. Porém, alguns corpos pertencem a um único plano, assim como há planos superiores a essência corpórea de qualquer nível.
Vejamos:
No homem há o quaternario inferior e a tríade superior. No quaternario inferior há a subdivisão: física: que envolve:
1. O corpo físico.
2. O corpo etéreo.
Acima deste há o "Kama-manas" — kama: astral; manas: mental.
3. Corpo astral.
4. Mental Inferior (Concreto) ou Manas Inferior.
A tríade superior é chamada Corpo Causal — tem este nome por ser a causa das sementes kármicas, pois se trata daquilo que os místicos denominam "A Mônada Reencarnante":
5. Mental Superior (abstrato) ou Manas Superior.
6. Búdico.
7. Átmico.
A tríade superior se conecta com o quaternario inferior através da Ponte de Antakarana, já estudada anteriormente.
No universo há sete planos:
1. Físico.
2. Astral.
3. Mental.
4. Búdico.
5. Átmico ou Nirvânico.
6. Anupadaka ou Para-Nirvânico.
7. Ady ou Maha-para-nirvânico.
No plano físico, como já vimos, há o corpo físico e o corpo etéreo (também chamados respectivamente de Stulo-sharira e Linga-sharira no budismo esotérico), veículos essenciais densos para a interação com este plano do universo.
No Astral temos o Kama-sharira, ou simplesmente corpo astral, através do qual o Jivatman se integra ao mundo de Kama (Kama: astral).
No plano mental ou Manas teremos o mental concreto — Manas Rupa — e o mental superior ou abstrato — Manas arrupa.
No Búdico o corpo Búdico — Budhi.
No Átmico o corpo Átmico ou Atman.
No Plano Anupadaka, ou Para-Nirvânico, sua energia identifica-se com seres superiores ao grau evolutivo da humanidade comum.
No Plano de Ady, ou Maha-para-nirvânico, a energia é a primordial, essencial, divina.
Notas finais:
O corpo causal, ou tríade superior, corresponde ao espírito no kardecismo, e dura enquanto evoluirmos como seres humanos até atingir a iluminação.
O corpo mental inferior, juntamente com o corpo astral, corresponde ao chamado "Corpo Psíquico" por alguns autores.
Paz e Luz
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